Nirvana escrita por Soufis


Capítulo 23
Autora - Alison Beat, A Senhora da Noite


Notas iniciais do capítulo

Olá seus lindos. Esse cap é choravel me desculpem ç.ç



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Alison sumiu na calada da noite. Saiu do hotel na ponta dos pés para não acordar ninguém e, do lado de fora do hotel, pediu um taxi.

–Empire State, por favor – Foram as únicas palavras que a menina disse durante todo o trajeto. A maquiagem estava borrada devido às lagrimas que teve ao abandonar o grupo. Ao abandonar Kurt.

O motorista do taxi tentou puxar assunto, dizia que já ouvira de tudo naquele taxi e que tinha até uma caixa de lenços de papel. Alison não respondeu nada e negou com a cabeça o gesto dos lenços. O motorista suspirou e não disse mais nada durante o trajeto.

As palavras que tinha deixado para Kurt ainda passavam por sua cabeça, fazendo-a sentir pena do menino e raiva por ter colocado em perigo.

“...Eu te amo. E é por isso que estou indo embora. É por isso que estou fazendo isso.

Não posso te deixar mais em risco do que você já está. Sua sorte não pode ganhar do meu mau agouro...”

O taxi atravessou a ponte do Brooklin e algumas ruas de Manhattan, quando chegaram ao Empire State, trinta minutos depois, o taxista não cobrou de Alison.

–Não precisa pagar minha jovem, você já está mal. Sinto essa energia em você.

Alison sorriu e disse um “obrigada”. Ela desceu do taxi e entrou pelo saguão do Edifício Empire State.

Devo estar parecendo uma adolescente drogada. Alison pensou. Seus cabelos negros estavam embaraçados e presos em duas tranças laterais, sua jaqueta de couro não conseguia aquece-la do frio das noites de outono, então estava tremendo. Sua maquiagem estava borrada e o olho vermelho e inchado.

Ela caminhou até o guarda da mesa da recepção e com sua voz mais convincente, disse:

–Seiscentésimo andar

Ele estava cochilando mas logo acordou. Ele analisou Alison e encarou-a

–Esse andar não existe, minha cara.

–Você sabe muito bem do que estou falando.

Ele sorriu se fazendo de tonto.

–Não entendi.

–Venho aqui para tratar de um assunto importante – Alison já estava ficando irritada – Os Deuses vão ficar felizes em me ver.

Alison encarou o homem, concluindo que ele devia ser apenas um mortal comum que devia estar achando mesmo que a menina estava chapada quando ele disse:

–O Senhor Zeus não atende qualquer um sem hora marcada.

Alison sorriu e fechou os olhos, deixando o poder de Nyx tomar conta de seu corpo.

–Eu não sou qualquer um. Sou Alison Beat, A Senhora da Noite.

O guarda empalideceu e começou a tatear a mesa em busca de alguma coisa e logo entregou para menina um cartão-chave, sua mão tremia e Alison voltou ao normal quando o guarda deu-lhe o cartão.

–Insira na fenda de segurança – O guarda advertiu – E esteja sozinha no elevador.

A menina assentiu e caminhou até o elevador. Chegando lá, enfiou o cartão na fenda de segurança. O cartão desapareceu e um botão vermelho brilhante surgiu. Andar 600.

Alison apertou e esperou o elevador completar sua trajetória enquanto ouvia uma música irritante de elevador. Ela batia os dedos, ansiosa na barra de deficientes e olhava o visor que indicava o andar que o elevador passava.

Plin, as portas do elevador se abriram e foi revelado um estreito caminho de pedra no meio de céu.

Estou acostumada com nuvens, Alison pensou e começou a andar pelo caminho. A cidade de Manhattan brilhava abaixo de seus pés e a visão aérea era linda: as luzes pareciam nunca querer se apagar.

Diante da menina, uma escada de mármore branco subia em espiral para o topo de uma nuvem onde se erguia o pico de uma montanha. Na encosta da montanha havia vários palácios com vários níveis, todos branco com colunas douradas e jardins de flores nas janelas.

No caminho, podia notar jardins que se estendiam pela montanha. Oliveiras, roseiras e o cheiro de outras especiarias e flores invadiram as narinas de Alison. Por um segundo, ela pensou o quanto bom seria viver ali.

Mas ela estaria tão segura ali como em uma jaula com três leões famintos.

Seria muita sorte se ela não levasse uma lança na cabeça enquanto caminhava por ali.

Ela balançou a cabeça, tentando se livrar desses pensamentos e subiu pela entrada principal que levava ao grande palácio que tinha no pico. Degraus levavam ao salão do trono.

Ela entrou e pareceu deslumbrada: colunas maciças erguiam-se até o teto abobado que era decorado com constelações que se mexiam. Doze tronos gigantes se arrumavam em um u invertido, como os chalés do acampamento meio-sangue. Uma grande fogueira crepitava no braseiro central e os tronos estavam vazios. Com exceção de um, é claro.

Zeus estava em sua forma humana gigante. Alison sabia que era poderosa, mas mesmo assim, abaixou a cabeça. Ela não tinha coragem de encarar um homem como aquele. Zeus estava vestindo um terno azul e tinha a barba muito bem aparada com tons de cinca e preto como os céus durante uma tempestade e seus olhos tinham o tom cinzento da chuva.

