O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 36
A Melhor Irmã Mais Velha e o Maluco Por Doces


Notas iniciais do capítulo

Já que eu nunca falo muito do Júnior na fic, eu fiz um capítulo em que ele participa mais, e não, dessa vaz ele não está vestido de garota, nem dançando PONPONPON fofamente... Momento fraternal entre Mei e o irmão mais novo...



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Domingo/18 de Maio

Isso é a coisa mais ridícula que eu já fiz!

Dennis me beijou ontem, e daí? Ficamos a tarde toda fazendo isso, e daí? Depois minha mãe ligou e eu fui pra casa, e daí? Ela brigou comigo porque vesti a pior roupa que eu tinha, e daí?

E daí, que nessa correria esqueci de perguntar a Dennis o porquê dele ter feito contato labial comigo se “ele não gosta de mim como eu gosto dele”. Que guri horrível!

E uma coisa ruim foi crescendo dentro de mim, e não foi o almoço, embora tenha sido terrível ver minha irmã dar uma de chef e queimar o feijão.

E o que eu fiz? Chorei a noite toda e acordei com os olhos inchados? Nunca! Minha pele é muito perfeita pra eu fazer isso. Tá, momento patricinha, off.

Então o quê?

Eu simplesmente fiz um mini-Dennis. Sim, fiz um boneco Dennis e espetei ele com vários alfinetes, mordi e joguei privada abaixo. Claro que depois meu pai descobriu que a privada do banheiro principal entupiu e quando descobriu o motivo veio perguntar por que joguei macumba no filho do sócio dele.

Minha vidinha era melhor quando eu morava na casa da Beatrice.

Por que todos dessa família têm que ser estranhos?

Agora, meu domingo se resume em: Cuidar de uma peste.

Meus pais saíram, meu pai tem uma reunião de última hora pra falar do lançamento de um novo jogo de computador. Minha mãe foi fofocar no salão. Beatrice não mora aqui, então não vale, Lukas foi pro seu trabalho de meio-período e logo depois vai ao seu curso maravilhoso de... o que meu irmão faz na faculdade?

Resumindo, a responsabilidade de “tomar conta” do Júnior é minha hoje.

Estamos nos encarando há dez minutos, até que eu ligo a TV e tudo volta ao normal.

Então eu levanto e vou colocar meu almoço num prato antes que eu morra de fome.

– Tá olhando o quê? – digo. Júnior tá me encarando há tempos, nem tocou na comida ainda.

– Você saiu com o Dennis ontem, né? – ele pergunta, sério.

– Não. – coloco a colher com arroz branco na boca. Sim, tudo que minha mãe deixou pro almoço foi uma panela com arroz branco e alguns pedaços de galinha frita.

– Sabe, não é só você que está passando por mudanças... – ele fala de um jeito que eu não sei se corro desesperada de medo ou rolo no chão de tanto rir. – Eu estou passando por isso também.

– Ah, sério? Parabéns... – falo, rezando para que ele não me atormente mais com isso.

– Sério! Estou passando pela puberdade, finalmente!

Aí eu paro.

– Jura? – não consigo resistir e solto minha melhor risada, que parece um pouco com uma foca tentando falar francês.

– Para de rir, sua mocréia desgovernada!

– Como eu posso parar de rir, se a puberdade chegou pro meu irmãozinho caçula? – eu me torço no chão de tanto rir, sério, daqui a pouco o Júnior pega o telefone e liga pro exorcista mais próximo. – Não temos mais crianças nessa casa!

Ele bufa e revira os olhos. Ele começou com isso. Agora aguenta!

– Espera, Júnior! – eu falo e ele volta. – Quer dizer que você não vai mais dançar PONPONPON vestido de garotinha?

Ele bufa de novo. Ah, eu sou uma ótima irmã mais velha.

– Pode me emprestar a sua peruca, meu cabelo tá horrível!

