Road escrita por Fenix
Um tubo passa pela grade, Ana da um grito de ódio encarando-o, rapidamente pega a arma no chão e aponta para a janela.
– Não, não atire! - Diz Zac.
A gasolina começa a sair pelo tubo e se espalhar pelo chão.
– É gasolina!
– Meu Deus...
– Ele vai nos queimar... Meu Deus... Não atire, Ana, ele vai nos queimar!
– Droga - Ana puxa Zac um pouco mais para cima.
Ele grita ao ser arrastado pelo chão. A gasolina vai se aproximando dos dois, Ana o puxa mais um pouco, levando-o para perto dos lavabos.
– Deus, como dói - Ela diz, com o dedo sem unha sendo encostado em Zac.
Ela o põe com calma no chão, e encosta-se na parede com a mão na barriga, sentindo muita dor. O cheiro da gasolina vai ficar mais forte e asfixiante a cada segundo. Ana corre até a chave de roda largada no chão perto da porta do banheiro, ela começa a tossir.
Zac tem algumas ânsias de vômito, o cheiro está realmente forte. Ana entra no lavabo e sobe no vaso, ela apoia as mãos na divisória e levanta o corpo, Ana sofre ao se firmar com os braços na divisória e apoiar um dos pés na descarga. Ela ia bater com a chave de roda na janela quando o tubo sai da grade, Ana olha para o teto e avista a saída de ar fechada.
– Eu acho que posso abrir - Diz Ana, olhando para Zac.
– Tenha cuidado, Ana - Ele começa a tossir.
Ela põe a chave de roda na tranca e a puxa para baixo, fechando os olhos com força, ela segura com as duas mãos e apoia as costas e o pé na divisória dos lavabos, assim consegue quebrar a tranca.
– Isso! - Ela diz, com um sorriso vitorioso.
Com a chave de roda, ela empurra a tampa de ferro e a faz abrir, Zac fica observando-a. Ela lança a chave de roda para fora e segura na lateral da abertura.
– Ana... - Ela olha para Zac - Eu não posso sair!
Seu olhar é levado para cima e depois para Zac.
– Claro... E-eu vou despistá-lo, e depois volto para te buscar - Diz Ana.
Ela olha para a janela com a grade e não percebe nenhum movimento.
– Talvez ele tenha ido.
– De jeito nenhum - Fala Zac.
Eles ficam quietos por um tempo, até ouvirem um barulho de isqueiro.
– Meu Deus - Zac arregala os olhos.
Ana desce rapidamente dali e corre em direção à janela, ao subir na lata de lixo, o avista acendendo um isqueiro, ela vira-se para Zac com seus olhos arregalados e entrando em pânico. Corre até ele abrupta e ajoelha ao seu lado.
– Eu vou tirá-lo daqui de algum jeito - Diz Ana.
– Tem mais duas balas na arma!
– Certo!
– Use-as em mim - Pede Zac.
O homem consegue acender o isqueiro. Ana olha para trás e volta para Zac.
– O que?
– Por favor, Ana, por favor.
Ela fica nervosa, nega com a cabeça amedrontada.
– Por favor, Ana, eu não quero morrer queimado, por favor, não deixe ele me queimar.
– Não...E-eu não vou atirar em você - Ana diz agitada.
– Você pode!
– Não!
– Por favor...
– Não, eu vou atirar nele, e depois nós vamos embora - Ela diz, com seus olhos cheios de lágrimas.
– Não, você vai errar, e eu vou queimar, Ana!
– Não, você não vai! - Ela diz.
– Eu não quero morrer queimado, por favor, não deixe ele me queimar - Zac suplica.
– Não - Ela nega a cabeça chorando, era demais para si, toda aquela situação era demais para ser suportada.
– Eu te imploro, Ana... Atire em mim... Por favor... Eu vou morrer de qualquer maneira - Diz Zac - Não está doendo tanto... Por favor, atire em mim, atire em mim, Ana...
Ela vira a cabeça com um forte choro.
– Por favor, Ana... Por favor... Atire...
– Está bem, está bem... - Ela chora horrorizada.
