Midnight Dreamers escrita por Aimée Uchiha


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Itálico = Flashback.
Notas finais e boa leitura.



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Depois de um bom tempo encarando o corredor vazio, sentei no sofá e girei o pequeno cartão atrás de alguma pista. Será que essa pessoa estaria me esperando? Porque não há nenhuma data e nem dia informando. E o melhor, quem era essa pessoa e o queria comigo? Poderia parecer loucura mas eu estava cogitando a ideia de ir até lá; mesmo com a má fama da Torre Sangrenta... Tenho grandes chances de encontrar um adolescente aspirante a gótico, louco pra ver sangue mas irei correr o risco. Algo dentro de mim dizia que eu deveria ir... E então eu iria.

Levantei em busca de minhas chaves e saí as pressas. O meu celular já estava na discagem rápida caso algo saísse do normal. Dirigi quase até o fim da cidade para chegar ao meu destino.

O sol ainda estava se pondo, dando um tom meio alaranjado no céu e uma visão bonita daquela torre, apesar dos pesares. Não havia ninguém por ali. Será que demorei demais? Coloquei minha mão sobre meu bolso, só para ter certeza que meu celular ainda se mantinha ali, em seguida voltando a cruzar meus braços sobre meu peito.

Certo, só pra garantir que perdi mesmo a viagem, comecei em lentos passos até os fundos da torre. Deveria ressaltar a minha psiquiatra e amiga que entrei num grau alto de loucura. A cada passo, um calafrio aparecia em lugares diferentes. Chegando ali, recuei brevemente ao encontrar um senhor todo sujo e envolto de uma manta igualmente encardida. Seu olhar estava fixo em mim, como se já soubesse que eu viria. Indicou com a cabeça, um outro extremo do lugar e desviei meu olhar para o mesmo rumo.

Havia uma caixa de papelão amarelada, e incrivelmente, com recortes de letras formando o meu nome coladas nela.

– O senhor que me chamou aqui? - Ele negou com a cabeça. - Sabe quem é que foi? - Negou novamente. - Como que sabe que essa caixa é para mim?

Ele balançou os ombros e virou seu corpo para o lado oposto a mim, respirei fundo pela confusão em minha mente; deixei alguns trocados próximo a ele antes de pegar a caixa e sair dali.

Entrei no carro e coloquei a caixa no banco do passageiro. Tirei aos poucos a tampa dela e senti meu coração bater cada vez mais rápido. Prendi a respiração, havia vários laços vermelhos e senti finas lágrimas escorrerem por meu rosto em nostalgia.

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"O refeitório estava abarrotado de crianças, e as conversas paralelas me causavam dor de cabeça. Peguei minha bandeja com macarrão e suco e passava reto entre as mesas lotadas. Não via problema em comer no banheiro ou no pátio, o que já não era novidade para mim.

Enquanto ia em direção ao pátio, vi um tumulto formado na saída do refeitório. Eram cinco meninas altas em um círculo, olhando para o centro.

– Você não deveria ter feito isso! Ficou maluca?

Disse uma menina de cabelos negros enquanto passava suas mãos sobre a blusa amarelada manchada de roxo, provavelmente suco de uva. Uma de suas amigas, repetia um ato assimilado a um empurrão contra uma pequena menina rechonchuda que segurava um copinho sem suco, suas madeixas avermelhadas estava trançadas com um laço rosa, porém seus cabelos caiam sobre seu rosto. Seus grandes olhos vermelhos expressava ódio e a pequena se debatia a todo custo para se soltar da pequena rodinha.

– Ei estranha. - Ouvi uma das meninas se direcionar pra mim. - Vem cá ajudar a segurar essa gorda.

– Nunca mais fale dele! Podem falar de mim mas NUNCA MAIS FALEM DELE! - A garota de trancinhas gritava.

– Olha pra gorda, está apaixonada. O assassino e a gorda. O assassino e a gorda. - Disse a menina de cabelos negros. O grupinho repetia a última frase em coro.

Soltei minha bandeja e fui em direção da rodinha, adentrando-a e focando na garota que fez o comentário maldoso. Quando dei por mim, a havia empurrado com toda minha força, fazendo com que ela caísse no chão. Houve um silêncio assim que me pronunciei:

– Mexe com alguém do seu tamanho. E não seja covarde de vim atacar com o seu grupinho. - Virei-me para a garota de cabelos avermelhados com trancinhas. - Tudo bem com você? Vamos sair daqui.

Enquanto saíamos, a menina que havia caído, tinha sido amparada por suas colegas e não se conteve em fazer outro comentário que no qual ignorei.

