Midnight Dreamers escrita por Aimée Uchiha


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Então, estou aqui novamente.
Resolvi postar esse cap pq é o último que tenho escrito no computador, o resto está tudo em cadernos. É decepcionante o número de reviews pra quantidade de pessoas lendo (mais de 3 mil pessoas) então não postarei mais. Triste, realmente um desperdicio. Enfim, está aí o cap 11.



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Um pequeno raio de sol estava batendo em meu rosto, me fazendo abrir os olhos. Estava debaixo das cobertas em posição fetal. Um dos meus braços estava esticado e segurava os dedos indicador e médio de Karin, que também estava com o braço esticado, sua cama era quase perto da minha, facilitando o contato. Sorri com o ato para em seguida me espreguiçar, levantei da cama sem fazer barulhos para não acorda-la e fui ao banheiro que tinha dentro do quarto. Fiz minha higiene matinal e coloquei uma roupa mais formal.

Karin pegou no sono assim que prometi que cuidaria dela, e fiquei velando-a até dormir também. Tudo estava num caminho para dar certo, e Deus sabe o quanto eu prezava por aquilo. Saí do quarto em direção ao pequeno corredor que havia no hotel, procurando o lugar onde se encontrava a cozinha. Fui passando de cômodo por cômodo para encontrar algo, mas parei ao ouvir uma voz conhecida ressoar brava.

– Já disse que estou lidando com tudo! – Sasuke estava de costas pra mim, segurava o celular com força contra a orelha. – Não quero que se meta em assunto meu.

Suas costas estavam tensas, Sasuke estava visivelmente uma fera! Ele bufava alto enquanto ouvia a resposta da pessoa no celular, andava de um lado para o outro enquanto a mão livre escorregava entre seus fios revoltos para logo depois coçar sua barba por fazer.

– Eu já disse porra! – Sua voz se alterou. – Juro que se ele cruzar meu caminho, o mato! Se vira com ele, por que isso é problema meu. – E desligou o celular.

Pensei que agora seria uma boa hora pra me mandar dali, Sasuke não estava nos seus melhores humores então não ousaria ser seu alvo de estresses. Dei alguns passos para trás, mas quando dei por mim, ele já tinha me visto. Sua expressão antes nervosa se aliviou assim como eu. Ele se sentou num dos bancos da cozinha e me chamou para sentar ao seu lado, e eu fui até ele.

– Problemas no trabalho. – Tinha uma xícara de café em cima do balcão, ele pegou e bebeu ao se explicar. – Se sirva, acabaram de colocar a mesa.

– Tudo vai dar certo. – Pousei uma das minhas mãos sobre a dele. – Estou com você, pode contar comigo.

Sasuke fixou seu olhar em mim, foi diferente dessa vez; nunca sei decifrar seus sentimentos em sua córnea, mas houve uma áurea ainda mais negra que seus próprios encantadores ônix. Sua boca estava numa linha reta e tudo o que fez, foi repetir o ato de levar a xícara até os lábios. Pouco tempo depois, sua voz foi escutada novamente no recinto:

– Você confia em mim, Sakura?

– Mais que tudo nesse mundo. – Disse sem duvidas.

Sasuke abriu um sorriso e pegou uma das minhas mãos, subiu até seu rosto para depositar um leve beijo em meus dedos. Levantou em seguida, indo até a cafeteira que estava sobre a pia. Acompanhei-o com o olhar, tentando entender o motivo de sua pergunta, mas dispersei assim que Karin apareceu com Suigetsu e conversavam sobre a agenda cancelada da mesma.

– Bom dia. – Ela se sentou ao meu lado. – Como sinto saudades da minha cama.

– Você dormiu bem? – Perguntei.

– Minhas costas estão um trapo! Então a resposta é não.

– Devia agradecer por ter um lugar para dormir. – Sasuke respondeu por mim, depositando duas xícaras de café, uma para mim e outra para Karin.

– Alias senhor chefão, o que faremos hoje? Estou louca para um tour pela cidade!

– Essa é uma boa ideia! – Sasuke apoiou-se sobre o balcão, olhando Karin com empolgação que retribuía com um sorriso. . – Esse hotel é realmente muito grande você vai adorar conhecer cada grão de poeira. – Sorriso de Karin murchou ao sentir a ironia de Sasuke, e ele continuou: - Você acha que estamos de férias? Vocês duas vão ficar aqui dentro desse hotel até as coisas se resolverem.

