Midnight Dreamers escrita por Aimée Uchiha


Capítulo 10
Capítulo 10




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Noite passada foi um completo desastre - E isso não é nenhuma novidade. Depois que Karin foi embora, não a encontrei mais. Sasuke me trouxe para o apartamento e não trocamos nenhuma palavra durante o trajeto. Acordei cedo – na verdade, mal preguei os olhos – e fiquei a espera de Karin, mas nada dela sair do seu quarto.

Durante essas horas que se passaram (julgo-se duas ou mais), retomei a fazer minha mala caso algo mudasse de ordem. Logo depois, sem coragem de ir até o quarto de Karin, sentei-me no sofá. Tirei o frasco de remédio do meu bolso, levando alguns comprimidos até meus lábios agarrando a ideia de que fará efeito sobre meu nervosismo.

Afundei meu corpo no sofá, fechando meus olhos. Como foi que tudo isso chegou até esse ponto? Karin estava sendo injusta comigo; eu também era apaixonada por Sasuke! Sempre fui assim como ela. Além disso, tinha que vê-lo aos beijos com ela, abri mão do meu amor para deixar o caminho dela livre para ser feliz... Se bem que ela não sabia dos meus sentimentos por Sasuke, mas e se soubesse? Faria o mesmo por mim?

Bufei alto para soltar toda minha angustia de uma vez só, senti uma brisa leve bater em meu rosto e estranhei, já que não me lembrava de haver alguma janela na sala; abri meus olhos e assustei com que me deparei: estava em pé em meio de uma floresta com árvores secas, a terra voava livremente sujando minhas pernas desnudas. Olhei para cima, encontrando o céu inteiramente dominado por fumaças, e alguns corvos e urubus surgiam em meio delas; algo logo atrás de mim, algo estava quente e esse mormaço queimava minhas costas. Ao virar, tive que estreitar meus olhos para ter certeza do que estava vendo.

Era uma cruz enorme, feita de madeira com algo ou alguém presa nela. As chamas negras já estavam possuindo a maior parte daquilo, cobri meus lábios horrorizada com a visão. Dei alguns passos até bater em algo duro, não ousei a olhar no que estava logo atrás de mim, já que a respiração batia fortemente no meu cabelo. Estremeci de medo ao ouvir um: “não se meta no meu caminho, apenas obedeça.”, mas antes que eu tomasse qualquer reação, algo me chamou atenção.

Abri meus olhos com força ao encarar Karin com os braços cruzados, me chamando pelo nome. Levei minhas mãos até meu rosto, desacreditada no que acabara de acontecer.

– Aconteceu algo? – Ela disse.

– Apenas um mal estar. – Disse abafado, ainda com as mãos tampando meu rosto.

– Sakura, nós precisamos conversar. – Ela se sentou do meu lado. – Eu fui rude com você noite passada. – Tirei minhas mãos do rosto para observá-la. – Mas somos apaixonadas por um mesmo homem, o que nos torna rivais por natureza. Não estou disposta a abrir mão dele, apesar de tudo.

– Não se preocupe, não irei ficar no seu caminho e atrapalhar vocês dois.

– Realmente, você não é um problema pra mim. – Ela pronunciou a frase com magoa. – O problema é ele perceber que eu sou o que ele quer.

– Como assim? – Uni minhas sobrancelhas.

– Por Deus, Sakura. Pensei que você estava se fazendo de bobinha. – Revirou os olhos. – Sasuke sempre foi louco por você.

– Você está delirando! – Exaltei-me. – Sempre fomos bons amigos, nunca houve nada a mais.

– Ainda não entendi o motivo pelo qual Sasuke se relacionou comigo, deve ser por beleza por que convenhamos, sou bem melhor que você. – Karin agora dizia com desprezo.

– Você está me ofendendo.

– Olha que nem comecei a te nomear, por que amigas de verdade não roubam namorados das outras!

– Karin. – Levantei-me com exatidão. – Você mesma acabou de dizer que Sasuke foi ou é louco por mim, então não me culpe porque não tentei roubar ninguém de ninguém.

– Mas se insinua pra ele!

– Não pode ser. – Soltei um riso irônico. – Você é paranóica.

– Olha aqui. – Olhei-a. – Eu até perdôo você, finjo que nada disso aconteceu e voltamos a ser amigas como antes, mas se afaste de Sasuke. Não retribua nenhum charme dele. – Me olhou com desespero. – Eu preciso dele.

