Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl


Capítulo 25
Conselhos


Notas iniciais do capítulo

Capítulo vulgarmente chamado de "Todo mundo dando pitaco na minha relação com Caleb"



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Consegui manter a promessa de não fazer barraco durante todo o dia. Até mesmo sorri insossamente para Pietra e Caleb cochichando durante o almoço. Suportei com a pose de uma dama a aula mortalmente chata de etiqueta de Maryse (bem que ela podia ter uma folga durante as festas), enfim… fiz tudo direito o dia todo.

Minha perdição, como sempre, foi a noite.

O Grande Salão estava colorido de vermelho verde, azul e branco com centenas de mesinhas e mordomos andando para todo lado.

A festa de Natal iria começar às sete e seguir até a última pessoa continuar de pé, então às seis e meia todas as Selecionadas deveriam estar em roupas fabulosas no Grande Salão para receber os visitantes que chegariam ali para comemorar com a família real.

Os primeiros a chegar foram os conselheiros e suas famílias, logo em seguida vieram as pessoas ricas e influentes e a família da rainha. Perdi a conta de quantas bochechas eu beijei, mas foi o suficiente para eu imaginar se um dia iria recuperar plenamente o uso dos lábios.

Às sete e meia nós fomos liberadas da função de anfitriãs para curtirmos o Natal.

Assobiei quando reconheci um dos convidados.

— Você está um gato, Jay — elogiei dando um peteleco em sua gravata preta.

— E você está arrasando.

Pisquei para ele.

— Maquiagem pura, meu bem. Vamos sentar antes que eu quebre o pescoço e morra com esse salto — puxei a barra do vestido azul para que ele pudesse ver o salto de dez centímetros prateado.

Jay riu me puxando para uma mesa no canto mais calmo do salão.

— Isso explica por que você não parece uma anã a meu lado. — Ele puxou a cadeira para mim educadamente. — Vai me dizer qual o problema? Sempre que eu perguntava mais cedo você me cortava.

— Eu não estava te cortando, Jay. Estávamos cercados o tempo todo.

— Agora não estamos. Sabe que pode confiar em mim.

— Eu quero ir para casa. Odeio esse lugar e não nasci para estar aqui. Sinto falta dos meus amigos, sinto falta dos shows e sinto falta de ter você me acordando sete da manhã com um café quente — desabafei. — Está na cara que não vai dar certo, mas Caleb age como se tudo estivesse maravilhoso.

Jay pegou minha mão por cima da mesa.

— Ele não vai te mandar embora. Tem que ser muito burro para abrir mão de você. Eu não abriria se tivesse tido essa opção — seu tom estava amargo.

— Às vezes eu penso se não é o destino rindo da minha cara por eu ter aceitado aquela proposta imbecil de Kim. Se eu não fosse tão orgulhosa nada teria mudado — e o meu coração não teria sido partido.

Jay afagou minha mão.

— Eu penso que é para nos testar — sussurrou como um segredo. — Você já viu como se faz uma espada? Eles a fazem e a colocam à alta temperatura. Se ela quebrar é fraca, se sobreviver se fortalece.

— E se eu for fraca, Jay? Tudo o que eu conhecia está de cabeça para baixo e… — parei de falar. Não queria verbalizar o que passava na minha mente naquele momento.

— E? — incitou.

— Eu não sei o que fazer. Estou assustada e com medo.

— Você não precisa ter medo. Eu sempre estarei aqui para protegê-la.

— Com licença — chamou uma garota alguns anos mais velha que eu olhando para Jay de forma intensa. Pelos olhos violeta eu tive certeza que ela era parente de Kayla. — Podemos dançar um pouco?

Não sua piriguete, não vê que estamos conversando?

— Hã… Claro.— Ele me olhou com um pedido de desculpas não dito. — Eu já volto.

Assim que eles sumiram, Henry e Lynn apareceram do meu lado.

— Pensei que ele não fosse sair nunca — reclamou ela sentando sem cerimônias.

— O que vocês estão fazendo aqui? Alguma menina convidou vocês?

Henry sentou do meu outro lado.

