Um dia depois:

Eu sabia cuidar de mim mesma. Se algum monstro viesse, era só eu usar os poderes de Nyx nele e pronto! Ele virava pó. Se algum Deus viesse... Bem, ai eu corria. Boa opção: correr.

Caminhei até a quadra de vôlei onde observei os campistas jogando vôlei. Por que eles podiam ser normais e eu não? Caramba! Eu não tinha pedido para ninguém para ter esses poderes.

–Ali? – Uma voz me tirou de meus pensamentos, Kurt estava parado na minha frente. – Está tudo bem?

–Sim. – Respondi friamente, não queria descontar nele mas já tinha saído.

–Ei, ei. – Ele se sentou do meu lado. – O que foi?

–É uma coisa idiota.

–Mas pode falar.

–É que eu nunca vou poder sair uma missão e agora, Lottie desapareceu e eu queria muito ir ajudar a encontrá-la... Ela é uma das minhas únicas amigas por aqui, como eu vou demonstrar para ela que ela é importante se não for atrás dela? Até o idiota do Tony está indo!

–Eu também nunca fui em uma missão... Mas um dia você vai.

–Você não está entendendo Kurt. Eu nunca... – Eu tentei combater as lagrimas mas parecia impossível, elas vieram devagar, molhando minha bochecha. – Eu nunca vou poder sair dessa droga de acampamento.

Ele me abraçou de lado e eu abracei ele com força, tentando ao máximo não molhar sua camisa.

–Desculpas... Eu molhei sua blusa. – Eu ri, limpando as lagrimas.

–Tudo bem... Olha, eu tenho uma ideia.

–Oi?

–Você vai nessa missão, e eu também. Eu sou filho da deusa da sorte, não vão nos encontrar.

–Eles vão de carro amanhã cedo...

–Então arrume suas coisas rápido e me encontre onde o carro vai estar.

–Vamos passar a noite lá? – Olhei para ele, desconfiada.

–Você aceita o convite?

–Claro. – Sorri e abracei ele com força, inalando o cheiro de limão de sua blusa.

Você é incrível Kurt Willians.

(...)

Cerca de duas horas depois, alguns filhos de Hefesto colocaram o carro da missão no alto da colina. Era uma caminhonete 4X4 com uma caçamba no fundo. As malas dos campistas que iam para a missão já estavam postas na caçamba e foram cobertas com um pano amarelo.

Quando os filhos de Hefesto foram embora, eu e Kurt colocamos nossas coisas na parte traseira da caminhonete, e já que eram poucas coisas (duas mochilas de mão), elas passaram despercebidas.

Sentamos na caçamba e nos ajeitamos em meio das bagagens. Kurt tirou um cobertor de sua mochila e eu me alinhei em seu corpo. Ficamos conversando a medida que a noite tomava conta do céu e eu me senti relaxada.

–Está com fome? Eu trouxe sanduiches – Disse enquanto tirava da mochila dois sanduiches embalados. Estendi um para ele que pegou sorrindo.

–Alison Beat, uma menina cheia de surpresas. – Kurt disse logo após dar uma mordida no sanduiche.

Você nem tem ideia.

[P.OV Kurt Willians]

Alison estava deitada sobre meu ombro, a caçamba que estávamos machucava minhas costas mas eu nem ligava: o calor dela me fazia esquecer de tudo o que tinha em minha volta.
–Ei, Kurt... - Ela sussurrou - Você quer ver algo legal?

Assenti com a cabeça. Alison sorriu e fechou os olhos. Nesse momento, uma névoa ocupou todo o céu deixando a visão para as estrelas impossível.

–Pronto – Ela abriu os olhos e a névoa se dissipou. Ela apontou para um dos conjuntos de estrelas – O que você consegue ver?

–Estrelas.

–Não seu bobo, use sua imaginação.

Observei as estrelas procurando algum significado nelas, forcei minha vista e abri minha mente, deixando linhas imaginárias ligarem as estrelas, formando constelações. Olhei para onde Ali estava apontando e não consegui conter a surpresa: não sei se era imaginação minha, mas nossa cena estava eternizada nas estrelas, ela deitada em mim com uma expressão serena e eu abraçando-a.

–Uou... Isso é....? – Perguntei, surpreso.

–Aham, poderes de filhos de Nyx – Ela deu uma piscadela. – Agora... Boa noite Kurt, vamos ter um dia cheio amanhã.

–Se cheio você quer dizer com ficar escondidos na caçamba.. – Dei um beijo na testa dela – Então boa noite.

Ela nem deve ter ouvido, pois já estava com os olhos fechados.