Eu eles e Nós escrita por Lanny Missmuse


Capítulo 17
Capítulo 12 - Dominic


Notas iniciais do capítulo

Dominic dando o ar da sua graça

Natal em Devon tudo lindo se não fosse... ops!

Enjoy



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Lana veio nos encontrar em Londres e de lá fomos para Devon. Ela confessara a Matt que estava insegura de chegar a Devon sozinha, então arrumei um jeito de chegarmos todos juntos. Agora seria tudo diferente, uma vez que éramos os quatro, num ambiente familiar e aconchegante. Nada de hotéis, festas pela madrugada e groupie! Seria tudo ainda melhor.

A minha cisma com Lana também já tinha passado. Depois que a gente transou, não tinha mais por que eu ainda querer alguma coisa do tipo com ela, agora éramos só amigos e então estava tudo bem. A gente “ficou” em julho e foi muito bom, mas agora era só amizade.

Eu repetia isso a mim mesmo sempre que podia para não cair em tentação novamente.

Quando chegamos ao aeroporto Ema estava lá com os milhões de filhos de Chris, foi uma recepção bem calorosa para ele e esquisita para nós. Tivemos que esperar até que ele acalmasse as "ferinhas" para prosseguirmos.

— Ei, você veio! Pensei que o lance entre você e Dominic não ia durar muito, mas aí está você! – Ema deu um jeito de deixar Lana vermelha. Ela não era hostil como Natalie, mas era muito franca.

— Ah, oi Ema – Lana sorriu sem graça – É bom ver você também.

— A pronúncia dela melhorou – Ema observou – Mas ainda soa estranho, não tão estranho quanto Matt, mas...

— Posso carregar o bebê?

— Ah Claro! Segure um pouco ele para mim enquanto abraço meu marido direito – ela deu o bebê a Lana e deu um vigoroso beijo em Chris, que não se importou nenhum pouco com a plateia.

— Adam você é lindo! – ouvi Lana murmurar para o menino.

Lana vinha fazendo um grande progresso com o seu inglês, até já não precisava tanto de tradução, só sua pronuncia era dura e pausada, talvez pelo cuidado de ela tentar ser clara. Saímos do aeroporto, a manhã estava quente e abafada. Fazia tanto tempo que eu não ia a Devon que o calor me pegou desprevenido. O bom de estar por lá é que cada um poderia dirigir seu próprio carro.

— Vocês podiam passar lá em casa mais tarde, para jantar com a gente – Chris comentou abrindo o dele.

— Não vai dar – Matt deu de ombros – Prometi a mamãe que faria o jantar para nós hoje, ela convidou meus irmãos e tudo...

— Mamãe vai fazer o jantar para mim e Roxanne vem com os gêmeos. – fiz minha melhor cara de pesar – Quem sabe outro dia?

— E você Lana? Onde vai ficar?

— Na minha casa ora! Quer que ela fique junto com a mulher-dragão e se ela colocar veneno na comida dela? – abri a porta do carro e coloquei as malas no carro – A gente se encontra amanhã no almoço na casa do Matt!

— Eh, amanhã a gente se vê pessoal! – Lana deu o bebê a Ema e se despediu de todos.

Cada um pegou seu carro e foi para casa (eu acho. Matt não disse que ia para casa, meu palpite é que ele ia esperar a mulher-dragão).

— Impressão minha ou vocês fizeram uma força tarefa para não jantar na casa de Chris? – Lana perguntou depois de um tempo no carro.

— Você não ia gostar – eu me virei para ela – Chris tem uns trinta mil sobrinhos e primos e sempre é um pandemônio quando estão todos juntos! Aqueles filhos dele, então...

— São apenas crianças Dom! – ela revirou os olhos – Olho na estrada bonitão! Não vim para morrer.

— Você não sabe como aquele garoto Ernie é uma peste!

* * *

— Meus netos vão ter cachos ruivos como o dela? – mamãe começou a sessão inquiridora com essa pergunta.

— Os filhos “dela,” – frisei bem a palavra – provavelmente terão.

— Ah sim! Onde ela está?

— Tomando banho – eu me virei para ela – Mãe, ela é minha amiga apenas. – do jeito que ela me olhou, não parecia convencida. Ninguém ficava.

— Ela é tão diferente Dominic! Onde a encontrou? - Lana foi uma fã que conhecemos no Brasil... É uma longa história!

— Ah ta! Mais um dos seus casos... – ela riu. Mamãe era muito parecida comigo quando queria ser sarcástica.

