O reflexo da Princesa escrita por Lola


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Hey! Quando eu tava escrevendo essa cap, sem querer apertei em Ctrl+O ai abriu uma aba do Word, pensei que a história tinha apagado, quase morro! P.S.: Nic, sente no chão pra ler.



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Toco e canto a música olhando fixamente nos olhos de Felipe e com isso posso esquecer a multidão que me encara. Canto com todo meu coração, tentando transmitir tudo o que eu sinto através dessa melodia e da letra. Se com isso Felipe não perceber que eu estou gostando dele, a outra opção vai ser pendurar uma plaquinha no meu pescoço dizendo: ‘Eu gosto de você, seu idiota. Pare de dar bola pra essa cortesã italiana!’ Acabo de cantar e o salão explode em aplausos. Muitas pessoas vêm me parabenizar, porém a pessoa que eu quero que venha continua do outro lado do salão conversando com a meretriz italiana. Ignoro a pontada que eu sinto no meu coração. Um garçom passa com um copo d’água e eu aceito, agradecida. Ok, não era água. O que quer que seja é bom. Perco a conta de quantos outros bebo até que o mundo começa a girar e meu raciocínio fica lento. Vou até onde Felipe está aos tropeços. Chego até ele e me apoio em seu ombro para não cair.
“Você bebeu?”
“Não.”
Minto.
“E esse hábito é o que? Suco?”
“É.”
“De cana, só pode!”
“Cala a boca!”
Ele faz menção de falar algo, mas se cala abruptamente.
“Felipe, você parece um gay. Assuma isso para o mundo!”
Eduardo fala com um sorriso malicioso nos lábios. Felipe fuzila-o com os olhos e eu penso que ele vai bater em Eduardo, mas o que acontece me surpreende ainda mais. Felipe grita:
“EU SOU GAY.”
Poucas pessoas escutam por causa da música alta e da conversa. Eduardo sai rindo e assim que ele some da nossa vista, Felipe me puxa pela mão e sai me guiando pelo meio da multidão apesar dos meus protestos. Percebo que ele está me levando em direção ao seu quarto.
Entro no quarto e deito na cama e jogo meus sapatos longe. De todas as vezes que eu vim aqui essa cama nunca me pareceu tão convidativa, e eu não estou pensando eu dormir. Felipe senta ao meu lado na cama e me olha sério, tento encara-lo de volta, mas começo a analisar o contorno perfeito dos seus lábios. A vontade que tenho de agarra-lo e colocar a culpa na bebida depois. Afasto esse pensamento da minha mente só até ele começar a morder o lábio inferior, nesse momento, eles voltam com força total.
"Bia, eu preciso te falar uma coisa."
Vai falar que você me ama e que vamos fugir juntos para uma ilha paradisíaca?
"Ontem a noite aconteceu uma coisa..."
Ok, eu não estou gostando disso...
"... Eu acordei no hospital, confuso. Mas depois lembrei o que aconteceu, no início fiquei preocupado com você, tentei chamar a enfermeira para perguntar como você estava, só que de repente bateu uma vontade de andar. Levantei na cama, porém não era como se eu estivesse controlando meu corpo. Naquele momento eu soube que alguém tinha me enfeitiçado, mas não pude fazer nada para impedir, eu estava fraco demais. Meu corpo me levou para uma salinha perto do hospital, lá tinha uma roca de fiar e eu acabei furando meu dedo nela..."
"Espere um instante, você furou o dedo em uma roca de fiar?! Tipo em 'A Bela Adormecida'? Qual o seu problema?! Com tanto lugar pra você meter o dedo, você mete bem em uma roca de fiar?"
Ele me olha com um sorriso malicioso e só então percebo o que eu acabei de dizer. Fico vermelha, mas ele ignora e continua a falar:
"Esse não é a pior parte. A roca estava enfeitiçada, agora tudo o que as pessoas pedem para eu fazer, eu acho!"
Começo a rir. Isso só pode ser uma piada.
"Adorei essa, Felipe. Agora será que a gente pode voltar para a festa?"
"Eu estou falando sério! Por que você acha que eu gritei que era gay quando Eduardo mandou?!"
"Talvez porque você realmente seja um!"
Ele revira os olhos. Será que isso é verdade? Só tem um jeito de saber...
"Imite uma galinha!"
Grito. Ele não questiona nada e começa a imitar uma galinha.
"Tá, mas imitar uma galinha até eu faço! Eu quero que você..." Penso um pouco. "Faça um strip tease!"
Falo rindo, para minha surpresa, apesar da cara de quem não está gostando nada disso, ele começa a tirar lentamente a gravata. Começo a rir ainda mais.
Pov. Felipe
Eu não acredito que ela está me obrigado a fazer isso. Nunca odiei tanto uma maldição quanto odeio essa, e olhem que já lançaram muitas maldições em mim. Primeiro Eduardo mandando eu fazer coisas que eu nunca faria (tenho certeza que ele é o responsável por essa palhaçada), agora Bia está se aproveitando.
"Qual é, Felipe! Você consegue fazer melhor que isso!"
Ela fala rindo quando eu termino de tirar a gravata. Mesmo que eu lute contra meu corpo para parar, uma força toma conta de mim e eu rodo a gravata em cima da minha cabeça enquanto rebolo e faço uma cara "sexy", depois jogo a gravata para ela que por sua vez solta um gritinho de empolgação e coloca a gravata em volta do pescoço.
Se ela soubesse como fica linda quando ri...
