Road escrita por Fenix


Capítulo 6
O Desespero




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Ana entra no banheiro arrastando Zac, ela gemia puxando o corpo do policial, a calça do rapaz está coberta de sangue do joelho para baixo.

– Meu Deus - Diz Ana, puxando-o até a direção das pias.

Ela o larga e abaixa sua cabeça com cautela. Ana corre para seu lado e agacha já abrindo o zíper da jaqueta de Zac.

– Obrigado... - Ele diz, com sofrimento, encarando-a com os olhos quase fechados.

– Sem problema - Ana abre a jaqueta - O que posso fazer para te ajudar?

– Me mate! - Zac responde.

Ana nega com a cabeça e olhos fechados, em seguida levanta-se.

– Vou limpá-lo um pouco, está bem?

Aproxima-se da pia e abre a bica, vira-se para pegar o papel e nota-o apodrecido. Ana volta para a bica e fica pensativa, em um pensamento imediato, retira sua jaqueta e a molha na bica. Zac fica vendo cada um de seus movimentos pelo canto dos olhos. Ana volta com a jaqueta encharcada.

– Deixe-me limpá-lo - Diz Ana.

– E-eu vou mandar um rádio... Eles enviaram ajuda para você! - Zac diz enquanto Ana limpa o sangue seco no canto de sua boca.

– Não, ninguém virá nos ajudar - Responde Ana, sem conseguir disfarçar seu desapontamento e seriedade.

– Nunca viu ninguém morrer, não é?

Ela para de limpá-lo, engole a saliva um pouco tensa, Ana desvia seu olhar para o lado, tentando disfarçar enquanto espremia a jaqueta.

– De onde você é?

– Argyle, Texas - Ela responde, voltando a olhar para ele - Fica no norte de Dallas - Então volta a limpá-lo.

– E porque está aqui?... Você mencionou seu namorado, certo?

Ana respira fundo, o sofrimento é transparecido em sua expressão.

– Eu e Felipe, estamos indo para Los Angeles - Ela responde cabisbaixa.

– Que legal... - Zac diz, chamando sua atenção. Ana confirma dando um sorriso tristonho de canto - Estão começando a vida juntos...

Ana desvia o olhar para o lado com seu lábio inferior já ficando um pouco tremulo, seus olhos começando há lagrimejar um pouco.

– Nós fizemos isso... Eu e a minha esposa nos mudamos para cá depois que sai do exército...

Ana o encara, era óbvio a sua luta para conter o choro.

– Pode me fazer um favor? - Zac pede.

– Sim, claro!

– Pegue a minha carteira no bolso de trás...

– Ta bem... - Ela estica o braço para o outro lado.

– Isso.

– Aqui - Ela mexe um pouco com o braço e o puxa com a carteira em mãos.

– Isso, agora pegue uma fotografia que tem ai.

– A primeira... - Ana diz abrindo a carteira e puxando uma foto que estava no lugar onde põe os cartões.

– Isso... Só tem essa.

Ana a retira com um pouco de dificuldade, o sangue de sua mão escorregava ao puxar.

– Mostre para mim.

A foto é um pouco antiga, mostra Zac alguns anos mais novo e com a farda do quartel, uma mulher adulta ao seu lado usando um vestido branco, e um bebê de 2 meses no máximo, em seu colo.

– Sim, ai está ela... Essa é a minha esposa.

Ana vira a foto para si.

– Esse é o seu menino?

– Sim, esse é o Michael.

– Ele é muito lindo - Diz Ana, ela da um sorriso para animá-lo, e volta a foto para ele.

– Ele é um menino bonito... Ele... Ele fez aniversário ontem.

Ana fica séria naquele exato momento, a tristeza e o desamparo lhe deixam sem reação.

– Eu dei a ele... Uma daquelas motos movidas à bateria - Zac continua a contar - Ele quer ser igual... Igual ao pai dele!

Ela começa a respirar forte, ao piscar, uma lágrima cai direto no chão.

– Sabe, ele estava... Andando nela ao redor de casa, ontem... - Zac espira forte pela boca, ele para um pouco para se conter e volta a falar - Ele estava... Apertando a sirenezinha...

Ana põe a mão no peito de Zac, consolando-o.

– Aquilo estava me deixando louco... Eu falei para ele ficar quieto... Gritei com ele... Fiz ele chorar.

Ana respira diretamente pela boca, uma lágrima ousa a escorrer pelo canto do olho.

– Eu perdi a cabeça, Ana... Dizer algo tão estúpido daquele jeito... Acabou sendo as minhas últimas palavras...

