Midnight Dreamers escrita por Aimée Uchiha


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

GENTEM!!! Desculpe pela demora ): aulas voltaram e tá meio punk... Enfim, cap fresquinhos e espero que curtam



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“Era mais um dia em que todas as crianças brincavam no pátio, mas eu teria decidido que iria ficar dentro da pequena biblioteca, que tinha ao lado da sala de TV. Peguei três livros ilustrados para treinar minha leitura, que estava péssima.

Eu estava sozinha, as irmãs tomavam seus chás da tarde enquanto observava as crianças. Naquele dia Karin me pediu para ficar em pouco afastada, pois queria ter uma tarde a sós com Sasuke.

Tentava me concentrar naquelas palavras tão difíceis. Juntei minhas sobrancelhas e puxei um dos livros para ficar em frente ao meu rosto.

– A gen... – Arrastei a palavra. – te. A gente con... – Forcei meus olhos. – Conhece. A gente conhece...

– A gente conhece bem as coisas que cativou. Pequeno Príncipe, é um bom livro. – Uma voz doce sussurrou.

Olhei para trás e vi uma moça logo em pé, com um lindo sorriso no rosto. Nunca havia lhe visto andando pelo orfanato e me senti envergonhada em sua presença, sempre me sentia assim quando não conhecia alguém. Ela usava um longo vestido branco e seus ombros estavam cobertos por um xale meio amarelado. Tinha longos cabelos dourados e estava enfeitado por uma tiara de flores, parecia uma fada.

– Você gosta de ler, pequena?

– Sim. – Disse tímida. – Mas não sei ler muito bem.

– Como não? Eu estava aqui ouvindo alguém ler muito bem. E só estamos nós duas... Você não precisa ter medo de pronunciar as palavras.

– É que eu me confundo muito.

– Vamos tentar novamente. – Ela pegou o livro. – Leia esta frase para mim, mas sem medo!

Ela me entregou o livro e eu o peguei, um pouco receosa. Passei meus olhos sobre a frase para tentar ler mentalmente. Olhei novamente aquela moça, que me encorajava com seu olhar; tomei coragem e segui com a leitura:

– To...das. As. Pe...ssoas.

– Sem medo. – Me advertiu.

– Todas as pessoas grandes. – Pausei para juntar as palavras. – Foram um dia crianças. – Soltei um riso satisfeito logo após.

– Viu! – Ela bateu palmas. – Parabéns, Sakura. Sabia que era capaz!

– Você sabe o meu nome?

– Sei muita coisa sobre você, pequena. – Ela passou seus dedos na minha bochecha. – Só não sei porque está aqui sozinha.

– Sou estranha. Ninguém quer brincar com uma estranha.

– Estranha? Que estranha? – Pegou na minha mão. – Vem, vamos brincar!

Ela me puxou aos risos, e acompanhei-a. Fomos para fora e paramos de correr, ela abriu os braços e inspirou fundo. Sorri ao observá-la e não me contive em fazer o mesmo. Ao se sentar, ela se dirigiu a mim:

– Amo a natureza. Você deve cuidar dela!

– Eu cuido, amo muito os passarinhos e...

– Não chega perto! A estranha está com ataque de loucuras. – Kin, a menina que me importunava, disse.

– Por que você é tão má comigo? – Sussurrei baixinho, mas ela não ouviu.

– Você tomou seu remédio, louca? – Agora foi a vez da amiga de Kin.

Todas as crianças se aproximaram, algumas me chamavam de louca ou estranha, outras me olhavam com medo. A moça se levantou e segurou minha mão com força.

– Descobri porque fica sozinha, gosta de conversar com os amigos imaginários. – Kin balançou a cabeça, como se estivesse me repreendendo.

