Equilíbrio escrita por Diane


Capítulo 2
Capítulo 2 - Minha Mãe Atropela um Poste




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A luz lunar tremulou e ao poucos foi formando a silhueta de uma mulher.

–- Árthemis -- Diana suspirou irritada -- Até tu veio me dar conselhos ?

A deusa da lua foi tomando uma forma mais humana, uma mulher de bronzeada com cabelos negros e olhos prateados. Cuidadosamente a deusa se aproximou da garota, que parecia estar nervosa.

–- Ártie, eu quero ficar sozinha. Não preciso de conselhos, afinal eu vou morrer amanhã provavelmente -- A garota revirou os olhos -- Athena, Hades, Hermes, Poseidon, Hécate, Pérsefone e até a vaca da Afrodite resolveram dar "conselhos"

Árthemis riu. Realmente os deuses podem ser bastante oportunos.

–- Eles vieram por que estavam preocupados com você .

No fundo Diana sabia que isso era verdade, mas era queria ficar sozinha, pensar. Mas seus deuses patronos fizeram questão de atormenta-la, até Afrodite que não era sua patrona resolveu se envolver.

–- Quando você está prestes a morrer você prefere ficar sozinho e não sendo atormentado por um bando de deuses malucos -- A garota respondeu.

Árthemis piscou.

–- Você não está prestes a morrer.

–- Teoricamente não. Mas provavelmente amanhã vou morrer. Você conhece a criação de Erebo, Tryvia. A profecia diz que eu e ela morreríamos na batalha final.

Árthemis conhecia a profecia, o seu próprio irmão que a recebeu. Sabia que a menina não tinha escolha e se sentia mal por isso. Vira aquela criança nascer, e ser batizada com um de seus nomes.

–- Você nunca teve medo de morrer -- A deusa tentou argumentar.

Diana piscou.

–- Mas nas outras vezes não tinha uma profecia do deus do sol dizendo que eu iria dar uma voltinha no mundo inferior.

Layla estralou os dedos.

–- Olá, terra chamando Christine !

Pisquei

–- Hã ?

Layla me encarou.

–- Ahn... Você tá bem ? Parecia que tava sonhando acordada ...

Layla raramente tinha razão sobre algo, mas dessa vez ela estava certa. Eu realmente estava sonhando acordada. Como se não bastasse os pesadelos diários, também tenho que sonhar acordada. É simplesmente admirável.

Olhei pela janela do carro, pelo menos isso era melhor do que ter que dar uma explicação para Layla. Ela podia ser minha melhor amiga, mas é irritante ás vezes.

–- O que achou das mexas rosas no meu cabelo ? -- Ela perguntou.

Pode parecer estranho mas ela tem um fixação estranha para pintar o cabelo de cores estranhas. Na semana passada o cabelo dela estava verde.

–- Ah ... Acho que ficaram boas -- Falei olhando a janela.

–- Você está estranha hoje -- Ela constatou.

O fato é que geralmente não fico muito animada para ir para á escola ás sete da manhã, mas hoje nem conversar eu estava conversando. Tive pesadelos estranhos a noite inteira, logo depois de ter uma alucinação de passáros psicopatas. Realmente não é de admirar que eu estava com um certo ... mau humor

–- Mãe, quanto tempo vai demorar para chegar na escola -- perguntei.

Minha mãe sorriu pelo retrovisor.

–- Falta uns quinze minutos.

Quinze minutos. Era um bom tempo, talvez desse para tirar um cochilinho e não ficar com cara de zumbi na escola. Quem sabe eu não teria um pouquinho de sorte e conseguiria dormir sem pesadelos, por pelo menos meros quinze minutos.

Encostei na janela e fechei os olhos. Foi só eu fechar os olhos que eu ouvi um estrondo e senti o carro frer.

Será que um ser humano não pode dormir por quinze minutos sem acontecer algo ?, pensei

Quando abri os olhos eu vi o poste. Só que ele não estava na calçada. Ele estava, tipo, amassado na frente do carro.

Okay. Foi nada demais. Só foi minha mãe que atropelou o poste.

Layla estava de olhos arregalado e agarrada ao banco. Coitada acho que quase teve um infarto. Já minha mãe estava com um sorrisinho culpado típico, igualzinha á eu quando apronto. Já o carro, não acho que devia estar muito bem, talvez isso se devesse ao fato que tinha um poste no meio da parte frontal.

