Surviving to Hell escrita por Alexyana


Capítulo 20
Inferno


Notas iniciais do capítulo

Eai pessoal! É feriado!!! Como vocês passaram? E o início das aulas? Estava com saudades!
Eu demorei bastante e vou explicar o motivo.
Como sabem (ou não), eu mudei para o Instituto Federal. Ele fica bem longe da minha casa, e preciso ir de carro/ônibus para lá (ao contrário da antiga escola, que era só alguns quarteirões de distância). Faço o técnico integrado, ou seja, além das matérias do ensino médio normal ainda tem as de informática (que não são lá tão fáceis). Saio de casa às 06:30 e só chego 17:00, totalmente cansada e cheia de tarefas, então não tenho tempo nem disposição para escrever.
Então peço a compreensão de vocês, porque provavelmente demorarei mais tempo para postar os capítulos. Espero que não abandonem a fic! heuyhrg
Boa leitura!



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Nunca acreditei em sexto sentido, mas uma sensação estranha insiste em me perturbar, ameaçando meu âmago. Observo distraída o início da discussão entre Lori e Andrea, graças a suas opiniões divergentes sobre ir ou não atrás deles, aflita demais para interferir.

Antes que se torne realmente uma briga, a porta da sala é aberta interrompendo a conversa. Por um momento meu coração se agita, na expectativa de ser Shane ali entrando. Porém logo as figuras de Daryl e Glenn são vistas, fazendo com que meu coração murche drasticamente.

– Rick e Shane não voltaram? – Dixon pergunta com sua crossbow em mãos. Glenn permanece ao seu encalço, e noto manchas de terra em suas roupas.

– Não – Lori responde, claramente preocupada com o marido. E amante, penso antes que possa me controlar.

– Ouvimos um tiro – diz Glenn, deixando claro que também não possuem respostas.

– Talvez estejam com Randall – Seth especula.

– Randall é um walker. – Fico chocada com esse fato, e novas hipóteses começam a se formar em minha mente.

– Encontraram o walker que o mordeu? – questiona Hershel à Daryl enquanto se aproxima. Beth está ao seu lado, junto com Cassie.

– O mais estranho é que ele não foi mordido – esclarece o coreano. – O pescoço estava quebrado.

– Ele pode ter revidado – sugiro, entrando na conversa pela primeira vez.

– Mas as pegadas de Shane e de Randall se sobrepunham. E Shane não é um rastreador – Daryl acrescenta. – Ele não o seguiu. Estavam juntos.

Fico em silêncio após essa informação, tentando achar um sentido para isso tudo. Todos aqui estão apreensivos e angustiados pela falta do líder e do meu pai, e procuram explicações avidamente.

– Poderiam voltar, encontrar Shane e Rick e descobrir o que está acontecendo? – Lori pede a ele. Quase grito “Isso!” ao ter minhas preces transformadas em palavras, mas apesar de tudo ainda tenho senso de convivência social.

Daryl assente com a cabeça, indo em direção à porta mais uma vez. Levanto-me para segui-los, chegando à conclusão que não irei aguentar ficar aqui esperando. Avanço em direção ao alpendre, mas mamãe surge ao meu lado.

– Emma! – ela repreende ao notar o que pretendo fazer. Maldição.

– Mãe, eu não vou conseguir ficar aqui só aguardando! – esbravejo revoltada pela sua censura.

– Mais uma pessoa desaparecida não vai ajudar – diz, e bufo em resposta. De repente os outros voltam para dentro apressados, com expressões que com certeza não significam boas notícias.

– Há uma horda vindo. Apaguem as luzes e busquem as armas! – Andrea grita para todos, que começam a fazer o que foi pedido.

Aproveito a distração de mamãe e vou até à porta, saindo no alpendre onde Daryl, Sam e outros permanecem. Olho um pouco mais além, e vejo centenas de figuras cambaleantes na noite. O pânico surge quando noto que são infectados, que avançam devagar em direção à fazenda.

– Talvez estejam só de passagem – sugiro em uma voz incerta.

– Uma horda assim destruiria tudo – Daryl responde, deixando claro que não há chances de ficarmos aqui.

Encaro mais alguns segundos os infectados, cada vez mais próximos da cerca, antes de cair na real e voltar para dentro. Todos estão correndo, pegando armas e mantimentos. Procuro mamãe com o olhar, encontrando-a andando vacilante em minha direção com duas mochilas.

Corro até ela, pegando minha mochila de sua mão. Tento pegar a outra, porém ela se recusa e a coloca nas costas.

– Isso vai fazer mal para suas costelas! – exclamo indignada pela sua teimosia e irresponsabilidade.

– Eu sou a mãe aqui – diz séria, e apenas reviro os olhos.

– Vou pegar minha arma – aviso mudando de assunto, já avançando em direção ao quarto.

Adianto-me pelo cômodo, indo direto à segunda gaveta do armário. Procuro rapidamente minha Glock, e acabo a encontrando junto com minha faca. Aproveito e pego algumas balas que estão soltas pela gaveta, colocando-as dentro do bolso do meu casaco. Encaixo os dois coldres no cós da minha calça jeans, procurando meu taco pelo quarto.