– Você é um chato! – Karin cruzou os braços. – Você não pode me prender aqui.

– Quer mesmo me desafiar? – Sasuke fixou seu olhar negro em Karin, que abaixou a cabeça. – Suigetsu, você ficará de olho nas duas. Não quero, em hipótese alguma, vocês lá fora. Entendido?

Concordei a cabeça, sendo imitada por Karin. Suigetsu apenas sinalizou com os olhos, ele seria o segurança. Sasuke relaxou, desencostou do balcão e disse um “até mais” para nós e saiu da cozinha. O cômodo ficou num silencio até que uma raivosa Karin levantasse e saísse dali, encarei o rapaz de cabelos brancos mas ele apenas suspirou, pedindo licença e se retirando também.

Apoiei meu rosto em minhas mãos, só queria que tudo isso terminasse de uma vez só e de preferência com todo mundo bem. Escorreguei meus dedos entre minha pele, e levantei meu rosto para observar a xícara que Sasuke havia posto para mim. Dei um breve gole, desfrutando do gosto do café; logo após um tempo, resolvi passear pelo hotel até entrar em uma das salas de espera. Havia uma enorme janela ali, que dava uma visão para uma parte da mata. Uma música ambiente ressoava calmamente, suspirei ao constatar que estava de fato, sozinha. Era outono, e algumas folhas estavam amareladas; balançavam no ritmo do vento. Fiquei encantada com a dança que todas as folhas apresentavam, até então me deparar com uma pessoa no meio delas. Sobressaltei no mesmo instante, reparando que seu olhar estava preso em meus movimentos. Estreitei meu olhar ao notar que se tratava de uma mulher, e que me chamava com as mãos para ir de encontro a ela. Dei um passo para trás assim que ela deu-me as costas e adentrou na mata, e em seguida a dança das folhas cessou.

Entreabri minha boca pela surpresa, encostei meu corpo numa das poltronas que continha na sala até me recuperar. Continuei com o olhar preso na mata, incerta do que deveria fazer. Era como um feitiço, alguns galhos das arvores estavam postas sobre o caminho que a mulher traçou e foi o que fiz. Ignorei todos os protestos e ordens de Sasuke e me dirigi até a entrada do hotel. Olhei aos arredores para ver se havia alguém que poderia me denunciar, mas não encontrei ninguém. Rodei o hotel até chegar aos fundos, onde havia uma densa mata. Iniciei minha caminhada em passos lentos, até escutar um galho se quebrar sob meus pés.

Tremi por inteiro, estava no rastro que até então procurava. Fui adentrando a mata, atenta a tudo ao meu redor. Por reflexo, ao olhar para trás, não encontrava o hotel e o pânico aflorou em meu peito. Sem saber pra onde ir, comecei a correr aos berros, mas fui impedida de continuar ao ser capturada por finos braços que me abraçavam por trás. Ousei me debater, mas ouvi uma voz angelical e doce soar próximo ao meu ouvido:

– Se acalme meu anjo, não irei te ferir. – Tentei me acalmar assim que fui solta.

– Quem é você? - Perguntei.

Estava de frente para encarar a dona daquela voz, mas estava coberta por uma enorme manta, que escondia seu rosto também. Tudo o que eu tinha certeza era que se tratava de uma mulher, por sua voz.

– Irei atualizá-la. Queira entrar, por favor. – Ela esticou seu braço para uma cabana que até então percebi que havia ali.

– Como poderia confiar em você?

– Realmente, você não tem como. Mas quem poderia lhe certificar que sou uma má pessoa?

E a mesma entrou na cabana, me deixando para trás. Olhei ao redor, encontrando absolutamente nenhuma rota de fuga, tampei meu rosto com ambas as mãos ciente de que Sasuke iria virar o próprio demônio se soubesse de meu paradeiro para em seguida dar um longo suspiro e adentrar na casa daquela completa estranha.

