Cap. 13 – Pensamentos, Weasley, surto e visita inesperada.

Hermione já havia sido liberada do hospital sua cirurgia fora delicada, mas sua recuperação havia sido eficiente, mas Draco ainda estava internado. Os seus ferimentos ainda precisavam ser avaliados. Ela ia vê-lo todos os dias depois das aulas, conversavam por horas e horas. Em uma dessas conversas eles decidiram não pensar muito no assunto “anjos” até que Draco saísse do hospital.

Voltando de sua visita para Draco, Hermione resolveu ir para o jardim do condomínio da sua tia, desde a primeira vez que havia ido lá aquele lugar passou a ser o seu lugar favorito no mundo.

Ela sentou-se em um banco e ficou ali, inspirando aquele aroma delicioso das flores. Hermione começou a pensar em sua vida e tudo o que tinha acontecido até ali. Seus pais mortos, ela vindo morar com uma tia que não via fazia anos, escola nova, amigos novos... E como se não bastasse ainda tinham os anjos. Tudo mudou tão rápido.

E o mais estranho era que ela se sentia completamente envolvida com um cara que ela nunca vira antes. Draco Malfoy. Esse nome vinha ecoando em sua mente desde o dia em que ela o viu pela primeira vez. Sorriso perfeito. Olhos perfeitos. Cabelos perfeitos. Aparência perfeita. Mas e o que existia dentro? Era isso que causava medo e às vezes repulsa em Hermione. Para ela, Draco não passava de um garoto mimado sem nenhum limite. Ele era metido demais.

A garota encontrava-se concentrada em seus pensamentos quando um garoto de cabelos ruivos entrou em seu campo de visão.

— Hermione? O que você está fazendo aqui? - o ruivo perguntou.

— Fred, quero dizer Jorge, ou... Fred ou Jorge em? - a morena perguntou sem jeito.

— Fred. - ele disse rindo - Não me confunda com o Jorge, eu sou mais bonito que ele, sabe?

— Vocês são idênticos, sério. - Hermione disse rindo.

— Mais Hermione - Fred disse colocando a mão no peito e sentando-se ao lado dela - assim você me ofende e muito sabia?

— Por quê? Vocês são lindos, ambos.

— Então quer dizer que você me acha lindo? - ele disse sorrindo sedutor.

Hermione corou fortemente.

— Não fica com vergonha, eu estava só brincando, Mione.

— Ah. Tudo bem. - ela disse rindo sem graça.

— Então, como vai indo as coisas? O Tomas me falou do seu acidente.

— É, foi uma loucura. Mas já estou bem. Só estou sentindo uma dor nas costas, mas a médica disse que é normal por causa da queda.

— E como foi isso? Você escorregou?

— Não sei direito - ela disse mordendo o lábio inferior - Acho que sou sonâmbula.

— Acho sexy isso.

— O que? - a morena disse vermelha.

— Essa mordida no lábio inferior - ele riu - Vem, vou te levar pra casa, sua cara está me dizendo que eu estou lhe deixando sem jeito.

— Você é sempre assim?

— Atrevido? Quase sempre. - ele riu jogando o cabelo pra trás - Vamos Hermione, vou te acompanhar até em casa.

Os dois de levantaram e seguiram andando juntos.

— Que milagre foi esse que o Tomas te deixou andando sozinha em?

— Nem eu mesma sei. - ela riu tímida.

— Ali tem ciúmes até da própria sombra. - Fred riu e Hermione o acompanhou – Prontinho a senhorita está entregue.

— Obrigada, cavalheiro.

— Até algum dia.

Hermione riu e entrou em casa.

Seu rosto estava ruborizado e suas covinhas aparentes por conta do sorriso bobo.

— Você demorou. - Tomas disse descendo as escadas - Quem te trouxe de volta? Ouvi voz de garoto.

— Acabei me esquecendo da hora. Encontrei o Fred lá, daí ele me trouxe.

— Fred Weasley?

— Tem outro?

— Você está rebelde demais viu? - ele disse rindo.

— E você um chato. - ela riu - Cadê todo mundo?

— Foram ao cinema.

— Que legal. Alie adora filmes.

— Ela estava bem animada.

— Hmm, bom, vou tomar banho.

— Ok, vou preparar algo pra gente comer.

— Beleza.

Hermione subiu os degraus e fui até o banheiro. Tomou um banho longo e depois vestiu seu pijama.

Pegou as atividades e desceu.