– Pode defender a gorda, mas ele também vai matar você estranha. Ele vai matar vocês duas, ele vai matar vocês.

Prestava atenção na garota que andava ao meu lado, ela esfregava seu pulso e tentava segurar as lágrimas.

– Está tudo bem? - Voltei a repetir. - Te machucaram?

– Pare de falar comigo como se importasse. Você é como elas! Como elas!

– Ei, se acalme, tá bom? Não sou como elas, eu te ajudei . A proposito de nada pela mãozinha, viu.

Ela parou próximo a árvore central do pátio e desatou a chorar, com tanta tristeza. Me senti tocada por aquela garota, e me sentei ao seu lado.

– Ninguém gosta de gordas, ninguém. - Ousei me pronunciar mas ela me cortou antes mesmo: - Você é magra, não sabe o que é ser gorda. Eu gosto de um menino... E era dele que estavam falando, e como eu sou gorda. Mas ele não me vê assim, ele é diferente. E eu gosto tanto dele. - Seu rosto estava destacado pelo olhos avermelhados e as escassas lágrimas.

– Então se ele não vê problemas, por que você vê? Não devia ligar para o que elas falam.

– É verdade... - Instantaneamente parou de chorar e eu sorri.

– Fica melhor parando de chorar. Como você se chama?

– Karin. - Fungou baixinho. - E você?

– Me chamo Sakura.

– Obrigada Sakura, obrigada por ter me defendido e por ser minha... amiga. - Mal sabia eu que ia ouvir muitas vezes isso."

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Secava minhas lágrimas conforme me relembrava de Karin, respirei fundo e sorri. Sabia que o que aconteceu foi uma fatalidade, mas ela estava num lugar melhor. Percebi que o laço vermelho ainda estava em minhas mãos e me lembrei da caixa, puxei o objeto encontrando ao fundo uma foto envelhecida. Pertencia ao orfanato, tinha certeza. Peguei enquanto observava os rostos, era uma foto que reunia todos os órfãos em frente do enorme prédio acabado onde morávamos. Queria poder dizer que sentia saudades daquele lugar, mas não seria verdade. Então notei algo que havia passado despercebido até agora, tinha uma marca de x por uma caneta falha no rosto de cada criança presente na foto, com exceção de mim, Sasuke e Karin; nós duas estávamos envolvidas por um Sasuke sorridente. Já nossos rostos estava marcado por um círculo, estranhei aquilo e por extinto, virei a foto, encontrando os dizeres: "Não terminamos com você."

Naquele mesmo instante, tudo o que pensei foi sair o mais rápido dali. Pisei fundo no acelerador, queria o quanto antes minha casa.

Cheguei ao hall do meu apartamento transtornada e assustada, sabia que algo estava errado ao encontrar aquele bilhete e ainda mais, por não saber quem era que me mandava, deveria ter ficado em casa. As pessoas presentes ali, me olhava com um misto de curiosidade; rumei em direção as escadas, andar me faria bem.

Ao chegar no meu andar, me distrai ao pegar as chaves dentro da minha bolsa que nem percebi a presença de mais alguém ali. Deixei cair no chão tudo o que estava em minhas mãos, pelo susto ao ver uma pessoa vestida por uma calça, camiseta e jaqueta interamente preta e com um capacete encobrindo todo o rosto, estremeci ao associa-lo com o bilhete.

– Finalmente te encontrei, você não sabe por quanto tempo te procurei. - Ele disse abafado por conta do capacete.

Fiquei calada e prestes a dar um passo para trás ao ver que ele se moveu, mas relaxei quando o mesmo elevou sua mão até o capacete e a partir daí, tudo rodou como câmera lenta.

Ao tirar o que cobria seu rosto com uma mão, a outra bagunçava seus cabelos cor ébano, igualmente seus olhos profundos e intensos. Analisei cada traço daquele rosto tão familiar, eram delicados mas a barba por fazer dava um ar másculo. Ofeguei ao raciocinar da onde o conhecia, e então, ele me abriu um sorriso com seus dentes perfeitos e alinhados.

– Quanto tempo, você mudou quase nada. Espero que não se incomode... Vim caçar alguns grilos aqui no seu prédio. São a comida preferida dos meus lagartos. - Ele disse de forma divertida.

Só precisei dessa confirmação, era tudo o que eu precisava. Depois de tanto tempo, de tanta procura, havia encontrado Sasuke... Mas como ele havia me encontrado?


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Notas finais do capítulo

Então, 51 pessoas estão lendo minha história mas apenas uma pessoa comentou. Isso é meio desanimador mas postei esse capítulo em consideração a ela.

Espero que esse cap faça mais pessoas comentarem, seja coisas boas ou ruins. E é isso :)



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