— Mãe ela gosta de Matt.

— Mas Matt não namora aquela coisinha intragável da Natálie!

— É aí que está o problema.

— Vocês são tão complicados. – ela deu de ombros – Mas ela já ganhou pontos por fazer você vir passar o Natal aqui comigo. Você parece gostar muito dela.

— Gosto sim. Somos muito parecidos, embora ela seja meio lunática como Matt! – dei uma risada – Você gostou dela?

— Ainda é cedo para saber. Parece meiga e doce, é mais sociável que aquela sua ex-namorada intragável! A verdade é que elas são bem diferentes.

Gargalhei. Mamãe nunca aprovara Kate, mas não se metia nos meus relacionamentos. De vez em quando me dava conselhos que eu decidia seguir ou não.

— Ela fala inglês Dom? Ou apenas aquelas palavras ensaiadas de agora a pouco?

— Muito pouco além delas, mas entende muita coisa e aprende rápido.

— Então trate de se ajeitar por aqui e descer logo com ela – ela foi para a porta – Roxanne chegará com Billy e as crianças. Você vai ver como sua amiga estará encrencada!

Mamãe tinha razão, Roxy nunca perdia a mania de ser a irmã ciumenta e já espantou possíveis namoradas minhas. Já disse a ela que a culpa por eu não conseguir levar um namoro a sério, era dela (mas Roxanne disse que eu já era patife de nascença). Mamãe se foi e eu continuei desarrumando as malas. Lana apareceu logo depois enxugando o cabelo.

— Sua mãe acha que temos alguma coisa não é? – ela me olhou de sobrancelha arqueada.

— Ela logo vai ver que não, não precisa esquentar com ela.

— Por que ela disse que eu ia estar encrencada com Roxanne?

— Roxy está doida para conhecer você! Ela jura que estamos juntos e quer vê-la, Roxy é assim com todas as minhas namoradas!

— Mas eu não sou sua namorada!

— Mas ela não acredita. – dei de ombros – O que posso fazer?

— Tomara que ela não seja aquelas irmãs ciumentas que odeiam as namoradas do irmão e sempre acham defeito em tudo! O que você fazia com ela na adolescência?

— Eu vendia tickets aos meus amigos que valiam uma espiada nela trocando de roupa! – guardei as roupas no closet – Consegui grana para comprar minha primeira bateria!

— Desde pequeno você é patife! Foi rindo dela que descemos para ajudar mamãe a fazer o jantar.

Redescobri Devon pelos olhos de Lana e foi com surpresa que percebi o quanto era ligado àquele lugar. Na adolescência sempre fui louco para sair de Devon e agora sei que é para lá que eu sempre poderia voltar. Visitei meus antigos lugares favoritos (por que agora eu tinha um em cada continente), reuni meus amigos e relembrei experiências da minha vida. Tudo isso acabou sendo uma aventura para Lana, que além de minha amiga é uma fã inveterada do Muscle e acabei proporcionando a ela a experiência de ver como tudo começou!

— Não poderia estar sendo melhor. – ela me disse um dia quando estávamos voltando do porto – Quer dizer, seria divertido ter Matt por perto.

Olhei para ela de esguelha e a vi mexer num cacho do seu cabelo. O distanciamento de Matt a estava entristecendo. Ele tentou manter o convívio, mas assim que Natálie chegou Matt se afastou e ficou óbvio que foi por causa da mulher-dragão.

— Dom, podíamos ver seu pai. – ela se remexeu no banco para ficar de frente para mim. Nem olhei para ela, continuei guiando indiferente. - O que temos melhor a fazer agora? – ela continuava a me olhar com a cara mais cínica do mundo!

— Milhões de coisas garota! – ela não esqueceria tão facilmente. Tentei mantê-la ocupada o quanto pude para que não se lembrasse disso – Está anoitecendo, logo vai ficar frio e escorregadio por aí e você pode se machucar.

— Não tenho sete anos Dominic – Lana revirou os olhos – Vamos logo, está perto é apenas pegar a próxima rua e pronto!

— Você está sendo cruel e sabe disso.

— Não estou não – ela deu de ombros – Por que é tão difícil...

— Você ainda pergunta por quê?! – bufei – O que você quer? Se certificar de que ele está morto?! Eu já sei disso!

— Ele está tão morto para você que você se recusa até em falar dele e isso é muito ruim. – ela falou depois de um tempo, estávamos quase em casa – Eu só queria entender Dom. Você ama seu pai e sempre ouvi você dizer que ele era o seu herói que sempre o apoiou... Por que a morte dele é um fardo? Por que você deixa isso te oprimir?