– Ei, você não vai morrer aqui - Diz Ana, limpando o rastro da lágrima no rosto.

– Pare... Eu tenho sorte de estar respirando agora.

Ana fica olhando-o em silêncio.

– Faça-me um favor, está bem? - Diz Zac - Pegue o meu distintivo, e entregue para minha esposa, certo? Precisa entregar a ela, promete?

Ana aceita, ela funga tentando não chorar em sua frente.

– E diga a ela que eu a amo, certo?

Ela fecha os olhos chorando, logo abaixa a cabeça negando, sua respiração está ofegante e muito forte.

– Dê um beijo no Michael por mim, e o diga que eu o amo.

– Pare - Ela diz, chorando e com os lábios tremidos - Por favor, pare, não fale assim... Precisa ter uma saída daqui - Ana olha ao redor - Tem de haver uma saída, e nós vamos...

– Me escute, me escute - Zac a chama - Quando eu treinava no exército, o meu comandante deu uma dica para nós... Ele viu muita gente comer o pão que o Diabo amassou, sabe?... Ele me disse... "Filho... Se um dia levar um tiro... Saiba que dói muito... E quando não dói tanto... É porque você não irá sobreviver"...

Ana fecha os olhos com força, as lágrimas escorrem por seu rosto, ela o encara chorando muito.

– Ana, vou lhe dizer... Que já não dói tanto...

Ana suspira com força e fechando os olhos, seu choro fica mais forte.

– Zac, por favor...

– Pare... Vamos lá, chega... Pare...

– Está bem... - Ana seca suas lágrimas com a mão e fica com as ânsias de choro.

– Pare... Pare... - Zac diz suave.

Então a caminhonete volta ao local. Ana olha para o lado.

– Ai meu Deus, ele voltou... - Diz Ana, ficando agitada - Espere - Ela corre até a janela e avista a caminhonete.

Ela rapidamente desce e corre para o meio do banheiro, pegando a porta do lavabo caída no chão e a leva até a porta do banheiro, pondo-a para prendê-la.

– Deixa a gente em paz - Diz Ana, chorando, e empurrando a porta do banheiro com as mãos - Por favor, vai embora... - Dizendo com um tom alto o bastante para ele ouvi-la de fora - A polícia está chegando seu desgraçado.

Ana olha para trás e observa Zac caído no chão, assim volta a olhar para porta. O homem passa um fio pela tranca de cadeado da porta, prendendo-os no banheiro. Ana fica confusa com o que ele queria fazer.

– Ei seu filho da mãe, você me ouviu? - Ela bate na porta - O que está fazendo?

Ele da um nó no fio.

– Ai meu Deus... - Ana da uns passos para trás, ela vira seu olhar para Zac - Ele nos trancou aqui.

– Não caia na armadilha dele, Ana.

A caminhonete arranca dali. Ana empurra para o lado a porta do lavabo, deixando-a encostada com a parede, pega a chave de roda no chão e a põe na fechadura. Ana a puxa com força, a chave sai do lugar, ela a põe novamente na curvatura que havia feito e a puxa novamente, a fechadura vai sendo arrancada a porta. Ela põe a chave de roda na vertical e puxa com muita força, removendo a fechado completamente, em seguida bate contra a fechadura de fora e a faz cair.

Ana passa sua mão pela fechadura e com o tato, chega ao fio na tranca da porta.

– Droga...

Ela tenta desfazer o nó, boa parte do braço está para o lado de fora. Ana continua a tentar retirar o fio, ela respira fundo e apoia a outra mão na porta. De repente, o homem segura seu punho abruptamente, ela da um grito assustado e puxa o braço, porém o homem segura fortemente a sua mão.

– ME SOLTA SEU DESGRAÇADO - Ana grita puxando o braço várias vezes.

Ele analisa os dedos de Ana, ela chora desesperadamente atrás da porta.

– ME SOLTA, ME SOLTA... - Ela grita sem parar.

Ele chupa o dedo indicador de Ana, ela grita com os olhos fechados e cabeça erguida.

– ME SOLTA SEU PERVERTIDO DE MERDA... ME SOLTA!

Ele vai retira seu dedo da boca e agarra a unha de Ana com os dedos, puxando-a com toda a força, a unha vai sendo removida do dedo, no mesmo instante Ana grita desesperadamente e bate constante na porta. O sangue escorre frequente pela mão, já cobrindo todo o dedo dela. A unha é mantida no dedo por um fino nervo, que se parte quando ele vira o rosto para o lado.