Depois de alguns segundos débeis noto uma pequena parte dele saltando para fora da mochila em minhas costas, e percebo o quanto sou idiota. Rio com isso, também feliz por mamãe saber que não sairia sem ele.

Ouço o barulho de passos no corredor, e logo os dois irmãos entram pela porta, apressados iguais a todos.

– Hey Emma – Seth cumprimenta, já com seu machado em mãos. Seu olhar demora-se no meu por alguns segundos, e percebo que ele está tentando transmitir o quanto sente muito pelo desaparecimento do meu pai.

– Seth – digo, incomodada pelo seu olhar de compaixão. Eu não gosto disso. Olho para Cassie, que permanece em silêncio apenas seguindo o irmão. – Oi Cassie.

– Oi – murmura, levantando a cabeça em minha direção. Seus olhos estão marejados, e ela está visivelmente transtornada.

– Por que você está chorando? – questiono franzindo as sobrancelhas, ajeitando a mochila em minhas costas.

– Está acontecendo de novo – diz, e pela primeira vez ela não nega que está chorando. Não entendo o que ela disse, e olho para Seth procurando respostas. Ele simplesmente abaixa o olhar, entregando a arma à Cassie.

– O que está acontecendo de novo, Cassie? – Ela segura hesitante a arma, a mesma que sempre usa, enquanto levanta os olhos verdes em minha direção.

– Ela está vindo novamente – murmura, e continuo confusa.

Eles saem do quarto, me deixando sozinha e sem respostas. Permaneço por alguns minutos encarando o nada, pensando na possibilidade de ter uma prima louca.

Encarrego-me de voltar novamente para a sala, chegando à conclusão de que não conseguirei compreender o que a Cassie disse. Ignoro mais uma vez a sensação estranha dentro de mim, tentando não dar bola para baboseiras sentimentais que só contribuirão para meu desespero.

A sala está escura, já que as luzes foram apagadas. Meus olhos se adaptam rapidamente à baixa iluminação, e já posso reconhecer as figuras que zanzam de um lado para o outro.

– Cadê o Carl? – Uma Lori desesperada invade o cômodo.

– Onde ele estava na última vez que o viu? – Carol questiona surgindo atrás dela, tentando controlar a mulher.

– Ele estava lá em cima, mas o procurei e não o encontrei – diz. – Não sairei sem meu filho!

– Carl sumiu?! – pergunto assustada, vasculhando a sala na procura de alguém com chapéu. Lori concorda, totalmente abalada. Por que todos estão sumindo?

Carol sugere que procurem mais uma vez lá em cima, e elas sobem as escadas novamente. Penso em ir junto com elas, mas isso não seria de grande utilidade. Resolvo ir até o alpendre mais uma vez, aproveitando que mamãe não está me vigiando.

– Vai matar todos eles? – Daryl pergunta cético à Hershel, enquanto recarrega sua besta. Os infectados estão cada vez mais próximos da cerca, e com certeza ela não aguentará.

– Temos armas e carros – responde e Andrea completa – Mataremos quantos pudermos.

– Peguem os carros e comecem a distraí-los – Hershel ordena, começando a atirar nos infectados.

Todos começam a sair do alpendre e ir em direção aos automóveis, e quando noto já estou seguindo Samantha. Ela se encaminha até a velha caminhonete, subindo no banco do motorista como se já tivesse feito isso milhares de vezes. Entro no banco do passageiro com certa dificuldade devido à altura, recusando tirar minha mochila das costas.

– Emma? O que está fazendo?! – pergunta assustada ao notar minha presença.

– Vou te ajudar a matar umas cabeças ocas – respondo da maneira mais descolada e segura que consigo.

– Desculpe-me, mas sei que você não é lá muito boa de mira – Sam diz, deixando claro que não sou a pessoa mais indicada para essa tarefa.

– Por favor, não aguento mais ficar naquela casa! – imploro desesperada, deixando transparecer parte dos sentimentos angustiantes ao encarar seus olhos escuros. Ela parece hesitante, mas após alguns segundos de suspense ela suspira, cedendo.

– Espero que Maddison não me mate – diz para si mesma, e o motor ronca ao ser ligado. Permito-me sorrir, pegando a arma do coldre em minha calça.

Sam leva o automóvel para perto da cerca, onde os infectados estão quase chegando. Vejo outros veículos aqui também, fazendo a mesma coisa que nós.

Abro com certa dificuldade a janela e coloco metade do corpo para fora, mirando a arma na cabeça dos walkers. A aula de papai com certeza foi de grande ajuda, já que minha margem de erro diminuiu consideravelmente. Vários corpos caem no chão à medida que atiramos, mas a quantidade não aprece diminuir.

Levanto o olhar por um momento, e vejo chamas. Choco-me quando noto que é o celeiro, que agora está sendo consumido pelo fogo. O primeiro pensamento que me invade é que meu pai pode ter feito isso, ou até mesmo Carl. Desespero-me ao notar que a quantidade de infectados que se junta ao redor da construção é cada vez maior, e sou tomada pelo pânico ao ver duas figuras correndo em meio a eles.

