Equilíbrio escrita por Diane


Capítulo 20
Capitulo 20 - O Túnel, O Javali e o Sangue.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/522046/chapter/20

"Eu não deveria ter mexido no maldito cristal”, pensei.

“É, não deveria mesmo, destruidora de patrimônios nacionais” ouvi uma voz irritante me xingando mentalmente,

“Destruidora de patrimônios nacionais é tua avó” retruquei.

“Não me lembro de um dia ter visto minha avó tentando arrancar pedras do Parthenon”

Olhei para Alec do meu lado. Ele estava me fuzilando com os olhos.

— Vá para o inferno. — sussurrei

Layla se virou e me olhou assustada.

— O que eu fiz?

— Nada não, só estava xingando aquela praga — apontei para Alec.

Layla suspirou. Juro que nunca vou entender os adolescentes dessa geração.

“Você fala como se não fosse uma adolescente. Adulta você não é, adultos não destroem patrimônios”. A praga estava irritando de novo. Nesses momentos eu adoraria poder pensar em paz.

— Então ele é a praga mais bonita que já vi — Layla suspirou de novo.

Atrás de mim, ele sorriu presunçoso.

“Pelo menos sua amiga tem bom gosto”

Dei uma cotovelada nas costelas dele, sem querer, é claro.

— Vocês podem se focar em achar uma passagem secreta ou preferem ir para um ringue para se matarem? — Vanessa perguntou com cara feia

Se até Vanessa quer dar lição de moral a situação deveria estar realmente péssima.

— Hum... Vanessa, eu acho que matar seu irmão enforcado melhoraria meu humor.

Ela apenas me ignorou e voltou a bater os dedos na parede do templo de Ares, em busca de uma passagem secreta oculta.

Estávamos no Ágora de Atenas, dentro do Templo do titio Ares tentando achar a maldita passagem secreta para chegar até a adaga. Juro que se ainda não achar essa maldita passagem secreta, vou demolir esse local.

“Demolir um templo do seu patrono... é uma destruidora mesmo”

Respirei fundo. Paciência, Christine, você consegue.

— Por que vocês estão batendo nas paredes?

Virei-me e vi uma moça loira perguntando. Ela usava um crachá em grego com seu nome. Ianna Belik. Provavelmente é alguma arqueóloga ou guia turística do local.

Confesso, deve parecer estranho sete adolescente batendo na parede de um templo antigo, e ainda com dois gatos junto.

— Estávamos apenas testando a qualidade do mármore — Fiz uma cara de anjinho que não acho que foi suficiente.

Eu poderia ter convencido ela se Vanessa, aquela jumenta, não continuasse dando tapas no mármore. Um mero caquinho de mármore caiu, insignificante, mas Ianna quase surtou.

A loira olhou para Vanessa inquisidoramente.

— Venha comigo, isso é dano a patrimônio nacional!

Se Alec não tivesse interferido, provavelmente Vanessa iria passar uns dias na cadeia grega, o que não teria sido de todo mal.

— Desculpe — Ele parecia realmente culpado, o que não era verdade — Minha irmã não tomou seus remédios hoje, se ela criar qualquer dano eu pago.

Na hora que ele mencionou o remédio todos tentaram esconder um risinho, menos Vanessa que aparentava que teria um ataque raivoso.

A palavra dinheiro fez a arqueóloga esquecer tudo. Ela deu um sorrisinho de flerte, que aliás, parecia suspeitosamente direcionado a alguém de olhos pretos, e foi sentar no seu banquinho calmamente.

“Eu sou perfeito, mas aquela loirinha chega bem perto perfeição” a criatura pensou.

“Hormônios”, revirei os olhos

— Não tomei os remédios? O que foi isso Alec? — Vanessa estava tão vermelha quanto o seu cabelo.

— Teoricamente ele disse que você é louca — Falei angelicalmente.

Sam olhou para Vanessa.

— Às vezes seu irmão é tão maldoso, agora você sabe como me sinto quando ele me chama de elfo do papai Noel — Ele fungou —, isso é tão ofensivo.

— Não, é? Às vezes me pergunto como eu como irmã mais velha deixei ele se tornar uma pessoa assim.

Alec revirou os olhos.

— Vocês estão particularmente dramáticos hoje.

“Você está malvado hoje, Kroell”.

— Chris!

Olhei para baixo, onde Idia estava arranhando a minha perna, e só para constar, as unhas da gata são bastante afiadas.

— O que foi?

— Suspeito que achei a passagem secreta.

[...]

— Idia, tua gata linda, você é brilhante — Falei enquanto abraçava a gata.

Na minha frente uma coluna havia deslizado para o lado e mostrava uma abertura grande que levava até o subterrâneo. Olhei para trás para certificar que nenhum dos turistas iriam ver.

