- Mãe, eu não quero ir! – Eu nunca discutia com Renée, muito menos com o meu pai. Mas depois da descoberta de ontem, eu queria é mudar de escola.

- Mas você vai! Hoje você não tem aquela aula de fotografia que você tanto gosta? Você falou sobre ela as férias todas...

- Mas, mas, mãe! Pai? – Supliquei.

- Ouça sua mãe, e vá se vestir. Não posso chegar atrasado ao trabalho, filha.

Charlie sempre conseguia o que queria. E enquanto isso, Seth segurava o riso, pois sabia que se risse, levaria bronca também. Se bem que, não seria uma bronca de verdade. Por ser caçula, ele tinha suas vantagens.

Subi as escadas, tomei banho e analisei o meu uniforme de sempre. E pela primeira vez em anos, eu não coloquei meu Christian Louboutin de sempre. Peguei uma das minhas botas de couro, e ao invés de usar a blusa feminina do uniforme, peguei uma blusa branca qualquer do meu pai. Coloquei minha saia azul marinho, e o colete da mesma cor. E ao contrário do que eu tinha pensando, eu estava até que bonita.

Charlie me levou pra escola, desejou-me bom dia e assim que pisei no pátio, todos os olhos estavam em mim. A minha mudança de estilo provocava muitos comentários, tanto de desaprovação quanto de inveja. Alice me viu de longe e acenou, vindo até a minha direção com a boca aberta de surpresa.

- Você está linda! Simplesmente linda! Onde conseguiu essa bota? E essa blusa? Meu deus, Bells, você está linda!

E esses comentários foram repetidos várias vezes por metade da escola e pelos meus amigos Rosalie e Jasper Hale, Mary Alice Brandon e Leah Clearwater. Minha primeira aula era literatura, junto com Jasper. 

Jasper sempre me cumprimentava com um beijo na bochecha e um abraço apertado, que me tirava do chão. Ele era um dos garotos mais bonitos da escola e era louco por Alice, e só ela não acreditava nisso.

A aula parecia ter durado duas horas ao invés de uma. Fui para aula de Biologia, junto com Jasper, claro. Mas quando chegamos lá, vi Edward conversando com Tanya e fiquei um pouco nervosa em relação aquilo.

Apressei o meu passo e segurei o pulso de Jazz, para ele vir mais rápido comigo. Eu estava passando pela mesa daqueles dois, e ela falou:

- Ei, Bee! Olha só quem eu conheci!

- Oi, Tanya. Oi, Edward. – Disse secamente para os dois e me virei para ir até o meu lugar.

- Engraçado, não me lembro de ter te falado o meu nome. – Por que ele tinha que ser tão confiante e esperto? Maldito. Olhei ameaçadoramente para ele e continuei andando até o meu lugar com Jasper.

Minha semana toda foi daquele jeito. Eu fingia que ele não existia, mas quando ele se virava de costas, eu o amaldiçoava por tudo o que é mais sagrado. E no banheiro, ouvi Tanya confidenciar para Jessica Stanley que iria dar mole para ele, por assim dizer. Eu não gostei disso, nem um pouco.

Duas semanas se passaram e eu estava na aula de geografia encarando as costas de Edward, quando Alice percebeu e perguntou discretamente:

- É impressão minha, ou você já conhece esse tal de Edward?

- Alice... Ele faz parte da vida que eu deixei para trás. Eu não faço idéia de como ele veio parar aqui! Ele devia estar lá na... Roça! – Fiz uma careta ao falar a última frase.

Ela ficou pensativa por alguns minutos, então virou para mim e me olhou assustada.

- Eu não acredito nisso! Aquele é o Edward Cullen de quem você tanto me falava quando eu te conheci? – Eu nunca tinha visto Alice tão surpresa como naquele momento.

- Sim, é ele. – Disse ríspida.

- E é ele também o garoto mais insensível que você já conheceu?