– Sam! Vá para lá! – grito, apontando em direção às duas figuras. Meu coração está saindo pela boca, e não gosto de imaginar meu pai sendo mordido.

– Está louca? Não conseguirei sair de lá – Sam devolve, fazendo uma curva brusca para desviar de alguns walkers.

– Então pare o carro! – ordeno em um momento totalmente insano. Posso sentir as batidas erráticas e rápidas do meu coração

– Nem pensar – recusa, afastando cada vez mais do celeiro e da fazenda.

– O que está fazendo? Volte! – grito exasperada ao ver que ela continua acelerando para longe de todo mundo.

– É suicídio. – Olho em sua direção chocada, mas ela permanece focada em sair da fazenda. Grito mais algumas vezes, porém ela me ignora.

Então tomo a decisão mais burra e mais corajosa de toda minha vida: eu abro a porta e salto do carro em movimento, indo direto para o chão.

Ouço os berros de Sam, mas é minha vez de ignorar. Levanto-me e corro o mais rápido que consigo em direção à fazenda, agradecendo aos céus por ser rápida e tendo uma forte descarga de adrenalina. Costuro em meio aos walkers, desviando-me de alguns e atirando em outros – errando mais do que acertando –, nunca parando de correr.

Começo a pensar em como isso foi burro ao me ver cada vez mais cercada e sem saída, porém novamente vejo as duas figuras correndo, agora mais perto. Vejo-as entrando na floresta um pouco mais a frente, provavelmente escolhendo contornar pela mata.

Sinto mãos agarrando meu braço, e arregalo os olhos ao ver a boca podre do infectado cada vez mais perto do meu antebraço. Atiro em sua cabeça, e o cadáver caí no chão ao meu lado. Encaro a velha mulher por alguns segundos, tentando inutilmente controlar minha respiração.

Pela primeira vez arrisco olhar para trás, mas me arrependo no mesmo momento. Vejo ao longe o celeiro ainda em chamas, vários corpos cambaleantes vindo em minha direção e a caminhonete de Sam rodeada por walkers. É o verdadeiro inferno.

Forço-me a retomar a corrida, fazendo de tudo para ignorar a possibilidade de ter causado a morte de Samantha. Tropeço nos galhos baixos ao entrar na mata fechada, minha respiração já ofegante. Procuro pelas pessoas que vi, mas não vejo nada além de árvores.

Entro em desespero ao pensar que posso estar indo na direção errada, ou pior, que as figuras sejam apenas uma ilusão da minha mente já perturbada.

– Por aqui – diz uma voz ao meu lado direito, assustando-me. O alívio me cerca ao reconhecer a voz de papai, e sigo sua instrução.

Meus olhos começam a marejar, contudo não tenho certeza se é por causa da fazenda, que fica cada vez maior em meio às árvores, de Samantha ou ao vento frio que bate em meu rosto.

Finalmente saio da floresta, pisando na grama baixa. Seria extremo hiperbolismo dizer que meu mundo desmoronou ao ver a fazenda invadida, mas foi algo bem próximo a isto.

Procuro por papai, mas não vejo nada além de infectados. Noto um carro indo na direção oposta à minha, encaminhando-se à saída da propriedade.

– Ei! Me esperem! – grito o mais alto que consigo, correndo atrás do automóvel que cada vez se distancia mais.

Inúmeros walkers começam a vir em minha direção, e sou impedida de gritar para as pessoas que estão dentro do automóvel. Tento correr mais rápido, porém a quantidade de seres aumenta cada vez mais, anulando a possibilidade de ir para essa direção.

Lanço um olhar geral no lugar, procurando alguma saída ou fonte de esperança, e noto vários infectados ajoelhados no chão um pouco além de mim. Penso em ir até lá para conferir quem estão comendo, mas não tenho certeza se quero saber.

Lágrimas de raiva e frustração começam a escorrer por minhas bochechas, impedindo minha visão e me deixando mais transtornada ainda. Eu fui deixada para morrer no inferno.

Sigo meu extinto de sobrevivente, talvez pela primeira vez nesses meses, percebendo que não posso ficar mais nenhum minuto aqui. Viro-me e começo a correr de volta para a floresta, sozinha, com a munição chegando ao fim e sendo seguida por dezenas de infectados.


And in the dark, I can hear your heartbeat

I tried to find the sound
But then it stopped, and I was in the darkness
So darkness I became


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Notas finais do capítulo

Tradução:
E no escuro, eu posso ouvir seu coração
Eu tentei achar o som
Mas então ele parou, e eu estava na escuridão
Então a escuridão me tornei
(Cosmic Love – Florence And The Machine)

Eai, o que acharam?? O que esperam do próximo? O que acham que acontecerá nessa segunda parte da fic? Como a Emma irá reagir a tudo? Sugestões? Pedidos?

Pergunta de hoje: Vocês acreditam em destino?
Minha resposta: Não. Acho que tudo que acontece são apenas as consequências dos atos de todas as pessoas em conjunto. Toda ação tem uma reação.

Enfim, espero que vocês ainda estejam por ai! Me contem as novidades! Beijoss



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