Não Podemos Saber Tudo escrita por Caçadora das Estrelas


Capítulo 5
A História de Verena


Notas iniciais do capítulo

Oi meus caros vikings, por Odin! Eu me atrasei muuuuitooo dessa vez, perdão!
É que minhas provas já recomeçaram e eu estou tão resfriada quanto um Pesadelo Monstruoso que perdeu a capacidade de se incendiar.
Eu agradeço a todos vocês que estão comentando, favoritando, acompanhando, enfim valeu mesmo!
Eu espero que gostem!
P.S. Leiam as notas finais, por favor.



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Cheguei com Soluço à porta da minha casa, àquela altura meus pais já estavam dormindo há tempo, eles sempre dormem muito cedo, já eu... E se meu pai e minha mãe fossem acordados no meio da noite ficariam muito furiosos (como qualquer viking), então teria que entrar sem fazer o menor ruído, não que eles tenham o sono leve, só por questões de eu ter amor à própria vida mesmo.
–Viu? Não tinha razão para você ficar preocupado. - sussurrei bem baixinho.
– É, a Verena me parece ser uma pessoa maravilhosa, os amigos dela também são bem legais, mas aquele Naldo fica se incinuando bastante para cima dela, vou ficar de olho nele. - sussurrou Soluço, me fazendo rir, me esforcei um monte para não dar uma gargalhada muito alta.
– Você conheceu a Verena hoje e já está dando uma de irmão superprotetor?
– Claro, é minha irmãzinha, oras.
– Ai, Soluço. - ri baixinho novamente. - Ela tem dezenove anos e é só um ano mais nova que você.
– É, e daí?
– Daí nada, acho incrível vocês dois já se gostarem assim, de primeira, não é uma coisa muito fácil, olha os gêmeos, por exemplo.
– É mas os gêmeos são os gêmeos, né? - disse ele me fazendo rir de novo.
– Aham. Saiba que eu estou orgulhosa de você, tá? - eu disse - Apesar de você ainda estar se acostumando e colocando tudo nos nossos ombros, e tal. Você não tem pena de mim? Eu odeio tanto ajudar você... - continuei, sarcástica.
– Ha ha. Tão hilária, mas niguém tem a capacidade de usar o sarcasmo melhor do que eu, tá bom?
– Ah é?
– É.
– Tá bom então.
– Você concordou?
– Não estou com muita vontade de teimar agora.
– Odin! Isso é um milagre.
– Palhaço. - falei fazendo ele gargalhar.
– Shiu! Meus pais vão acordar.
– Seus pais não acordam nem se um Gronckle pular em cima deles.
– Ei!
– Que foi? Eu não os insultei, só usei um exemplo para demonstrar o quanto eles dormem feito pedras.
– Tude bem. Falando em dormir, nós dois precisamos ir.
– Vamos lá então.
– Muito engraçadinho, cada um para sua respectiva casa.
– Ah! Tá bom, te vejo amanhã.
– Amanhã . Boa noite, Soluço. - disse.
– Boa Noite, milady. - falou ele, e em seguida me beijou, um beijo longo demais levando em conta que estávamos na frente da minha casa, onde se encontrava um casal de vikings que morriam de ciúme da sua querida filha, no caso eu. Soltei-me dele, lhe dei um sorriso e entrei em casa.


