Lucky Ones escrita por Hamish


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que leram o prólogo curtinho e se interessaram na história. Resta para mim alertar que o ritmo da história é bem rápido visto que ela acontece em apenas um final de semana. Espero que isso não lhes prejudique. No demais, boa leitura e espero seus comentários ao final dela



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Acordei com um dos meus colegas me dando um tapa na cabeça.

– John – ele falou, enquanto colocava sua mochila nas costas – Chegamos, chegamos!

Olhei pela janela e só vi escuridão. Fiquei bem desapontado por não estar embaixo do London Eye, mas eu tinha certeza de que iria conhecê-lo em breve. O hotel que ficaríamos era barato, mas no momento tudo o que me importava era uma cama quentinha ou um quarto com um aquecedor potente, pois não sei qual é o problema das cidades grandes que mesmo com toda a poluição e o caramba, elas conseguem ser mais geladas que as do interior. Peguei minha mala, fingi que escutei enquanto um dos meus colegas fazia o check-in, pedindo um quarto só para homens e um só para as meninas, que estavam visivelmente arrependidas pela escolha de vestimenta.

Isso ai, queridinhas, Londres não é uma cidade para vadias.

Decidi esperar do lado de fora, enquanto a burocracia para conseguirmos nosso quarto era enfrentada pelo meu colega. Esfreguei as mãos vestidas com luvas de couro. Por algum motivo eu gostava daquele clima tão gélido. Coloquei o capuz do meu moletom e cruzei meus braços, sentindo que minhas bochechas deviam estar extremamente coradas por conta do frio.

Estava olhando para alguns prédios, prédios diferentes como aquela cidade havia me prometido em todas as minhas pesquisas, e me senti finalmente livre. Era como se eu finalmente pudesse ignorar todos aqueles planos malucos que haviam criado para mim durante toda a faculdade e aproveitar. Era apenas um final de semana e na segunda-feira eu me alistaria antes de voltar para o fim de mundo do qual eu havia saído. Então, eu queria aproveitar. Eu tinha a obrigação de aproveitar o último final de semana da minha vida.

– As coisas já estão em nosso quarto, Watson – um dos meus colegas passou o braço nos meus ombros, me puxando para perto de si – Vamos encontrar algum lugar legal para ir.

– E as meninas? - olhei para trás e vi que as nossas colegas não estavam conosco – Elas não vão?

– E quem liga? Londrinas, pense nas londrinas. – ele segurou meu rosto e me sacudiu, como se quisesse me fazer acordar de um sonho ruim – Não seja tão do interior, John Hamish Watson.

Eles seguiram na frente, cantando alguma coisa que eu não conseguia reconhecer. Eu sorri e coloquei as mãos nos bolsos, seguindo-os de uma distância segura.

...

O pub em que entramos estava lotado de londrinas, mas nenhuma realmente queria alguma coisa com um baixinho recém-formado em medicina e tímido como um pedaço de madeira. Éramos em quatro garotos; eu, Bob (um cara de cabelos acobreados que já estava bêbado na segunda cerveja), Jeremy (sua pele era bem escura, mas seus olhos eram extremamente azuis. Não preciso nem dizer quem era o amigo que estava chamando mais a atenção entre as londrinas) e Raphael (um loirinho que estava se sentindo extremamente desconfortável com uma menina de cabelos bem cacheados sentada em seu colo, completamente bêbada). Eu só ria de tudo o que acontecia em minha volta. Estava adorando toda aquela situação embaraçosa e sabia que aquilo causaria uma comoção quando voltássemos...

Quando voltássemos...

Comecei a desejar que aquela viagem deixasse de ser só mais uma festinha de faculdade e se tornasse algo realmente memorável, algo que me faria sentir saudades daquele momento, saudades verdadeiras.

Foi quando os céus responderam minha prece, na forma de um cara muito esquisito se escondendo em baixo da nossa mesa. Arregalei os olhos e me abaixei para ver o que estava acontecendo, para perguntar se ele havia perdido alguma coisa. Ele apenas me puxou para baixo da mesa e colocou o indicador sob os lábios para que eu ficasse quieto.

E acreditem em mim, quando um cara pálido como um vampiro te pede para calar a boca, você obedece.