–Senhor Zeus – Alison se aproximou do trono e se ajoelhou. Ela não olhou para cima. Zeus já a odiava, ela estava em campo minado: se dissesse ou fizesse qualquer coisa errada seria reduzida ao pó. E isso ela tinha certeza.

–O que faz aqui?– As colunas tremeram ao Zeus se pronunciar. Sua voz era tempestuosa e amedrontadora, como uma tempestade.

–Nyx me recorreu em um sonho esses dias – Alison disse, sua voz estava meio tremula, mas ela prosseguiu – Disse que iria me encontrar e retirar seus poderes. Ela os quer de volta e tem sede por vingança. Vingança de Hecáte por ter tirado seus poderes e do Olimpo que não fez nada a respeito.

–Então me diga, se você é tão poderosa assim. Por que não te mato logo e me poupo disso?

–Se me matarem – Ela disse calmamente – Meus poderes irão para Nyx e ela os conseguirá da mesma maneira. Venho aqui em busca de uma segunda opção.

Zeus resmungou um pouco e alisou a barba, observando a menina. Nesse minuto, uma jovem entrou no salão dos tronos. Ela possuia a aparência de uma menina de doze anos de idade, tinha os cabelos ruivos e olhos amarelo-prateados, a cor da lua cheia.

–Eu sei o que podemos fazer Zeus. – A garota pronunciou.

–Ártemis. – Zeus bradou e observou à menina Ela era a Deusa virgem da Lua e da caça – Diga.

–Podemos drenar os poderes de Nyx da menina e armazena-los em um medalhão. Mas...

–Eu iria morrer – Alison disse e suspirou. Ela veio a este lugar com um propósito. – Estou disposta a pagar esse preço para minha mãe não tomar seus poderes de volta.

Zeus e Ártemis se entreolharam. Eles tiveram uma rápida e intensa discussão em grego antigo.

–Você está mesmo disposta a isso?– Zeus a encarou e eu assenti – Ártemis, eu deixarei você cuidar disso. Tenho que encontrar um lugar seguro para guardar o medalhão – Dito isso, Zeus bateu as mãos e um som de trovão ecoou pelo palácio e em um clarão, Zeus se foi.

–Zeus sempre foi ótimo com saídas – Ártemis pegou na mão de Alison – Vamos.

Alison caminhou com Ártemis pelo jardim do monte olimpo e lhe entregou uma túnica branca e uma coroa de louros.

–Vista isso, vou preparar as coisas – Ela sorriu – Você é uma menina realmente corajosa Alison.

Alison assentiu e encontrou um lugar para se vestir. A túnica caiu muito bem e ela soltou as tranças, fazendo seu cabelo cair sobre seus ombros em pequenos cachos. Ela lavou o rosto, tirando a maquiagem borrada e ficou com a cara limpa. Ela colocou a coroa de louros e caminhou pelos jardins do olimpo. Quando se aproximou de uma das rosas, suspirou e inalou o cheiro com força. Queria que essa fosse à última coisa que sentirá.

Ártemis voltou aos jardins e pediu para que Alison deitasse na grama e a menina fez. A Deusa colocou o medalhão no pescoço de Alison. O medalhão era pesado e grande, ele tinha um formato retangular com uma pedra transparente encravada no centro e alguns enfeites ornamentados em ouro.

Ao ser colocado em Alison, ela sentiu seus poderes esvaziarem seu corpo lentamente. A pedra do medalhão tomou uma cor cinza e à medida que os poderes eram esvaziados do corpo de Alison, a cor ia ficando mais escura.

–Você só precisa descansar – A voz de Ártemis era calma e suave e o corpo de Alison ia perdendo a vida aos poucos.

Deitada sobre a grama macia dos jardins do olimpo, Alison sorriu ao vendo as estrelas.

Era a primeira vez que elas pareciam significativas para Alison. Como se quisessem dizer: “você é uma de nós agora”. Alison fechou os olhos e viu sua vida passar por seus olhos como se fosse apenas um filme.

Ela se viu pequena, em memórias que nem ela lembrava, nos braços do pai. Viu-se aprendendo a andar de bicicleta aos oito anos e do joelho ralado que teve logo a seguir. Viu sua infância passar como um flash e agora estava deitada em uma nuvem, em um dia que tinha descoberto algo tecnicamente impossível. Viu as constelações sendo formadas sob sua cabeça e sentiu Kurt lhe beijando e no final, deitando-se com ele.

O medalhão estava absorvendo todos os poderes de Alison e, por fim, ela abriu os olhos e deu seu último suspiro.

Seu peito se esvaziou e todos seus problemas foram embora, seus poderes, as ameaças de sua mãe, o perigo que corria... Tudo se foi.

E agora, Alison estava sendo fragmentada em pequenos brilhinhos, que eram levados pelo vento para cima da nuvem mais alta. Ela se fixou no céu ao lado da constelação de Kurt. Alison não tinha virado uma estrela. Alison virou uma constelação.

–Descanse em paz, Alison Beat. A Senhora da Noite – Ártemis proferiu.


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Notas finais do capítulo

.... ç.ç



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