Dei uma última olhada no espelho retrovisor para ver se minha fantasia estava ok, e desci do carro. Eu estava vestido de Drácula, e usava uma camisa social preta, com calças e sapatos também pretos. Por cima de tudo coloquei uma capa preta e vermelha. Penteei meu cabelo com gel (sim, coloquei o cabelo todo para trás, que nem aqueles playboys dos anos 50), e me maquiei, deixando a pele pálida e olheiras profundas. Coloquei lentes de contato vermelhas e dentaduras de vampiro. Sim, quando eu me fantasiava eu fazia tudo por completo.

Toquei a campainha da casa de Annabeth e fiquei esperando. Alguns segundos depois ela desceu, e para meu desgosto, eu tomei um susto com a fantasia dela.

Ela estava com uma peruca preta longa, meio embolada e opaca. Ela estava com uma maquiagem bem forte e toda borrada, parecendo a Amy Winehouse. Ela também tinha feito umas “maquiagens de machucado”, e isso só piorou a situação. A roupa era a coisa mais estranha: um vestido de noiva longo, todo manchado de tinta vermelha (para imitar sangue) e umas outras manchas coloridas. Ela também usava uma grinalda em cima da peruca horrorosa. Poxa, eu esperava que ela usaria uma fantasia linda e sexy, e aí ela me aparece horrível desse jeito.

Não consegui esconder minha cara de decepção e ela perguntou:

– O que foi, Percy? Que cara é essa?

– Nada, amor. Você está fantasiada de...?

– Noiva Cadáver. Não percebeu?

– Ahn...mais ou menos – tentei me esquivar.

– Você veio de vampiro.

– Não é vampiro, é Drácula.

– Qual a diferença?

– Drácula é um vampiro único, o maior e melhor vampiro de todos. Ele não é qualquer vampiro.

– Bem, pelo menos você não brilha no sol – ela riu.

Entramos no meu carro e comecei a dirigir. A casa dos Di Angelo não era muito distante da minha e da de Annabeth, com 15 minutos no máximo chegaríamos á festa.

O Nico falava bem sério quando escolhia um “tema” para uma festa. Por fora a casa dele estava toda decorada com abóboras, bruxas, caldeirões, palhaços assassinos e outras coisas do Halloween. Além disso estava tudo iluminado com luzinhas roxas e laranja, e tudo estava decorado nessas cores. Parecia que estávamos no dia 31 de outubro, apesar de ainda ser junho..

Batemos na porta e Nico veio nos atender. Para meu azar, ele estava fantasiado de vampiro.

– Porra, Percy! Você copiou minha fantasia? – ele disse, quando me viu.

– Você está vestido de quê?

– De vampiro, você é cego?

– Eu estou fantasiado de Drácula, então não, não copiei sua roupa.

Ele resmungou de novo e Annabeth e eu entramos na sala. Uma música animada tocava e todos estavam dançando, alguns com copos de bebidas nas mãos. Alguns casais se pegavam, e tudo parecia estar muito divertido.

– Annie fiquei aqui, vou pegar bebida para a gente.

Ela assentiu e eu saí andando pela sala, rumo á cozinha. Andar no meio daquela gente estava difícil, então eu resolvi não me apressar. Enquanto andava, comecei a observar as pessoas. Cassie estava com uma fantasia estranha, que eu não consegui identificar o que era. Ela dançava com uma garota, e as duas estavam se tocando descaradamente na frente de todo mundo. Vi Naomi e Emily se pegando em um canto, as duas vestidas de coelho (não entendi a fantasia, e não entendi porque elas estava usando roupas iguais). Piper e Jason estavam conversando, ela vestida de índia e ele de cowboy. Eles me deram um “oi” quando eu passei, e eu continuei andando. De relance vi Luke e Effy conversando, ele estava vestido de zumbi e ela estava vestida de Effy, com uma roupa normal. No outro lado vi Thalia e Zöe, a Thalia vestida de panda e a Zöe de bruxa.

Por fim cheguei á cozinha, e ela estava vazia, exceto por Bianca.

Não pude deixar de notar o quanto Bianca estava sexy com sua fantasia. Ela usava um sutiã preto com tachas, e um shorts bem curto e colado também preto. Ela estava de meia arrastão e botas de couro. Na cabeça tinha um chapéu de bruxa, a única coisa que era de fato uma “fantasia”. Ela estava bem maquiada, e uma parte dos seus seios apareciam por cima do sutiã, me deixando um pouco excitado.

Ela estava mexendo na geladeira, e parou quando viu que eu estava na cozinha. Ela olhou para mim durante alguns segundos, e depois disse com rispidez:

– O que você quer?

– Dois copos de vodka. Pode pegar para mim, por favor?

– Não sou garçonete.

Bufei irritado e fui para a geladeira. Peguei a garrafa de vodka, servi dois copos rapidamente e fui saindo.

– Um copo é para você, e o outro é para a vadiazinha da sua namorada?