Aquele lugar não aparentava ser cruel, ou de todo o mal. Era todo organizado, com várias flores enfeitando o local e um ótimo cheiro de camomila. Encontrei minha anfitriã preparando um chá em seu fogão a lenha. O seu roupão que cobria todo seu corpo já não estava mais presente, era uma mulher de curvas belas. Assim que se virou para depositar um pouco do liquido numa das xícaras presentes, pude observar melhor sua frontal. Tratava-se de uma mulher de cabelos alourados, com enormes olhos cor-de-mel. Havia uma pequena jóia bindi* em seu centro da testa; mas o que realmente chamava atenção era seus volumosos seios, fez-me olhar para os meus e em seguida compara-los com os dela.

– Não é silicone, posso lhe assegurar disso. – Pareceu perceber meu olhar, que me fez corar violentamente.

– Desculpe-me. – Encolhi meus ombros.

– Queira se sentar. – Ela mesma se sentou, apontando um lugar logo a frente dela. – Tome um pouco de chá.

– Obrigada, mas estou satisfeita. – Sentei-me no lugar indicado. – Onde estamos?

– Estamos em minha casa! – Ela sorriu como se dissesse o obvio. Seu olhar me analisava intensamente. – Você está tão bela, do jeito que pensei que seria.

– Você me conhece?

– Conheço como a palma de minha mão. – Ela esticou uma de suas mãos para pousar numa das minhas. – Creio que não saiba quem eu sou, mas meu nome é Tsunade.

Senti meu rosto transformar numa expressão de surpresa e por reflexo, agarrei os finos dedos daquela mulher. Abri um sorriso emocionado e em seguida, arquear meu corpo para frente até conseguir sugar tudo o que poderia dela.

– Você é a mulher que me levou para o orfanato! Por quê? - Encarei-lhe, sem dar a chance dela responder. - Como meus pais morreram? Como eles eram? Tenho tantas perguntas!

– Sakura, tome um pouco do chá para se acalmar. Infelizmente não tenho algumas respostas de suas perguntas. – Ela acariciou minha mão com seus dedos. – Tudo o que eu sei, foi que seus pais me escolheram para ser sua madrinha e deste então, guio você mesmo que por pensamentos.

– Você tem poderes e essas coisas? – Abri minha boca e ela gargalhou.

– Quem me dera, sou apenas uma hippie que vive no meio do mato. – Ela deu de ombros. – Guio você com a minha fé, por que acredito que você é uma menina especial. Seus pais também acreditavam nisso.

– Como eles eram? – Sussurrei sem desmanchar meu sorriso.

– Eram incríveis! Fui amiga de Mebuki desde a infância. Achávamos Konoha um lugar muito pequeno para grandes mulheres como nós, e seguimos em rumo ao grupo composto por vários jovens de diversas regiões. Vivíamos em comunidades espalhadas por cidades, éramos hippies, você sabe o que é? – Ela perguntou e eu concordei. Foi aí que ela continuou: - Mebuki era uma mulher muito intensa, e muito brava devo ressaltar. Eu e ela éramos diferentes, por que sempre fui muito comunicativa e ela era um pouco introvertida mas nossa amizade era muito forte. Até que um dia, um rapaz extrovertido e piadista, o oposto de sua mãe, entrou para nossa família e você já sabe de quem deve se tratar. Foi amor à primeira vista, Kizashi colocou os olhos em Mebuki no mesmo momento em que a viu e nunca mais os tirou. Até o ultimo minuto de suas vidas. – Tsunade pausou, senti uma fina lágrima escorrer por meu rosto. Apertei sua mão, dando permissão para continuar. – E eles queriam simbolizar o amor deles com algo mais forte... Dando vida a você. Eu acompanhei de perto a felicidade de ambos, arrisco o dizer que nada faria eles mais completos e felizes do que ter você. Até que uma de nossas amigas que pertencia ao nosso grupo, sentiu uma energia ruim enquanto você ainda vivia no ventre de sua mãe. Ela dizia algo como uma maldição prevista há anos, que Kizashi e Mebuki deveriam se livrar de você, caso tinham intenção de viver.

– E eles não se livraram de mim. – Meu rosto estava banhado de lágrimas, fechei meus olhos assim que abaixei meu rosto. – Eles deviam ter se livrado de mim!

