31 days in New York escrita por Beatriz


Capítulo 18
Epílogo - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez eu cumpri.



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04 de março de 2018

Haviam se passado dois dias desde que cheguei em New York, reencontrei Cristopher, eles descobriu que era o pai da minha filha e agora devia estar nutrindo um ódio enorme por mim. Tantas coisas aconteceram em apenas dois dias, por que Deus? Qual era a probabilidade de uma pessoa vir para uma cidade grande como essa duas vezes e na primeira encontrar o amor da sua vida logo no primeiro dia, ir embora, e quando voltar encontrar ele de novo no primeiro dia, mas dessa vez com a filha dele do lado. Acho que comigo essa probabilidade era de 100%.

Ele havia me ligado ontem a noite perguntado se poderíamos jantar hoje, e apesar de quer dizer que não, eu não estava pronta, eu sabia que devia isso para ela. Liguei para a senhora Melanie, que seria mulher que cuidaria de Pandora aqui na cidade, e pedi que ela chegasse por volta das 18:30.

–Ela gosta de assistir desenhos e toma café por volta das 19:30, depois disso já pode arrumar ela para dormir e ler alguma história de princesa que ela pega no sono rapidamente. Deixe-a deitada aqui no sofá mesmo, ela não consegui dormir no quarto quando eu estou fora de casa. - expliquei tudo para Mel assim que ela chegou, na verdade ela não era uma senhora e sim uma mulher de mais ou menos 35 anos, usava um coque alto, um vestido florido até os joelhos e era muito atenciosa.

Assim que chegou, tratei de apresentá-la a Panda que no início não quis muito contado, mas logo Melanie a conquistou e agora ela estava praticamente me expulsando de casa.

–Little Panda, obedeça a Mel, seja a boa menina que eu sei que você é e não durma tarde. - sempre deixei Pandora com a minha mãe, ou irmã ou com Alva, a mulher que cuidava dela quando nenhuma das anteriores podia, mas eu as conhecia bem e apesar de Melanie passar confiança eu não a conhecia, ela tinha sido mandada pela empresa, eu sei, mas mesmo assim.

–Mammy, ou vou ser boazinha, "agola" vai, vaaaaaiiii." - ela disse me empurrando em direção a porta do apartamento.

–Isso que é amar a mãe, já está me expulsando. - falei rindo e pegando-a nos braços e enchendo-a de cócegas.

–Pala, pala. - ela falava rindo.

–Queria, a Mel só fala inglês, você vai conseguir se entender com ela? - isso era uma das minhas maiores preocupações, e se ela precisasse de algo e não conseguisse dizer?

–Mammy, você me ensino algumas coisas e eu também aprendi naquela escolinha de inglês chata que a "senhola" me colocou, eu consigo falar com ela, faço mímica. - essa menina as vezes sai com umas coisas que eu nem sabia que ela já sabia.

–Tudo bem. - assim que falei isso o interfone tocou, meu coração deu uma batida tão forte que eu achava ser possível escutar do lado de fora do apartamento.

–Okay, agora eu vou, te amo e se comporte.

–Também de amo m. - ela me deu um beijinho e eu sai do apartamento.

Quando cheguei nas escada consegui ouvir gargalhadas, as gargalhadas mais gostosas do mundo, vindo do apartamento, elas iam se entender.

Desci as escadas e assim que fiquei de frente para a porta de saída travei, não queria esse momento, eu havia errado em não contar e agora tinha medo de que ele me odiasse.

Respirei fundo uma, duas, três vezes e abri a porta. Cristopher estava vestido em um moletom azul marinho com um casaco de couro preto por cima e uma calça jeans preta.

–Como sempre, muito bonita.

–Digo o mesmo de você. - e porquê mesmo eu não fiquei calada?

Eu usava um vestido de mangas que ia até o joelho e um sobretudo bege e para não deixar minhas pernas congelando uma meia preta grossa e uma ankle boot preta.

–Podemos ir? - perguntei assim que o silencio se tornou constrangedor.

Ele não falou nada, apenas saiu andando em direção ao carro preto estacionado bem em frente ao prédio, abriu a porta do passageiro para mim e depois que eu entrei ele se direcionou para o lado do motorista.

Fomos todo o caminho em silêncio e não acreditei quando cheguei no restaurante.

Era o Tavern On The Green, o restaurante onde havíamos nos conhecido.

–Gostou da escolha? - ele perguntou enquanto nos dirigíamos para entrada do lugar.

–Muito... Criativo. - falei dando um riso de leve.

–Sempre. - ele falou com aquela voz que fazia todo meu corpo arrepiar.

–Reserva para dois em nome de Cristopher Homell. - ele disse para a mulher que estava na porta do restaurante.

–Por aqui, por favor. - ela nos guiou até uma mesa que ficava estrategicamente em um local mais escuro e reservado do restaurante.

–Primeiro: conte- me como ela é. - ele disse assim que nos acomodamos.