— O que queria que eu fizesse Lana? Que ficasse falando com um pedaço de pedra que nem você faz?! Lana se calou, amuada e eu me amaldiçoei por ter falado aquilo, foi muito estúpido e cruel da minha parte. Saí do carro ainda irritado e Lana entrou em casa pisando duro.

— Lana eu...

— Olha Dominic pelo menos admita que você seja covarde o suficiente para não aceitar a morte dele e estamos conversados – ela se virou para mim furiosa – Eu pelo menos admito que procure meu pai ou o que quer que tenha dele embaixo daquela lápide, mas eu sei também que ele está aqui dentro – ela apontou para o peito – Sem mágoa nenhuma por que afinal, a morte de todo mundo é inevitável! É o nosso fim na vida Dom, por mais que não estejamos preparados! Eu falo sim, mas não é com uma pedra Dominic, é com o meu pai! Independente de onde esteja!

Ela saiu porta afora, ainda furiosa e eu fiquei furioso e sem ação por que tinha que admitir que ela estivesse certa. Era doloroso admitir que meu pai morrera.

— Aonde ela vai? – mamãe apareceu de repente e pelo visto tinha ouvido tudo.

— Não sei! – respondi de má vontade e fui me jogar no sofá.

— Você não deveria deixá-la sair sozinha e já vai anoitecer.

Estava furioso demais para ouvir os conselhos dela, a verdade é que estava cansado de ouvir conselhos. Fiz ouvidos moucos e fui tomar um banho, demorei bastante no chuveiro para relaxar e quando sai estava mais calmo. Olhei pela janela e percebi que estava escuro e uma fina chuva caía, fui me vestir e fiquei vendo algumas coisas na internet. Fiquei um tempo assim até perceber que ainda não vira Lana. Passamos esses dias juntos e quando eu ficava um pouco sozinho sentia falta dela. Desci para ver se já tinha chego, ela ainda deveria estar com raiva, por isso não subira para falar comigo. Procurei por todos os cômodos da casa e não a vi, mamãe estava na cozinha com Vera, a cozinheira.

— Você viu a Lana?

— Ela não voltou Dom. – mamãe tomava chá – Eu disse para você não a deixar sair sozinha.

— Ela deve ter ido para casa de Chris – isso não me deixou tranquilo. Ela não podia andar por aí de noite e sozinha.

— Tomara que não – Vera preparava o jantar – Abriram um novo pub na esquina que vive cheio de arruaceiros! – ela apertou os olhos pequenos numa careta de desagrado – Passar por ali essa hora é um verdadeiro martírio!

— E o único caminho que sobra é cortar pelo cemitério – mamãe me olhou atentamente – Com essa chuva, deve estar tudo escorregadio, o declive é um perigo até de dia que dirá à noite! Nas entrelinhas a mensagem era clara: Sua amiga pode estar em apuros e a culpa é sua. Fui ao quarto pegar um casaco e peguei o carro, no caminho liguei para o Chris.

— Lana está aí?

— Como assim está aí, você perdeu ela? – ele começou a gargalhar, mas eu praguejei e ele se tocou que era sério – Dominic o que foi que aconteceu?!

Expliquei rapidamente nossa “conversa” e agora quem praguejou foi ele. Chris disse que ia se encontrar comigo na frente do cemitério, peguei o carro e fui para lá. Só Lana mesmo podia conseguir arrumar alguma confusão uma hora dessas! Ela não costuma pensar quando está com raiva e pelo visto, Lana estava furiosa, mas quem procurou foi ela. Quando cheguei lá me dei conta da ironia da situação. Lana passara as duas últimas semanas me implorando para ir lá e eu estava prestes a entrar para procurá-la.

— Já está escuro, se aconteceu alguma coisa ela provavelmente resolveu pegar o atalho – ele disse assim que chegou. Ficamos olhando a rua que agora estava deserta e meio iluminada, convidativa para ladrões e arruaceiros!

— Ela pode estar na sua casa agora.

— Não está. Ema ficou de me avisar se ela chegasse. – olhamos a rua mais uma vez – Por falar em Ema, ela e Roxanne passaram uma hora no telefone tentando definir o que Lana era para você – ele riu – Chegaram à conclusão que você gosta dela, mas não quer admitir.