– Não fala assim da Annabeth.

– Você vai embebedar ela? Só assim você vai conseguir fodê-la, não é? Ela é tão frígida que tem que estar muito bêbada para dar.

– Bianca, a Annabeth é minha namorada, e eu exijo que você tenha respeito por ela.

– Respeito? Porque eu a respeitaria, se nem você mesmo faz isso?

– O quê?

– Você estava olhando para os meus peitos, Percy. Eu vi. É assim que você respeita sua namorada?

– Cala a boca – respondi. Ela estava me tirando do sério, quem ela pensa que é?

– Olha Percy, acho que precisamos conversar. Me encontra no meu quarto, daqui a alguns minutos.

– Eu não prometo que eu vou.

– Tudo bem, eu só fiz um convite. Nós dois sabemos que precisamos conversar desde que terminamos, mas se você não quiser, eu não posso fazer nada.

Peguei os copos e saí da cozinha.

Quando eu estava caminhando de volta para Annabeth, vi Leo, Cook, Freddie e JJ. Leo estava de pirata, e os outros três estavam de “Três Mosqueteiros”. Eles me cumprimentaram e conversamos durante uns dez segundos, depois voltei a andar para achar Annabeth. Finalmente encontrei-a, e começamos a beber e a dançar juntos.

As coisas que Bianca havia me dito não saíam da minha cabeça. Será que eu realmente não respeitava Annabeth? E será que ela era mesmo tão frígida que só transaria comigo bêbada? E o que Bianca queria conversar comigo afinal?

Continuei dançando com minha namorada, desejando que ela não estivesse com aquela fantasia horrível, e sim com a fantasia sensual de Bianca.

Depois de alguns minutos, eu disse a ela que precisava ir no banheiro, e comecei a andar rumo á escada que tinha na sala. Essa escada dava nos quartos da casa, e o primeiro deles era o de Bianca.

Bati na porta, e ouvi a voz dela dizendo:

– Se for o Percy, pode entrar.

Entrei, e fechei a porta. Ela estava deitada na cama, as lindas pernas estiradas no colchão.

– Pode sentar – ela disse, e então eu me sentei na cama ao seu lado.

– Então, o que você quer falar? Tenho dez minutos – eu disse.

Ela respirou fundo, e perguntou:

– A primeira coisa é: porque você está com ela? Porque você me largou, pra ficar justo com ela?

– A Annabeth é legal, e eu realmente gosto dela. Ela é diferente.

– Ela é uma aventura pra você, Percy. Você não gosta dela de verdade, você só está com ela para se divertir, pegando a nerdzinha, sendo o fodão. Você só está com ela porque ela realmente te ama, e é uma cachorrinha aos seus pés.

– Isso não é verdade! – gritei, e de fato não era. Eu gostava da Annabeth, eu gostava de estar com ela, de sair com ela, de fazer tudo com ela. A Annabeth era uma garota diferente, e isso me encantava. Eu faria o possível para fazer nosso relacionamento durar.

– Tudo bem, não vamos ficar dando voltas com isso. Eu só quero te dizer o seguinte: ainda há tempo para nós dois. Se você quiser, eu ainda estou aqui para você e estou disposta a reatar nosso namoro. Mas garanto que não vou te esperar para sempre, então, faça suas escolhas – ela disse, e aproximou seu rosto do meu.

Bianca era linda, com seus cabelos pretos sedosos, macios. Ela estava usando uma maquiagem bem escura, que deixavam seus olhos ainda mais misteriosos. Os lábios carnudos estavam vermelhos com batom, e ela tinha um hálito que era uma mistura de álcool com morango.

Ela foi se aproximando cada vez mais, até que nossos lábios se tocaram. Suas mãos me abraçaram forte, e sua língua penetrou minha boca. No ínicio eu não queria corresponder o beijo, mas acabei cedendo. Nosso beijo virou uma dança magnífica, e por um instante lembrei de como era fazer amor com Bianca.

De repente, ouvi o trinco da porta girar, e soltei Bianca rapidamente. Na porta uma garota vestida de noiva, com uma maquiagem borrada, nos olhava com lágrimas nos olhos.

Flashback, Annabeth

Percy havia ido para o banheiro há quase dez minutos, então resolvi procurá-lo. Segurei a barra do meu vestido (maldito vestido), e subi as escadas. Lá em cima havia três portas, todas as três fechadas. A primeira estava com luz atrás, e as outras duas estavam escuras, então presumi que aquele fosse o banheiro. Eu pensei em bater, ou chamá-lo, mas achei melhor abrir a porta de uma vez. Se ele estivesse nu ou se fosse outra pessoa eu simplesmente fecharia a porta correndo.

Quando abri a porta um dejá vú invadiu minha mente. Lágrimas quentes saíram dos meus olhos sem que eu percebesse, e tudo que eu fiz foi ficar estática, olhando a minha ruína.