– Você não precisa dele. Precisa de alguém pra se sentir completa. – Sussurrei. – Se ame mais, Karin.

Saí da sala e fui em direção ao meu quarto, encontrando Sasuke encostado numa das paredes do corredor, vestido impecavelmente com o terno da noite passada. Provavelmente teria ouvido toda a conversa, por dentro estremeci com a ideia mas mal dei importância, sem parar meu percurso e passando por ele.

Adentrei no meu quarto, sentando-me na cama. O que eu faria agora? Mal viajamos e tudo estava dando errado, minha vontade de saber o que estava acontecido havia diminuído e iria optar pela morte lenta. Se algo estiver atrás de mim, que venha. Não iria fugir, porém não ficaria nem mais um minuto nessa casa.

Olhei minhas malas, incerta se deveria tomar realmente essa decisão; ao levantar da cama, pronta para pega-las e sair o mais rápido dali, escuto algumas batidas na minha porta. Não respondo mas ela abre assim mesmo, revelando Sasuke entrando sem pedir permissão.

Ele pareceu entender minha intenção e chutou minhas malas para debaixo da cama; ajeitou a gravata em seu pescoço, ele fazia uma expressão de desgosto enquanto mexia nela. Levantei da cama, sentindo meu corpo vibrar por ansiedade, que nem eu mesma entendia o porquê.

– Não é de meu feitio escutar conversas alheias, mas aconteceu. – Ele me explicou. – Entendeu por que preciso cuidar de Karin?

– Você não está cuidando dela, está iludindo. – Pausei. – Seja como for, seja quem você goste ou deixe de gostar, você não a ama. Não da mesma forma que ela. Lembra? Você já me disse isso uma vez.

– Sim, lembro-me. Acha que não me sinto um canalha por isso? Como eu gostaria de mudar tantas coisas, Sakura. Mas simplesmente não posso.

– Ué, você não é o dono do mundo? – Ri em ironia. – Não devemos deixar as coisas sempre com você? Você nunca resolve o problema?

– Estou farto de discussões! – Ele estourou. - Quero ficar bem com você.

Sua voz era sincera, seu olhar era intenso. Ao se aproximar de mim, ousou erguer uma de seus braços e acariciar meu rosto com o dorso de sua mão. Fechei meus olhos para sentir seu toque. Conforme fui relaxando, ele foi descendo sua mão. Seu toque desceu para o meu pescoço, escorregando para o meu ombro e terminando por passar pelo meu braço, arrepiei com o contato. A mão de Sasuke parou ao segurar meu pulso com força, abri meus olhos e novamente naquele mesmo dia, assustei-me.

Estava em um local com paredes escuras, iluminada apenas por uma lâmpada amarela. Era como um armazém, cheio de estantes enormes e enfileirada de papeis. Logo a minha frente, estava Sasuke; seu olhar estava fixo a mim como se esperasse alguma reação minha. Seus dedos estavam apertando meu pulso e desviei meu olhar até o ponto onde me incomodava. Havia sangue, muito sangue em suas mãos e estava sujando meu pulso, pelo choque, puxei meu braço de suas mãos e voltei a encará-lo.

Sasuke notou suas mãos, abrindo-as para observar o vermelho entre os dedos. Seu olhar estava desacreditado no que via, expressava um medo que jamais vi. Levou seus dedos até próximo ao rosto, cheirando-os com os olhos fechados. Logo tocou sua própria bochecha, manchando seu rosto com aquele sangue para em seguida, sujar seus lábios. Ele agia automaticamente, como se fosse obrigado a fazer aquilo; como se fizesse parte de algum ritual. Suas mãos tremiam levemente, deu alguns passos para trás com um sorriso forçado.

– Sasuke? – Sussurrei. – O que está acontecendo?

– Procurando pela miséria, mas ela me encontrou.

A partir daí, tudo foi tão rápido que não captei. Houve um estrondo alto, e o peito de Sasuke fora perfurado por algo. Soltei um grito com todas as minhas forças e meu rosto inundado por lágrimas. Eu tentava ir até ele, mas minhas pernas estavam travadas ali enquanto assistia Sasuke cair de joelhos no chão, com sangue jorrando.

Meus gritos estavam ecoando por todo aquele lugar, gritava por Sasuke. Minhas vistas foram embaçadas por minhas lágrimas e senti meu corpo ser envolvido por braços. Chorava copiosamente, até escutar uma voz para me trazer a realidade.

