Superioridade escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 1
Superioridade


Notas iniciais do capítulo

Tive esse surto de inspiração enquanto pensava em alguns de meus personagens preferidos. Loki. Littlefinger. Sirius Black.... E alguns outros. E também em algumas fics sobre os mesmos. Espero que gostem.



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Superioridade

Certa vez o menino ouviu ‘O que vem de baixo não me atinge’. Deveria ser apenas uma resposta irônica, mas o garoto guardou essas palavras no seu íntimo. O infante meditou sobre elas, e nelas encontrou uma salvação. Pois o garotinho precisava desesperadamente de uma saída, precisava encontrar uma forma de não ser atingido. Ele estava exausto de dia após dia passar pelas mesmas humilhações. Estava cansado de sentir dor.

Foi assim que iniciou-se a construção de seu pedestal. Não era que ele se achasse superior aos demais, não era como se pensasse que nascera superior, que tinha o direito de ser superior. Não. Tinha conhecimento o suficiente para saber que todo ser humano era igual. Apenas precisava urgentemente de alguma forma de se defender.

E não era assim tão difícil olhar para seus supostos iguais e julgar por suas ações, que ele só poderia ter nascido com alguma vantagem cerebral.

Monstro. Aberração. Defeituoso.

De fato poderia ter nascido diferente. Contudo isso não era necessariamente algo ruim.

Era inexperiente uma criança ainda quando começou, ignorando as zombarias e sarcasmo de todos ao seu redor, o menino iniciou lentamente seu labor. Na ausência de materiais mais refinados, usou o que tinha a sua disposição, barro. Foi desta matéria prima que foi feita o alicerce de sua construção. À medida que subia tinha aos poucos acesso à ferramentas melhores.

E quando finalmente terminou, já na idade adulta, estava tão alto que mesmo os maiores homens tinham que erguer a cabeça para olhá-lo. Sob seus pés, havia a ultima e maior camada, feita do mais precioso ouro que fora capaz de encontrar, e esta não apenas o sustentava, mas crescia em torno de si, como uma forma de proteção. E do mesmo material ele portava uma armadura.

Dali de cima, podia observar tudo e todos. Os que antes lhe zombavam agora eram seus inferiores, em seu pedestal era superior aos que antes apontavam o dedo e riam. A vingança era doce, quem agora ousaria fazer piada dele?

Estava confortável. Estava protegido. Vingado. E acima de tudo, estava seguro.

Foi então que ela apareceu.

Uma mulher, que poderia ter sido uma dentre um milhão, que poderia ter sido insignificante como todas as demais. Se não tivesse lhe fitado diretamente nos olhos assim que entrou no ambiente.

O, agora, homem não esperava por isso. A atitude dela o confundiu, todos que chegavam perto de seu pedestal mantinham uma postura submissa. Mas não ela. A jovem permaneceu fitando-o nos olhos, como se pudesse ver sua alma, e sorriu. E ele não pode se impedir de sorrir de volta.

A moça de sorriso inocente encarou isso como um convite e se aproximou de seu pedestal, sem dar atenção aos avisos de todos os demais. Ele permitiu que ela chegasse perto, apenas por curiosidade. Então ela lhe sorriu com doçura, e o convidou a descer. O ferido rapaz balançou a cabeça em negativa, a mulher era bela, mas não tão bela ao ponto de faze-lo abandonar sua segurança.

A mulher franziu o cenho, e um pequeno bico se formou em seus lábios, como o de uma criança a quem se nega o doce. Ela o fitou novamente, quase que triste, e tentou subir no pedestal. Contudo tal estrutura não fora feita para suportar dois, e começou lentamente a tremer.

Irritado repreendeu-a e ela imediatamente parou sua escalada, pulando de volta para o chão. Uma vez ali, seu olhar foi atraído para os pés da construção. Que tal como no dia que o homem começara, ainda permaneciam de barro. Era incrível e ilógico como uma estrutura gigantesca, feita dos mais variados materiais, pudesse ser sustentada por algo tão frágil.

Novamente, a doce moça pediu-o que descesse, desta vez o jovem homem ignorou-a. Então um brilho de desafio surgiu nos olhos da peculiar mulher, um brilho que refletia o desafio nos olhos dele.