– Você era a felicidade deles, Sakura. Era o amor deles, não poderiam se livrar de você. – Tsunade perdeu seu olhar em algum ponto de sua casa. – Naquele ano, estava ocorrendo uma carnificina em grupos de hippies que continham mulheres grávidas. Homens loucos que sacrificavam gestantes ou crianças do bando por uma crença maldita que no qual não foi meu interesse saber. – Seu semblante carregava raiva. – Vi algumas de minhas colegas queimarem vivas. Mas graças ao bom Deus, conseguimos esconder sua mãe... – Sua expressão se aliviou, abrindo um sorriso. – E você nasceu. Mesmo sabendo que não poderiam ficar com você, te amaram por uma vida! E foi aí que qualificaram a mim, o cargo de cuidar de você. A última lembrança que tenho de seus pais, foi numa noite em que eles me entregaram você dizendo para que cuidasse de você por uma noite. Eu devia... Devia ter percebido. – Nossas mãos ficaram ainda mais entrelaçadas por outro aperto vindo de Tsunade. – Eles se despediram de você, de mim. Como se nunca mais fosse nos ver, e nunca mais iriam. No dia seguinte, quando não tive noticias deles, fui até a pequena cabana onde vocês viviam, e encontrei ambos queimados. Mesmo na morte, eles ficaram juntos... Seu pai abraçava sua mãe tentando impedir ela de sentir dor na morte.

O meu choro se intensificou, Tsunade se calou e se pôs a escutar minha dor. Após alguns minutos, ela se levantou e me abraçou. Retribui meu abraço com todas as minhas forças, me apegando naquela mulher que eu mal conhecia. Ela tentava me acalmar de diversas formas e me peguei pensando se seria assim que minha mãe me acalentaria. Em seguida, Tsunade conseguiu me desprender dela e passou sua mão sobre meu rosto, limpando minhas lágrimas enquanto falava “se acalme, minha criança” o que me fez pensar novamente se seria assim que meu pai me trataria. Tentei me recompor e Tsunade me entregou a xícara de chá em minhas mãos tremulas.

– Beba, você ficará mais calma. Só está um pouco frio. – Ela guiou a xícara até meus lábios e eu bebi alguns goles. – Isso.

Percebi que ela estava apoiada em seus joelhos, logo a minha frente. Ao ver que eu estava mais calma, abriu um sorriso para me passar segurança e acariciou meu joelho. Ela suspirou baixinho e voltou a dizer:

– Só lhe peço perdão por ter te abandonado, ter te entregado a um orfanato. Mas eu não conseguiria... Você era filha da minha irmã, e eu havia acabado de perdê-la. Fui fraca e não cumpri meu papel.

– Não foi sua culpa, não te culpo. E tenho certeza que minha mãe também não te culparia. – Funguei alto, depositando a xícara na mesa. – Só peço que não me deixe sozinha agora, preciso de alguém do meu lado. Alguém que eu possa confiar...

– Agora que te encontrei jamais te deixarei. Tens minha palavra! – Eu levantei da cadeira e ela fez o mesmo, não contive e a abracei.

– Posso voltar quando quiser? – Perguntei.

– Sinta-se a vontade! A casa é humilde, simples mas é sua.

– Obrigada, madrinha. – Abri um sorriso assim como ela, sua mão acariciou novamente meu rosto.

– O caminho é por ali. – Ela apontou. – Deixe seus pés te guiarem, você irá encontrar a saída.

&~&

Adentrei no hotel as pressas, parando ao chegar logo em frente à porta do quarto onde dividia com Karin. Encostei-me na parede e fechei meus olhos, meu coração estava tão apertado e não tinha ideia de como faria isso passar. Mordi meu lábio assim que senti meu nariz formigar e meu rosto esquentar, fiz o que pude pra conter minhas novas lágrimas até conseguir.

Escutei alguns passos até um calor apossar logo ao meu lado. Abri meus olhos e percebi que Karin estava encostada na parede, observando meu rosto. Ela esticou seu braço para entrelaçar nossos dedos num sinal de preocupação.

– Por que seu rosto está tão vermelho? – Ela sussurrou.

– Algo aqui. – Levei minha mão livre até meu peito esquerdo. – Está me apertando muito.

– Foi o Sasuke? – Ela perguntou e eu neguei. – O que foi, Sakura? Não gosto de te ver assim... Vem, vamos entrar no quarto.