Bufei e comecei a andar para dentro do cemitério, Chris me acompanhou. A noite estava fria e escura, se não conhecesse tão bem aquele lugar, nós nunca poderíamos andar por lá. Só que eu brincava por lá quando era criança e meu pai estava esperando por mim em casa, não embaixo do mármore em uma das lápides dentro do cemitério.

— Vamos nos separar – Chris disse – Será mais rápido assim.

— Tudo bem. Chris foi até o declive e eu fiquei rondando por perto para ver se a via na rua.

Eu já estava ficando tenso com as possibilidades que imaginava para o que tinha acontecido a ela e o pior que era tudo culpa minha. Eu não deveria ter sido tão duro com Lana, ela só se preocupava comigo e eu tinha que admitir que tivesse esse bloqueio com a morte do meu pai.

— Dominic!

Escutei Chris chamar um tempo depois e senti um calafrio por que tinha um quê de assustado e logo veio na minha cabeça o pior. Corri na direção que ele foi e nem precisei chegar muito perto para vê-lo amparando Lana que praguejava muito.

— O que foi que aconteceu?! – olhei alarmado para ela. Estava toda suja, mancando e fazia caretas de dor sempre que respirava. Suas mãos estavam machucadas e o rosto também.

— Ela caiu no declive Dom – Chris tentava segurar o riso, mas não estava adiantando muito e Lana olhava para ele furiosa.

— É melhor... Você... Su... mir com esse risinho Chris – ela arfava e lágrimas caiam pelo seu rosto sujo.

— Não fale muito, você pode estar com alguma costela quebrada. Foi uma queda feia!

— Eu estava correndo... Aí – ela segurou as costelas – Não vi o declive! Melhor cair do que ser assaltada ou coisa pior... Mas perdi meu celular!

— Aqui está – olhei uma coisa brilhar no chão. Era o celular dela que estava na beira do declive – Vamos embora, temos que levar você ao hospital.

— Desculpe Dom – ela me olhou, respirando fundo e fazendo outra careta – Eu deveria...

— Esqueça isso está bem? – passei o braço dela pelos meus ombros – Eu não deveria ser tão duro com você também, afinal você só estava querendo ajudar.

Lana assentiu e fomos para o meu carro, caminhando devagar para que ela não sentisse tanta dor. Chris foi para o volante e eu fiquei atrás com Lana, que recostou a cabeça no meu ombro até chegarmos ao hospital. Depois de esperar a avaliação dos médicos podemos vê-la, Lana ficaria em observação por aquela noite e poderia ir para casa no dia seguinte (a verdade é que ela deveria ficar mais tempo no hospital, mas ela perturbou tanto a vida do médico, que ele a liberou para ir para casa no dia seguinte). Fiquei com ela no hospital e Chris ficou de tranquilizar todo mundo. Lana tinha mesmo fraturado duas costelas e torcido o tornozelo, alguns arranhões e escoriações completavam o estado lastimável dela. De manhã fomos para casa com a promessa dela de que ficaria em repouso por ainda uma semana e assim que pisamos em casa mamãe tratou de providenciar isso. Depois de ter tomado banho, encontrei Lana dormindo no quarto dela entre muitos travesseiros.

— Como você conseguiu isso? – perguntei a mamãe quando desci para jantar

— Ela está com dor, isso já ajuda um pouco – ela sentou ao meu lado – E também um pouco de chá nunca é demais, ela precisa descansar!

— Ainda bem que estamos aqui. Ela não ficaria nenhum minuto quieta se estivéssemos em turnê! Ia ser muito difícil contê-la.

— Ela não parece ser tão difícil assim. – ela me olhou enigmática – Ela se parece com você!

— Não ela parece com Matt – me servi do jantar – Por falar nele, daqui a pouco deve estar aparecendo. Chris já deve ter ligado ou coisa parecida.

— Ele ligou, disse que vem amanhã no jantar do seu aniversário e aproveita para ver Lana – ela tomou o vinho e cruzou as mãos sobre a mesa – Ele parecia tão preocupado meu filho! Pareceu aflito e me fez dizer várias vezes que a menina estava bem... Eu vi como eles estavam na casa de Chris naquele dia... É óbvio que eles gostam um do outro. – ela hesitou um pouco e me fitou, não gostei do seu olhar – E também é óbvio que você gosta dela.

— Claro que gosto dela. – dei de ombros, indiferente – Lana é minha amiga!

— Hum sei.

* * *

Matt veio à noite do dia seguinte, mamãe tinha razão quanto à preocupação de Matt. Ela ficou evidente quando ele a viu, acomodada entre almofadas na poltrona mais confortável da minha mãe (a ideia era ela ficar no quarto, mas Lana recusou veemente. Seu argumento era de que duas costelas quebradas não a impediriam de conversar, comer e beber com os amigos no meu aniversário!).