Isso mesmo. Uma irmã mais velha excelente. Se fizermos um concurso de quem é a melhor irmã mais velha, aposto que eu ganharia. Só precisaria subornar Lukas pra ele dar um depoimento horrível sobre a Beatrice. E então, eu ganharia o troféu. Ou não.

– Bom, podemos dizer que a puberdade chegou pra mim mais cedo do que pra você... – ele murmura, sorrindo, finalmente tocando na comida.

– Como assim? O que quer dizer com isso?

– Bom, você tem quase quinze anos e, além de ser mais baixa que eu, não tem peitos... – ele morde a galinha frita... Ah, como eu quero que essa galinha vire um pedaço de bosta. – A Bea com certeza é uma ótima irmã mais velha.

– Eu quero te estrangular, moleque.

– Espera, você lembra daquela vez? – ele fala, me interrompendo.

– Que vez?

– Que a gente ficou trancado no quarto da vovó que fedia a fumo e sabão de aroeira.

– Lembro... – começo a lembrar.

Estava de tarde, eu tinha oito anos e Júnior tinha acabado de completar seis, fomos almoçar na casa nova da minha vó e depois fomos explorar. Quando estávamos mexendo nas coisas de maquiagem dela a porta de madeira de fechou e ficamos no quarto até anoitecer porque todos tinham saído.

Tivemos que nos virar pra passar o tempo.

– Você começou a chorar como uma garotinha! – começo a rir.

– Eu tinha seis anos! – ele se defende.

– Bom, não importa, ainda sei várias coisas sobre você... que ninguém nunca saberá... – pisco. – Tô falando da dancinha fofa.

Ele levanta uma sobrancelha.

– Tudo bem, a puberdade pode estar chegando na sua vidinha, mas lembre-se, se for arrumar uma namoradinha, se eu não gostar dela, eu vou fazer da vida dela um inferno...

– Deixa de ser ranzinza, posso espalhar pra todo mundo que você bebe leite quente toda noite na esperança de crescer!

– Eu ainda lembro que você tem medo de papagaios... – pisco de novo e subo as escadas com um sorriso maligno no rosto. Deixando meu irmãozinho Fabrício Júnior apavorado.

É meu dever como irmã mais velha, fazer isso.

Ah, sobre o medo de papagaios do Júnior? Não tem muita importância agora, preciso falar de outra coisa que está me pirando a cabeça.

Tipo, Dennis disse que não gosta de mim do jeito que eu disse gostar dele. Mas mesmo assim continua fazendo contato labial... Então... Bom, passei bastante tempo pensando nisso e agora posso quase ter certeza.

Será que ele pensa que eu gosto dele como amigo?

Sabe, ele não é muito inteligente quando se trata da vida dele e da dos outros.

Então, eu só preciso mostrar que não gosto dele só como amigo, certo?

Ou posso apenas ignorá-lo e levar um vida normal até envelhecer, apodrecer e morrer.

Isso, essa segunda opção é ótima.

Segunda-Feira/19 de Maio

Sinto que posso tudo. Acordei maravilhosa, divônica, e quero mostrar minha beleza ao mundo.

Tanto que, depois de vestir o uniforme da escola, prendi minha juba numa trança bonitinha... Pronta para divar.

– Anna Mei, acorde! – ah, doce mãe, pensa que eu ainda estou dormindo... Mal sabe ela que estou de pé desde as cinco e quinze da manhã.

Abro a porta e sinto o vento no rosto, ponho óculos escuros e vou andando divamente carregando a mochila por uma alça só, mas no primeiro passo tropeço no cadarço do tênis e caio.

– Por favor, Anna Mei! Não vá sangrar no meu chão! – mães se preocupam de verdade com seus filhos, né?

Como alguma coisa e vou pra escola chutando pedras, e topando nelas. Até perceber que tem um caminhão de mudanças na casa do Seu Adolfo.

Ele vai se mudar?

Bom, eu tenho minhas fontes, depois posso consultá-las.