–Pandora? Deus, ela é perfeita. Uma criança única. Educada, engraçada, consegue conquistar você com aqueles olhinhos pequenos e tão azuis quanto o mar...- quando falei isso olhei bem em seus olhos, o tamanho dos olhos dela eram iguais aos meus, mas aquela cor que fazia você ficar admirando por horas era dele. - Ela te faz rir até nas piores horas e um abraço dela cura qualquer tristeza, estresse, qualquer coisa, ela minha Pandora.

–Nossa. - ela falou olhando para o meu rosto, mas dessa vez não era uma expressão de raiva como eu tinha visto no primeiro dia ou de agonia, como eu tinha visto até agora, era de orgulho, ou algo assim. - Porque colocou esse nome nela? Pandora?.

Quando eu ia explicar o garçom chegou e perguntou se queriamos fazer nosso pedidos, eu nem havia olhado o cardápio, então pedi o prato que comi na primeira e única vez que vim aqui.

–Uma salada “Red Endive with Caramelized Anchovy, Roasted Garlic, Buttermilk and Parmesan” e uma água.

–Uma taça do seu melhor vinho e o mesmo que a senhorita. - ele fez o pedido olhando para mim com um sorriso de lado. No dia em que nos conhecemos, aqui nesse mesmo restaurante, ele pediu a mesma coisa para o garçom, quem diria, como as coisas mudaram de lá para cá.

–O nome. - ele disse assim que o garçom se afastou.

–Ah, sim, bem, você já deve ter ouvido falar sobre o mito de Pandora. Ela foi a primeira mulher criada por Zeus que ordenou que Atenas e Hefesto a criassem. Recebeu de cada deus uma qualidade, de um a graça, de outro a beleza, de outros a persuasão, a inteligência, a paciência, a meiguice, a habilidade na dança e também dons nos trabalhos manuais, coloquei nome da minha, na nossa, filha assim porque é isso tudo que Deus a concedeu, e ela é minha esperança, ela é minha luz no fim do túnel. - terminei de falar e ele estava com um sorriso no rosto.

–Não haveria nome melhor.

–Obrigada.

A comida chegou e comemos em silencio, assim que terminamos ele perguntou se eu gostaria de alguma sobremesa e respondi que não, então pedimos a conta e fomos embora.

–Vamos andar um pouco pelo Central Park, acabei de beber uma taça de vinho então não posso dirigir agora.

Começamos a andar e o vento frio batia em meu rosto. Soltei o coque que usava tentando fazer com que meu cabelo aquecesse minhas orelhas e meu pescoço.

–Com frio? - ele perguntou já se prontificando a tirar a jaqueta.

–Um pouco, mas não precisa, ai quem vai ficar com frio é você e logo logo diminui com a caminhada.

Caminhamos por volta de dois minutos em silencio e então tomei coragem de puxar a conversa.

–E como está sua vida? Alguma novidade?

–Acho que nenhuma tão especial e grande como a sua. - ele falou com um leve tom de riso e eu senti meu rosto corar. -Senti falta disso.

–Do que?

–Seu rosto corando. - ele falou tocando levemente meu rosto.

–Mas tenho alguma novidades sim, eu estou trabalhando, fiz administração e abri uma empresa, nós fazemos de tudo um pouco e graças a Deus tem dado muito certo e bem, eu e Kaya, acredite ou não, estamos bem agora.

–Jura? Fico feliz que você tenha se acertado com a sua irmã.

–É, tudo aconteceu quando você foi embora.

Flashback On: POV CRISTOPHER

Eu estava dirigindo sem rumo, havia acabado de deixar a única mulher que havia me feito sentir alguma coisa e então pouco tempo, eu era um estúpido.

Segui mais alguns minutos pelas ruas até que quando parei percebi que estava em frente a casa de Kaya. O que eu estava fazendo lá? Talvez ela fosse a única pessoa no mundo que eu tivesse agora e de alguma forma meu subconsciente me levou até lá.

Desci do carro e caminhei até a entrada da casa e não hesitei antes de apertar a campainha.

–Quem é? - a voz da minha irmã saiu pelo interfone.

–Sou eu Kaya, Cristopher.

–Cri... Cristopher? - ela gaguejou .

–O único, quer dizer, não literalmente, mas seu irmão Cristopher, acho que sou o único sim. - escutei-a dar um leve riso.

–Estou indo.

Rapidamente ela chegou na porta e a abriu para mim me convidando para entrar. Me direcionou até a sala e mandou que eu sentasse em um sofá bege que tinha ali e perguntou se eu queria alguma coisa para beber ou comer.

–Quero algo que me faça esquecer a Aurora para sempre, você tem?

Ela sentou-se do meu lado e hesitando algumas vezes pegou na minha mão.

–Oh Cristopher, eu sinto muito, mas vocês ainda podem se ver, você pode ir até lá, ela pode vir até aqui, não será fácil, mas se vocês realmente se amarem, talvez dê certo.

Passei toda aquela noite conversando com Kaya, nos perdoamos e eu fiquei feliz por ter ido parar ali, nesse momento, tudo o que eu precisava, era de uma mãe, e era isso que ela havia sido para mim apesar das circunstancias, uma mãe.

