Voltamos para casa com as compras feitas, almoçamos e eu voltei a sair para comprar o bilhete para a exposição fotográfica de Nessie.

Para cúmulo do meu azar encontrei aquele arrogante lá também mas nem lhe dirigi uma única palavra, não queria perder meu tempo discutindo com alguém que não vale a pena. Ele estava acompanhado de uma garota muito linda. Tinha uns cabelos compridos negros, volumosos e brilhantes. Sua pele era branquinha e lisinha. Os lábios carnudos tinha um tom cor de pêssego e os olhos tinham uma cor bastante peculiar. Eram violetas. Só não sei se era lente. Dessa vez pude reparar também que os olhos dele não eram azuis e sim cinzentos claro. Ela vestia um tomara que caia amarelo, umas calças jeans bem clarinhas e calçava umas sabrinas verde alface. O cabelo estava preso no alto da cabeça e a franja estava rebelde. Ele vestia um pólo laranja com riscas brancas, calça branca e sapato social branco também.

Eles pareciam formar o casal perfeito. Deviam merecer-se mesmo. Só uma patricinha mimada para andar com um homem arrogante e petulante. E com a mania que é o rei do universo. Grrrrr. Eles se merecem. São lindos e ricos...

 Não é que eu não o seja. Mas que é que eu tô pra aqui pensando?! Como se eu quisesse ter algo com ele. Nem que fosse o último homem na face da Terra e nascesse um milhão de vezes. Eu nunca gostaria de alguém tão lindo…digo, falso.

Ele é tudo fantasia. No fundo, no fundo não deve passar de um ser solitário. Ninguém deve gostar realmente dele pelo que ele é, mas pelo que tem.

O que eu estou para aqui fazendo julgando os outros desse jeito!? E também como poderia gostar dele. Ele é dono de um Volvo.

Ah como eu odeio Volvos. Se eu pudesse atirava mísseis em todas as fábricas de Volvos. E em todos os Volvos. E em todos os donos de Volvos. E nesse miserável. Principalmente nele.

Ai, porque será que todos os meus pensamentos acabam sempre nele. Que raiva. Como ele ousa invadir minha mente desse jeito! Mas que raios! Ainda por cima tá sorrindo para mim. Idiota.

Comprei o maldito do bilhete e o que pareceu uma eternidade ali, 20 minutos, finalmente estava acabando. Pensei eu. E muito mal pensado.

Ele se dirigiu para mim com a top model e teve a ousadia de me dirigir a palavra.

-Oi. – Me cumprimentou. Fingi pensar que ele tava falando com outra pessoa e olhei para trás. Isso fez a garota soltar um risinho. Estúpida.

-Oi. – Cumprimentei carrancuda. – E adeus. – Dei costas a eles sem nem me importar. Ele segurou o meu braço e o seu sorriso se desfez quando lhe lancei um olhar mortífero.

-Desculpe. – Pediu soltando o meu braço. – Pensei que não estivesse mais chateada pelo bilhete. Alice, essa é a garota que te falei. A do bilhete. – Falou para a outra.

Como é que é? Ele andava falando de mim? Ainda por cima falara para a namorada. Isso é o cúmulo!

-Oi, eu me chamo Alice, mas pode me tratar por Allie. – Ela falou estendendo a mão para me cumprimentar e eu a cumprimentei apenas por delicadeza. – Desculpe pelo Ed ter comprado o seu bilhete, mas era para mim. Eu amo Shakespeare e não queria vir sozinha. – Justificou os atos do companheiro.

-Ok. -  Disse ainda de cara amarrada.

-Compreendo que esteja chateada…- Falou compadecida. Aquilo já me estava deixando passada. Para que tanta desculpa, tanto nhênhênhê. Já não tinham o que queriam? Cortei-a logo.

-Compreende nada! – Falei brava. – E eu não estou chateada, estou furiosa. Não é você que tem de optar por deixar sua irmã tarda à solta ou a tresloucada distraída. Estão as duas sobre minha responsabilidade e o que estavam para ser umas férias de sonho se tornaram num inferno. Tudo por culpa dele. – Falei apontando para Ed .– Que para além de ser o dono de um estúpido Volvo, grrr, como eu odeio esse carro, quase me atropelou. E para não bastar me roubou o bilhete tendo como consequência eu ter de abandonar a irmã distraída em uma exposição qualquer. Por causa disso não vou ficar descansada durante a peça toda, pensando se a louca da minha irmã continua no mesmo sítio que a deixei ou se foi raptada por aliens. – Barafustei isso intermitentemente o que fez o petulante rir às gargalhadas.

Isso me deixou bastante furiosa e à namorada também, pois lhe deu um tapa na nuca. Ele se desculpou silenciosamente sob um olhar. Essa foi a minha vez de rir.

-Desculpe meu irmão. Ele é mesmo um anormal. – A garota sussurrou. O quê? Irmão? Ah tá brigada.

-Já tinha percebido isso há bastante tempo. – Concordei com ela em sussurros, esperando que ele não escutasse. Mas para meu azar ele escutou e me olhou pelo canto do olho. Foi minha vez de pedir desculpas por um olhar.

Mas porque fiz isso? É verdade mesmo! Não tinha nada que ter me desculpado. Estúpida! Ele me põe tão…tão…não-eu. Grrr! Tenho de sair daqui o mais rápido possível antes que lhe peça perdão de joelhos.

-Vou ter de ir andando. Com licença. – Falei me desviando deles.

-Espere! – Chamou Allie. – Ainda não falou qual o seu nome.

-Desculpe se tô sendo grossa, mas não pretendo ser vossa amiga. – Falei friamente.

Allie fez um olhar triste e fitou os pés e Ed me lançou um olhar de fúria. Tinha a certeza que ele me ia atacar se eu não saísse dali o mais rápido possível. E foi o que fiz sem nem olhar pra trás. Medo! *irónica*

Passei pelo Volvo e fiz uma enorme careta pra ele. Carro estúpido.

Continua…