–- Mãe! Você atropelou um poste ! -- Eu praticamente berrei.

Esqueça o que eu disse sobre isso ser nada demais. Tinha um poste no meio do carro. Eu estava atrasada para a escola e a diretora iria me matar, possivelmente.

É, foi um excelente inicio de manhã.

–- Não é minha culpa -- Mamãe falou -- A culpa é do poste. Ele que mergulhou na minha frente.

Daria um excelente nome de filme. A culpa é do poste.

Cheguei na escola cerca de duas horas atrasada. A diretora não ia me matar. Ela iria me esquartejar, me atropelar, me esfolar, arrancar meus olhos e só depois ela iria me matar.

O portão estava aberto. Bem, talvez desse para mim entrar de fininho, chegar na quarta aula e fingir que tive uma torção no tornozelo e tudo ficaria bem.

Claro que isso não aconteceu. Eu não tenho tanta sorte assim.

Eu estava andando nas pontas do pé, prestes a entrar na escola e ter um dia de paz e tranquilidade ...

–- Senhorita Caudermoon !

Aí. Ferro.

–- Oi ?

Me virei e dei de cara com a Senhorita. Mumia, ou melhor, a minha querida diretora.

Senhorita Marie, é uma mulher velha, tem por volta de cinquenta anos e não se aposentou ainda. O prazer da vida dela é aterrorizar os pobres alunos da escola. Só tenho algo a dizer sobre essa mulher : Ela me odeia. Talvez seja por que no ano passado eu coloquei acidentalmente um pouquinho de pó de mico na cadeira dela. Foi simplesmente acidental, eu juro.

–- Saiba que está atrasada duas horas, não posso deixar entrar.

A mulher me olhou com uma cara assassina. Pó de mico pode realmente fazer algumas pessoas surtarem.

–- Olha, diretora, minha mãe atropelou um poste. Foi impossível não chegar atrasada -- Tentei falar educada no inicio.

Ela riu maldosamente.

–- Que desculpa mais idiota.É septuagésima vez nesse mês que você chegar atrasada. Se você se atrasar mais vezes vai ser expulsa.

Viram ? Essa mulher me odeia!

–- Se você duvida, vai na esquina ver.

Quando eu disse isso, eu realmente não esperava que ela fosse na esquina. Mas como ela é uma múmia odiável, ela teve que ir.

A múmia, segurou meu braço e andou até a esquina me puxando. Os dedos magrelos dela estavam segurando meu braço com força, provavelmente iria ficar marcas. Quem diria que aquele graveto humano teria força.

–- Não acredito que vai fazer isso...-- murmurei.

A criatura grunhiu.

–- Ah, mas é claro que vou.

O transito da rua estava parado. Talvez fosse por que tinha um Porshe grudado num poste, ou talvez por que tinha uma mulher maluca puxando uma garota pelo braço enquanto passava entre os carros. Caramba, acho que isso vai aparecer no noticiário. Por um momento imaginei a manchete : Na avenida 15, um Porsche prateado atropela um poste causando uma pausa de transito por duas horas, enquanto uma mulher arrastava uma garota pela rua.

Cara, isso ia ser estranho.

–- Elise Caudermoon! -- A diretora berrou -- Sua filha chegou duas horas atrasadas na escola.

O rosto da minha mãe estava vermelho, ela já estava estressada por causa do concerto do carro e da multa publica. E quando ela ouviu a diretora berrar, acho que isso não aumentou seu estoque de paciência.

–- Não percebeu o motivo, queridinha ? -- Ela apontou para o carro e o poste.

A diretora agora parecia uma múmia que teve suas bandagens roubadas.

–- Isso não é desculpa ! Não importa o que aconteça, uma criança tem que chegar na hora exata na escola!

Pisquei.

–- Espera aí ! Eu tenho dezesseis anos! Não sou mais criança. -- argumentei.

A mulher me lançou um olhar que dizia algo claro : Cale a boca.

–- É impossível chegar na hora com o carro assim -- Minha mãe sarcástica -- Quer que eu leve ela voando para a escola.

–- Não importa se vá voando ou não ! Eu quero esse serzinho odiável na escola na hora certa! -- A diretora berrou vermelha.