Ana grita o mais alto que podia, logo puxa sua mão para dentro, pondo-a perto da barriga, muito sangue escorria por sua mão. Seu choro é misturado com os gritos de dor, ela encosta na pilastra e senta no chão gritando sem parar. Sua blusa preta está ficando com uma mancha enorme de sangue que escorria de seu dedo.

O braço dela já está coberto de sangue, o seu choro era ouvido do lado de fora do banheiro.

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Horas se passam e Ana fica quieta, olhando fixo para frente, com sua pele ficando pálida e lábios levemente arroxeados, as olheiras estão ficando fundos e mais visíveis, os olhos inchados de tanto choro e tensão.

– Ana... - Zac a observa quieta demais - Ana... Ana, você está bem?

Ela continua a olhar para frente.

– Ele vai voltar - Diz Ana, friamente.

– Ele é um predador doentio, Ana... Ele está gostando disso.

– Ele faz isso há muito tempo... - Ana diz sem nem ao menos desviar o olhar para Zac.

– Nós vamos pegá-lo, Ana... O reforço já deve estar a caminho, devem estar atrás de mim!

– Não, não está... - Ela diz, voltando a lagrimejar.

– O que?

– Nós estamos sozinhos, completamente sozinhos - As lágrimas retornam a descer por seu rosto, a sua voz fica tremula e não muito alta no final da frase.

– Pegue a minha arma.

Ela olha para ele respirando fundo e encarando-o seriamente.

– Quero que pegue a minha arma, e quando ele voltar... Quero que atire nele, ok?

– Eu não sei atirar - Ela respira ao falar.

– É fácil, você consegue, venha... Vem aqui... - Ana não se move - Vem!

Ela levanta com dificuldade, um pouco fraca. Agacha ao seu lado e saca sua arma, segurando-a de cabeça para baixo.

– Está vendo o cão? Essa coisa para fora ai em cima...

Ana põe o dedo ali.

– Isso... Puxa ele para trás, certo?... Você aponta a arma e aperta o gatilho.

– Eu não sei se...

– Você consegue, você consegue - Ele diz rapidamente - Apenas a segure firme!

– Está bem! - Ela diz.

Repentinamente a porta começa a ser soca com força. Ana da um breve pulo de susto e arregala os olhos assustada.

– É ele!

Ana levanta devagar e com dificuldade.

– Atire na porta, Ana.

Ela aponta a arma, a sua outra mão continua pressionada contra a barriga.

– Isso, atire!

Ana chora segurando a arma com a mão tremula.

– Atire, Ana... Atire...

O homem a observa por onde havia a fechadura.

– Atira, atira... ATIRA!

Ana atira, com a pressão a sua mão recura com força para cima do ombro, logo em seguida atira novamente.

– Espere! - Diz Zac.

Ela olha para ele em pânico.

– Vá checar!

Ela se aproxima da porta devagar, a blusa do homem aparece na fechadura, Ana rapidamente atira mais uma vez. Ela fica séria, firma a mão e atira novamente, a roupa sai da frente da fechadura.

– Acertou? - Pergunta Zac.

– E-eu não sei!

– Vá ver, mas tome cuidado!

Ana se aproxima com cautela, sua respiração nunca foi tão continua e forte. Perto da fechadura, ela agacha e não o avista.

– Não consigo vê-lo - Ela diz, analisando o local pelo curto ângulo de visão.

De repente um cano bate contra a grade da janela do banheiro, Ana vira-se em sua direção, o cano retira a parte debaixo da grade, a mão do assassino passa pelo espaço e joga algo no chão, em seguida recua.

Ana põe a arma no chão e se aproxima da filmadora que foi largada no chão. Ela assiste à filmagem do homem torturando Felipe. Ele está preso em uma mesa, era visível apenas a mão do assassino, que grampeava o ombro e peito de Felipe, o jovem que está sem camisa, está com vários cortes pelo corpo e quase todo ensanguentado. O homem larga o grampeado e pega o bisturi, fazendo um corte profundo no tórax de Felipe, ele grita com agonia.

A filmagem é cortada para o close do rosto de Felipe.

Ana...

Ela da um breve grito ao ouvir seu nome. Ana soluça de tanto chorar.

Espero que nunca veja isso.

Ela olha para os lados.

Estou tão ferrado... Me desculpe...

Sua atenção volta para o vídeo, ela fecha os olhos fortemente.

Eu sinto muito... Eu te amo, eu te amo...

O homem segura a língua de Felipe com um alicate e a corta com o um bisturi, o sangue se espalha pela boca dele, escorrendo pela garganta e se espalhando pela mesa.

Ana joga a filmadora para o lado com um grito agonizante.

– NÃÃÃÃÃÃÃOOO...


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