Easy escrita por Nora


Capítulo 14
13 – Provocative




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— Mas e você? Não vai passar frio? – ela rebateu, com sua teimosia. Era a característica mais forte dela.

Estava a ponto de devolver a jaqueta para ele, mas sua resposta a fez ceder.

— Não se preocupe comigo. – ele sorriu de modo caloroso. – Eu arrumo outro casaco. Não se preocupe.

— Obrigada – ela murmurou, baixinho, e vestiu a jaqueta.

Um vento bateu, fazendo o cabelo loiro dele esvoaçar lentamente, revelando uma cicatriz que até então ela não havia notado. Aquilo a deixou curiosa, porém permaneceu em silêncio.

Os dois chegaram ao carro – ele estava estacionado a uma certa distância – e logo entraram. No outro dia que ele lhe dera uma carona ela não havia reparado, mas aquele era realmente um belo carro.

O trânsito estava relativamente calmo naquele horário, mas ainda sim havia movimento.

— Acho que você vai chegar um pouquinho atrasada. – Thomas comentou.

Ela riu e disse, tranquila:

— Não tem problema. A professora gosta de mim, então não vai se importar.

— Que bom – ele replicou, rindo.

O caminho não era longo, mas eles haviam demorado quinze minutos. Quando chegaram a Manhattan, o trânsito tornou-se muito pior, mas enfim chegaram à Columbia.

— Aqui está. – Thomas falou.

— Obrigada pela carona. – America agradeceu.

— De nada.

Os dois sorriram e se despediram. Ele deu um beijo na bochecha dela, e ela ficou sorrindo por isso.

— America? – ele chamou antes que ela fechasse a porta.

— Sim? – perguntou, curiosa.

— O que acha de jantar comigo alguma noite?

Ela parou um instante, surpresa. Então respondeu, com um enorme sorriso no rosto:

— Esta é uma ótima ideia.

***

Para o azar de America, a sala estava um completo silêncio quando chegou. E para piorar seu dia, o único lugar que restava era ao lado de Trevor. Na primeira oportunidade que teve, ele falou com ela.

— Chegou atrasada, francesa?

Ela poderia ter sido sarcástica e ter dito algo como “Não, eu estava aqui tirando um cochilo com a capa da Invisibilidade do Harry Potter”, mas apenas disse:

— Desde quando você se importa?

— Acho que isso foi uma maneira mais sutil de dizer que ainda me odeia. – ele especulou e ela só revirou os olhos.

Ele olhou para ela e no mesmo segundo reconheceu a jaqueta que ela estava vestindo. Era de Thomas.

Estava prestes a perguntar o que ela estava fazendo com aquela jaqueta quando a professora começou a falar do conteúdo, e ele não soube dizer se America estava realmente interessada na aula ou se só estava fingindo interesse para não falar com ele. Apostava mais na segunda hipótese.

Ele passou a aula inteira com aquela dúvida martelando em sua cabeça e a próxima aula também, pois depois que a aula de economia terminou America sumiu, e ele só tornou a vê-la novamente no intervalo.

A francesa estava colocando uma bala na boca quando o viu.

— Me perseguindo, McCalton? – perguntou.

— Por que chegou atrasada, Mare? – ele falou, indo direto ao ponto.

— E desde quando isso é da sua conta?

— Desde que você está com a jaqueta do meu irmão. – ele retrucou, irritado.

Ela o olhou, surpresa por ele ter tocado naquele assunto. Achava que ele nem havia notado. Mas ele notava tudo.

— Eu estava tomando café com Thomas, e acabei perdendo a hora. – respondeu, simples e tranquilamente.

Ele cerrou os punhos. A única coisa que conseguiu dizer foi:

— Ele não tinha ido viajar? – isso soou estúpido, Trevor pensou.

— Teve de adiar o voo. Ele vai ir hoje à tarde, eu acho. – ela disse.

Ótimo. Agora aquela francesa que estava na cidade não havia cinco meses sabia mais sobre sua própria família do que ele mesmo.

A mente dele se inundava com pensamentos desse tipo, e isso o fez ter raiva dela. Não só dela, como do irmão também. Principalmente do irmão.

— Bom saber, Chevalier. – Trevor retrucou, frisando o sobrenome francês dela, mas sem saber direito por quê. Talvez para demonstrar sua raiva. Seu tom era duro, e seus punhos ainda eram fechados ao lado de seu corpo.

Ele passou direto por ela, sem olhar nenhuma vez para trás.