Tomas havia feito torradas, fritou bacon e fez omelete. Comeram em silêncio. Após terminaram, Hermione foi ajudar com a lavagem dos pratos.

— Aconteceu alguma coisa, Tom? Você está tão calado.

— Foi bobagem, só que eu estou me sentindo culpado.

— O que aconteceu?

Ele saiu da cozinha e voltou um pouco depois com o celular em mãos.

— Leia.

Ela pegou o celular e leu em voz alta:

— "Querido Tom, você provavelmente deve pensar que tudo o que eu vou dizer é loucura, mas eu realmente preciso que saiba o quanto antes. Eu estou completamente apaixonada por você. Seus cabelos pretos, seus olhos verdes, seu sorriso perfeito, suas covinhas... Seu cheiro. Tudo em você é magnético e eu te amo cada vez mais. Eu sei que você não gosta de mim, mas eu precisava te falar tudo isso. Desculpa. - Mary"

Os dois ficaram em silêncio até Hermione o romper:

— Quem é Mary?

— Uma garota da faculdade. Somos amigos. A gente sai juntos com a galera, mas eu não sinto nada além de amizade. Não sei o que dizer.

— Você tem que dizer algo Tommy.

— Tommy?

— Isso não é o foco da conversa.

Ele riu.

— Ok, mas o que eu vou dizer a ela?

— Não sei, mas você tem que dizer algo. Fala como você se sente. Que gosta dela como amigo.

— Certo, vou dizer isso.

— Diz agora, vamos, escreve.

O garoto encostou-se à parede e começou a escrever algo em seu celular. Hermione terminou de lavar a louça, enxugou as mãos e foi fazer suas atividades.

Tomas veio um tempo depois e ligou a TV.

—Tom, pode abaixar um pouco o volume? Não estou conseguindo me concentrar na questão. - Hermione pediu, sem tirar os olhos do caderno.

— Ok. - ele disse baixando o volume - Quer ajuda?

— Com certeza.

Enquanto eles se concentravam nas atividades, Draco estava ao ponto de dar uma crise de nervoso dentro do hospital:

— Mãe pega meu celular. Hermione deveria ter ligado, alguma coisa aconteceu com ela.

— Para de neurose Draco. A menina está bem. Ela veio te ver, ficou quase duas horas aqui dentro, pra quê que ela iria ligar? Acho que vocês tiveram tempo suficiente pra conversarem, não?

— Não importa. Ela tinha que ter ligado. - Draco disse alterado - Pega o celular mãe, que droga.

— Fala direito comigo. - Narcisa disse séria. Pegou o celular e entregou ao filho - Você vai acabar sufocando ela.

— Não sei do que você está falando.

O loiro discou o número com rapidez. Chamou, chamou, mas ninguém atendeu.

— Não está atendendo. Aconteceu alguma coisa mãe, Hermione está em perigo.

— Para com isso Draco, meu Deus. Quem faria mal a uma menina como Hermione?

— Você não entende...

— Para, já chega. Deixa a menina em paz. Você não vai conseguir nada tendo essas atitudes.

— Eu não quero conseguir nada, mãe.

— Certo Draco, agora relaxa um pouco. Você precisa descansar, pra amanhã levar alta e poder sair daqui.

— Assim espero.

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Hermione já estava guardando suas coisas quando sua tia chegou.

Alie veio correndo em sua direção. Hermione a pegou no colo, rindo:

— Como foi no cinema?

— Foi incrível Mione. Assistimos Malévola em 3D! Você tinha que ter ido, foi... Foi maravilhoso.

— Que bom que se divertiu. - Hermione deu um beijo na bochecha da irmã e a colocou no chão - Agora cama né, mocinha?

— Sim senhora. - Alie respondeu sorrindo e subiu as escadas.

— Tia, eu nem sei como te agradecer. Não só a você, mas a toda a sua família. Vocês estão sendo incríveis. - Hermione disse com os olhos marejados.

— Faríamos o mesmo quantas vezes fosse preciso minha querida. - Helena a abraçou e então Hermione subiu com suas coisas da escola para o quarto.

Guardou seus livros e seu caderno em sua mochila e já ia dormir quando o celular tocou.

— Alô?

— HERMIONE?

— Draco? - ela afastou o celular do ouvido - O que aconteceu? Você está bem?

— O que aconteceu? Eu que te pergunto.

— Oi?