Houve um coro de “louca” enquanto meu olhar analisava aquela rodinha até encontrar Sasuke, ao fundo. Ele estava me observando com um semblante fechado como se esperasse algo de mim. Desviei meu olhar ao perceber que as irmãs chegaram e apartavam as crianças, a mão da moça que até então apertava a minha, havia se afrouxado. Procurei-a ao meu lado, mas ela não estava mais lá, e foi aí que eu entendi: eu tinha o dom de conversar com os mortos.”

&~&

Acordei num solavanco percebendo que havia dormido sobre o volante, dentro de meu carro. Cocei meus olhos afim de despertar, reconhecendo que estava no estacionamento do meu prédio. Menos mal, encostei-me sobre o banco sentindo dores nas costas; aos meus pés a caixinha de remédio estava aberta com os comprimidos espalhados e aos poucos recordei da noite passada desastrosa e também da quantidade de comprimidos que ingeri o que me levou a apagar no volante.

Arrumei minhas coisas, peguei minha bolsa e sai do carro. Meu rosto formigava e sentia meus olhos secos. Ao entrar no hall, me direcionei ao elevador já aberto com um dos meus vizinhos dentro; acenei com a cabeça e apertei meu andar. Sabia que estava sendo observada com espanto, minha aparência não devia ser das melhores, mas não me abalei.

Saí do elevador para logo entrar em casa. Já fui me livrando das roupas no caminho para o banheiro, mas parei ao me olhar no espelho. Assustei ao ver meus olhos inchados e meu rosto avermelhado, realmente minha aparência não era algo apresentável. Suspirei ao balançar minha cabeça, sentindo as dores nela se tornarem agudas e entrei no box ao me livrar do resto das peças de roupas.

Relaxei enquanto a água caia em meu corpo, me livrando daquela tristeza. As cenas de minhas lembranças vieram em mente... Fazia tanto tempo que não me lembrava da fisionomia daquela mulher que me ensinou a não ser insegura. Sorri, nunca soube quem era aquela mulher e ela nunca mais apareceu, assim como o meu dom nunca mais me incomodou depois do incêndio, depois que sai do orfanato.

...

Depois do meu relaxante banho, havia dado um bom cochilo. A sensação de que eu havia perdido algo valioso ainda estava presente e resolvi que para curar isso precisaria sair, ver pessoas novas e foi o que eu fiz e também, meu estomago agradeceria se eu o alimentasse.

Fui a pé mesmo, sabia que próximo ao meu apartamento havia uma padaria e uma cafeteira, fui a caminho deles. As pessoas parecia não notar minha presença, então tratei de fazer o mesmo e até conseguiria sucesso se não tivesse trombado em algo duro.

– Me perdoe! – Uma voz masculina ressoou. – Te machuquei?

Olhei para o dono da voz, era um homem magro. Muito magro. Usava uma touca na cabeça, escondendo seus cabelos louros, estava vestindo um enorme blazer e com uma das mãos segurava a coleira de um pastor alemão enquanto sua outra mão estava pousada gentilmente em meu ombro. Seus olhos azuis expressavam preocupação e doçura apesar de sua aparência rústica.

– Não, está tudo bem. – Ri baixinho, me ajeitando. – Sou muito desajeitada.

– Que isso, eu que não prestei atenção. - Ele afastou sua mão de mim. - Sou Naruto.

– Sakura. – Desviei meu olhar para o cachorro. – E ele é...? – Me aproximei para fazer carinho.

– Não! – Naruto disse, recuei pelo susto e ele se pôs em frente do animal. – Spike costuma avançar em quem não conhece.

– Ah, me desculpe. – Sorri novamente. – Bom, foi um prazer te conhecer, apesar das circunstancias. Até mais!

– Ei. – Ele me chamou. – Não está afim de, hm, tomar um café?

– Eu adoraria mas...

– Sou novo nessa área, não conheço ninguém. Gostaria de companhia.

Ele abriu um enorme sorriso encantador, desviei o olhar e tentei pensar em alguma desculpa, mas meu estomago me traiu. Soltei um riso alto, e indiquei o caminho para Naruto me acompanhar. Eu não queria conhecer pessoas novas? Então essa era minha chance.

