FoxFace escrita por Demiguise


Capítulo 6
Capitulo VI - 12


Notas iniciais do capítulo

Obrigado por acompanharem até aqui pessoal!! Eu calculo para esta fic no minimo 9 ou 10 capítulos, então ainda tem conteúdo para transcrever!!!



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Acordo subitamente com o tiro do canhão. Indicando mais um morto. O canhão parece muito mais alto daqui onde estou, no fim da arena, no Espelho. Quando retomo meus sentidos, posso ver claramente o que deixei de ver ontem, O duplo sol no céu da manhã, um nascendo no leste e o outro no nordeste, acima de mim. Mas a manhã acorda cheia de nuvens. Enquanto caminho cambaleando até o córrego caio no chão de repente, com um susto, outro canhão dispara, e parece que disparou ao lado do meu ouvido.

Pelo jeito, só saberei quem morreu quando anoitecer novamente. Mas isso é um bom sinal, compensa as mortes que não tiveram nem ontem nem anteontem. Sé é que sei do que estou falando.

Molho meu rosto com a água fria da manhã, e algo me deixa ainda mais curiosa. De onde essa água está saindo?

Viro meu rosto noventa graus para a esquerda lentamente e algo me surpreende. A água sai diretamente do espelho! Como se ele tivesse poros, a água vaza dele em uma linha tênue e horizontal. Quase magicamente. Ai eu me lembro, isso não é real, eles podem estar manipulando a arena.

Isso de fato é curioso. Como um gesto matinal eu viro meu pescoço para a esquerda, fazendo-o estalar, mas ele não volta a posição. Ele trava.

Estou encarando o tributo do Distrito 10 olho a olho, somente uns cinco metros me separam dele.

O que me deixa mais perplexa é o seu facão, aquela lamina é do tamanho de seu antebraço e está apontada pra mim! Eu me levanto lentamente e percebo que deixei minha faca de arremesso lá no centro onde dormi junto com os outros utensílios. Não tem como voltar, o caminho mais próximo é a floresta logo ao lado, mas teria de correr muito, muito mesmo para deixar esse garoto para trás.

O suor começa a pingar para fora da minha mão, se eu correr, ele simplesmente me mata, e se eu não correr, ele me mata também.

Subitamente, uma idéia me surge a cabeça, mas isso seria arriscado, só espero que ele não saiba sobre o Espelho...

–Três dias hein? Como conseguiu sair viva da Cornucópia? – pergunta ele com uma voz afiada, mas não provocadora. Quando sua boca se abre eu percebo que lhe falta o dente da frente, quase rio, mas o medo me impede.

–Quis sair viva com a boca intacta. – retruco com uma voz baixa e rápida.

Ele faz um movimento ofensivo com o facão, e eu me movo simultaneamente, como um sinal de susto ou fraqueza, ele faz isso várias vezes e eu quase danço em movimentos evasivos na sua frente.

–Quer brincar de esconde-esconde, Ruivinha?

–Quem ta se escondendo? Seu idiota. – minha voz não eleva o tom, mas eleva a seriedade.

Eu acabei de libertar sua raiva, e como planejado, ele avança ferozmente, como uma lança que corre na vertical, e quando bate de cabeça no Espelho, cai de costas, com um estrondo no chão duro.

Esse é o momento para eu correr, e corro o mais rápido que posso, para a minha esquerda, salto o córrego e avanço para a floresta, atravessando-a como uma lebre, desviando precisamente das finas e longas arvores. Olho ara trás brevemente e vejo que ele está correndo desastradamente atrás de mim, mas prevejo ele recuperando a postura e até enfiando o facão em minhas costas. Não posso deixar isso acontecer! Não agora, não assim.

Vou começando a ouvir os pássaros, e o som do riacho já vai aumentando. Não posso ir para o riacho, ao atravessá-lo sei que encontrarei outro Espelho.

Não comi quase nada nos últimos três dias, a fome faz com que eu fique fraca e lenta, e minhas pernas estão bem magras.

Começo a chegar a lugar nenhum novamente, e o desespero começa a corroer minhas entranhas. Estou suando cada vez mais e as arfadas de ar começam a ficar mais pesadas. Olho para trás em busca de informação sobre o garoto, e consigo vê-lo lutando para correr mais rápido, seus passos desajeitados causados pelo encontrão com o Espelho me fazem rir alto, acho que ele consegue me ouvir, já que esta a uns dez metros atrás de mim. Mas já não há mais ar para rir.

Enquanto corro pela mata, quase diminuindo o passo, vejo outro Espelho refletindo o sol. Os limites da arena. Se o garoto estiver nessa velocidade, e bater no Espelho, pode ser fatal.

Não!

Isso vai muito além dos meus planos. Se eu matar o tributo do Distrito 10, os Carreiristas vão se interessar por mim, e não vai ser no bom sentido.

Sinais de sede já começam a marcar presença em minha garganta. O chão começa a ficar lamacento por causa do córrego que está tão perto, que parece ser tentador.

–Até... Que você... Corre... Ruivinha – O garoto bufa atrás de mim, exausto. Já estamos correndo a uns bons quatro ou cinco minutos.

–É você que não corre muito – respondo, e percebo que ele está duplamente raivoso, só falta sua boca espumar.

Me vejo na floresta de espelhos novamente, onde todo é igual. Nada irregular, apesar do ar um pouco pesado, e uma fina camada de fumaça fedida. O incêndio de ontem de noite.

A plantação rasteira começa a ficar cinza e morta a partir de um ponto. Existem várias arvores carbonizadas, levantando poeira e fumaça, e até brasas. Nesse ponto, olho para trás e não vejo ninguém. Mas não diminuo o passo, ele pode ter desviado o caminho...

Viro minhas pernas para a esquerda, e começo a tossir com a densidade da fumaça. Talvez eu vá para o riacho.

Minha respiração está ficando cada vez mais rasa e curta. Sou obrigada a diminuir ao menos minha corrida, começo então, a trotar rapidamente. Sempre atenta a qualquer movimento fora do comum.

Uma toco tostado de galho faz com que eu tropece violentamente e em uma fração de segundo, pare de bunda na água córrego.

Quando entro mais a fundo no córrego, vejo uma mancha disforme e fraca de sangue, escorregando riacho abaixo. Ela vem de minha coxa, que sofreu de um arranhão leve, mas foi o bastante para arder com o toque da água fresca.

Continuo atenta a qualquer movimento, se o garoto aparecer agora, estou ferrada.

Mas ao invés de achar o tributo do 10, acabo encontrando o do 12 a uns metros de distância. Ele não percebeu que estou o fitando, as há algo errado com ele. Está mancando e fazendo caretas, até que senta no chão de pedra e lama.

Estico-me um pouco mais para ver melhor a situação e vejo uma mancha densa de sangue rubro encobrindo a perna como um colete. Que logo se estenderá para a pedra e depois para a água. Até morrer por hemorragia externa. A não ser que alguém o abata antes...


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem!!!, comentem suas opiniões, me corrijam se eu tiver escrito algo errado (só corrigi por cima esse cap.) Favoritem se gostaram e recomendem se gostaram mais ainda!!!
abraço, até o prox. cap. :)



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