Percy

Quando saí do chuveiro já havia escurecido. Provavelmente minha mãe já teria chegado do trabalho e eu estava certo, quando cheguei na porta da cozinha ela estava lá, preparando o nosso jantar. Quando cheguei perto dela, minha mãe levou um grande susto. Ela ainda estava com a roupa que usara mais cedo para ir ao trabalho: aquele velho mas elegante terno azul marinho, o que na minha opinião combinava com seu lindo cabelo castanho com fios cinzas. Ela me abraçou e voltou a atenção ao nosso jantar me fazendo milhares de perguntas sobre meu dia, e eu sem perceber tão envolvido nesta conversa com minha mãe que acabei lhe contando da guerra de comida e sobre Annabeth. Enquanto eu descrevia a loira ,minha mãe tinha um sorrisinho no rosto e quando eu acabei de falar, ela apenas me puxou para perto e apertou minha bochecha.

– Ai meu Deus! Meu menininho está apaixonado. - Disse ela com o mesmo sorrisinho no rosto.

–Que? Não..quer dizer...aquela garota é tipo insuportável e ... eu não gosto dela. - Estar apaixonado? Fora de cogitação. E por Annabeth? Piorou. Minha mãe com certeza está enganada. - Mas...- Continuei. - o que realmente me incomodou é que ela me defendeu, eu a tinha irritado... e depois de tudo o que fiz, ela podia sim me ferrar para o diretor.

– Mas ela não te dedurou. - Respondeu minha mãe enquanto vasculhava a geladeira e pegava um vidro de azeitonas e o colocava em cima do balcão da cozinha.

– Sim, a senhora está certa, mas sei lá, me sinto culpado sabendo que ela vai ter que limpar aquilo tudo sozinha, vai provavelmente gastar o dia inteiro ou até mais. Aquele refeitório é enorme e... eu não sei...

– Por que você não vai lá e á ajuda?

– A ajudar? - Perguntei com um certo tom de incredulidade enquanto minha mãe mexia o molho que havia na panela. Mas pensando bem, eu estava me sentindo com algum tipo de culpa, e se eu não fizesse algo, este sentimento me incomodaria por um bom tempo. Então por que não? Eu poderia conversar com ela e pedir desculpas por tudo. Será que ela iria me perdoar? Acho que não, mas não custa tentar. - É a senhora tem razão. Acho que vou tentar a ajudar amanhã.

– Ótimo querido. Agora me ajuda a virar este molho na massa por favor.- Disse me empurrando uma vasilha com o molho.

Depois de virar mos o molho na massa ,o deixamos no forno e enquanto isso Sally ficou me perguntando mais sobre Annabeth, e enquanto eu descrevia ,o sorriso no rosto de minha mãe só aumentava. Eu insistia em dizer que a garota era irritante e meia louca, mas minha mãe parecia nem ouvir o que eu dizia. Logo, a lasanha já estava pronta, e a comemos na sala assistindo um filme que minha mãe me deixou escolher na TV com suco natural de melancia o que me lembrou do suco que a loira me jogou mais cedo.

Depois de lavar os pratos,eu dei um beijo no rosto da minha mãe que insistia em assistir um filme de comédia-romântica e fui me deitar.Fiquei um bom tempo acordado me remexendo na cama e decidi pegar meu celular e olhar algumas mensagens. Tinha três de Nico, duas de Jason e mais três de Thalia e a que mais me surpreendeu, uma de Calypso. Fiquei espantado de ver a mensagem da garota que eu estava perseguindo a mais de semanas dizendo que sentia minha falta, e que todas aquelas festas não eram as mesmas sem mim. Pensei em lhe responder mas acabei desistindo e tentei dormir novamente, só que dessa vez deu certo. E eu sonhei com ela, a loira.

****

Acordei e fui para o banheiro, meu corpo sabia que era sábado, e queria ficar mais tempo na cama mas meu cérebro ganhou e eu me arrastei para debaixo do chuveiro, jogando os shorts que eu havia dormido no chão. Saí do chuveiro e vesti uma camiseta preta e jeans azuis e calçando meu velho tênis. Desci as escadas e encontrei minha mãe dormindo no sofá com a TV ainda ligada. Desliguei e coloquei uma coberta sobre ela. Fui até a cozinha e esquentei um pedaço da lasanha de ontem no microondas e depois de comer escovei os meus dentes, peguei a chave do meu mercedes e me encaminhei para escola em pleno sábado. Definitivamente eu tenho problemas sérios, bem sérios.

