Com tudo resolvido entre mim e Matt, as coisas voltaram ao normal. Acredito que essa confusão serviu até para nos aproximar mais. Ele ficou diferente, mas fácil de lidar e mais carinhoso e isso me encantou. Conhecer esse lado não arrogante de Matt me deixou muito feliz.

— Eu nunca vou acertar essa nota.

Estávamos em Miami e Matt colocou na cabeça que ia usar o tempo livre dele para me ensinar a tocar violão. Não estava dando muito certo.

— Vamos lá tente outra vez.

— Já disse que sou muito boba para tocar violão – tentei a nota mais uma vez e dei um muxoxo

— Vamos lá que você consegue.

— Ah não, você não vai ficar a noite toda trancada nesse quarto! – Dom entrou quarto adentro – Não tem nada melhor para ela fazer Matt?

— Você tem? – Matt perguntou cético. Dominic exibiu seu largo sorriso

— Eu sempre tenho – Dom tirou o violão de mim e me levantou do chão (esqueci-me de mencionar que a malhação de Dom estava dando resultado. Apesar de não dizer nada a ele, notei que sua disposição estava melhor, assim como seus músculos mais definidos! Eu não podia mais chamá-lo de magrelo, mesmo que ele ainda não fosse tão grande quanto Chris. Resumindo: Ele tava um gostoso isso sim!)

— Anda garota, vai se vestir. Coloque alguma coisa arrasadora que nós vamos sair.

— Aonde vamos?

— Anda Lana!

— Preciso saber aonde vamos bonitão! – bati o pé – Não tenho um vasto guarda-roupa.

— Não reclame. Sei que você e Helen fizeram uma boa farra de compras ontem. – dei um risinho. Era verdade, agora que Helen era minha amiga, a gente fazia isso de vez em quando e descobri que Helen é uma perdição como parceira de compras. Minha poupança quase foi parar no vermelho – Vista qualquer coisa arrasadora, viu? Arrasadora!

— Ele quer se exibir com você no show do Velvet – Matt foi guardar o violão – Não acredito que vai Dominic.

— Por que não iria?

Peguei uma roupa e fui me trocar. Apesar de receber convites, Matt tinha sido claro que esperava que ninguém fosse ao show (principalmente Dom). Helen disse que Brando Thomas estaria lá e a ultima vez que Dominic e ele se encontraram, só não partiram para a agressão física por que Chris e os seguranças da banda de Brando intercederam.

— Por que você não vai? O que pode acontecer demais Matt?

— Você ir para “as vias de fato” com Brando – respondeu Matt na sua voz serena – É o que pode acontecer.

— Pode ser – saí do banheiro, já vestida. Escolhera jeans preto e uma blusa frente única vermelha com casaco de couro preto e all star de cano longo (eu ia para um show de rock!). Alguns acessórios, pronto! Eu estava linda. – Hoje estou com um humor incrível e ninguém vai me tirar do sério! Afinal, quem se preocuparia com Brando depois de ter essa ruiva deslumbrante do seu lado?

Nós rimos Matt balançando a cabeça. Matt não veio mesmo. Ele estava esperando Natalie no dia seguinte e ao que tudo indicava, eles tinham feito às pazes e eu fiquei feliz por Matt por que ela gostava muito dela.

— Pensei que você ia escutar Matt dessa vez! – perguntei quando chegamos ao local do show.

— Eu também pensei – ele riu – Mas não consegui arrumar outra coisa para fazer hoje à noite e eu não quero ficar no quarto!

— Você poderia conseguir um autógrafo do Miles para mim, não podia?

— Está abusando do meu bom coração. – eu entortei a boca – Mas verei o que posso fazer.

— Por favor! – pedi com toda a minha meiguice.

— Assim não vale! – Dom riu – Chris disse que eu ainda vou acabar casando com você!

— Comigo?!Nunca! – comecei a rir – Dominic casando já é uma fábula e ainda mais comigo? Eu não seria tão idiota.

— É tão ruim assim casar comigo? – ele me olhou espantado.

— Você nunca levaria um casamento a sério Dom, nunca seria fiel a uma pessoa apenas... Sem falar que você nunca amaria ninguém de verdade!

— Você me definiu bem agora – ele balançou a cabeça – Tenho que admitir.

— Por isso somos amigos, bonitão! - enquanto ríamos percebemos alguns flashes. - Isso não é um show fechado? Por que tem repórteres aqui?

— Alguns foram convidados e se esqueceram de deixar as credenciais em casa. – Dom soltou uma risadinha – Eles nunca mudam.

— Ainda bem que você terminou com Kate. Já pensou no escândalo que ela ia fazer se nos visse juntos?