Ela me puxou assim que abriu a porta. Deitou-me na minha cama para depois fazer o mesmo que fiz na noite passada, deitar-se ao meu lado. Ela tirou alguns fios do meu cabelo que estavam grudados em minhas lágrimas e assoprava em meu rosto para secar. Quando finalmente parei de chorar de vez, desviei meu olhar para Karin em forma de agradecimento.

– Você... – Mordi meu lábio, respirando fundo em seguida. – Você nunca pensou em como seria seus pais?

Ela elevou seu olhar para a janela do quarto, transformando-os em orbes entristecidos. O silencio prevaleceu por alguns minutos, mas finalmente obtive minha resposta:

– Todo o tempo. Mas o que eu realmente penso é o motivo de me abandonarem.

– Por que pensa isso? – Ainda a observava.

– Se meus próprios pais não me quiseram, quem dirá mais alguém? – Deu de ombros.

– Não fale assim, talvez eles tivessem algum motivo muito sério pra isso. – Suspirei novamente.

– Foi por isso que estava chorando? – Concordei com a cabeça. – Pare de pensar nisso, passado fica no passado.

Karin levantou da cama, esticando o corpo todo. Observei-a sem dizer nenhuma palavra sequer, ela tinha o direito de agir e falar o que quisesse. Como se fosse bobagem, mudou seu humor de forma extraordinária.

– Estava pensando em conversar com Sasuke pra ver se ele topa uma festinha particular. Só eu, você, ele e talvez Suigetsu... Jogar um truco e essas coisas... Um strip poker. – Ela deu uma risadinha. – Claro, com bebidas. O que acha?

– Por mim, tanto faz. – Dei de ombros, virando meu corpo de bruços.

– Quem sabe você anima. – Ela sussurrou. – Bom, vou indo esperar a donzela chegar. Já volto!

Karin saiu do quarto aos pulos e eu continuei do mesmo jeito. Estiquei um dos meus braços pra debaixo do meu travesseiro, tirando a pequena foto dos meus pais que eu deixava ali. Passei a ponta dos meus dedos nos rostos de ambos e sorri. Eu era o amor deles, faria de tudo pra prevalecer e continuar viva! Isso definitivamente seria por eles.

...

Escutei passos firmes junto de gritos eufóricos, abri meus olhos e levantei meu rosto, notando que havia pegado no sono e que estava de noite, por conta da escuridão do quarto. Guardei a foto embaixo do travesseiro, para levantar e sair do quarto. Dei de cara com Sasuke, que estava prestes a abrir a porta do meu quarto; suas sobrancelhas se uniram ao analisar meu rosto que provavelmente estaria inchado, desviei meu olhar ao notar Karin gritando no corredor abraçada com duas garrafas de vodca.

– Ele concordou Sakura! Dá pra acreditar? - Ela me mostrava as garrafas.

– Está tudo bem? – Sua voz rouca foi direcionada a mim.

– Tudo nos conformes. – Disse sem olhar para ele. – Onde será?

– Será no quarto dos garotos, por que não quero bagunça para limparmos depois. Vem, vamos nos arrumar. – Ela passou por mim e por Sasuke.

– Precisamos nos arrumar? Mas nem vamos sair!

– Claro que precisa. É uma festa, mesmo sendo dentro de um quarto.

– Por que seu rosto está inchado? – Sasuke perguntou sério.

– Dormi muito. – Respondi.

– Está mentindo pra mim, Sakura? – Permiti olha-lo, ele estava fixo em mim.

– Volte mais tarde! Temos que nos arrumar. – Karin reapareceu, empurrando levemente Sasuke e fechando a porta na cara dele.

Dei graças a Deus por ter sido salva das perguntas dele, para em seguida entrar na onda de Karin. Permiti que ela tomasse seu banho primeiro, enquanto eu arrumava um simples short jeans com uma regata branca. Karin ao sair do banho – um pouco demorado -, foi minha vez de tirar toda aquela melancolia do corpo. Não demorei muito pois a mesma me apressava a cada cinco segundos, assim que sai, encontrei Karin vestida com um vestidinho de renda branco juntamente de um cinto de couro. Dei um riso baixo, ela precisava ficar bonita até mesmo com uma “festinha” dentro de um quarto. Vesti a roupa que separei e quando fiquei pronta, fomos até o quarto logo a frente.