Sabe, eu sempre desconfiei que a diretora me odiava.

–- Você chamou minha filha de serzinho odiavél ? -- Os olhos da minha mãe pareciam que iam pegar fogo -- Quem te deu esse direito vareta ?

Vareta. Acho que herdei esse talento de arranjar apelidos da minha mãe. Qualquer um que chame a diretora de vareta é simplesmente demais.

–- Ela está expulsa da minha escola ! -- A diretora berrou e apontou para mim -- Esse ser insuportável tem que ficar bem longe de mim.

Logo após de dizer isso a mulher saiu de lá com passos firme.

É, eu fui expulsa por que minha mãe chamou a diretora de vareta. Alguém captou alguma injustiça no ar ?

Depois de duas horas e meia arrumando mutas carros e blablá, eu voltei para casa.

Bem, eu não voltei para a casa de carro, teoricamente eu tive que andar cerca de cinco quilometros, o que não foi muito legal para a saúde dos meus pés.

Resumindo: Eu e minha mãe estavamos mortas de fome e precisando seriamente de um bom almoço.

A primeira coisa que eu fiz quando cheguei em casa foi tirar o tênis e pular no sofá. A melhor coisa do mundo é ficar deitada no sofá livremente após uma longa caminhada. Se você está pensando que eu sou preguiçosa, você está certo. Danesse, eu sou preguiçosa com orgulho.

–- Miau ?

Olhei para baixo e vi Idia. A gatinha estava me olhando acusadora com aqueles enormes olhos azuis.

–- Quer um espaço no sofá ? -- Perguntei.

Encolhi os pés e ela pulou no espaço vazio.

Aquela gata era realmente inteligente. Ás vezes parecia que ela entendia tudo que eu dizia, só faltava falar para parecer mais humana.

Eu estava tranquila no sofá com a Idia mordendo meus pés. Mas de repente senti uma onda de sono. Aí lembrei que não dormi muito posso dos pesadelos e que agora era oito da manhã. Bem, eu podia dormir agora e só acordar á uma da tarde no horário do almoço.

Peguei Idia no colo e fui até o meu quarto.

Meu quarto estava semi destruído, parecia que um furacão tinha passado por lá. Tinha várias marcas de unhas de gatos nas paredes, no guarda roupa.

Provavelmente tinha dado a loca na Idia.

–- Idia, você é uma gata destruidora.

A gatinha me encarou e mostrou a lingua. Por um breve momento achei que ela estava zoando a minha cara, mas logo mudei de ideia.

É só uma gata incrivelmente destruidora, apenas isso. pensei

Pelo menos a minha cama estava inteira dava para dormir por umas cinco horas. Deitei na cama joguei um cobertor sobre mim e Idia se aninhou no meu travesseiro;

–- Boa manhã, bichinha destruidora.

No meio da minha soneca eu acordei com sede. Pela primeira vez na quela semana eu não tive nenhum pesadelo me atormentando. Deixei Idia dormindo e coloquei o chinelo para ir na cozinha.

Quando passei pela sala ouvi minha mãe falando no celular. Ela parecia séria, o que é raro.

Sabe aquele instinto curioso que todo mundo tem? O meu foi ativado. De repente senti uma subita curiosidade de saber o que ela estava falando tão séria.

Fiquei atrás da porta quieta. Sim, eu sei que isso é errado,mas não ligo para isso.

–-Não, ela não desconfia de nada. Acha que foi apenas uma alucinação ou pesadelo -- ela falou -- Sumiu tudo depois daquilo, ela não tem nenhum prova.

Não sei por que mas eu lembrei do episodio do pássaro psicopata. Aquilo era suspeito. Minha própria mãe falando sobre isso... Mas talvez não fosse isso não é ? Talvez ela estivesse falando sobre outra coisa.

–- Tenho que leva-la logo. Os servos de Erebo já estão desconfiados. -- Houve uma pausa, como se a pessoa do outro lado da linha estivesse falando –- Que outra explicação você tem para isso ? Um grifo na cozinha, pesadelos á noite e dia ?

Assim que ela falou de pesadelos tive certeza que estava falando de mim.




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Notas finais do capítulo

Ei gente, sei que não tão entendendo nada, mas vão entender, okay ? Esperem para ver.