Havíamos pegado uma mesa próxima à porta, o estabelecimento continha um cheiro forte de café e isso atiçava ainda mais minha vontade de comer algo. Naruto amarrou a coleira de Spike em sua cadeira, e o cachorro parecia saber que não devia fazer bagunça, pois deitou sobre suas patas, mas continuava em alerta a qualquer movimento. Nossos cafés já tinham sido pedidos e entregues, Naruto insistiu para pagar nosso café, depois de muita discussão, ele havia ganhado.

– Nunca discute comigo. Sempre ganho, de uma forma ou outra. – E piscou pra mim.

– Em pouco tempo, mas já posso dizer: que metido! – Rimos por alguns instantes. – Se mudou há pouco tempo, né?

– Sim, mas já conhecia bastante essa região. – Bebericou seu café.

– Mudou a trabalho? – Perguntei e ele me observava com a porcelana ainda nos lábios. – Desculpe, tenho manias com perguntas.

– Foi sim e não se preocupe com perguntas! Adoro responde-las.

– É bom saber disso mesmo. – Desviei o olhar, bebendo meu café em seguida. – Mora aqui perto da cafeteria?

– Logo ali, apartamento Saiko. Conhece?

– O que? – Afastei a xícara do meu rosto. – Somos vizinhos de prédio! É o mesmo que o meu. Como é que eu nunca vi você por lá?

– Deve ser por que me mudei recentemente. – Ele disse com ironia, rindo em seguida.

Naruto era firme em suas palavras, isso era o que mais chamava atenção nele. Seu jeito era desleixado, todo jogado na cadeira e sorria para todos que passava por ele. E saber que logo próximo a mim, havia uma pessoa como ele, me deixava mais segura e apta pra ter tal exemplo.

Nossa conversa foi interrompida por um toque estridente no qual demorei a perceber que se tratava de meu celular. Sorri para Naruto, que acenou com a cabeça, mas sem tirar seus olhos de mim. Apertei o verde do aparelho, aceitando a ligação. Mal tive tempo de dizer algo, e recebi uma voz desesperada em resposta.

Sakura? Sou eu, Karin.

– Olá. Está tudo bem?

Não, não está nada bem. Sei que é horário de almoço e você deve estar ocupada, mas tem como você vir até meu apartamento? É urgente. – Sua voz era angustiada.

– O que foi que aconteceu? – Disse enquanto levantava da cadeira, pegando minha bolsa.

Eu explico assim que você chegar aqui, venha o mais rápido possível.

– Ok, já estou indo. – Desliguei o celular. Olhei para Naruto com um pedido de desculpas. – Desculpe, é que aconteceu algo com a minha amiga e eu...

– Tudo bem, vai lá. Encontramos-nos qualquer dia desses?

– Claro! Meu apê é o 7, do terceiro andar. Passe por lá! – E em seguida, sai da cafeteria.

&~&

Ao chegar no apartamento, bati diversas vezes sobre a luxuosa porta, para em seguida ser atendida por um rapaz alto de cabelos brancos, de olhos intensos de cor roxa. Estava vestido num terno de linho preto. Ele estava a minha espera e soltou um “entre, senhorita Sakura” e julguei ser mordomo de Karin. Passei uma das minhas mãos sobre a minha franja, e entrei timidamente no cômodo. Abracei minha bolsa sobre meu peito e voltei meu olhar para o charmoso mordomo.

– Onde está Karin?

– Senhorita, ela pediu para esperá-la na sala de visitas. Já está descendo, por favor, me acompanhe. – Esticou um de seus braços, e caminhei até a tal sala.

Arrependi de ter ido até aquele lugar. Sasuke estava sentado num dos sofás com os cotovelos apoiados sobre os joelhos. Virei de costas para olhar o mordomo novamente, pedindo com o olhar para que me levasse para outro lugar, mas ele apenas pediu licença e se retirou. Continuei na mesma posição, não estava pronta para dirigir sequer uma palavra para Sasuke, muito menos reencontrá-lo. Mas parecia que não era o mesmo que ele pensava.