Flashback off...

–Pelo menos minha ida serviu para alguma coisa. - falei tendo soar esperançosa.

–É, talvez... Aurora, eu quero assumir a Pandora, quero dar ela o pai que ela não teve até hoje, quero conviver com ela, ver ela acordar nas manhãs de sábado, leva - lá a escola, todas essas coisas que pais fazem.

–Cristopher, ser pai não é simplesmente isso, você tem que ama - lá e você mal a conhece.

–Você não me deixou conhece - lá. - ele falou secamente.

–Eu tentei buscar o melhor para nós dois, eu não queria prender você a mim, você sempre foi tão livre e eu que havia ficado com você por alguns dias ia trazer a sua redenção e ao mesmo tempo eu não queria desistir dos meus sonhos e resolvi lhe dar com tudo isso sozinha.

–Ela não seria minha redenção, porque você já era, eu faria qualquer coisa por você, os dias que passamos juntos foram os melhores dias na minha vida, e nunca, nunca, terei nada igual.

As lágrimas escorriam pelo me rosto e eu as enxugava freneticamente.

–Me perdoe, por favor, esconder ela de você foi a pior coisa que eu poderia ter feito, mas eu estou disposta a concertar isso, assuma ela, leve-a para passar os finais de semana com você, vá as festas da escola, seja o pai que você quer ser, eu não irei me opor a nada.

–Nós poderíamos ser uma família. - ele falou levantando meu rosto e o o seu estava a poucos centímetros do meu.

Me afastei, mesmo sentindo que a cada centímetro a menos entre nós era uma dor enorme que eu sentia.

–Não, não podemos. Eu quero ir embora, por favor.

Ele não falou mais nada, apenas caminhou ao meu lado até o carro e também fizemos o caminho até o prédio em silencio.

–Ela deve estar dormindo no sofá, ela não consegue dormir no quarto dela até que eu chegue, você quer subir para leva ela até a cama? - perguntei com receio de ouvir uma resposta negativa.

–Sim, eu quero.

Assim que entrei no apartamento avistei Mel guardando alguns brinquedos que estavam no chão.

–Olá Aurora. - combinamos de nos chamar pelo primeiro nome, nada de senhora, ninguém era velha aqui. - Ela está na no sofá e eu acabei de guardar os últimos brinquedos, ela foi um amor, será ótimo cuidar dela, uma criança encantadora.

Sorri de canto a canto, me sentia tão orgulhosa quando alguém elogiava meu bebê.

–Obrigada Mel, olha, esse daqui é Cristopher ele é... rum... pai da Pandora, então se algum dia eu não estiver em casa e ele vier visita-lá, pode deixa-ló entrar.

–Tudo bem. É um prazer conhecê-lo senhor. -Mel cumprimentou com um leve sorriso e um aperto de mãos.

–Cristopher está bom. - ele falou gentilmente.

Mel pegou sua bolsa e foi embora e eu levei Cristopher até a sala. Panda dormia angelicamente no sofá com um leve sorisso nos lábios, sua pequenas mãos estavam unidas em baixo de sua cabeça, e seu cabelo longo e castanho estava preso em um rabo de cavalo.

–Venham, pegue-a, vou mostrar o caminho do quarto. - Cristopher hesitou algumas vezes, parecia estar pegando um diamante raro nas mãos, talvez fosse porque ela realmente era isso para nós.

Depois de algumas tentativas ele finalmente pegou o jeito e conseguiu pega-lá, o levei até o quarto dela que em apenas dois dias já estava todo pronto com bonecas, uma parede rosa, uma mesinha pequena do canto e uma sofázinho posicionado bem em frente a janela, ela adorava ficar sentada nele vendo a neve do lado de fora.

–Coloque-a aqui devagar. - disse depois que tirei a colcha que cobria a cama.

Ele colocou ela devagar e gentilmente na cama e deu um beijo em sua testa e logo depois se sentou ao seu lado na cama.

Sai do quarto e me sentei no chão chorando. Lá dentro podia escutar a conversa sem resposta que ele tinha com ela.

–Você é tão bonita quanto sua mãe, não conte para ela, talvez até mais e eu prometo que irei te amar tanto quanto amei ela, tanto quanto ainda amo, você terá tudo o que sonhar e eu estarei do seu lado para te levantar quando você começar a cair da bicicleta, ou chorar por causa de um garoto, apesar que eu acho melhor sua mãe ficar com essa parte, porque eu estarei arrebentando a cara dele por estar te fazendo chorar. Eu não sei bem como ser um pai, mas prometo fazer o meu melhor e mesmo que eu não fique com a sua mãe, que não sejamos uma família, eu te conto um segredo, nunca vou deixar de amar ela, porque ela me deu a melhor coisa do mundo, você, que então pouco tempo já roubou me coração. Eu te amo.


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Notas finais do capítulo

Amanhã tem a última parte do epílogo, achei que esse seria o fim, fim, fim, mas não deu, mas amanhã realmente vai ser o último, se preparem.



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