Chegando lá estacionei ele e percebi que havia alguns poucos alunos na escola, e me encaminhei até a entrada rumo ao refeitório e a vi conversando com uma funcionária, fui em sua direção e quando ela meu viu fez uma linda expressão de curiosidade que escondia muitas perguntas debaixo daquela cabeleira loira amarrada em um coque imperfeito que deixava escapar alguns de seus cachos . Neste momento a funcionária voltou a entregou um balde com produtos de limpeza e uma vassoura para acompanhar o brinde.

– Uma para mim também.- Pedi a mulher ainda olhando para a loira que usava uma linda camiseta laranja com calça legging preta não muito colada ao corpo. Ela se vestia de um jeito simples, mas lindo.

–Uma o que?

– Vassoura. Também sou o culpado pela guerra de comida e vim pagar o meu castigo além claro dos meus seis meses ou sei lá o que fazendo serviços comunitários a escola e blá blá blá. - Respondi me virando para a funcionária que me encarava.

– Tudo bem... - Respondeu ela me entregando mais uma vassoura e se virando para sair. Annabeth ficou lá me olhando incrédula enquanto eu começava a varrer o chão com alguma dificuldade já que a comida tinha agarrado e ficado um pouco grudenta.

– Okay... o que você está fazendo aqui?

– Hããã te ajudando mas se quiser eu posso ir embora e...

–Não. - Me interrompeu a loira. - Me ajuda. E aproveite que estou na minha crise de culpa. - Disse ela fechando a cara e começando a limpar os restos de comida das mesas.

Me virei para ela com um pouco mais de curiosidade.

– Culpa de... - Disse esperando ela continuar minha frase. Ela soltou um longo suspiro e ficou fintando a cobertura de bolo que insistia em ficar agarrada a mesa como se não quisesse sair nunca de lá.

– De..de... de ter jogado aquele suco de laranja em você. - Ela havia pegado algum produto e jogado na mesa para ver se a cobertura saia.- Me desculpa.

Fiquei realmente impressionado de ela ter me pedido desculpa mas tudo o que pude pensar foi:

– Suco de laranja? Não era de melancia? - Perguntei me lembrando do cheiro do suco que havia sido jogado em cima de mim.Ela começou a rir de um jeito tímido mas fofo e continuou a limpar a mesa sem se virar para mim.

– Eu me fiz a mesma pergunta. - Disse ela entre inúmeros risos. - Mas a cantineira me afirmou que era suco natural de laranja.

– Nossa... suco de laranja com cheiro de melancia e com gosto de... de que mesmo? - Perguntei rindo junto com a garota.

– Não sei, não consegui provar. - Enquanto ela respondia seu rosto começou a ficar sério e eu logo soube o que ela estava pensando. Eu a tratei de forma errada nesses dias a devia um pedido de desculpas.

– Olha... eu me sinto... é... é... AI MEU DEUS COMO È DIFÌCIL DIZER ISSO! - Falei olhando pra a parede que também estava lotada de comida. Olhei para Annabeth que me olhava agora com curiosidade, quase expectativa e eu sabia que ela estava esperando meu pedido de desculpas. Era tão difícil dizer essa palavra. Á falei poucas vezes em minha vida mas precisava de coragem.

– Desculpa. - Disse olhando para o chão provavelmente com o rosto vermelho e minha voz saiu tão baixa que quase eu mesmo não escutei.

–O que? Não entendi. Pode repetir? - Perguntou com uma cara de inocente mas seus olhos brilhavam de diversão e eu sabia que ela havia escutado.

–Desculpa- Falei mais alto. Pensei que ela cairia no chão pois na hora que falei mais alto, ela começou a rir tanto que parecia estar passando mal.

– Desculpado. Eu sei que nada daquilo que você fez foi por querer. Mas não sei como.Sempre que você chegava perto de mim, eu sentia algo estranho e logo vinha a raiva e... eu de alguma forma também agi errado.- Disse agora sorrindo de uma forma seca.E pela primeira vez se virando para me encarar.Fiquei espantado, ela sorriu para mim de forma amigável e estendeu a mão para mim. - Acho que começamos de forma errada. Prazer meu nome é Annabeth, Annabeth Chase e o seu?

– Perseu senhorita, Perseu Jackson, mas pode me chamar de Percy. - Disse sorrindo de orelha a orelha pegando a mão dela e beijando de modo suave. Ela logo começou a rir a se soltar mais comigo, começando a conversar de forma mais animada e me falando mais sobre ela. Eu também contei praticamente um relato quase inteiro da minha vida para ela enquanto limpava - mos primeiro as mesas e paredes do local.