– Calma Sakura, estou aqui! Eu estou aqui. – Era Sasuke.

– Eu vi! Eu vi você morrer Sasuke. Oh meu Deus, você está vivo. – Envolvia seu corpo com os meus braços, escondendo meu rosto no seu peito.

– Está tudo bem, eu estou aqui. Não morri, estou aqui.

– Que gritaria é essa? – Karin surgiu em meu quarto, parando ao ver a cena.

– Um tiro. Acertaram um tiro em você. – Dizia sem me importar.

– Que tiro? Como assim? – Karin perguntava preocupada.

– Sakura. – Ele me soltou para segurar meu rosto. – Olha pra mim, se acalma. – E tirava meu cabelo do meu rosto, que havia grudado junto as lágrimas. – Karin, traga um copo d’água para ela.

Karin obedeceu às ordens de Sasuke, saindo imediatamente do quarto. Sasuke segurava meu rosto, pressionando minhas bochechas em suas palmas. Eu continuava a chorar, ainda com a imagem de um Sasuke baleado junto de uma Karin sangrenta. Por que isso estava acontecendo comigo?

– Por favor, se acalma. – Sasuke repetia, seu olhar era preocupado e carinhoso. – Não vou deixar nada me acontecer, nada. Preciso te proteger.

– Eu preciso te proteger. – Imitei. – Nada pode te acontecer. – Subi minhas mãos até seu rosto, segurando-o também. – Eu te amo. Eu te amo tanto.

Ele pareceu surpreso com a minha declaração, mas eu não me importava. Eu o amava mesmo, desde sempre. Guardava isso comigo e precisava colocar pra fora, dizer de alguma maneira para Sasuke. Esperava que ele fugisse como fez diversas vezes, mas nada disso aconteceu. Voltou a me envolver em seu peito, acalentando meu rosto.

Ficamos assim até eu me acalmar, em meio tempo disso, Karin reapareceu no quarto para colocar a água em uma das estantes, sabia que Sasuke havia dito algo com o olhar para Karin. Pois ela nada disse, saiu do quarto e ainda fechou a porta. Fechei meus olhos para as lágrimas restantes descerem por meu rosto mas por fim, estava calma. Afastei meu rosto para poder observar Sasuke, ele havia me dado um dos seus melhores sorrisos de lado. Não pude deixar de corresponder.

– Obrigada Sasuke. – Ele nada disse, apenas acenou com a cabeça. – Eu preciso de você aqui. Não vá embora nunca mais.

– Não posso ir, mesmo se eu quisesse. – Ele dizia mas para si mesmo.

– E por que não? – Disse preocupada; ele pegou uma das minhas mãos e pousou em seu peito esquerdo.

– Está sentindo algo? – Eu confirmei. – Lembro que ele batia assim quando te vi pela primeira vez. – Ele manteve o sorriso.

Sorri com a resposta, ouvir isso por ele era uma sensação única, por que já sabia que ele nunca repetiria. Envolvi o pescoço de Sasuke com os meus braços, encostando minha testa na dele. Vê-lo tão de perto me dava segurança, seu olhar expressava tudo àquilo que ele havia dito. Ele sempre fora tão inalcançável para mim mas nesse momento, sabia que ele estava entregue a mim.

Fechei meus olhos assim que sua mão dominou minha nuca, e seus lábios se apertaram contra os meus. Nosso terceiro beijo equivaleu como se fosse o primeiro; houve amor. Houve paixão, houve desejo. Não foi desesperado, nem forçado e muito menos magoado. Sasuke estava me tratando como se eu fosse algo precioso, e eu queria transmitir o mesmo com os meus lábios.

Não precisou de palavras, como as minhas, mas aquele momento era como se ele dissesse um “eu te amo” da forma mais bonita, mais pura. E apesar dos meus medos, das minhas desconfianças, Sasuke jamais seria capaz de algo contra mim. Por que ele me amava, do jeito dele.

&~&

Resolvemos partir naquela mesma tarde. Sasuke e eu voltamos à realidade, ao nosso dever. Iríamos em um carro, e Karin decidiu que levaria Suigetsu. Claro que Sasuke tentou convencer ela que seria arriscado demais leva-lo, mas já havia tomado sua decisão e Sasuke se irritou prontamente.