Ao entrarmos no quarto, as camas estavam bem afastadas, dando um pequeno grande espaço para quatro pessoas se locomoverem. Provavelmente haviam pegado alguns dos bancos da cozinha do hotel, pois tinha algumas espalhadas junto dos pequenos sofás que o hotel fornecia nos quartos. Karin já foi chegando abrindo o pequeno freezer carregado de bebidas alcoólicas. Suigetsu estava montando o rádio de Karin no quarto para finalizar com um som nem muito alto e nem muito baixo, era a primeira vez que o via com roupas informais e cabelos sem gel. Assim que encheu seu copo, Karin foi para o pequeno espaço dançando a música.

– Aumenta isso aí, Suigetsu! Faça-me sentir numa daquelas boates hiper caras! – Ela bebia em goles para depois levantar os braços e continuar a dança.

Sasuke estava sentado num dos sofás com o rosto entediado, quase dormindo ali. Sua expressão mostrava cansaço e uma de suas mãos havia um corpo com metade de conhaque com gelo. Ao perceber que o encarava, virei meu rosto para focar meu olhar em Karin, que estava vindo em minha direção e me puxando para onde estava.

– Não, eu não danço. – Soltei umas risadas nervosas.

– Mas com o Sasuke você dança! Vamos, nem é muito difícil. Mexa a bunda assim. – Ela requebrava, lancei meu olhar para Sasuke que mudou a expressão para uma divertida, até tinha se ajeitado melhor para observar. – Vamos Sakura...

E o som sumiu, assim como a luz. Ficamos em pleno escuro, Karin vaiou assim que um raio cortou o céu, anunciando um temporal e acabando com a sua noite de diversão.

– Eu tentei! – A voz de Sasuke ressoou pelo quarto.

– Não acredito! Que azar do caramba... Suigetsu, cadê você? – Karin bufava.

Eu continuava parada no completo escuro, não conseguia enxergar ninguém então não ousava me mover por que queria evitar tropeçar e cair. Cruzei meus braços ao sentir alguns movimentos próximos a mim e estremeci por completo ao ser envolvida por braços. Mordi meu lábio pra segurar o grito de surpresa quando lábios molhados exploravam a pele do meu pescoço lentamente, o cheiro de Sasuke era conhecido por minhas narinas. Ele me apertava contra ele e sua língua junto dos beijos subiam até minha orelha, onde mordiscava levemente.

– A noite não vai ser arruinada por uma chuvinha e a falta de energia. – Karin dizia enquanto fazia barulho ao vasculhar o lugar ao escuro. – Onde tem velas?

– Não sei se aqui dentro tem velas, senhorita. – Suigetsu disse entediado, fazendo o mesmo.

– Tem algumas dentro da gaveta no banheiro, junto dos isqueiros. – Sasuke indicou, mas sem tirar seus lábios da minha pele.

– Graças a Deus, vá pega-las Suigetsu! – Louise ordenou.

As mãos de Sasuke apertavam minha cintura com certa força, mas sem me machucar. Fiquei atenta ao ouvir a voz de Karin e tentei me desvencilhar de Sasuke, mas ele sugou o lóbulo da minha orelha, me fazendo arrepiar com intensidade e estremecer em seus braços. Mantive meus olhos fechados assim que Karin comemorou por Suigetsu dar a luz ao cômodo e quando dei por mim, Sasuke já havia se afastado de mim. Sua feição não demonstrava nada, e eu permiti entreabrir minha boca pela segunda vez no dia. Passei minhas mãos sobre meus braços, tentando me controlar e entender o que acabou de acontecer.

– Já que nossa noite foi estragada por esse pequeno detalhe, vamos jogar um jogo estilo eu nunca.

– Nossa Louise, quantos anos temos? 15? – Sasuke perguntou com ironia.

– Se não quiser brincar, não brinca. – Deu a língua. – Suigetsu, você está comigo.

– Como quiser, senhorita. – Ele terminava de acender as velas, e espalhar sobre o quarto.

– E você, Sakura?

– Eu... Eu não estou me sentindo muito bem, acho que vou pro meu quarto.

– Ótimo, fico feliz por saber que você e Sasuke vão brincar. – Karin foi a direção ao freezer, pegando duas garrafas de vodca assim como copos.

