[Dia dezenove de novembro. Hospital.]

Na minha mais ingênua ideia, a segunda vez seria menos dolorosa do que a primeira. Mero engano. Pode ter sido um pouco mais “leve” dar à luz a Charles por ele, segundo os médicos, ser um pouco menor do que Zoe, mas foi, para mim, igualmente dolorido. Não que eu me arrependesse por um minuto de ter tido meu segundo filho.

Uma breve descrição de Charlie: ele era a fotocópia de Percy, só que menor. Única diferença que eu pude detectar por hora.

Quando peguei Charles no colo, estava sozinha na sala, pois a enfermeira havia ido chamar Percy e Zoe. E então eles chegaram e eu não sei qual dos dois estava mais eufórico.

Zoe estava de mãos dadas com Percy e veio correndo em minha direção, só parando aos meus avisos de cuidado e sem barulho. Então ela chegou e subiu em uma cadeira ao meu lado direito, com Percy logo atrás dela.

– Mamãe. Esse é que é o Charlie?

– Sim, Zoe. Por que?

– Ele não devia ser maior? Ele é tão pequeno que parece uma de minhas bonecas.

Ri daquilo, sendo acompanhada por Percy, que a pegou no colo e chegou mais perto de mim.

– Zoe, querida, você também já foi desse tamanho um dia, sabia? – ele disse calmamente para ela e ela o encarou perplexa.

– Impossível, papai! Eu me lembraria.

Olhei para ele como que dizendo “deixa ela” e ele, graças aos deuses, entendeu e só meneou a cabeça. Então ele colocou Zoe na cadeira de novo e se abaixou perto de mim, dando um beijo em mim e um bem levemente na cabeça de Charlie.

– Bem-vindo ao mundo, garotão.

– Mas ele é pequeno, papai.

E assim se seguiu nosso dia. Devo admitir que a reação de Zoe ao descobrir que o irmão não podia se alimentar de nada que não fosse leite (embora ela sempre tenha brincado de boneca e tudo) e que ele não iria poder brincar com ela por enquanto foi de total espanto. Ela me lembrava muito Silena e Luke quando a conheceram.

Percy foi com Zoe até em casa para troca-la e deixou-a na casa de Thalia e Nico, para que pudesse voltar para o hospital.

– Percy, não acha que deveria ir dormir com Zoe por enquanto? Ela pode estranhar nós dois estarmos indo dormir em outro lugar.

– Annie, relaxa. A única coisa que faltou ela fazer quando eu disse que ela ia dormir com Silena hoje, foi pegar a cama de seu quarto e levar para a casa deles.

Aquilo me acalmara, pelo menos um pouco. E nós estávamos em paz. De novo. Só os deuses, literalmente, saberiam por quanto tempo poderíamos prosseguir com aquela paz.