Durante o caminho, houve o silencio. Karin estava emburrada no banco detrás com Suigetsu, que não abrira a boca até então. Logo a frente, estava eu no banco do passageiro e Sasuke com as mãos firmes no volante e o olhar preso na estrada. Konoha era uma cidade afastada da capital e levaria algumas horas até chegar lá. Afundei meu corpo no banco, deixando a sensação de medo domar-me.

Nunca cogitei a ideia de voltar para aquele lugar, mas enfrentaria esse terror, com os meus dois melhores amigos. Observei dezenas de árvores passarem rapidamente pelo vidro do carro, tentando acalmar meu coração acelerado. Karin choramingava logo atrás, e Sasuke de hora em hora olhava-a pelo retrovisor. Escutava Suigetsu consola-la, dizendo que a viagem seria breve e que não teria nada para a sua senhorita ficar nervosa.

Aos poucos, Karin se acalmou e o carro voltou a ter seu silencio inicial. E assim, me entreguei cansaço ali mesmo enquanto observava a estrada nos engolindo em meio de tanta mata. Voltaria para o lugar onde tudo começou, voltaria para o lugar que me queria.

Parecia que havia acabado de adormecer quando Sasuke me cutucou avisando que já tínhamos chegado. Espantei em imediato, olhando ao redor para ver se tinha algo errado mas ao constatar que tudo estava normal, relaxei. Karin já estava fora do carro com Suigetsu carregando suas malas. Era uma vila normal, com casinhas amontoadas e pessoas trabalhadoras. Konoha, por mais que seja esquecida, tinha suas belezas.

– Faz um tempo que não pisava aqui. – Sasuke comentou. – Voltei inúmeras vezes atrás de você.

– Você me procurou por aqui? – Sorri, ele concordou. – Chegou a ir novamente para o orfanato?

– Não. Nunca tive coragem em pisar lá novamente. – Sua expressão se fechou e eu me arrependi de ter tocado naquele assunto. – Vem, vamos colocar as malas no hotel.

Sasuke indicou com a cabeça, o pequeno hotel logo a frente do carro. Ele saiu para pegar algumas malas para entrar no hotel acompanhado de Karin e Suigetsu, enquanto eu me esticava. Nada monstruoso, nada que me assustaria. Suspirei e em seguida, sai do carro. O sol estava se pondo, a viagem foi longa... Encostei-me no carro e observava aquelas pessoas passando pela rua. Elas me encaravam de volta, com um olhar questionador. Parecia que todos ali se conheciam, e quando aparecia alguém novo na cidade, não era muito bem recebido.

O fluxo de pessoas estava intenso, elas andavam de um lado para o outro. Perdidas entre si, pessoas normais tendo seus dias normais. Mas algo chamou minha atenção, logo ao fundo, entre algumas árvores estava um homem me observando. Seu olhar era fixo em mim, tinha longos cabelos negros assim como seus olhos. Sua aparência me lembrava muito o de Sasuke, e em sua mão havia um pedaço de papel. Ele esticou sua mão e desviava seu olhar de mim para o papel, constatando algo que queria. Abriu um sorriso e sumiu entre as árvores, alcançando a mata.

Entrei novamente pra dentro do carro, porém no lado do motorista e tudo o que fiz, foi pegar o telefone e discar para o número de Naruto. Não soube o porquê de ter feito isso, já que Sasuke estava metros perto de mim. Olhava amedrontada para a mata, entre as árvores ao esperar Naruto atender.

Alô? – Sua voz era preguiçosa.

– Naruto, tem alguém atrás de mim. – Soltei.

Sakura? – Sua voz mudou para uma agitada. - Onde é que você está?

– Estou em Konoha, tem um cara atrás de mim. Ele tinha um papel e estava comparando comigo! Ou algo do tipo.

Como assim comparando contigo? Como ele era? Vou ligar para a policia.

– Não, eu não quero meter a policia nisso. Ele era alto com cabelos negros, eu acho. – Balancei minha cabeça. – Ele sumiu.

Você está onde agora? – Sua voz apresentava preocupação.

– Dentro do carro, na rua.

Entre pra dentro de alguma casa, quer que eu vá pra Konoha?

– Não Naruto, quer dizer, não precisa. Eu estou com uns parentes aqui.

Não quer chamar a policia? Eu posso fazer isso.

Obrigada, mas não será necessário. Eu entrei em pânico por isso te liguei. Isso até parece loucura.Bufei, passando minha mão por meu rosto. – Posso ter me confundido.