Porém, vê-la feliz e bem me deixava aliviado e eu sentia uma sensação de bem estar inabalável.

— O que você foi fazer garota? – Matt sentou no braço da poltrona, afagando os cachos de Lana – Olha como você está agora!

— Pois é. Você podia estar arrasadora de vestido colado com uma fenda nas costas mostrando sua tatuagem. – Chris passou por trás da poltrona dizendo – Agora está aí de suéter.

— Ah! Eu ia ficar linda mesmo de vestido e atadura – Lana riu fraquinho – Parem de me fazer rir, se não vou ter que ir para cama mais cedo!

— Isso não pode acontecer. E você está perfeita de suéter e calça jeans. Esse suéter é muito bacana.

— Ele é seu, diga-se de passagem – Lana puxou o suéter vermelho.

— Matt me ajude a pegar as bebidas? – fiz um sinal para Matt me acompanhar. Fomos para a cozinha eu e ele.

— Ela parece bem.

— É claro que está Matt! Não se preocupe com isso – tirei as garrafas da geladeira

— Onde está Natálie?

— Voltou para a Itália – ele cruzou os braços e encostou-se a pia – Tivemos a pior briga de todos os tempos e ela agora me acusa de trocar ela por outra! Que outra merda?!

— Não é muito difícil de descobrir – comentei baixinho.

— Natálie tem um ciúme doentio de Lana e não sei mais como lidar com isso. – continuou ele sem dar por mim – Ela anda tão a flor da pele que até pensou que estava grávida!

— Pensou?

— Não sei bem direito se ela inventou, estava mesmo ou era apenas alarme falso! – ele abanou a mão, irritado. Para mim parecia absurdo que Natálie não soubesse com certeza da sua gravidez, toda mulher sabe dessas coisas. – Sei que ela passou esse tempo todo me pressionando para tomar uma decisão que eu não tenho coragem de tomar por que estou confuso.

Matt olhou para o alto e suspirou. Nunca tinha visto ele tão perturbado, angustiado mesmo. Ele parecia querer se abrir. Fiquei em silêncio esperando pelo resto.

— Minha vida anda uma bagunça desde que Lana apareceu.

— Não é culpa dela. O que você queria? Pela primeira vez em tempos você conhece alguém que pensa como você e não precisa mudar por ela! Lana não exige nada além de que você a ame... – de repente as palavras embolaram na minha boca e eu não consegui falar mais nada. Matt me olhou surpreso com a minha súbita veemência e depois baixou a cabeça.

— Para você é muito fácil falar Dom, mas as coisas não são assim tão fáceis. – ele mirou o chão – Eu amo Natálie Dominic! Eu pelo menos a amava demais... Mas agora não sei ao certo e não posso acabar tudo assim! Não posso dar esperanças à Lana e depois me arrepender! Já fiz isso uma vez lembra? Imagine agora que é tão...

Ficamos em silêncio por um tempo, para que Matt se acalmasse. Nunca pensei que ele estivesse tão envolvido, mas era evidente que o pendulo estava pendendo para o outro lado. Ele só não tinha coragem de admitir.

— Eu preferia que Lana nunca tivesse aparecido – continuou ele – Estou perdido e a situação está fora do meu controle... Está se tornando insuportável, por isso que procuro ficar distante. Lana sempre dá um jeito de me surpreender e eu estou prestes a perder a cabeça como no meu aniversário. Mas não posso fazer isso por que não se trata apenas de desejo e acima de tudo tem a nossa amizade – ele olhou para mim aflito.

— Há muitas coisas a considerar – eu olhei para as garrafas na mesa – Vamos voltar à festa e esquecer os problemas por pelo menos essa noite. Assim que saímos dei de cara com Lana no corredor. Ela estava pálida e com os olhos vermelhos.

— O que foi? Você está com dor? Ela assentiu e segurou as costelas fraturadas

— Vou tomar um comprimido e tentar ficar quietinha.

— Quer ajuda, eu... – ofereceu-se Matt.

— Não! Eu me viro sozinha. Vá ajudar Dom a distribuir as bebidas por que os convidados já estão ficando impacientes! Ela se desvencilhou de nós e subiu as escadas devagar. Acompanhei-a com o olhar até ela desaparecer na curva.

— Acha que ela ouviu alguma coisa?

— Acho que era apenas dor Matt.


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