***


Acordei no dia seguinte e fui direto para a janela, ainda nevava bastante. Tomei um banho (graças aos deuses a água agora era aquecida por fogo de Pesadelo Monstruoso, senão seriamos todos blocos de gelo), me vesti rapidamente. Antes de descer as escadas chequei o quarto dos meus pais, eles ainda estavam dormindo, não arrisquei acordá-los, eles despertariam por conta própria dali alguns minutos.
Sai de casa e peguei Tempestade no estábulo para irmos até o Grande Salão. Podemos tomar café da manhã, almoçar, lanchar e jantar em casa, mas meus pais e eu costumamos fazer as refeições lá porque, bem, digamos que minha família não tenha muitos dotes culinários, para ser mais especifica, nossa comida é péssima, poderia até mesmo matar um Grito da Morte só com o cheiro.
Fui a primeira a chegar ao Grande Salão, como sempre, me sentei na mesa de costume e esperei os outros chegaram. Para a minha surpresa a primeira pessoa que vi passar pelas grandes portas do lugar foi Verena que, com um sorriso no rosto, se sentou na minha mesa.
– Bom dia, Astrid. - comprimentou-me ela.
– Bom dia, Verena, como vai? Dormiu bem? - falei.
– Estou ótima, dormi bem sim, e você?
– Também, os outros já acordaram?
– Acho que a essa altura sim, já devem estar vindo.
– Tá bom, já quer ir lá pegar a comida?
– Pode ser, esotu faminta.
Levantamo-nos e fomos até o improvisado balcão da cozinha onde os vikings padeiros e cozinheiros sempre colocavam o café da manhã e todas as outras refeições. Não era habitual que ouve-se muitas opções de comida, então pegui meu prato de sempre, um pedaço de frango, uma fatia de pão, uma maçã e um copo de leite, Verena fez o mesmo só que sem o frango.
– Você não quer carne? - perguntei a irmã de Soluço.
– Não, obrigada, não como carne. - respondeu ela.
– Sério? Nadinha de carne?
– Nadinha.
– Por que?
– Bem, eu tenho um grande amor e respeito pelos animais, o que me impede de feri-los de forma alguma. Também acho injusto essa crueldade humana para com os bichos, sabe, sempre nos colocamos acima deles, como se fossemos mais espertos, mais fortes, como se fossemos melhores que eles, e eu não acredito que esse seja o caso.
– Acho que entendo seu ponto de vista, é, você está certa, mas eu acho que eu definitivamente não conseguiria ficar sem comer frango, eu gosto quase tanto quanto a Tempestade. - falei, Verena riu.
– Tudo bem, cada um decide por conta própria quais serão seus hábitos, não é? Nós que decidimos do que gostamos ou que caminho devemos seguir, pelo menos eu acho que deveria ser sempre assim.
– Concordo, mas o que você quer dizer com isso?
– Nada não, deixa para lá. - falou ela se dirigindo de volta a mesa. Estava prestes a dizer para Verena que eu era curiosa demais para deixar qualquer coisa para lá, porém, no momento em que ia abrir a boca para perguntar novamente, Perna-de-Peixe, Soluço, Cabeça Dura e Cabeça Quente, Naldo, Brenna, Melequento e Valka entraram, eu teria de perguntar sobre aquilo depois, infelizmente.
– Oi meninas, bom dia. - falou Soluço, em seguida me dando um rápido selinho e um piscadinha para a irmã.
– Bom dia. - falamos nós duas, em uníssono.
– Nós vamos lá pegar a comida. - falou Melequento, era sempre díficil ele dar bom dia para alguém, esfomeado e carrancudo do jeito que ele é, quase nunca o fazia. Melequento foi o último a voltar para a mesa, e retornou com o prato transbordando de comida.