— Como você conseguiu achar a passagem? — Perguntei.

Idia deu um sorriso maligno e olhou para Mingau.

— Bati a cabeça dele na coluna até ela abrir.

“Nem tenha ideias, Christine”.

Pisquei os olhos inocentemente.

Idia entrou na passagem, logo sendo seguida por Mingau, que estava um pouco atordoado. Coitado do gato, quando isso acabar vou levar ele para o veterinário.

Sem escolha, entramos no túnel.

Assim que coloquei meus pés dentro túnel, as tochas que estavam penduradas nas paredes se acenderam. O lugar até que era bem espaçoso para um túnel de séculos atrás, poderia caber uma manada de elefantes aqui.

“Nem fale de elefantes, Christine, por que pode aparecer uma manada de elefantes psicóticos”.

“É, você pode ter razão”.

Atrás de nós a coluna se fechou. Espero que aqui tenha uma boa quantia de oxigênio, só isso.

Assim que a coluna se fechou peguei um novelo de lã que trouxe na mochila e comecei a jogar no chão, para marcar o caminho.

— Para que isso? Não estamos no labirinto de Dédalo. — Sam debochou.

— Prevenir não custa nada.

Vanessa revirou os olhos cinzentos.

— E depois essa criatura me chama de dramática... É apenas um túnel que vai nos levar até a faca de sei lá o que...

— Adaga. — Todos nós falamos ao mesmo tempo.

Ela jogou o cabelo para trás, irritada.

— Tudo bem, tudo bem... Nunca vou entender a diferença entre essas facas esquisitas.

Continuamos andando e andando. Eu queria que o fim do túnel chegasse logo. Pelos meus cálculos já tínhamos atravessado todo o Ágora e ainda não tínhamos chegados até a adaga. Atrás de mim, Vanessa estava fazendo drama, dizendo que era claustrofóbica. Eu adoraria poder chegar á superfície para poder estrangular ela.

— Está tudo tão calmo — comentei.

Alec me olhou feio.

— Por gentileza, não fale isso. Falando assim desastres acontecem.

Estava prestes a retrucar ele dizendo que a boca era minha e eu falava o que quisesse, mas o javali me interrompeu.

É, você leu javali.

Em um segundo um Javali tamanho família saltou do final do túnel e veio correndo na nossa direção.

Normalmente, eu imaginava os javalis como porquinhos peludos com presas. Só que esse javali definitivamente não era um “porquinho peludo”, bom, ele parecia um porco e era peludo, mas geralmente javalis não são gigantes.

Só para mencionar, se ele encostasse as presas em alguém, provavelmente ela seria empalada em um segundo.

Graças aos deuses que todos nós nos afastamos da criatura rapidamente, senão um pobre coitado seria atropelado por cascos de javalis. E seria um péssimo modo de morrer.

Tirei as katanas do cinto. Bom, está na hora de dar uma surra no porquinho de estimação de Ares.

— Algum de vocês tem armas além de mim? — Praticamente gritei, se falasse eles não conseguiriam me ouvir por causa do barulho.

Damien se concentrou e de repente uma lança com formato do Olho de Hórus intricado na sua base, apareceu na mão dele. Alec tirou uma espada de prata da mochila e Sam pegou um arco com umas flechinhas que pareciam inofensivas perto do javali, mas deviam servir para algo.

Vanessa pegou o seu salto alto e murmurou algo como “desculpa” e começou a correr junto com Layla e Mary para a entrada do túnel. Revirei os olhos, cada dia essas criaturas se revelam mais inúteis.

Alec foi o primeiro louco ao tentar atacar o javali. Ele tentou decepar uma das presas. Foi uma excelente estratégia, se o javali não babasse acido. É incrível, mas além do bichinho pesar mais de uma tonelada, ter cascos e presas, ele ainda baba acido.

Quando eu encontrar Ares vou ter uma conversinha com ele sobre animais de estimação.

A espada de prata se dissolveu quando o liquido esverdeado a corroeu, Se o vampiro não tivesse soltado a lâmina, o braço dele também iria se dissolver. E consequentemente, eu teria um braço a menos. Nesse momento Sam começou a disparar flechas que eram inúteis como agulhas. Eu e Damien tentamos acertar o flanco do animal, mas o pelo dele era igual à de um leão de Nemeia.

O javali encarou Alec. Ele estava desarmado, e o javali tinha presas enormes. Se ele for para o além eu vou junto.

Fechei os olhos esperando a dor das presas do javali fazer efeito em mim.

“Eu sou linda e inteligente demais para morrer” pensei dolorosamente.