- Sim, é ele! E ele nem se quer faz idéia de quem sou eu! AQUELE GAROTO ESTÚPIDO!

Então, percebi que tinha berrado a última parte, e já era tarde demais. Comecei a me afundar na carteira, e o meu professor disse:

- Algum problema, Srta. Swan?

- Nenhum professor, eu, eu... Continue a aula, prometo não te atrapalhar mais.

- Obrigada.

Ele recomeçou a aula e Edward se virou olhando para mim. Ah, ótimo. Agora ele sabia quem eu era, e ele falaria tudo sobre mim para todos. Então, ele se tornaria o cara mais legal da escola, namoraria todas as minhas amigas – ao mesmo tempo – e me deixaria excluída de tudo e de todos. E eu não estou exagerando!

A aula terminou, levantei-me rapidamente e quando estava saindo da sala senti alguém segurando meu braço. Olhei para trás e vi Edward me encarando confuso.

- O que você quer? – Supliquei.

- Bella, você sabia quem eu era desde o primeiro dia, e não disse nada? – Ele hesitou, e quando eu abri a boca para falar alguma coisa, ele continuou: - Eu senti a sua falta...

- Solta, me larga! – Ele me soltou, e eu saí correndo pelo corredor até trombar com Emmett Cullen.

Resumo: Emmett era o irmão mais velho de Edward. Fim de resumo.

- Isabella, o que aconteceu? Bella? Bella, fale algo, por favor!

Eu o abracei forte, e comecei a chorar. Ele me abraçou de volta, e praticamente me arrastou para a sala de estudos. O sinal bateu. Ele tinha um tempo livre e eu não, mas ele disse que me levaria para comer algo e para eu desabafar, caso eu quisesse.

- Então, o que aconteceu? A última vez que te vi chorando, foi quando você tinha... Nove anos? - Ele sorriu, e eu ri em seguida.

- Ah, Emm. Eu prefiro não falar disso...

- Tudo bem, você sabe que eu estou aqui certo?

- Sim, e obrigada. – Sorri para ele, e ele me sorriu de volta.

- Então, gostou da surpresa?

- Ah, é. O fato de vocês dois terem aparecido de repente aqui, na minha escola, não foi uma surpresa legal.

- Oras, Bella. Meu irmãozinho nunca passaria no vestibular se continuasse estudando lá, e o mesmo vale para mim. Mas, meu deus. Como você cresceu!

- E você? Você está absurdamente grande, e musculoso! – Eu sorri e ele riu.

- É, fazem o quê? Seis anos que não nos vemos? Já viu Edward?

- Por que você acha que eu estava chorando?

- Como assim? Você e ele eram praticamente irmãos...

- Emmett, eu não ligo para o fato de você voltar. É até legal, eu sempre adorei você como um irmão mais velho. Mas o Edward? Eu não queria que ele aparecesse novamente na minha vida. Estou tão bem aqui, na cidade. Sem nem me lembrar direito da minha fase do campo...

- Bella, eu tenho que te dizer uma coisa. Edward ficou muito chateado depois que você se mudou. Você não tem idéia de como foi pra ele. Você era a melhor amiga dele, se você visse a cara dele quando descobriu sobre a sua mudança, você se arrependeria de dizer isso. – Ele suspirou, olhou-me nos olhos e disse: - Por que você se mudou? Até hoje, não sei. Seu avô Marcus disse que sua mãe só se mudaria se você quisesse. E você quis...

- É complicado. Eu, eu sentia falta da cidade. Do cinema, dos parques de diversão, da tevê a cabo... – Ri e ele sorriu. – Mas, acontece que esse é o meu lugar. Aqui, numa escola particular, onde todos me conhecem e me respeitam.

Conversamos mais um pouco, e acho que foi isso o que fez o dia passar mais rápido. Fui para casa e minha mãe me disse que o meu avô vinha me visitar em algumas semanas. Ótimo, agora eu saberia exatamente o que aconteceu depois de eu ter me mudado.