Sei que vamos melhorar.. escrita por Caruliss


Capítulo 18
Capítulo XVII.




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Um dos momentos mais felizes da minha vida foi ensinar o Gabriel a andar, a falar, fazer o Gabriel rir e comer comidas sólidas. Um dos momentos mais tristes da minha vida foi ver o Rapha perdendo as forças, perdendo o ar, desmaiando... Eu sabia que ja estávamos próximos do fim.

A gente havia se mudado, estávamos morando em casa agora.. Próximo das nossas famílias ainda.

O Gabriel fazia dois anos amanhã, e eu estava dando mamar para ele agora. O Rapha estava do meu lado com o braço ao redor de mim alisando o meu ombro.

– Cê tá bem, amor? - eu perguntei.

– Falta-me ar, e força, to meio fraco. - ele disse em uma respiração forte e fechou os olhos, fiz carinho na sua barba e dei um beijinho na sua bochecha. O Gabriel havia dormindo, levantei e fui colocar ele no berço.

– Amor? - ouvi uma voz distante - Eu te amo, e eu amo muito o Gabriel, lembre isso a ele todos os dias. - a cada vez mais distante. Ajeitei os cobertores do Gabriel, dei um beijo no cabelo dele, e voltei para o Rapha.

Meu coração começou a acelerar, comecei a tremer, e fui correndo até o Rapha.

– AMOR? AMOR? - balancei ele - RESPONDE, POR FAVOR! - levantei o rosto dele e tentei fazer respiração boca a boca. - VOLTA, VOLTA, NÃO ME DEIXA! - eu disse chorando e basicamente gritando. Coloquei a mão no peito dele e não havia batimentos, o Rapha morreu naquele dia. Sentei no colo dele e coloquei minha cabeça no peito dele e comecei a chorar - Eu também te amo, muito, meu amor... Não era pra você ter ido - Fiquei assim por uma hora, chorando, encharcando toda a sua camisa.

Depois de horas liguei para a família dele, ainda chorando e tremendo, e eles vieram correndo até a nossa casa. A mãe dele correu em direção a ele e começou a chorar gritando o nome do Rapha, e o pai abraçou a sua esposa. O pai chorava também... Liguei para os meus pais desesperada ainda.

Os pais do Raphael levou ele para o hospital, e o meu pai me abraçou forte.

– NÃO PAI, ME SOLTA, O RAPHAEL NÃO MORREU AINDA. - eu me debatei fazendo meu pai me soltar.

– Filha, calma, calma... - ele disse fazendo carinho no meu cabelo - Vai ficar tudo bem...

Fui me acalmando aos poucos nos braços do meu pai, mas ainda sem parar de chorar. O Gabriel começou a chorar, e a minha mãe foi lá vê-lo.

– Dorme comigo aqui hoje pai, por favor.

– Claro, meu bem, claro.

Deitei na cama e fiquei olhando pro vazio que havia nela, faltava uma pessoa, faltava o Raphael comigo. Eu não tava conseguindo aceitar que ele se foi. O cheiro dele ainda estava na cama... eu abracei o travesseiro dele e chorei até pegar no sono.

[...]

Acordei com meu pai me chamando para comer algo.

– Não estou com fome - disse com voz sonolenta.

– Eu sei, mas você precisa comer.

– Eu não vou. Esquece isso.

Fiquei deitada por horas, liguei a tv pra ter alguma distração mas não dava. Eu sentia meu coração ir embora junto com ele. Pensei em todos os momentos que nós passamos juntos, da forma como ele me salvou... voltei a chorar.

– Os pais do Raphael pediram pra eu entregar isso a você... foi o Raphael que escreveu. Eu sinto muito. - ele deu um beijo na minha testa e saiu do quarto.

Era uma carta, abri e comecei a ler.

Olá, meu amor, minha linda, meu bem, minha namorada, minha melhor amiga, minha esposa, minha vida, meu mundo. Se você está lendo isso aqui agora, eu já fui embora. Carne e osso eu ja fui, espiritualmente eu to contigo, sempre. Obrigado por ter me feito o homem mais feliz desse mundo. Eu sempre estarei vendo o crescimento do nosso Gabrielzinho, e te vendo sorrir. Isso foi o que me manteve vivo por muito tempo... o seu sorriso, os seus carinhos, o seu amor, e foi a melhor maneira de viver. Você é o meu anjo, e agora eu sou o seu. Olhe para o céu, olhe a estrela que mais brilha... sou eu, sempre com você. Olhe para o sol em um dia mais ensolarado do mundo, sou eu. Você sempre foi uma ótima namorada, ótima esposa, será uma ótima mãe, eu sei que sim. Queria estar cuidando do nosso filho junto com você, mas o câncer não me permitiu. Eu te amo, muito. Eu te amo como nunca consegui amar ninguém. Eu tive a certeza que te amava no exato momento em que olhei em seus olhos e dei um soco no Vinícius, você ainda lembra? Você lembra de todas as vezes que salvamos um ao outro? Isso estará comigo eternamente. Imagino como você deve está com a minha ida, mas está tudo bem... eu te amo, muito... muito mesmo. Se cuide, minha pequena.

Não aguentei e comecei a chorar de novo. Molhei a carta com algumas lágrimas, deitei de lado e fiquei relendo por toda a noite, até vim uma dor de cabeça enorme e eu pegar no sono.

[...]

Cristiano narrando:

Eram 4 horas da manhã e acordei com a Victória gritando. Fui correndo pro quarto dela.

– Victória!

– Eu só tive um pesadelo.

– Tudo bem... quer um pouco de água?

– Sim, pai, por favor.

Fui até a cozinha e peguei um copo de água pra ela e a entreguei. Fiquei lá até ela beber toda a água.

– Obrigada.

Sorri e me virei indo em direção a porta.

– Pai... - ela disse - dorme aqui comigo, por favor.

Deitei ao lado dela e ela colocou a cabeça no meu ombro, fiz carinho no cabelo dela até ela pegar no sono. Não ia ser fácil pra ela, nem pra ninguém.


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