Tudo aconteceu tão rápido que é difícil descrever, e olhe que sou boa em descrever as coisas. Num instante o javali recuou e começou a soltar ganidos de dor sem nenhum motivo aparente. Assim que foquei meu olhar no javali mais detalhadamente percebi que tinha chamas negras cobrindo o corpo do animal, eu não percebi as chamas por que elas se misturavam no escuro.

O que diabos é isso?

Mas dane-se o importante é que está fazendo efeito. O javali gania de dor e então começou a recuar para trás.

Pensei que ele acuado não iria fazer nada. Me enganei.

Ele voltou com todo o seu impulso possível na direção que estava eu e Damien. Bati o punho de uma das katanas entre os olhos dele, tendo cuidado para não encostar na boca dele. Aparentemente o pelo dele o protegia de lâminas e não de pancadas por que ele estava atordoado.

Então subitamente ele se virou, chocando o corpo dele as presas sobre Damien. Não deu para ver nada mas ouvi o som do corpo do feiticeiro se chocando nas paredes e do sangue se espalhando. Só esperava que ele não estivesse morto.

A situação estava péssima. O monstro estava começando a ter resistência as chamas, eu era a única com armas ali e javali estava determinado a me matar.

Fiz o máximo possível para tentar me desviar das presas. Isso funcionava por um tempo, mas qualquer hora o animal iria me vencer pelo cansaço.

Olhei as flechas voando como pequenas agulhas sobre o javali e tive uma ideia absolutamente louca.

Larguei as duas katanas no chão e corri.

“O que está fazendo, está louca?” Ouvi Alec pensar.

“Espera, você vai ver. Só saia de frente dele e tente manter o fogo”.

Corri até Sam e tomei o arco e as flechas da mão dele.

— Que falta de gentileza... — Ele murmurou aborrecido.

— Agora não é hora para gentileza — retruquei enquanto colocava uma flecha no arco.

Nunca atirei com um arco e flecha. Ártemis, me dê uma ajudinha aqui, rezei. Tudo agora dependia do lugar no qual eu iria mirar.

Se eu mirasse no pelo, a flecha iria apenas ricochetear e cair no chão. Se mirasse na boca ela seria dissolvida.

Observei os olhos vermelhos do animal que cada vez estava mais próximo de mim. Soltei a flecha mirando nos olhos dele.

A flecha acertou certeira. A pequena ponta de metal se fincou no olho esquerdo do animal, que ganiu de dor e recuou. Aproveitei que ele estava recuando e disparei uma flecha no seu outro olho.

Um javali cego é melhor do que um enxergando.

Os olhos era a única parte do corpo em que estava exposta. Comecei a atirar uma flecha atrás da outra.

Mesmo cego tinha chance de ele trombar com um de nós, ou pior, ir para a entrada do túnel tentando fugir e acabar matando aquelas garotas inúteis, elas são inúteis mais eu não gostaria delas mortas.

Mirei a flecha do arco na direção de uma das flechas que estava no olho dele, pelo meus cálculos, se ela acertasse o cabo da primeira flecha, iria empurrar ela até o cérebro do animal, matando ele.

“Por favor, Ártemis.”

Soltei a flecha. Foi rápido mas o movimento da seta pareceu em câmera lenta para mim. A flecha acertou no centro da base da flecha que estava fincada no olho do animal e a partiu em duas, logo depois empurrando a parte metálica da outra até o cérebro do animal.

O javali caiu no chão ganindo. Até senti pena, mas era ele ou minha vida.

De repente ele se dissolveu numa fumaça vermelha que atravessou as paredes do túnel indo provavelmente para o olimpo.

Respirei fundo e me deixei cair sentada no chão.

E então percebi que minhas preocupações não tinham nem começado quando vi a poça de sangue do chão.

[...]

As três covardes estavam chorando histericamente e Sam estava encolhido para ninguém ver as lagrimas dele, senti até pena do elfo.

Alec se aproximou dele e pegou o pulso para ver se tinha pulsação. Estranhamente os olhos de Alec estavam com a íris avermelhada desde o aparecimento do fogo. Talvez fosse um ilusão de ótica minha por que em pouco tempo o vermelho se dissipou dando lugar ao preto.

— Ele tem pulsação? — perguntei.

Ele assentiu.

— Vem aqui, quem fez faculdades online de biologia e anatomia humana foi você — ele falou.

Revirei os olhos.

— Sempre te falei que anatomia seria mais útil um dia do que engenharia tecnológica.

Aproximei-me do corpo de Damien e me sentei do lado dele. A pele dele, tão morena quanto a minha estava quase branca e seus olhos verdes estavam abertos estaticamente. Ao ver os olhos parados lembrei-me de corpos mortos que vi na exibição de anatomia de Harvard.

Direcionei o olhar para o machucado. Era pior do que eu esperava. Abaixo das costelas dele tinha um corte fundo, e o pior, quando o javali o perfurou com a presa, um caco da presa se fincou.