– Você está bem? – Me arrepiei com sua voz fria, mas respondi com o meu silêncio. – Sobre ontem, eu posso explicar.

– Sua vida particular não me interessa. – Não contive em dizer.

– Preciso proteger Karin. – Ele levantou, sabia que sim.

– Você sempre precisa proteger alguém. – Virei para encará-lo. – Talvez você cogitasse a idéia que ninguém precisa ser protegido por você?

– Você não precisa, mas ela sim. É o meu dever, sempre foi meu dever.

– Então ok, já que quer tanto explicar, me diga o motivo de querer proteger trepando com uma e beijando outra?

– Quem me beijou, foi você. Não tente jogar a culpa pra cima de mim.

Encarei-lhe magoada, Sasuke hesitou assim que percebeu suas palavras. Recuei dando por fim na conversa assim que o mordomo retornou a sala. Desviei meu olhar, mas sabia que Sasuke continuava com seu olhar preso em mim. O mordomo, que descobri que se chamava Suigetsu, veio acompanhado de uma medrosa Karin. Fomos deixados a sós, os três novamente.

– Desculpe ter perturbado vocês, mas era um caso urgente. Vocês se lembram do motivo pelo qual vieram até mim? – Ambos concordamos. – Então... Parece que me juntei ao alvo.

Karin jogou ao centro da mesa, um pequeno cartão que continha a frase: "Não esquecemos de você" com uma foto recente da mesma saindo de algum estúdio. Senti meu corpo pesar e me sentei sobre o sofá, cobrindo meus lábios com a minha mão. Karin estralava seus dedos em sinal de nervosismo e ela olhava para mim e para Sasuke em busca de algum conforto. Sasuke pegou o cartão e analisou por cada parte, em seguida seu olhar cruzou sobre o meu e sustentei por alguns instantes. Eu sabia no que ele estava pensando, e era o que viria a seguir.

– Já não temos como fugir, teremos que ir até aquele lugar. – Foi o que ele disse, saindo em dizer mais nada do apartamento.

– Sakura, eu não quero voltar pra lá. – Ela disse enquanto se sentava do meu lado. – Por favor, tente convencer o Sasuke...

Nada respondi e Karin percebeu que algo estava errado ao pronunciar o nome dele. Ela, mesmo com suas mãos tremulas, segurou as minhas. Seus dedos estavam tão gelados e apertei para esquentá-los.

– Está acontecendo algo entre vocês? – Neguei com a cabeça. – Pare com isso, Sakura! Vocês sempre escondem algo de mim!

– Não estamos escondendo nada. Estamos preocupados com você.

– Você sabe que eu não sou trouxa. Desde ontem, na festa, agiram como estranhos! Justamente vocês dois que sempre foram tão amigos. Eu chegava a ter ciúmes, sabia? – Exaltou-se.

– Vamos dar um jeito, prometo. – Mudei o assunto. – Sasuke dará um jeito pra tudo isso. Ficarei aqui até ele voltar, tudo bem?

Karin desistiu de manter o assunto, e afirmou a cabeça mais aliviada. Ela confiava em Sasuke, de olhos fechados e dava para perceber isso de longe. Mas algo em mim dizia o contrario, sabia que estava magoada e rancorosa com suas ações, mas Sasuke nunca me deu motivos para desconfiar dele. Então mesmo com essa sensação, tentaria ignorar e confiar naquele que eu tanto amava.

Mas espero que dessa vez, dessa única vez, ele não me decepcionasse. Senão seria a última vez que tentaria me apoiar nele. Isso era uma promessa!


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Notas finais do capítulo

Uma noticia boa: AS COISAS REALMENTE VÃO COMEÇAR A ACONTECER!!!! Amei os reviews, espero receber ainda mais!



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