*

Pelo que escutei de umas velhas fofoqueiras a caminho da escola, o Seu Adolfo comprou uma casa na praia e vai morar lá com a Dona Ramona, eles vão se casar em frente à casa, no pôr do sol.

Isso é lindo. Se eu me casar, vai ter que ser assim também... Todo mundo na praia, com os cabelos na cara fazendo cara de bode, me parabenizando... Agora só falta o marido.

Mas, vamos lá, Dennis está dormindo. Sim, quando cheguei aqui ele estava dormindo, e agora, já no intervalo, ainda está dormindo. Minha vontade foi de tacar o caderno nele pra ele acordar (se ele não souber o conteúdo, como vai me dar as respostas na prova?), mas ele estava tão... fofinho, dormindo.

Dormindo. Porque acordado ele é um demônio.

Aliás, Hanna não veio pra aula, Ellie foi quem mais gostou disso, por alguma razão, Mandy está super esforçada pra conseguir notas legais, ela diz que é péssima em geografia, e é verdade, bem, pelo que me disseram.

Já eu... eu não estudo porque sou retardada mesmo, tem muita coisa na minha cabecinha pra eu conseguir me concentrar.

– Sabe que daqui a pouco tem prova, né? – Mandy fala, num intervalo que ela para de escrever pra respirar.

– Prova? Hoje? De quê?

– Geografia e química... – Ellie responde, já que o intervalo da Mandy tinha acabado.

– Meu senhor! – quase arranco a trança. Preciso estudar química... eu não sei de nada! E geografia também! Espanhol também!

Olho pra Dennis dormindo tranquilamente.

– Acorda! – eu bato na cabeça dele e ele pula.

– O que é?

– Me ensine! Geografia e química! Me ensina agora! – grito desesperada, jogando os livros e minhas canetas nele.

– Não estudou, certo?

– Não estudei, ainda! Me ensina isso logo!

Foi só o tempo dele conseguir coçar os olhos e se endireitar na cadeira. O sinal toca. O intervalo acaba.

– O que eu faço agora?! – murmuro. – Tudo isso é culpa sua! – aponto pra ele que fica com a maior cara de mané.

– O que eu fiz?

– Você... – penso bem... Será que quero mesmo gritar que Dennis me beijou para a classe inteira ouvir?

Não, não quero. Finalmente o bom senso está me acompanhando.

– Me mostre o básico do conteúdo... Vou tentar memorizar... – falo, finalmente.

Consigo memorizar uns três assuntos de geografia, e memorizei algumas fórmulas de química, além do conceito, agora o que me resta é esperar a professora parar de falar e entregar logo as provas.

*

– Por favor, faça isso, faça isso, faça isso! – começo a pular e me agarro no braço dele.

– O que você quer? – ele tenta se desvencilhar.

– Eu já repeti três vezes! Me ajude a revisar para as provas! – falo e ele olha pra mim, faço um bico.

– Não faça essa cara, parece que sua boca está inchada – sensível? Estamos falando de Dennis Sakai, meus queridos amigos.

– Vai me ajudar ou não...? – desgrudo do braço dele, já que ser pidona não deu certo vou tentar outra coisa... – se não puder posso chamar outra pessoa.

Isso mesmo, o método: “não tô nem aí se você não quiser me ajudar, tem muitas pessoas que querem, humf!”

– Apareço na sua casa às duas, deixe os livros de Física e Matemática prontos – ele fala, com a cara mais séria do mundo. – E... alguns doces, tá legal?

– Duas horas, livros e doces... Tá legal... – anoto tudo mentalmente.

Espera... doces? Dennis está frio e sério... e quer doces.

E nos dias passados ele estava amigável, radiante e estava comendo doces...

Eu já sei o que pode me ajudar...


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Notas finais do capítulo

Uma dúvidazinha... Eu faço especial de natal ou continuo postando os capítulos da sequencia?
Vocês decidem! Até o próximo!



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