Acordei sorrindo, pois recebi uma mensagem de bom dia maravilhosa. A mensagem era de Percy e dizia: “Há 3 meses eu tomei a decisão mais certa da minha vida, pedir a garota mais maravilhosa que eu conheço em namoro. E durante esses 3 meses, ela me fez o cara mais feliz do mundo. Então hoje, para comemorar e retribuir um pouco dessa felicidade a ela, eu a convido para sair comigo, será que ela aceita?”. Respondi a mensagem com um “sim, acho que ela aceita”, e me levantei.

Troquei meu pijama por um short branco e uma camiseta cinza, fiz um coque frouxo e desci para a cozinha. Minha mãe estava na mesa, tomando um suco com torradas e lendo um jornal. Dei um beijo de bom dia nela, coloquei um copo de suco para mim e me sentei ao seu lado.

– Mãe, eu vou sair com o Percy hoje – eu disse, depois de alguns minutos.

– De novo? Annabeth desde que você começou a namorar eu praticamente não te vejo mais – ela disse, largando o jornal e olhando para mim.

– Mãe para de drama. Não é assim também, nós não saímos tanto assim.

– Não? Você não passa uma semana sem sair.

– Conheço gente que sai todos os dias.

– Você não é todo mundo – ela disse.

– Mãe eu tenho que aproveitar a vida ué, você parece que não gosta de me ver feliz.

– Eu gosto de te ver feliz, e sei que deve aproveitar a vida, só quero que seja responsável. Por favor Annabeth, não se entregue demais. Não viva como se tudo dependesse do Percy ok? Só quero que tome cuidado minha filha, não caia de cabeça em algo que não poderá sair.

Tudo bem, eu não ia culpá-la, ela só estava preocupada. Mas eu era responsável e iria me cuidar, não me entregaria ao Percy tão fácil.

– Pode deixar mãe, eu vou me cuidar.

Terminamos o café da manhã em silêncio, e em seguida subi para o meu quarto, para estudar um pouco.

Ás 13:00 horas, Percy chegou. Minha mãe não estava em casa, então desci as escadas rapidamente e abri o portão para ele. Assim que ele me viu ele sorriu, e seu sorriso ainda me derretia por completo. Ele me abraçou, me envolvendo com seus braços fortes e calorosos, e me deu um beijo cálido.

– Eu já te conheço há meses, namoramos por três meses e ainda não me acostumei com sua beleza – ele disse, sorrindo. Ele era um bobo mesmo.

– E eu não me acostumei com suas mentiras – retruquei.

– Eu não minto, Annie. Você é linda.

– Vou fingir que acredito.

Entramos em seu carro, e Percy ligou o som. Uma música mais animada começou a tocar, era “When The Sun Goes Down” do Arctic Monkeys. Eu amava essa música.

Eu ainda não sabia para onde iríamos, e não perguntei. Resolvi apenas observá-lo. Ele usava um óculos escuros RayBan, que caíam perfeitamente em seu rosto. Ele estava com uma camisa xadrez de azul e branco, e seus braços estavam relaxados, as mãos batendo no volante no ritmo da música. Seu cabelo estava um pouco maior agora, e a barba estava bem aparada. Eu ainda não sabia como um cara perfeito como o Percy podia estar comigo. Era muito surreal.

Nosso namoro estava ótimo, nunca estive tão feliz em toda a minha vida. Percy e eu não éramos muito grudados ou melosos, mas a cada dia que eu passava a seu lado eu tinha a certeza de que minha vida só havia de fato começado quando começamos a namorar. Logo que nossa relação começou as pessoas nos olhavam com estranhamento, afinal, na Goode eu era a “novata nerd virjona” e Percy era o “fodão pegador popular”, ou seja, não tínhamos nada em comum. Mas isso era externamente, á medida que eu convivia com Percy eu via que éramos mais parecidos do que almas gêmeas. Tínhamos o mesmo gosto musical, a mesma opinião sobre diversos assuntos e gostávamos de muitas coisas parecidas. A diferença era que Percy era mais agitado, e eu, mais quieta. Mas a meu ver estávamos conseguindo dosar isso bem no nosso relacionamento, e sempre fazíamos coisas intermediárias, nunca calmas demais e nem agitadas demais.

– Percy, aonde estamos indo?

– É surpresa.

