Abri meus olhos e graças aos deuses a luz estava bem fraca, pois minha cabeça estava latejando de tanta dor. Olhei para um teto claro e logo na frente tinha um guarda roupa grande e de madeira mais escura. Espera: meu guarda roupa não fica na frente da minha cama. Olhei para o meu lado e quase gritei. O Luke e a Thalia da minha sala estavam deitados no chão, ao lado da cama onde eu estava, praticamente transando. Ela estava por baixo, apenas de meia ¾, calcinha e sutiã, e ele estava sem camisa. As pernas dela estavam abertas e entrelaçadas no quadril dele, e eles se beijavam.

– Que porra é essa?? – gritei. Onde eu estava? O que eu estava fazendo aqui? Que horas eram? Porque a Thalia e o Luke estavam comigo? Eram tantas perguntas para fazer e minha cabeça doía tanto!

Eles se soltaram e Luke disse:

– Calma belezinha...nós quatro estamos só aqui, curtindo. Eu estava esperando você acordar para a gente começar nossa festinha – ele riu. Ele parecia meio bêbado e a Thalia também. Ela estava muito apática.

Nesse momento a Cassie entrou pela porta do quarto (que eu ainda não sabia onde era) e disse:

– Wow...vocês já estão quase transando. Eu vomitei tipo, pra caralho, wow.

– Cassie o que é isso? Onde estamos e por que estamos aqui? O que está acontecendo?

– Wow, você não se lembra?

– Não Cassie! Eu não me lembro. Eu me lembro de estar na festa dançando e do nada aparecer aqui. O que aconteceu?

– Bem, você tomou algumas pílulas que eu te dei. Aí você começou a beber e a dançar loucamente tipo, wow, até twerk você fez. Depois você me disse que estava passando um pouco mal e eu também estava, eu vomitei muito essa noite. Aí o Luke e a Thalia perguntaram se estava tudo bem e eu disse que sim, mas aí você desmaiou no meio da pista de dança da casa do Percy. O Luke te carregou até aqui e eu e a Thalia viemos junto. Estamos na casa do Luke, não é adorável? – ela terminou de relatar e sorriu.

– Não Cassie, não é nada adorável – respondi. Merda, o que eu fiz da minha vida?? Eu tinha me drogado, bebido, desmaiado na casa do cara mais fodão da cidade e agora estava aqui, com essa gente que eu mal conhecia.

– Bem Luke obrigada por ter me trazido até aqui mas eu preciso ir embora.

– O quê? Não, Annabeth você não pode simplesmente ir embora assim. Docinho podemos nos divertir juntos. Eu e vocês três, um ménage, que tal? – o Luke disse com um sorriso de psicopata tarado.

– Você tem problemas – eu respondi e me levantei da cama, indo para a porta.

– Quem tem problemas é você, nem gostosa você e fica aí se fazendo de difícil. Vai pro inferno, eu tenho putas melhores – ele retrucou com raiva e eu nem liguei. Apenas saí.

Assim que deixei a casa de Luke comecei a chorar. Chorar pela minha burrice, pela minha droga de vida, pelas saudades que eu estava do meu pai e da minha antiga cidade, pelo Percy, por tudo. O que eu estava fazendo? Porque minha vida se tornou essa droga? Minha vida sempre foi uma porcaria, mas nunca foi tão debilitante.

Primeiro eu chego aqui e começo a andar com a problemática da Cassie. Ok, ela é legal, mas é problemática. Depois eu começo a me sentir atraída por um cara que nem sabe que eu existo. E o pior, começo a sofrer por ele, sendo que eu nem sei se gosto dele de verdade ou se é só atração física. Depois eu o vejo transando com a namorada dele e surto, ficando drogada e bêbada na casa dele e indo para a casa de um outro cara que eu não conheço. Minha vida era tão inútil.

Mas eu iria voltar ao normal, eu nunca mais sairia com a Cassie, nem me drogaria, nem iria em festas, nem nada desse tipo. E quanto ao Percy, eu iria simplesmente esquecer a existência dele, e apenas focar nos meus livros e nos meus estudos.

Continuei andando rumo á minha casa, olhando fixamente para o chão quando alguém disse para mim:

– Olha só, a garota que desmaiou na minha festa – era ele. Era a voz grossa e sexy dele causando arrepios na minha pele e deixando meu coração acelerado.

Eu não respondi nada, apenas continuei olhando para o chão, tentando evitar o contato visual com ele. Ele ainda estava com a roupa de ontem, e pelo visto a festa tinha acabado agora.

– O que você usou hem? Nunca vi ninguém ficar daquele jeito – ele gargalhou. Droga, ele estava rindo de mim. Isso não podia ficar pior.

– Não usei nada – respondi na defensiva. Nem sei por que fiz isso, já que estava mais do que na cara que eu tinha me drogado e feito sei lá o quê.

– Tudo bem, vou fingir que acredito. Olha só, no próximo fim de semana eu e meus amigos vamos acampar em um lugar perto daqui. Se você quiser ir me fala até quinta-feira. Até mais, garota-que-desmaiou-na-minha-festa – ele disse, piscou pra mim (isso mesmo piscou pra mim!!!!) e foi embora.

Fiquei parada no mesmo lugar, atônita. Percy Jackson não só conversou comigo, como também me convidou para ir acampar com ele, e me deu um apelido. Eu ia surtar, eu ia surtar, eu ia surtar. Já disse que eu ia surtar?

E para piorar eu não sabia se deveria ir ou não. Oh, vida cruel.