Assim que ele abaixou o dedo fino, me lançou um olhar esquisito, como se conseguisse ver dentro de minha alma com aqueles olhos azuis.

– Sherlock Holmes – ele esticou sua mão para mim, sorrindo levemente com os lábios, mas não com os olhos – Muito obrigado por calar a boca.

– John Watson – abri um sorrisinho sem graça e apertei sua mão – Hm, claro... Ex namorada, alguém a quem deve dinheiro?

– Irmão mais velho – ele me respondeu, parecendo incrédulo por eu achar que ele podia ter uma namorada ou dever dinheiro a alguém – Você está com aquela excursão de médicos que veio passar um final de semana por aqui?

De repente aquele cara começou a me assustar. Eu devia parecer bastante assustado pois em seguida ele sorriu de verdade e apontou para meu peito.

– Está na sua camiseta.

Ele riu e eu também ri, por algum motivo estúpido que eu desconhecia. Ele parecia completamente maluco, com aqueles olhos azuis e aquela pele tão branca, mas não parecia ser malvado ou perigoso. Lembrava-me mais uma criança levada do que um assassino em série.

– Quer sair daqui? – perguntei assim que ele bateu a cabeça no tampão da mesa.

– Achei que não fosse convidar nunca – ele saiu debaixo da mesa e ofereceu a mão para me ajudar a sair – Qualquer lugar é melhor que esse pub.

– Eu quis dizer de baixo da mesa – eu estava começando a pensar que aquele cara estava tendo a impressão errada de mim.

– Oh, claro – ele se virou e andou com imponência em direção à porta. Algo dentro de mim me fazia sentir que eu tinha de ir com ele. Meus amigos não estavam preocupados e eu não tinha nada de interessante naquele pub. Na verdade a coisa mais emocionante que havia acontecido comigo estava saindo porta afora – Holmes, me espera!

Corri em sua direção e ele segurou a porta para que eu passasse.

– Me chame de Sherlock – ele colocou a mão nos bolsos e tirou a chave de um carro lá de dentro, rodando-as no dedo indicador – Então, John, por qual ponto turístico clichê você quer começar?

A chave tinha um chaveiro que indicava o nome do dono e definitivamente aquele “M. Holmes” não podia significar “Sherlock Holmes”.

– Então era por isso que o teu irmão estava atrás de você? – perguntei, apontando para a chave.

– Oh, sim – ele virou de costas e foi em direção a um carro que parecia ter custado o mesmo que a minha casa... Multiplicado por cinco – Por algum motivo estranho, ele não gosta que eu dirija o amor da vida dele. Mycroft é bem esquisito.

– Mycroft é o esquisito? – perguntei, com mais vontade de rir do que deveria – Você acabou de conhecer alguém e o está levando para conhecer Londres de madrugada e o seu irmão é esquisito?

– Mas você veio – ele deu de ombros – o que te torna tão esquisito quanto eu.

Ele estava certo no fim das contas. Dei de ombros e entrei no carro, ainda me sentindo como se estivesse fazendo algo errado. Claro que eu estava me sentindo assim, eu estava realmente fazendo algo errado.

– Isso não é roubo? – perguntei, olhando para Sherlock enquanto ele manobrava o carro – Digo, mesmo que ele seja teu irmão, você ainda tá roubando o carro dele, certo?

– Você levas as coisas muito à sério, John Watson – ele revirou ou olhos azuis e fixou o olhar na rua deserta à nossa frente – Quer começar pelo Parlamento ou pelo London Eye?

Eu devia começar a ficar desconfiado daquele cara, daquela situação toda. E se seu nome não fosse Sherlock Holmes? Tudo o que eu sabia sobre ele era o pouco que ele havia me dito. E se o cara no pub o estivesse procurando para tomar alguma providência contra o roubo do seu carro? E se ele estivesse tentando roubar meus órgãos para vendê-los no mercado negro? Minha cabeça fervilhava de perguntas, mas minhas mãos tremiam por conta da excitação de estar fazendo algo errado pela primeira vez em toda a minha vida entediante, então eu simplesmente sorri para Sherlock e falei:

– London Eye.


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