– Tudo bem então, sr. Mistério – respondi e sorri. Percy sorriu também e continuou dirigindo. Encostei a cabeça em seu ombro, bem de leve para não atrapalhá-lo a dirigir, e fechei os olhos. Depois de um longo tempo eu já estava quase dormindo, e Percy me deu um beijo calmo para me despertar.

– Chegamos, meu bem – ele disse, e abriu a porta do carro para mim.

Assim que saí do carro comecei a morrer de frio. Dava pra ver claramente que estávamos fora de Manhattan, pois lá estava frio mas não estava nevando. Quando desci do carro senti um vento frio, e neve caindo por todo o lado. O chão estava completamente branco e eu não conseguia ver nada adiante. Percy viu que eu estava tremendo e que ia ter uma hipotermia em minutos, então disse:

– Calma amor, eu trouxe roupa pra você.

Olhei para ele com uma cara de “what?” e ele foi para o porta-malas. De lá ele tirou uma blusa preta, que eu coloquei por cima da minha camisa branca, depois tirou uma jaqueta grossa, toda de lã cinza e me entregou. Ele vestiu uma jaqueta azul-marinho por cima da sua roupa e me deu uma touca, e um par de luvas, ambos pretos. Ele pegou uma touca e um par de luvas para ele também e depois pegou dois cachecóis brancos para a gente.

– Agora temos que alugar as botas e os equipamentos.

– Equipamentos? Oi? Percy, me explique o que está acontecendo, eu odeio não saber das coisas.

– Tudo bem, Sabidinha, eu explico. Você está no Hunter Mountain, uma região montanhosa que fica nos arredores de Manhattan. Eu te trouxe aqui para esquiarmos juntos, só isso. Vamos embora á noite ok?

– Tudo bem, Percy. Desculpa se fui grossa.

– Você não foi grossa, anjo. Agora temos que pegar os equipamentos e fazer um lanche antes de irmos.

A poucos metros dali estava um chalé, que parecia tão quentinho e confortável em meio á toda aquela neve! O chalé era grande, quase do tamanho de uma casa, e era todo de madeira, bem sofisticado. Entramos e logo na entrada tinha uma grande mesa de mogno, com uma recepcionista bonita atrás. Eu e Percy nos aproximamos da mesa.

– Bem vindos a Hunter Mountain, em que posso ajudá-los? – disse a recepcionista, bem formal. Ela era morena, com cabelos na altura dos ombros e olhos verdes bem expressivos. Li seu crachá e nele tinha o nome “Michelle”.

– Eu preciso de dois equipamentos para esqui, e queria fazer um lanche antes.

– Vou providenciar os equipamentos, senhor. E o chalé ao lado deste é uma cafeteria, você encontrará coisas deliciosas lá. Assim que os senhores terminarem o lanche poderão vir aqui buscar os equipamentos.

Eu e Percy agradecemos e fomos para o chalé ao lado. O outro chalé era igual ao primeiro, exceto que tinha várias mesas pequenas de madeira, ao invés de um balcão de recepção. O chalé estava praticamente vazio, com exceção de dois caras e uma garçonete arrumando algumas mesas. Eu e Percy nos sentamos, e logo a garçonete veio nos atender.

Percy pediu um sanduíche de creme de amendoim e café, e eu pedi um capuccino com torradas. Comemos nosso lanche calmamente, Percy me contando tudo sobre Hunter Mountain, que era um dos melhores pontos turísticos do estado de Nova York.

Depois do lanche voltamos ao primeiro chalé. Michelle ainda estava atrás do balcão, mas agora com dois equipamentos de esqui.

– Aqui estão, senhores. Duas botas de tamanho-padrão, se não servir vocês podem trocar. E estes são os equipamentos.

Os equipamentos eram duas pranchas de esqui laranja, acompanhados de duas hastes de ferro, que serviam para dar apoio. Percy calçou as botas pretas e fiz o mesmo. Elas serviram perfeitamente em mim. Nós agradecemos Michelle e saímos do chalé.

– Então Percy, eu não sei esquiar – eu disse, tímida. Eu não sabia fazer nada, na verdade.

– Eu te ensino, não se preocupe.

A questão é que eu morava em San Francisco, e lá praticamente não tinha neve, que dirá esportes de neve como esqui e patinação. E Percy parecia amar neve e esportes radicais, então eu sofria para acompanhá-lo.

A pista de esqui ficava um pouco distante do chalé, quase no topo da montanha. Então tivemos que andar bastante á pé, na neve, e quando chegamos eu já estava tão cansada que só queria deitar e dormir.