***


Conversamos, comemos, saimos quando o restante dos vikings começavam a chegar. Mesmo com os três novos integrantes, o dia foi, praticamente, como todos os outros, passamos a maior parte dele na arena, como sempre, com exceção de Valka que tinha uns problemas para resolver e deu uma folga para Soluço, porém agora tínhamos mais três dragões para estudar, e começamos pelo de Verena, é claro.
Vinola, a Beate-Konrad, é provavelmente o dragão mais simpático que eu já conheci, nunca havia visto uma espécie tão carinhosa, inteligente e forte. Pedimos para Verena dar uma voltinha com ela para observarmos o modo como voavam, ela era muito veloz e tinha um estilo de vôo gracioso. Pude também observar Verena, a irmã de Soluço pilotava tão bem quanto o irmão. Ela e Vinola eram a dupla perfeita.
Quando elas pousaram e Verena desceu das costas da dragão-fêmea, me dirigi até Vinola e toquei o seu curto pescoço e senti a pele dela, não era uma couraça grossa como a da maioria dos dragões, mas sim totalmente coberta por milhares de escamas macias, verdes e cintilantes como as de um peixe.
– Verena, Vinola sabe nadar? - perguntei, do nada.
– Sim, na verdade ela respira embaixo d'água, Vinola adora o mar.
– Anota aí Perna-de-Peixe, Beate-Konrad, Classe Marinha.
– Ótima observação, Astrid. - falou o dono do Gronckle equanto começava a escrever.
– Como vocês classificam os dragões? - peguntou Naldo, se aproximando.
– Bem, nós temos um Livro dos Dragões, onde registramos todas as espécies que encontramos e colocamos as características de cada dragão. Os dividimos em classes que são Marinha, Classe Mistério, Brasa, Rocha, Classe Pavor, Afiada e Classe Relâmpago. Eles são classificados pelos seus hábitos, aparência física, poderes, etc. Vinola foi classifica como Marinha por possuir hábitos aquáticos e caractérísticas físicas semelhantes a de um peixe, como o formato de sua cauda e suas escamas. Fervente também é Marinha, por ser um Scalderível.- explicou Soluço com tranquilidade.
– Entendi, são métodos inteligentes. - comentou Naldo.
– Obrigado. - agradeçeu Perna-de-Peixe.
O tempo passou muito rápido, conseguimos coletar muitas informações sobre a nova espécie e continuariamos no dia seguinte, pois estávamos todos cansados. Eu observei eles indo embora para jantar, lentamente, e também reparei que Soluço havia chamado Naldo em um canto para conversar e, por puro instinto, meus ouvidos ficaram atentos e conseguiram escutar o que diziam:
– Naldo, eu posso te fazer uma pergunta? - falou Soluço.
– Acabou de fazer, brincadeira. Pode sim, o que foi?
– Bem, isso é coisa de pai, mas como meu pai não está mais aqui, sinto que é meu dever questionar isso, vou direto ao ponto, quais são as suas reais intenções com a minha irmã? - Ai meus deuses, eu já havia reparado que meu namorado estava um pouco maníaco com essa suspeita de que Naldo estava dando em cima de Verena, mas não achei que ele chegaria a esse ponto!
– Ahn? Bem... Somos amigos desde bem pequenos, ela é uma pessoa maravilhosa e...
– Você gosta dela, não gosta?
– Não! Quer dizer, é, um pouco. - Soluço levantou uma sombrancelha. - Tá, eu gosto dela. - confessou Naldo. Soluço abriu um sorriso.
– Tudo bem, relaxa, você é um cara legal, não vou bani-lo, te picar em pedacinhos, nem nada disso, só queria ter certeza. Sorte sua que eu não sou meu pai.
– Por que?
– Não queira nem saber. - respondeu o filho de Stoico.
– Tá bom. Eu vou indo, estou com sono. Só, Soluço, não conta isso para ninguém por favor, nem para ela, sabe, eu tenho uma reputação de amigo irritante a zelar.
– Claro, cara. Não vou abrir a boca.
– Valeu. - agradeçeu Naldo, e foi embora. Agora estávamos só eu, Verena, Soluço e nossos dragões na arena.
– Ei, Soluço, vem cá. - falei fazendo sinal com dedo indicador para ele se aproximar.
– O que foi, milady?
– Você assustou o Naldo! - disse para ele.
– Você ouviu a nossa conversa?
– Claro, vocês não falam tão baixo assim.
– Eu só fiz uma pergunta para ele.
– É, e o deixou nervoso!
– Não era minha intenção.
– Tudo bem, Soluço. Não vou discutir isso com você.
– Também não quero brigar. Vamos jantar? Estou com fome.
– Pode ir na frente, tenho que conversar com Verena.
– Tá bom, não fala nada do Naldo para ela, por favor.
– Não vou falar, juro.
– Até logo. - falou ele e me beijou.
– Até. - observei-o se afastar com Banguela caminhando ao seu lado, quando eles já não estavam mais visíveis me virei para Verena e fui andando em sua direção.
– Ei, podemos conversar por um minuto? - perguntei.
– Claro. - respondeu ela.
– Senta aí. - falei lhe indicando o banco de madeira no canto da arena e me sentei ao lado de Verena.
– Eu queria falar sobre aquilo que você me disse hoje no café da manhã.
– O quê? - perguntou.
– Você comentou algo a respeito de cada um sempre ter que agir como deseja, mas depois disse que não é sempre assim, você está certa, mas parece que quis se referir a alguma coisa especifica. - falei.
– Bem, eu acho que vou ter que te contar minha história para poder explicar.
– Sou toda ouvidos.
– Minha mãe já comentou algumas vezes que eu costumava ser um pouco fujona, não é?
– Aham. - concordei.
– Pois então, no começo eu não sabia ao certo qual eram os motivos das minhas fugas, mas com o tempo eu descobri que a única razão era que eu desejava saber, eu queria descobrir o que existia além daquela ilha, além de mim, além da minha mãe, além dos dragões. Então eu escapava várias vezes para diversos lugares. Na maioria das ilhas para onde eu ia o povo não costumava ser muito amigável, naquelas raras em que me recebiam eles acabavam gostando de mim. Eu entretia suas crianças, os ajudava, dava sujestões, mas nunca podia ser eu mesma completamente.
" Sempre tinha que esconder alguma coisa, não podia mostrar Vinola para eles, se não a matariam, não poderia falar da minha paixão por dragões se não me julgariam, talvez até me matariam também. Cada vez mais observava o quanto eu era diferente dos outros, via como os humanos podiam ser cruéis, e que qualquer coisa nova ou estranha do que estavam habituados, seria odiada e mal interpretada, de início. E isso foi me chocando aos poucos, me pondo para baixo, me tirando as esperanças, eu não entendia como as pessoas podiam ser tão boas às vezes e também tão horríveis. Porém o meu pior trauma foi cair na ilha do Drago Sangue-Bravo."


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Notas finais do capítulo

Gente, eu não inventei esse sistema de classificação, ele é original do filme, e é apresentado em um "curta" nos extras de HTTYD, se quiserem assistir e saber um pouco mais sobre os dragões ele está disponível no youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=U_H3MydCnpg
É muito legal e bem divertido.
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