Sua mão vai sendo levantada, a arma vai subindo pelo corpo de Zac, indo em direção à cabeça. Ana não podia acreditar no que estava fazendo, a dor de saber que ficará sozinha novamente, de ter que matar uma pessoa bem ali, a sua frente. Suas mãos estão tremulas, suadas, seu corpo está inquieto, aflito.
– Eu não sei como, eu não sei o que fazer - Diz Ana, com sua voz tremula e baixa.
– Ana, põe na minha boca!
– Não - Ela nega chorando.
– Coloque na minha boca, por favor...
– Eu não posso - Ana diz, lamentando-se.
– JESUS CRISTO, ATIRE LOGO!
Ana grita chorando muito.
– ATIRA LOGO SUA VADIA ESTÚPIDA!
– VAI SE FERRAR! - Ela grita chorando, põe a arma na boca e atira. O sangue respinga no rosto de Ana, ela fecha os olhos para o lado chorando, e com breves ânsias de vômito.
Ela olha para ele e arregala os olhos, parte do crânio de Zac está despedaço no chão em cima de uma enorme poça e sangue. Ana põe o punho sob a boca, ela levanta-se desorientada. O homem passa a mão pela grade e lança o isqueiro aceso, Ana corre rapidamente em direção ao vaso e salta segurando na divisória dos lavabos, o fogo se alastra pelo banheiro.
– Meu Deus, meu Deus... - Ela diz, chorando, observando o corpo de Zac em chamas.
Ana segura na abertura da saída de ventilação e puxa ao corpo, com muita dificuldade ela consegue subir e cai para o lado. Ana respira um pouco deitada de costas.
Depois de alguns segundos se recompondo, ela levanta-se correndo em direção ao fim do teto, ela salta para frente, naquele mesmo instante o banheiro explode, as janelas estouram e as paredes se quebram, os pedaços voam pelo ar.
Ana cai no chão e arrasta-se para frente, até consegue se levar e continuar a correr. Ela passa pelos fundos do banheiro e olha para a parada, avistando a caminhonete saindo do local, rapidamente volta a correr pela floresta.
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Ana está sentada encostada numa árvore, admirando a lua cheia no céu que iluminava parte de seu rosto.
– Eu nunca me perguntei o por quê? – Ela lembra da voz de Felipe.
– O porquê de que?
Ana vira a cabeça para o lado chorando. A cena volta em sua memória, ela e Felipe deitados no capô do carro, com as cabeças encostadas e ele segurando uma flor roxa, o sol deixa o dia lindo, com poucas nuvens no céu.
– Porque você disse sim? - Ele pergunta, ela vira para ele - Porque disse que viria comigo para Califórnia?
– Eu vim por sua causa! – Ela da um sorriso.
Felipe da uma risada irônica, Ana olha para ele levantando uma sobrancelha.
– Você é cheia de conversa... Eu conheço você desde o colegial, Ana... Você nunca viria para Califórnia por minha causa...
Ela da um sorriso e se aconchega em seu abraço.
– Você que é cheio de conversa!
– Mas eu tenho razão, não é?
– Está bem... Talvez eu já estivesse cansada de ficar ouvindo todos falando o que eu deveria fazer... Sabe? A vida é minha e eu faço o que bem entender...
Felipe da um sorriso e beija sua cabeça.
– Vou dizer uma coisa... Independente do que acontecer... Eu faria tudo de novo, só pelo dia de hoje!
Ana sentada encostada na árvore, ela olha para e escuridão ao lado.
– Estávamos totalmente ferrados... Não, Felipe?...
Ana leva seu olhar para frente e avista duas luzes no fim da estrada, ela arregala os olhos e levanta-se correndo. A caminhonete acelera rapidamente em sua direção, Ana corre pela estrada, seu pé está dolorido com a queda do teto do banheiro, ela mancada enquanto corria.
A caminhonete está bem perto de Ana, ela quase cai no chão, por sorte apoia a mão e levanta-se sem parar de correr, a caminhonete acelera mais, Ana corre o máximo que conseguia, seu pé vira no chão e cai rolando para o lado, entrando na mata, a caminhonete segue em frente e freia em seguida. Ela levanta o rosto assustado e olha o homem saindo da caminhonete, Ana fica séria e corre para frente.