Qualquer coisa, me ligue! Não hesite, pego um carro e corro pra aí! – Ele dizia, agradeci e desliguei.

Guardei o celular e um outro barulho ressoou no carro, virei meu rosto para a janela ao meu lado, assustando-me ao encontrar Karin encostada sobre o vidro com uma expressão curiosa no rosto. Relaxei meus ombros esperando ela se afastar para poder abrir a porta do carro e sair.

– Como pedido de desculpas, eu arrumei seu quarto. – Karin disse.

– Não precisava.

– Olha Sakura, eu pensei bastante no que você me disse e você tem razão! Devo me amar mais, devo me dar valor e peço desculpas pelo modo como falei com você. – Ela pegou em minhas mãos. – Eu devo sofrer de alguma doença, como é que chamam? Bipo alguma coisa, deve ser. – Deu de ombros. – Mas você é minha amiga, minha única amiga e não quero te perder.

– Nem eu quero te perder! Nunca. Você foi o que eu mais procurei minha vida toda. – Envolvi Karin num abraço apertado. – Quero lutar por você.

– Eu também. – Ela retribuiu ao abraço. – Sasuke fica em segundo plano, não vou forçar nada. – Ela se afastou de mim e pareceu pensar.

– Tudo bem. – Eu disse, ela deu um sorriso e retribui.

– E eu queria falar outra coisa...

– Vocês duas, já pra dentro. – Sasuke interrompeu Karin ao aparecer na entrada do hotel.

Obedecemos no mesmo instante, mas antes dei uma olhada para trás encontrando o mesmo fluxo de pessoas, porém nada demais entre as arvores. Respirei aliviada e peguei a chave do meu quarto que Sasuke me entregou. Subi poucas escadas até encontrar uma porta marfim com o número 14 estampado. Abri a porta, encontrando duas camas de solteiro arrumadas impecavelmente. Karin entrou em seguida, me encarando sem graça e retribui.

– Vamos dividir o quarto, espero que não se importe.

– Dividíamos tudo. – Sentei sobre a cama. – Isso foi uma das coisas que mais senti falta.

– Eu também. – Ela fechou a porta e se encostou à mesma. – Sakura, o que são esses seus surtos? – Ela foi direta.

– Não... Eu não sei. – Encolhi meus ombros. – Apenas acontece.

Ela respirou fundo e lentamente se desencostou da porta, se dirigindo até sua cama. Jogou-se sobre o colchão de costas, com os olhos fechados. Ela mordia seu lábio inferior, indecisa sobre algo.

– Tinha fogo. Muito fogo. A fumaça entrou em meu nariz, em minha boca e meus olhos... Não conseguia respirar, nem gritar, nem olhar nada ao meu redor. – Karin se encolheu enquanto dizia. – Sentia meu corpo inteiro queimar. Achei que iria morrer e eu ia. – Ela abriu os olhos para me encarar. – Mas aquela casa me puxou! Não me pergunte como por que nem eu sei. Arrastou-me pra longe daquele fogo, e a partir daí, apaguei. Quando acordei, estava num leito hospitalar sem nenhuma queimadura. – Novamente mordeu seu lábio ao pensar.

– Sinto muito, Karin. – Estava horrorizada pelo depoimento. – Mas... Certeza que foi a casa? Não foi alguém?

– E quem seria Sakura? Nós vimos todos morrerem. – Deu de ombros. – Enquanto eu estava no hospital, via uma mulher ruiva chorar no meu leito. Mas nunca a vi. Parecia muito comigo hoje em dia.

Levantei-me e fui até a cama de Karin para me sentar novamente ao seu lado. Segurei uma de suas mãos e apertei com toda a força que eu tinha, queria mostrar que estava ali junto com ela e que passaríamos por isso juntas.

– Não vou deixar nada te acontecer novamente, nem que eu tenha que dar minha vida por isso. – Ela arregalou os olhos e eu me mantive firme. – Sasuke está aqui para nos proteger, como sempre fez. Só vamos confiar, tudo bem?

Ela me observava com os olhos levemente molhados, ela abriu um sorriso tímido e correspondeu ao aperto na minha mão. Concordou com a cabeça e balançávamos as mãos em sinal de acordo. Estávamos juntas e iríamos passar por isso ainda mais unidas.


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Notas finais do capítulo

Espero tds no próximo!



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