— Hermione eu te liguei umas 10 vezes e você não atendia de jeito nenhum. Sabe o quanto eu fiquei preocupado? Você tem noção disso, não tem?

— Desculpa, mas eu estava no andar de baixo fazendo as minhas atividades com o Tom, o celular ficou no meu quarto. - Hermione disse na defensiva.

— Você é uma irresponsável Hermione. Como pôde me deixar tão preocupado?

— Para de drama Draco. Não aconteceu nada comigo, está tudo bem.

— Agora eu sou dramático?

— Draco faz um favor a si mesmo, dorme. Tenha uma boa noite, passar bem. - Hermione desligou a chamada enquanto Draco ainda falava do outro lado da linha.

Era bem provável que no dia seguinte ele fosse criar caso por conta disso, mas ela teria de viver com isso. Draco era assim, ciumento e instável.

— Mione? - ela ouviu alguém a chamar da porta de seu quarto. Virou-se e deu de cara com Morgana - Posso entrar?

— Claro prima, vem, senta aqui.

A garota, que tinha uma pele muito clara, encantadores cabelos pretos e olhos cor de mel, adentrou o quarto acanhada, coisa que não era do feitio dela.

— O que aconteceu? Por que você está assim? - Hermione perguntou enquanto Morgana sentava em sua cama.

— Mione eu preciso te contar uma coisa. Eu contaria para minha mãe, mas ela já foi dormir. É algo importante.

— Certo, pode me contar.

Ela respirou fundo.

— Eubeijeiumgaroto.

— O que?

— Eu beijei um garoto. - ela disse de cabeça baixa.

— Aí Morg, que maravilha. E você gosta dele? Como foi?

Morgana riu.

— Foi um fiasco. Todas as minhas amigas já deram o primeiro beijo, aí elas estavam me pressionando, dai esse garoto pediu pra ficar comigo e eu o beijei, mas eu não gosto dele. Foi horrível.

— Oh! - Hermione puxou a prima para seu colo - Não precisa se sentir assim. A maioria dos primeiros beijos são por influência dos amigos Morg e quase sempre não são perfeitos. Porém você precisa conversar com o menino sobre isso, para que ele não crie expectativas, certo?

— Certo. Prometo que vou falar com ele. - ela sorriu - E o seu?

— O meu o que?

— O seu primeiro beijo. Como foi?

— Ah! - Hermione disse sorrindo - Foi muito bom.

— Me conta vai.

— Certo. Eu tinha um ano a mais que você, já havia completado 15. Um garoto novo chegou à escola. Ele era lindo, forte. O nome dele era Vítor Krum, ele era búlgaro. Tinha um sotaque sedutor. - as duas deram risada - Todas queriam ficar com ele, mas eu não estava nem aí. E então ele me escolheu.

— Ele quis ficar com você?

— Foi. - Hermione sorriu - Uma vez a gente se encontrou num lago que tinha perto da escola. Ele chegou, nós conversamos e depois nos beijamos. Foi muito bom, mesmo.

— Que lindo! E depois?

— A gente ficou mais outras vezes, até que começamos um namorinho, só que ele precisou voltar pra Bulgária com a família e então a gente terminou e nunca mais nos vimos.

— Que desfecho mais horrível Hermione.

— É, eu sei... Eu gostava dele, mas faltava paixão, amor... - ela suspirou.

— E com o Draco tem, não é? Você está apaixonada por ele. Você o ama.

— Acho que você bateu a cabeça em algum lugar. - Hermione riu nervosamente - Agora vai pro seu quarto, já passou da hora de dormir.

Morgana riu e foi embora.

Assim que Morgana saiu do quarto e fechou a porta um vento frio e assustador entrou pelas janelas do quarto.

— O que é isso? - Hermione disse assustada e foi até a janela para fechá-la quando uma coisa monstruosa apareceu.

Tinha uma pele parecida com a de um crocodilo. Fedia a enxofre. Os olhos eram de um vermelho vivo. Hermione recuou um pouco e a coisa chegou mais perto.

— Quem... quem é você?

— Só vim lhe dar um aviso. Se tentar fazer o que lhe incumbiram eu vou acabar com você. - Hermione ia abrindo a boca quando a coisa saiu pela janela de seu quarto. Em suas costas, tinham dois tocos de algo que parecia ter sido asas algum dia.

Um horror subiu pela garganta da morena. O que havia sido aquilo? E o que realmente a estava esperando? O que estava de fato envolvido naquela história absurda?