Na verdade a pista de esqui não era bem uma “pista”, era a encosta natural da montanha, e todo mundo de Nova York esquiava ali. Meu único alívio é que tinha poucas pessoas lá quando eu e Percy chegamos, então eu teria poucos espectadores para rirem da minha cara.

– Chegamos amor. Como você quer começar?

– Percy eu não faço a menor ideia. Eu nunca esquiei na vida, sério.

– Eu não duvido – ele disse e riu – você não é uma garota que já fez muitas coisas Annabeth.

Dei um soquinho no seu braço e ele riu mais ainda. Seus olhos pareciam mais verdes agora que contrastava com sua pele branca e a neve. Suas bochechas estavam vermelhas devido ao frio, e ele ficava ainda mais lindo assim. Ele viu que eu o estava observando e me beijou, fazendo as borboletas no meu estômago voarem. Nossos lábios se encaixavam perfeitamente, e não havia pressa no nosso beijo, era tudo muito calmo. Quando começamos a perder o fôlego, ele parou. Depois de alguns segundos ele disse:

– Bem, esquiar pode parecer difícil no começo, mas quando você pegar a prática vai se divertir bastante. Eu vou te explicar como faz e vou descer com você, qualquer coisa que acontecer eu vou estar lá, do seu lado, ok?

Assenti e ele começou a explicar:

– Você tem que encaixar seus pés no apoio e distribuir todo o seu peso na prancha. Essa prancha é bem segura, então não se preocupa. E sua bota é antiderrapante, então é mais seguro ainda. Enquanto você estiver descendo a montanha, você vai usar as hastes de ferro para se apoiar na neve e regular a velocidade. Estas hastes são como dois freios, entendeu?

Assenti e ele me ajudou a subir no equipamento. Depois que eu estava posicionada, ele subiu no seu esqui também e eu segurei com força as hastes de ferro.

– Quando eu disser “já”, você dá o impulso, ok?

– Ok.

– 1...2...3, JÁ!

Assim que ele terminou a frase eu dei um impulso, e comecei a escorregar na Hunter Mountain. Usei as hastes de ferro para regular a velocidade e fui deslizando suavemente pela neve. A sensação de adrenalina era ótima, e me dava uma energia maravilhosa. Sentir os flocos de neve se revirando sob os meus pés era uma das melhores sensações do mundo. O vento frio batia contra o meu rosto, e minhas mãos estava quentes devido á força que eu fazia para segurar as hastes. O sangue corria velozmente nas minhas veias, e tudo que eu conseguia pensar era na neve, na sensação maravilhosa de liberdade e em Percy ao meu lado.

Depois de alguns minutos chegamos á base da montanha.

– Wow! Eu nunca vi alguém esquiar tão bem. Jura que é a sua primeira vez? – disse Percy, com um ar surpreso.

– Sim, eu nunca esquiei antes. Meu Deus, isso é maravilhoso! Eu amei esquiar.

– Nossa, você foi perfeita! Eu não sabia que teria tanta facilidade, Annie.

– Nem eu – eu disse e ri. E não sabia mesmo, eu pensava que esquiar era difícil, mas para mim pareceu tão fácil como respirar.

– Então, vamos de novo?

– Claro.

Percy e eu esquiamos o resto da tarde. A cada volta eu me sentia melhor, mais feliz, mais livre. Esquiar foi sem dúvidas uma das melhores coisas que eu fiz na vida. Saímos do Hunter Mountain ás 18:00, a noite já estava caindo.

Quando entramos no carro, Percy deu a partida e disse:

– Annabeth, já está um pouco tarde e chegaremos em Manhattan mais tarde ainda. Você não prefere ir dormir na minha casa não? Prometo que vou me comportar – ele disse, sorrindo maliciosamente.

Dei uma risada irônica e respondi:

– Você? Se comportar? Sei.

– Poxa, Annabeth!

– Tudo bem, tudo bem. Eu vou, mas você vai ter que prometer que realmente vai se comportar. Além disso eu tenho que ligar para minha mãe, e tenho que voltar para casa amanhã de manhã.

Ele assentiu e eu liguei para minha mãe. Ela reclamou muito, deu sermão e tudo o mais, mas me deixou dormir lá. Disse para Percy que eu iria, ele sorriu, me deu um selinho e voltou á dirigir.