A terra da estrada cria uma leve neblina no local, o homem anda para frente do carro, com as mãos no bolso da calça e a sombra cobrindo o seu rosto. Ele afasta-se cada vez mais da caminhonete, então para de andar e levanta o rosto, logo recebe uma pancada forte na cabeça que o faz ajoelhar-se no chão, Ana grita e bate com a chave de roda novamente em sua cabeça, ele cai no chão, outra pancada atrás da cabeça a faz ser quebrada e escorrer sangue. Ana continua a bater com mais força, até ver parte do crânio, ela agacha ao seu lado e puxa o corpo para ver seu rosto.
– Não... - Ana fica abismada, Felipe está caído no chão com a boca costurada - Felipe... Não, Felipe...
Ela grita o mais alto que pode, Ana chora descontrolada, ela continua gritar com fúria. A porta do carro é fechada, ela olha para trás e vê a caminhonete dando a ré.
– SEU DESGRAÇADO - Ela grita chorando - VAI PRO INFERNO!
A caminhonete sai dali. Ana chora deitando no peito de Felipe, puxando o ar com força. Sua mão alisa o rosto de Felipe, ela nega a cabeça.
– Não... Não... - Sua voz está baixa - Eu não queria... Felipe...
Ela deita a cabeça novamente chorando horrores.
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Já ao amanhecer, a parada de estrada está deserta, era ouvido apenas o barulho do riacho embaixo da ponte.
Ana abre a gaveta da mesa dentro da cabine da policia florestal, sua mão vasculha a gaveta e encontra uma caixa de fósforo, pondo-a e cima da mesa. Ela puxa a blusa com força, um pequeno corte com a ser feito, então continua a puxar ainda mais.
Ana retira a blusa, seu dedo bate no pano, ela da um breve grito baixo, e retira a blusa. Ela segura a alça com a boca e a rasga, em seguida pega a caixa de fósforo, a blusa e a garrafa de uísque, saindo da cabine depressa.
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Ana tenta abrir o capô do carro, várias tentativas frustradas de levantá-lo, então o soca com raiva. Ana corre para o lado do carro e põe a garrafa no chão, deita com dificuldade e estica a mão para debaixo do carro, onde pingava a gasolina. Ela começa a desatarraxar o pino do cano.
– Vamos... Vamos...
Ela continua por mais um curto tempo, até que o cano cai e muita gasolina começa a sair, ela vira o rosto em reflexo e tampa o cano com o dedo. Os cacos de vidro no chão vão fazendo leves cortes em seu ombro. Ana pega a garrafa de uísque e a põe em frente ao cano da gasolina, que vai enchendo a garrafa.
– Isso...
Ela observa a garrafa ser enchida.
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Ana corre mancando até a estrada, passando pela placa de madeira "Parada de Estrada". Seu cabelo já desgrenhado, seu corpo sujo e as mãos cobertas de sangue. Ana para no meio da estrada, e fica encarando a frente com um olhar vingativo e frio.
– Onde você ta? - Ela diz arquejante.
Então o avista virando a esquina, Ana vira-se de costas e retira um fósforo da caixa, suas mãos nunca ficaram tão tremulas antes.
– Calma... Calma... - Ela diz para si.
Ao tentar acender, quebra o palito.
– Droga - Ela o lança para o lado.
A caminhonete está ficando mais próxima, ele aumenta a velocidade. Ana pega outro palito de fósforo.
– Caramba... Vamos, vamos...
A caminhonete já entra na reta da estrada. Ana quebra o outro palito, logo o descarta para o lado.
– Meu Deus...
Ela pega outro. A caminhonete já está mais próxima de Ana. Ela o raspa na caixa e consegue acendê-lo, põe fogo na camisa que está dentro da garrafa de uísque cheia de gasolina, ergue a cabeça com o olhar sério e vira-se abrupta.
– Filho da mãe... Espero que queime! - Ela joga a garrafa, que quebra-se no vidro do carro e alastra o fogo por todo o capô.