Um segundo tarde demais o rapaz compreendeu o que ela faria, balançou a cabeça negativamente, entretanto antes que pudesse abrir a boca para gritar em protesto a moça já começara, distribuindo fortes chutes na base do pedestal. A estrutura tremeu com ainda mais intensidade, um segundo terrível se passou, e então tudo desabou.

Ele caiu no chão.

A armadura já não mais repousava sobre seus ombros. O ouro não mais estava sob seus pés. O jovem estava novamente no chão de barro, onde tudo começara. Nu, desprotegido, indefeso e sozinho.

Esperava por violência, e esta não demorou muito a chegar. Através de agressões duras e palavras cruéis. Todavia nada doera mais que as gargalhadas. Ele preferia arrancar os ouvidos a continuar ouvindo-as. Pensava que já tinha se livrado disso, pensava que nunca mais as escutaria.

Desesperado, tentou reunir novamente o barro para formar uma vez mais seu pedestal. Mas assim que iniciou seu labor, uma bota lhe pisou a mão, logo em seguida lhe chutando.

O ferido rapaz se encolheu, sem tentar resistir ou se defender. Sabia que em tal posição nada poderia fazer para impedi-los.

Foi então que ela surgiu novamente. E ele viu fogo em seus olhos. Não imaginava que uma criatura tão pequena e doce pudesse ser tão ameaçadora. A mulher empurrou todos ao seu redor, estava tão desarmada quanto o jovem. Mas havia destemor, coragem e fúria em cada centímetro de seu corpo. Sua postura corporal exalava revolta, seus olhos transmitiam uma mensagem clara: Ninguém tocará nele, ninguém.

E um a um eles recuaram, obviamente amedrontados pela mulher. A moça se voltou para ele, mas o mancebo não fitou seus olhos. Agora a situação se invertera, era ela quem o olhava de cima, e ainda que ela o tivesse defendido neste momento, ele não se esqueceria que fora a aparentemente doce moça quem o tirara de sua segurança. O rapaz não confiava nela, não confiava em ninguém.

A mulher se ajoelhou ao seu lado e tocou seu rosto, em um pedido mudo para que o homem fitasse seus olhos. À contragosto, ele fez sua vontade, e o que viu no rosto dela foi um sorriso compreensivo, acompanhado de um olhar meigo. Ela tomou as mãos dele nas suas, tocando com ternura o ferimento que a bota fizera, o corte lentamente começou a fechar-se, curando-se por completo, e deixando apenas uma fina cicatriz.

A jovem fez o mesmo com as demais lesões. Contudo haviam muitas delas, uma vez que não havia apenas novos cortes em seu corpo, diante da violência que lhe fora imposta feridas antigas que jamais haviam sido propriamente tratadas haviam se reaberto. Alguns de seus ferimentos talvez nunca fossem se curar por completo, e se o fizessem ainda levaria muitos anos.

A moça se pôs de pé e lhe estendeu a mão, o convidando a se levantar também. O rapaz olhou ao redor um tanto quanto desconfiado, mas aceitou a ajuda.

Ele a fitou com confusão evidente, e uma vez mais ela lhe sorriu com doçura.

Não compreendia. Estivera em uma posição superior, a olhara de cima, com a mesma arrogância que dirigia aos demais, apenas ligeiramente mascarada pela curiosidade. Agora a mulher tinha a oportunidade de lhe dá o troco. Por que não agira como os outros? Por que não insistira em mantê-lo no chão? Por que o ajudara a se levantar?

No olhar dela ele encontrou a resposta, igualdade. Ela não queria ser superior, não queria ser inferior. Ela queria apenas ser sua igual.

O homem ferido acariciou o rosto dela retirando uma das mechas que insistia em vir para o seu rosto. A doce mulher lhe sorriu, e por um segundo ele quase pode acreditar que seria inteiro novamente. Talvez não precisasse de seu pedestal afinal.


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Notas finais do capítulo

Comentários são sempre bem-vindos. Não importa se gostou ou não, me deixe saber o que pensa.



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