— Não, foi a mãe de Lynn, Maryse.

Maryse é uma rebelde? — meu queixo caiu. Fiquei intimamente feliz por ver que não tinha perdido a capacidade de me chocar.

— O quê? De jeito nenhum. Ela sabe que Lynn é, claro. Mas age como se a filha estivesse apenas curtindo a vida mochilando ou coisa parecida. Ela sempre tenta trazer a Lynn aqui, acho que ela acredita que mostrando como o palácio é legal minha branquela volta a ser a menininha passiva que só deu orgulho aos pais.

Lynn bufou de brincadeira.

— E como vocês receberam os convites? — ergui as sobrancelhas. Maryse sabia sobre o esconderijo super secreto embaixo da propriedade?

Henry cruzou as mãos atrás do pescoço, despreocupado.

— Temos alguns aliados aqui dentro que colocam Maryse em contato com a gente quando ela precisa.

Arqueei uma sobrancelha.

— Vocês tem aliados em todo canto, né?

— Óbvio — Henry olhou para Lynn e eles conversaram mudamente por algum tempo. — Falando nisso, vou falar com eles, hã... agora. Tchau, maninha.

Fiquei olhando por alguns segundos.

— O que foi isso?

Lynn deu uma risadinha.

— Seu irmão não é nada discreto. Eu queria que ele nos deixasse a sós e ele foge. Você parece que precisa de uma amiga — explicou.

— Está tão óbvio assim?

— Como se estivesse escrito na sua testa. — Ela pegou uma taça de champanhe com um garçom que estava passando e virou o líquido de uma vez só. — Desabafa.

Contei apenas um dos meus problemas a ela: Caleb. Lynn era uma boa ouvinte, não fez nenhum comentário apesar de ter feito um ruído surpreso quando narrei a declaração e depois o bote que ele me deu.

— E então? Qual o seu sábio conselho?

— Tenho alguns bons conselhos, mas primeiro quero que você saiba que eu conheço Caleb desde sempre e ele não brinca com os sentimentos dos outros. Se ele disse que está apaixonado por você é porque ele realmente está apaixonado por você.

Suspirei. Queria ter tanta fé em Caleb quanto ela parecia ter.

— Eles estavam quase fazendo sexo, Lynn. No meio do corredor!

Ela assentiu.

— Esse é o meu primeiro sábio conselho: sexo e amor não são a mesma coisa. Amor é emocional, sexo é físico.

— Então eu supostamente deveria deixar para lá porque ele está apaixonado por mim e só se divertindo com as outras — resumi descrente.

— Eu não disse isso, mas você precisa entender a cabeça de Caleb. Ele é muito inseguro mesmo que prefira morrer a admitir. Caleb gosta de sentir que está no controle da própria vida — falou com suavidade.

— Sério? Como você sabe tanto sobre ele?

— Porque eu vejo no rosto do Caleb a mesma expressão que vejo todo dia quando olho no espelho. Nós fomos criados pela mesma pessoa, lembre-se disso.

— Qual o próximo conselho?

— Coloque tudo em perspectiva. Os seus sentimentos aqui e como você se sentirá se Caleb te mandar embora.

Não gostei do rumo da conversa.

— Eu estou confusa, Lynn. Se eu conseguisse colocar as coisas em perspectiva não teria me metido nesse problema, para começo de conversa.

Lynn concordou.

— Mas você vai perdoar ele, não vai?

— A questão não é o perdão, é a confiança. E a resposta é não, eu não vou voltar a confiar nele.

— Lynn? Posso dar uma palavrinha com a senhorita?

Ela abriu um sorriso brilhante enquanto se levantava.

— Claro, Caleb.— Beijou minhas bochechas delicadamente. — Lembre-se: perdoar é progredir.

Que filosofia de bar. Eu ri para ela.

— Tudo bem, obrigada por seus conselhos.

Com uma leve reverência Lynn saiu de perto.

— Você conversou com todas as pessoas nesse salão, menos comigo. Agora você vai ter que me ouvir, Alexia.


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Notas finais do capítulo

Até segunda!



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