A caminhonete perde o controle, Ana corre para o lado com as mãos erguidas na cabeça, a caminhonete passa centímetros de si e segue em frente descontrolada. Ana joga-se na beira da estrada, a caminhonete vira depressa e freia.
Ana Beatriz levanta-se e caminha para o centro da estrada, ela observa a caminhonete em chamas, ela fica parada encarando-o. Uma explosão acontece espalhando o fogo pelo ar, Ana da uma breve corrida para se afastar e vira para a caminhonete completamente em chamas. Ela se aproxima devagar, com a perna mancando e a respiração mais controlada.
Ana chega perto da caminhonete, olhando a porta do motorista caída no chão e ninguém dentro, Ana engole a saliva um pouco confusa, ela caminha um pouco para o lado e não avista o corpo do motorista.
– Mas o quê?
Com um suspiro rápido, ela vira-se batendo com ele.
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Um carro esporte prata entra na parada de estrada. Segue pelo caminho até o largo, estacionando ao lado do trailer bege. Alguns carros estão estacionados por ali, outros estão saindo do lugar.
A porta do motorista se abre, uma jovem de cabelo ruivo e corpo escultural, usando uma saia jeans, botas de couro marrom e blusa laranja, sai do carro e bate a porta. Ela prende o cabelo, de repente um flash clareia a janela do trailer, Lori olha para ela e acontece outro flash. Estranhando, ela caminha para longe.
Um pintor passa por ela se afastando do banheiro. Lori dirija-se em direção ao banheiro, passando pelo mural de madeira, que nele está agora um novo papel "Desaparecida - Ana Beatriz" e sua foto ao lado.
Lori vai em direção quando o xerife lhe chama, ela vira-se para ele.
– Cuidado, a tinta está fresca!
O banheiro é com vários ferros para fora e pessoas pintando-o.
– Está bonito! - Elogia Lori.
– Devia ter visto antes, houve um incêndio aqui - Diz o xerife.
– O que houve? - Pergunta Lori analisando o local.
– Alguém invadiu meu escritório, bagunçou tudo e invadiu o banheiro feminino... Arruaceiros, provavelmente... Espero que tenham o que merecem!
Lori da um sorriso de canto estranhando-o.
– Bom, tenha um bom dia - Diz o xerife.
– Obrigada! - Lori entra acanhada no banheiro.
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Ela lava a mão em frente ao espelho, tudo em perfeito estado, as pias brancas, espelho perfeito, lavabos pintados. Lori fecha a bica e caminha em direção ao secador de mãos, ao ouvir um choro, para de andar e olha para trás.
– Olá?
Lori se aproxima da dispensa, agachando conforme ia se aproximando.
– Me ajude... - Ela ouve bem baixinho.
– Olá?
– Por favor... - Diz uma voz chorosa.
– Eu vou buscar ajuda - Lori se afasta rapidamente.
Ela corre para fora do banheiro olhando para os lados, até avistar o xerife conversando com uma senhora e um senhor.
– Ei... Ei... Tem uma menina trancada lá dentro! - Grita Lori.
– O que?
– Tem alguma chave? Tem uma garota trancada lá dentro!
Eles entram correndo no banheiro.
– Eu a ouvi ali dentro - Lori aponta para a dispensa.
– Ali dentro?
O xerife abre a porta com a chave e adentra depressa, ele vasculha atrás da prateleira. Lori fica de fora esperando. O xerife bufa virando-se para ela.
– Eu juro - Diz Lori.
Ele apaga a luz e fecha a porta irritado, logo caminha saindo do banheiro.
– Eu juro que a ouvi - Insiste Lori, ela o segue.
Dentro da dispensa, atrás do carrinho da limpeza, Ana inclina-se para o lado, com os olhos e lábios roxos, pele branca e cabelo desgrenhado, ela olha para frente com a cabeça baixa, muito sangue começa a escorre por sua boca.
– Me ajude - Ana diz murmurando.
Ela começa há tremer um pouco.
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Uma caminhonete segue correndo pela estrada, sua lateral é com detalhes amarelo. A placa "DBO 606". A caminhonete continua a percorrer o caminho.
THE END.
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