Os alunos tinham autorização para deixar a faculdade no intervalo, então ele nada tinha a fazer ali além de sair. Havia uma espécie de bar em frente e ele decidiu ir ali. Comprou um maço de cigarros – ele havia adquirido esse hábito há algum tempo, mas fumava raramente – e comprou um chiclete. Precisava de algo em sua boca.

Depois encontrou Dan no caminho.

— Lembra da francesa? – perguntou.

— Claro. O que tem ela? – o amigo respondeu.

— Ela está meio que saindo com o Thomas. Ou, sei lá, vão começar a sair. – falou. Para qualquer outra pessoa aquilo poderia ser muito bem ciúmes. Um pouco ele admitia que era, sim, mas a maior parte daquilo era preocupação.

Dan, que estava tomando um gole de água, quase se engasgou.

— Sério isso? E você não vai fazer nada? Tipo, não vai alertá-la?

— E você acha que ela vai acreditar em mim? – ele retrucou, com raiva, fechando o punho contra uma placa de metal que havia na parede.

Ficou um pouco amassada.

— Ela já disse que “ele é muito melhor que eu” e que eu sou uma pessoa horrível, basicamente. Se eu o acusar de alguma coisa, acha que ela vai acreditar? Óbvio que não. Ela vai achar que estou tentando competir com ele, tornando-o “pior” no ponto de vista dela. Vai achar que eu estou com inveja do panaca que ele é.

— Eu acho que você deveria tentar, pelo menos.

— Não. Não vai funcionar. – contrapôs. – Quer saber? Eu não me importo. A vida dela não é da minha conta, mesmo. Ela que faça o que bem entender.

Dan por um instante mostrou um misto de confusão e surpresa em seu rosto, mas logo voltou ao normal, suspirando. Já estava acostumado com essas mudanças tempestuosas de humor dele. Mas Dan gostaria de saber se Trevor estava falando sério ou se estava tentando convencer a si mesmo – o que era mais provável.

— Olha ali, seu cunhado – Dan falou, rindo. Estava se referindo a Joshua Hodking, parado a alguns passos de distância, junto com seus amigos.

Trevor riu, e aproveitando a deixa, falou a ele, em tom de extrema provocação:

— Ei, Joshua, – atraiu a atenção do outro, que olhou em sua direção, e continuou a falar – devo admitir, sua irmã é melhor na cama do que eu imaginei.

Ele mostrou-se sem reação por um momento, e então seu rosto foi tomado por surpresa e incredulidade. Mais incredulidade do que surpresa, na verdade.

— Você não fez isso – ele falou, e seus amigos permaneceram em silêncio.

— Ah, amigo, pode acreditar que sim – Trevor retrucou, com um sorriso malicioso no rosto.

A expressão do outro passou a ser pura raiva. Ele estava realmente furioso. Algumas pessoas se aglomeravam a volta, curiosas para saber o que se passava ali. E entre elas estava justamente America.

Joshua estava se preparando para socar Trevor.

— Você é um canalha, McCalton. – ele proferiu. – Já tem todas as garotas da universidade. Por que justamente Jessica? – perguntou. Sua voz estava carregada de raiva.

— Não negue, cara. Sua irmã não é nada santinha. – ele replicou, piscando para o outro.

Isso foi o cúmulo para Joshua. Ele partiu para cima do outro, desferindo um soco contra o rosto dele. Trevor poderia muito bem ter desviado pois tinha vantagem sobre o adversário, mas deixou-se ser atingido apenas por pura diversão. Estava realmente se divertindo com aquilo.

— Pode vir, grandalhão – disse, zombando do outro. O soco que recebera não surtira efeito algum, deixara apenas um pequeno corte no lábio inferior. Nada demais.

E ele foi. Desferiu mais alguns socos, mas Trevor desviou de todos eles, com divertimento. Rebateu alguns, mas sem ferir o outro.

Já havia muita gente em volta dos dois. Mas aquilo nem chegava perto o suficiente de uma briga de verdade. Trevor já havia participado de muitas.

Eles ouviram uma voz dizer, que Joshua gelou ao ouvir:

— O que está havendo aqui, rapazes?

Os dois se separaram e Joshua respondeu:

— Nada, pai.

O reitor. Explicado, pensou o outro. O garotinho tinha medo do pai.

Antes de seguirem em direções opostas, Joshua lhe disse, com um olhar fulminante:

— Se safou dessa vez, McCalton. Mas na próxima, não vai ser meu pai que vai me impedir de acabar com você.


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