— Nem me lembre... Aida bem que acabou. Estou muito bem agora. – ele sorriu – Você e Matt parece que se entenderam... É uma pena que Natalie esteja de volta!

— Dom, não brinque com isso. Matt a ama e...

— Não tenha tanta certeza. – falou distraído e logo mudou de assunto.

O show foi demais e depois fomos jantar num restaurante. Só Dom mesmo para descobrir um restaurante tranquilo para comermos àquela hora. Quanto a Brando, ele não foi e isso encheu Dominic de contentamento. A certa altura do jantar, perguntei a Dominic por que ele era tão patife. Falávamos sobre relacionamentos, ele tocou no meu com Rodrigo e em Chris...

— Eu queria saber por que ela ainda insiste com você – tomei o meu vinho – Não acha que suas traições são uma indicação de que o relacionamento de vocês não dá certo?

— Eu e Kate éramos algo meio inexplicável – ele limpou a boca – Ela sempre diz que quando nos casarmos isso vai mudar e só por isso ela me perdoa, mas eu sei que não vou mudar e por isso não caso. Eu nunca levaria um casamento a sério.

— A atitude dela de aceitar suas escapadas o incentiva de certo modo, ainda tem a distância e o trabalho de ambos... Com Chris é pior por que ele já é casado e Ema só passa a maior parte do tempo em Devon por causa das crianças.

— Não, não Lana. Você está confundindo fidelidade com lealdade. – Ele me fitou por cima do copo – São coisas diferentes e que nem sempre andam juntas. Chris ama Ema e é leal a ela...

— Então por que... – ele fez sinal para eu esperar

— Lana, muitas pessoas são fiéis por dever e não por realmente amar alguém, apenas por achar que tem de ser assim – ele me olhou com um sorriso enigmático, como se isso estivesse aplicado a mim exatamente – O que adianta ser fiel se você no fundo não ama aquela pessoa? Não há lealdade nesses relacionamentos garota, só existe frustração por que não há um vinculo verdadeiro... Como o amor que você tanto prega! Eu acredito que Chris ame Ema profundamente, ela é a mulher da vida dele, mesmo que ele tenha seus casos esporádicos – ele deu de ombros – Não existe hipocrisia para mim. Cada um sabe das suas necessidades e anseios e eu não vejo nenhum mal em ele satisfazê-los, seja com quem quiser!

— Ele deveria ser mais forte Dom!

— Não me venha com essa conversa de virgem! Todos nós temos necessidade de sexo, temos desejos – ele se empertigou – Até você! – e caiu na gargalhada, com certeza lembrando-se da noite do aniversário de Matt – Eu o entendo, sei como é difícil se segurar por um tempo... Mas ninguém é Jesus Lana!

— Eu conse...

— Quanto tempo você está sem transar? – ele perguntou com um olhar maroto

— Por que quer saber? – corei. Dom sempre dava um jeito de me deixar constrangida.

— Diga logo! Olha, minha ultima vez foi em Roma e eu já estou ficando nervoso. - Isso significa apenas duas semanas Dom! – eu revirei os olhos

— Responda logo!

— O que tem isso haver com a nossa conversa? Não sou a ninfomaníaca por aqui!

— Pelo visto deve fazer um tempo já. – ele começou a rir e me deixou ainda mais sem graça. Quando percebeu que eu estava prestes a explodir de raiva ele parou – Desculpe, é que não posso deixar de rir. Por isso você deixou Matt louco naquela noite, você estava exalando sensualidade! Até eu fiquei tentado, imagina o pobre Matt que estava tão perto de você?!

— Tudo culpa dele! – dei um meio sorriso ao lembrar aquela noite – Ele tem um beijo e tanto!

— Agora você vai ficar transcorrendo sobre as habilidades dele para mim?! – ele arqueou a sobrancelha.

— Eu devia mesmo – falei desdenhosa – Matt parece ser mil vezes melhor que você!

— Não conte com isso – ele tomou o vinho – Você não pode afirmar nada baseada em observações – eu tinha tocado no seu “calcanhar de Aquiles”. Dominic tinha problemas com seu ego de conquistador insuperável – Não foi por falta de convite.

Parei a última garfada no ar e o olhei. Para mim, Dom tinha superado minha rejeição ao seu pedido “sutil” de ir para cama com ele na primeira vez que nos encontramos no Brasil.

— Ah Dom! Acha mesmo que eu aceitaria seu convite?! Acha que eu teria coragem?Duvido!

Ele me fitou seus olhos brilhantes. Eu conhecia aquele olhar.

— Agora você teria? – ele cruzou os braços e deu um meio sorriso perturbador – Se eu repetisse o convite você aceitaria Lana?