Tiro o terno e jogo nela também. A essa altura ela já está com os olhos marejados de tanto rir. Vou tirando os botões da minha camisa de suas casas um a um. Até me livrar totalmente dela. Bia morde o lábio inferior e olha com malícia para meu peito nu. Uma vez sem camisa, parto para a parte de baixo, lutando contra a maldição. Começo a tirar o cinto e Bia me interrompe (ainda bem!).
"Ok, ok, pode parar! Agora eu acredito nessa maldição!"
Ela fala isso enquanto faz uma pausa para respirar, mas depois volta a rir feito um louca e acaba caindo da cama. Penso que ela vai parar, muito pelo contrário. Ela ri ainda mais. Não sabia que isso era humanamente possível.
"Pare de rir!"
"Eu tô tentando! Juro!"
"Ver você rindo desse jeito me dá vontade de fazer uma coisa..."
"O que?"
"Nada."
"Felipe, ou melhor, maldição de Felipe. Faça-o fazer o que ele quer fazer."
Até ela fica confusa com o que falou, mas a maldição entendeu direitinho. Sem que eu possa controlar, vou até ela que ainda está deitada no chão e colo meu corpo ao dela. Aproximo nossos rostos e... A porta se abre abruptamente e Joana entra com uma expressão furiosa.
Pov. Bia
Ele ia me beijar! Se não fosse pela vaca italiana que entra no quarto e interrompe tudo. Fuzilo-a com o olhar, mas ela nem liga. Faz a maior cara de santa e pergunta se estava interrompendo alguma coisa. Felipe fala que não e começa a se vestir. Depois de vestido (Para minha tristeza. Um dia vou esconder todas as roupas dele e ele vai ter que andar só de cueca). Felipe explica toda a história de maldição a Joana que escuta toda narrativa com atenção, ao final ela fala que sabe os ingredientes da poção que reverte esse feitiço, mas eles (nós!! Vá sonhando que eu vou deixar você sozinha com ele!) teriam que viajar para consegui-los.
“Vou te ajudar, mas não sem antes tirar proveito disso.” Ela fala rindo. “Beije-me.”
Felipe se inclina sobre ela e a beija. Nos lábios. Tenho vontade de vomitar, de separar os dois, de bater nela, mas tudo que eu faço é ficar encarando. O beijo termina e os dois sorriem. Acho que ele nem precisaria estar enfeitiçado para beijar ela. Sinto meus olhos encherem de lágrimas. Lágrimas de raiva. Saio do quarto, porém antes que eu atravesse a porta, Felipe me chama.
“Você pode devolver minha gravata?”
Nem tinha reparado que estou com a gravata dele em volta do meu pescoço.
“Agora é minha, chore.”
Fecho a porta do quarto dele provocando um barulho forte. Em vez de sair, fico na porta escutando o barulho de beijo dos dois, só para me martirizar. Um guarda vem até mim e pergunta se eu preciso de ajuda, pois estou muito pálida. Digo que sim e vou correndo para meu quarto. Entro nele e tranco a porta. Encosto na parede e vou escorregando até chegar no chão. Escuto batidas na porta, mas ignoro.
“Eu sei que você está ai! Abra a porta!”
Reconheço a voz de Lucy e abro a porta, ela mal entra no quarto e já vai perguntando o que aconteceu. Explico a ela tudo, dando ênfase no fato de Felipe ter gostado do beijo. Ela escuta com atenção e ao final da narrativa pergunta como foi o strip tease começo a rir. Ela só pensa nessas coisas! Jogo uma almofada nela e começamos uma guerra de travesseiro. Paramos só quando o riso nos impede de fazer qualquer outro movimento. Respiro fundo tentando me recompor e falo:
“Precisamos dar um jeito nessa vaca italiana.”
“Não a chame de vaca.”
“Por que? Pensei que estivéssemos do mesmo lado!”
“E estamos, mas se nós mulheres chamamos umas as outras de coisas desse gênero, estamos dando liberdade para os homens fazerem o mesmo!”
“Eu nunca tinha pensado nisso! Então vou reformular minha sentença: precisamos dar um jeito nessa dama fácil da sociedade italiana.”
“É assim que se fala! Eu acho que você não deve ficar se lamentando pelos cantos! Mostre a ele o que ele está perdendo, volte para a festa com um sorriso no rosto, dance, cante, encante. E no final ele vai perceber que você é melhor que qualquer dama fácil da sociedade.”
Faço exatamente o que ela falou. Só que Felipe mal olha para mim! Desconto toda a minha frustração na bebida. No final da noite, quando Joana desparece da festa, Felipe vem falar comigo. Reprimo minha vontade de socar o rosto perfeito dele e sorrio forçadamente. Ele parece estar meio nervoso.
“Olha, Bia. O que aconteceu hoje... Bem, eu não tenho nada com Joana, foi só por causa dessa maldição que eu a beijei. Nós somos só bons amigos.”
Faço uma cara de confusão.
“Por que você está se explicando para mim? Não temos nada um com o outro, você é livre para fazer o que quiser! Quando nós vamos fazer essa poção para acabar com essa maldição?”
Ele fica visivelmente afetado pela minha indiferença.
“Nós?”
“Sim. Eu, você e Joana. Vejo vocês amanhã na biblioteca pela manhã para combinarmos os detalhes.”
Afasto-me dele antes que ele possa protestar.


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Notas finais do capítulo

Eu imagino Felipe como Nash Grier e vocês? Bia eu imagino de um jeito diferente de qualquer atriz. Me sigam no Twitter: @_lorealves Beijos ;)