Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl
Notas iniciais do capítulo
Capítulo vulgarmente chamado de "Todo mundo dando pitaco na minha relação com Caleb"
Consegui manter a promessa de não fazer barraco durante todo o dia. Até mesmo sorri insossamente para Pietra e Caleb cochichando durante o almoço. Suportei com a pose de uma dama a aula mortalmente chata de etiqueta de Maryse (bem que ela podia ter uma folga durante as festas), enfim… fiz tudo direito o dia todo.
Minha perdição, como sempre, foi a noite.
O Grande Salão estava colorido de vermelho verde, azul e branco com centenas de mesinhas e mordomos andando para todo lado.
A festa de Natal iria começar às sete e seguir até a última pessoa continuar de pé, então às seis e meia todas as Selecionadas deveriam estar em roupas fabulosas no Grande Salão para receber os visitantes que chegariam ali para comemorar com a família real.
Os primeiros a chegar foram os conselheiros e suas famílias, logo em seguida vieram as pessoas ricas e influentes e a família da rainha. Perdi a conta de quantas bochechas eu beijei, mas foi o suficiente para eu imaginar se um dia iria recuperar plenamente o uso dos lábios.
Às sete e meia nós fomos liberadas da função de anfitriãs para curtirmos o Natal.
Assobiei quando reconheci um dos convidados.
— Você está um gato, Jay — elogiei dando um peteleco em sua gravata preta.
— E você está arrasando.
Pisquei para ele.
— Maquiagem pura, meu bem. Vamos sentar antes que eu quebre o pescoço e morra com esse salto — puxei a barra do vestido azul para que ele pudesse ver o salto de dez centímetros prateado.
Jay riu me puxando para uma mesa no canto mais calmo do salão.
— Isso explica por que você não parece uma anã a meu lado. — Ele puxou a cadeira para mim educadamente. — Vai me dizer qual o problema? Sempre que eu perguntava mais cedo você me cortava.
— Eu não estava te cortando, Jay. Estávamos cercados o tempo todo.
— Agora não estamos. Sabe que pode confiar em mim.
— Eu quero ir para casa. Odeio esse lugar e não nasci para estar aqui. Sinto falta dos meus amigos, sinto falta dos shows e sinto falta de ter você me acordando sete da manhã com um café quente — desabafei. — Está na cara que não vai dar certo, mas Caleb age como se tudo estivesse maravilhoso.
Jay pegou minha mão por cima da mesa.
— Ele não vai te mandar embora. Tem que ser muito burro para abrir mão de você. Eu não abriria se tivesse tido essa opção — seu tom estava amargo.
— Às vezes eu penso se não é o destino rindo da minha cara por eu ter aceitado aquela proposta imbecil de Kim. Se eu não fosse tão orgulhosa nada teria mudado — e o meu coração não teria sido partido.
Jay afagou minha mão.
— Eu penso que é para nos testar — sussurrou como um segredo. — Você já viu como se faz uma espada? Eles a fazem e a colocam à alta temperatura. Se ela quebrar é fraca, se sobreviver se fortalece.
— E se eu for fraca, Jay? Tudo o que eu conhecia está de cabeça para baixo e… — parei de falar. Não queria verbalizar o que passava na minha mente naquele momento.
— E? — incitou.
— Eu não sei o que fazer. Estou assustada e com medo.
— Você não precisa ter medo. Eu sempre estarei aqui para protegê-la.
— Com licença — chamou uma garota alguns anos mais velha que eu olhando para Jay de forma intensa. Pelos olhos violeta eu tive certeza que ela era parente de Kayla. — Podemos dançar um pouco?
Não sua piriguete, não vê que estamos conversando?
— Hã… Claro.— Ele me olhou com um pedido de desculpas não dito. — Eu já volto.
Assim que eles sumiram, Henry e Lynn apareceram do meu lado.
— Pensei que ele não fosse sair nunca — reclamou ela sentando sem cerimônias.
— O que vocês estão fazendo aqui? Alguma menina convidou vocês?
Henry sentou do meu outro lado.