Se o caco da presa estivesse se fincado dois centímetros acima, iria acertar o pulmão e ele estaria morto.

Por um segundo um pensamento ruim veio na minha cabeça. E se ele fosse Trivia? Não nos pouparia muito mais esforço, deixa-lo morrer?

Então caiu a ficha. Era isso que ela queria que eu pensasse. Aquele corte não era tão mortal, se Trivia tivesse a minha ficha na sua secretaria de inimigos, com certeza ela saberia que eu poderia resolver aquilo, o javali foi cuidadosamente direcionado para fazer esse corte. E existe método mais fácil matar alguém do que fazer todos odiarem ela e a matarem sem você precisar esforçar.

Olhei novamente para o ferimento. Mais tarde vou acertar as contas com essa feiticeira.

Deuses, para tratar disso eu precisaria no mimo de um bisturi, álcool, sedativos, agulhas, sutura, antissepsia e uma pinça.

— Você pode fazer alguma coisa? — Alec perguntou.

Olhei para ele.

— Você tem alguma faca ou objeto cortante?

— O que? Você quer fatiar ele mais do que está fatiado?

Lancei um dos meus melhores olhares fulminantes para ele.

— Apenas responda.

Ele não respondeu, apenas revirou os olhos e tirou um punhal de prata de um fundo interior da jaqueta e me entregou.

Tirei o punhal da bainha e observei a lâmina. Era fina, e me parecia limpa, o que eu realmente esperava que fosse, senão teríamos um feiticeiro com infecção. Nem perguntei se alguém tinha luva ou álcool, geralmente ninguém traz luva.

— Por que você não puxa a presa? —Mary perguntou.

— Está louca? Se eu puxar isso vai causar mais hemorragia!

Mary fez cara de choro.

— Damien, eu espero que você esteja inconsciente por que isso vai doer pra caramba. — sussurrei.

Segurei o mais firme que podia o punhal e cortei a área envolta do chifre e afundei a lâmina do punhal até sentir a ponta da presa e a impulsionei para cima fazendo o caco levantar junto.

Cuidadosamente removi o caco do chifre e o observei. Era um caquinho insignificante, mas se eu o deixasse no corpo de Damien ele poderia perfurar algum órgão vital.

Agora não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Existem vários remédios de coagulação sanguínea, mas no caso não tínhamos nem álcool.

Rasguei a camiseta dele no meio e amarrei ao redor do corte para tentar estancar o sangue.

— Bom, isso é o máximo que posso fazer. Agora é só rezar para ele sobreviver e não morrer por hemorragia ou por morte cerebral por causa da pancada que ele levou na cabeça.

— Acho que tem algo que posso fazer quanto a isso.

Idia se aproximou dele e encostou as patas na cabeça e no peito dele. O sangue parou de vazar e os olhos dele piscaram momentaneamente. Ergui uma sobrancelha.

— Não sabia que você podia curar, Idia — Vanessa falou.

— É, eu sei que sou demais.

[...]

Depois que Damien acordou e se recuperou voltamos a andar. Claramente ele se sentiu muito agradecido á mim e a Idia, o que foi muito sensato, já que salvamos a vida dele.

“Você e aquela gata estão incrivelmente metidas” Alec falou mentalmente.

“Eu pelo menos sou útil ao contrario de você, meu querido vampiro” Falei sarcástica.

“Sem mim você não teria o punhal para tirar o caco”

“Fui eu que tirei, então o crédito é meu”

Paramos abruptamente de discutir. O túnel tinha chegado ao fim, revelado uma floresta. De algum modo aquele túnel era tão extenso que nos levou até o outro lado da costa, ou então era um caminho subterrâneo para uma ilha desconhecida.

Felizmente tinha um pequeno fiapo de água correndo pelas rochas como uma fonte, isso era bom, por que eu realmente necessitava limpar as minhas mãos, já que elas estavam ensopadas de sangue.

[...]

Estava começando a escurecer. Nós tínhamos arranjado alguns gravetos para acender uma fogueira e esquentar marshmellows mais tarde, só isso, já que ninguém tinha pensado em trazer uma barraca, na verdade nem tinha como, já que seria bem estranho ir ao Ágora de Atenas com uma barraca desmontada embaixo do braço.

Eu estava empoleirada no galho da árvore mais alta para ter um pouco de sossego, estava funcionando até que ouvimos o grito.

Era um grito familiar.

Layla.

Pulei do galho, que no caso estava á mais de seis metros do chão sem pensar. Antes de me chocar no chão, fiz um rolamento e me levantei praticamente intacta, só com alguns arranhões.

Todos nós saímos correndo na direção do grito.

Então de repente parei, na minha frente, estendida no chão, Layla estava morta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!