Eu, Suigetsu e Sasuke nos olhamos e sentamos no chão, onde as velas mais iluminavam. Esperamos Karin colocar as garrafas no centro junto dos copos, para sentar em seguida. Ela serviu os quatro copos com dose de vodca e sorriu ao constatar que todos estávamos com a atenção sobre ela.

– Esse nosso eu nunca será substituído por eu já. Vamos dizer as coisas mais doidas que fizemos, aquele que nunca fez, terá que beber.

– Só inverter o jogo. – Ben revirou os olhos.

– Isso mesmo. - Karin bateu as palmas. – Eu começo! Vai ser bem leve... Eu já fui a um bordel.

Peguei um dos copos e virei. Assim que bebi o liquido, percebi que nenhum dos dois havia virado também, já era de se imaginar. Dei de ombros e a brincadeira prosseguiu:

– Eu já transei em trabalho. – Suigetsu confessou, dando de ombros.

Karin deu um sorrisinho encarando o copo, e eu virei o meu. Notei que nenhum dos outros dois virou o copo e suspirei enquanto enchia meu copo novamente.

– Eu já fiz sexo a três com mais duas mulheres. – Sasuke falou.

Dessa vez, Karin me acompanhou ao virar o copo. Ela bufou assim que engoliu, serviu a mim e a ela mais uma vez. Percebi eles me observarem e agora seria minha vez.

– Eu já... – Olhei os três ali, fazendo uma careta. -...Fiquei com uma amiga. Do mesmo sexo.

Sasuke e Suigetsu olharam para Karin, que olhou pra mim espantada. Quando percebeu os olhares em si, ela tratou de negar.

– Ei, não foi comigo não! – Ela riu e os dois rapazes viraram os copos, sendo cheios novamente em seguida. – Eu já fiz espanhola num dos meus fotógrafos.

Eu, Sasuke e Suigetsu viramos os copos todos juntos, ela abriu um sorriso enquanto enchia os copos novamente. E o jogo seguiu com as piores barbaridades que poderia se contar. Eu era muito desatualizada naquele grupinho, até Suigetsu não era santo! Já pegou a própria tia na cama de seus pais, já Karin confessou como conseguiu a maior parte de seus trabalhos e suas conquistas eram todas sujas. E Sasuke... Era o mais indecente de todos, o que eu prefiro nem comentar.

Chegou o fim do jogo comigo vendo todos embaçados, com o quarto escuro inteiro girando. Karin não estava muito atrás, abraçou Suigetsu e começou a chorar suas pitangas para o rapaz que só a escutava. Fiz menção em levantar e fui me arrastando pra fora daquele quarto tão pequeno, estava me sentindo sufocada. Ao sair, tropecei em meus próprios pés sendo impedida de cair graças ao moreno lindo de Sasuke, que estava logo atrás de mim.

– Meeeeeu herói! – Encostei minhas costas em seu peitoral e envolvi seu pescoço com o meu braço. – Você é tão lindo, sabia? Eu não to legal.

– Sei disso, vou te levar para descansar. – Ele começou a me arrastar para o quarto a frente.

– Você é muito gostoso, tenho tesão por você. – Soltei um riso alto. – Já sei, por que você não trepa comigo aqui?

Entramos no quarto, estava rodando novamente e piorava com a escuridão, me dando a sensação claustrofica. Senti a cama nas minhas costas e abri minhas pernas assim como meus braços.

– Sakura, você não está no juízo perfeito. – Sua voz continha um riso reprimido.

– É por que eu sou virgem, né? E nem um pouco experiente. Posso virar uma safada por você. – Balançava meus braços até sentir a camisa dele enrolar nos meus dedos, puxei seu corpo para cima do meu.

– Ok, mas pode ser depois? Agora você tem que descansar.

– Quero ter um filho seu. – Senti algumas lágrimas escorrerem por meu rosto. – Pra simbolizar o meu amor por você. Mas você não me quer, né?

– Sakura, shhhh...

– Por que você não me quer? – Parei de me mexer, deixando o cansaço tomar meu corpo. – Eu te quero tanto, vem aqui comigo. Por que você não me quer agora? – Fui fechando meus olhos.

– Porque eu te quero sóbria pra dizer que me ama.

E a escuridão me pegou por completo, esquecendo de quem se tratava ali no momento.


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Notas finais do capítulo

Bindi: Jóia usada no centro da testa.



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