— Não, foi a mãe de Lynn, Maryse.
— Maryse é uma rebelde? — meu queixo caiu. Fiquei intimamente feliz por ver que não tinha perdido a capacidade de me chocar.
— O quê? De jeito nenhum. Ela sabe que Lynn é, claro. Mas age como se a filha estivesse apenas curtindo a vida mochilando ou coisa parecida. Ela sempre tenta trazer a Lynn aqui, acho que ela acredita que mostrando como o palácio é legal minha branquela volta a ser a menininha passiva que só deu orgulho aos pais.
Lynn bufou de brincadeira.
— E como vocês receberam os convites? — ergui as sobrancelhas. Maryse sabia sobre o esconderijo super secreto embaixo da propriedade?
Henry cruzou as mãos atrás do pescoço, despreocupado.
— Temos alguns aliados aqui dentro que colocam Maryse em contato com a gente quando ela precisa.
Arqueei uma sobrancelha.
— Vocês tem aliados em todo canto, né?
— Óbvio — Henry olhou para Lynn e eles conversaram mudamente por algum tempo. — Falando nisso, vou falar com eles, hã... agora. Tchau, maninha.
Fiquei olhando por alguns segundos.
— O que foi isso?
Lynn deu uma risadinha.
— Seu irmão não é nada discreto. Eu queria que ele nos deixasse a sós e ele foge. Você parece que precisa de uma amiga — explicou.
— Está tão óbvio assim?
— Como se estivesse escrito na sua testa. — Ela pegou uma taça de champanhe com um garçom que estava passando e virou o líquido de uma vez só. — Desabafa.
Contei apenas um dos meus problemas a ela: Caleb. Lynn era uma boa ouvinte, não fez nenhum comentário apesar de ter feito um ruído surpreso quando narrei a declaração e depois o bote que ele me deu.
— E então? Qual o seu sábio conselho?
— Tenho alguns bons conselhos, mas primeiro quero que você saiba que eu conheço Caleb desde sempre e ele não brinca com os sentimentos dos outros. Se ele disse que está apaixonado por você é porque ele realmente está apaixonado por você.
Suspirei. Queria ter tanta fé em Caleb quanto ela parecia ter.
— Eles estavam quase fazendo sexo, Lynn. No meio do corredor!
Ela assentiu.
— Esse é o meu primeiro sábio conselho: sexo e amor não são a mesma coisa. Amor é emocional, sexo é físico.
— Então eu supostamente deveria deixar para lá porque ele está apaixonado por mim e só se divertindo com as outras — resumi descrente.
— Eu não disse isso, mas você precisa entender a cabeça de Caleb. Ele é muito inseguro mesmo que prefira morrer a admitir. Caleb gosta de sentir que está no controle da própria vida — falou com suavidade.
— Sério? Como você sabe tanto sobre ele?
— Porque eu vejo no rosto do Caleb a mesma expressão que vejo todo dia quando olho no espelho. Nós fomos criados pela mesma pessoa, lembre-se disso.
— Qual o próximo conselho?
— Coloque tudo em perspectiva. Os seus sentimentos aqui e como você se sentirá se Caleb te mandar embora.
Não gostei do rumo da conversa.
— Eu estou confusa, Lynn. Se eu conseguisse colocar as coisas em perspectiva não teria me metido nesse problema, para começo de conversa.
Lynn concordou.
— Mas você vai perdoar ele, não vai?
— A questão não é o perdão, é a confiança. E a resposta é não, eu não vou voltar a confiar nele.
— Lynn? Posso dar uma palavrinha com a senhorita?
Ela abriu um sorriso brilhante enquanto se levantava.
— Claro, Caleb.— Beijou minhas bochechas delicadamente. — Lembre-se: perdoar é progredir.
Que filosofia de bar. Eu ri para ela.
— Tudo bem, obrigada por seus conselhos.
Com uma leve reverência Lynn saiu de perto.
— Você conversou com todas as pessoas nesse salão, menos comigo. Agora você vai ter que me ouvir, Alexia.
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Até segunda!