Road escrita por Fenix
Ana entra no banheiro arrastando Zac, ela gemia puxando o corpo do policial, a calça do rapaz está coberta de sangue do joelho para baixo.
– Meu Deus - Diz Ana, puxando-o até a direção das pias.
Ela o larga e abaixa sua cabeça com cautela. Ana corre para seu lado e agacha já abrindo o zíper da jaqueta de Zac.
– Obrigado... - Ele diz, com sofrimento, encarando-a com os olhos quase fechados.
– Sem problema - Ana abre a jaqueta - O que posso fazer para te ajudar?
– Me mate! - Zac responde.
Ana nega com a cabeça e olhos fechados, em seguida levanta-se.
– Vou limpá-lo um pouco, está bem?
Aproxima-se da pia e abre a bica, vira-se para pegar o papel e nota-o apodrecido. Ana volta para a bica e fica pensativa, em um pensamento imediato, retira sua jaqueta e a molha na bica. Zac fica vendo cada um de seus movimentos pelo canto dos olhos. Ana volta com a jaqueta encharcada.
– Deixe-me limpá-lo - Diz Ana.
– E-eu vou mandar um rádio... Eles enviaram ajuda para você! - Zac diz enquanto Ana limpa o sangue seco no canto de sua boca.
– Não, ninguém virá nos ajudar - Responde Ana, sem conseguir disfarçar seu desapontamento e seriedade.
– Nunca viu ninguém morrer, não é?
Ela para de limpá-lo, engole a saliva um pouco tensa, Ana desvia seu olhar para o lado, tentando disfarçar enquanto espremia a jaqueta.
– De onde você é?
– Argyle, Texas - Ela responde, voltando a olhar para ele - Fica no norte de Dallas - Então volta a limpá-lo.
– E porque está aqui?... Você mencionou seu namorado, certo?
Ana respira fundo, o sofrimento é transparecido em sua expressão.
– Eu e Felipe, estamos indo para Los Angeles - Ela responde cabisbaixa.
– Que legal... - Zac diz, chamando sua atenção. Ana confirma dando um sorriso tristonho de canto - Estão começando a vida juntos...
Ana desvia o olhar para o lado com seu lábio inferior já ficando um pouco tremulo, seus olhos começando há lagrimejar um pouco.
– Nós fizemos isso... Eu e a minha esposa nos mudamos para cá depois que sai do exército...
Ana o encara, era óbvio a sua luta para conter o choro.
– Pode me fazer um favor? - Zac pede.
– Sim, claro!
– Pegue a minha carteira no bolso de trás...
– Ta bem... - Ela estica o braço para o outro lado.
– Isso.
– Aqui - Ela mexe um pouco com o braço e o puxa com a carteira em mãos.
– Isso, agora pegue uma fotografia que tem ai.
– A primeira... - Ana diz abrindo a carteira e puxando uma foto que estava no lugar onde põe os cartões.
– Isso... Só tem essa.
Ana a retira com um pouco de dificuldade, o sangue de sua mão escorregava ao puxar.
– Mostre para mim.
A foto é um pouco antiga, mostra Zac alguns anos mais novo e com a farda do quartel, uma mulher adulta ao seu lado usando um vestido branco, e um bebê de 2 meses no máximo, em seu colo.
– Sim, ai está ela... Essa é a minha esposa.
Ana vira a foto para si.
– Esse é o seu menino?
– Sim, esse é o Michael.
– Ele é muito lindo - Diz Ana, ela da um sorriso para animá-lo, e volta a foto para ele.
– Ele é um menino bonito... Ele... Ele fez aniversário ontem.
Ana fica séria naquele exato momento, a tristeza e o desamparo lhe deixam sem reação.
– Eu dei a ele... Uma daquelas motos movidas à bateria - Zac continua a contar - Ele quer ser igual... Igual ao pai dele!
Ela começa a respirar forte, ao piscar, uma lágrima cai direto no chão.
– Sabe, ele estava... Andando nela ao redor de casa, ontem... - Zac espira forte pela boca, ele para um pouco para se conter e volta a falar - Ele estava... Apertando a sirenezinha...
Ana põe a mão no peito de Zac, consolando-o.
– Aquilo estava me deixando louco... Eu falei para ele ficar quieto... Gritei com ele... Fiz ele chorar.
Ana respira diretamente pela boca, uma lágrima ousa a escorrer pelo canto do olho.
– Eu perdi a cabeça, Ana... Dizer algo tão estúpido daquele jeito... Acabou sendo as minhas últimas palavras...
– Ei, você não vai morrer aqui - Diz Ana, limpando o rastro da lágrima no rosto.
– Pare... Eu tenho sorte de estar respirando agora.
Ana fica olhando-o em silêncio.
– Faça-me um favor, está bem? - Diz Zac - Pegue o meu distintivo, e entregue para minha esposa, certo? Precisa entregar a ela, promete?
Ana aceita, ela funga tentando não chorar em sua frente.
– E diga a ela que eu a amo, certo?
Ela fecha os olhos chorando, logo abaixa a cabeça negando, sua respiração está ofegante e muito forte.
– Dê um beijo no Michael por mim, e o diga que eu o amo.
– Pare - Ela diz, chorando e com os lábios tremidos - Por favor, pare, não fale assim... Precisa ter uma saída daqui - Ana olha ao redor - Tem de haver uma saída, e nós vamos...
– Me escute, me escute - Zac a chama - Quando eu treinava no exército, o meu comandante deu uma dica para nós... Ele viu muita gente comer o pão que o Diabo amassou, sabe?... Ele me disse... "Filho... Se um dia levar um tiro... Saiba que dói muito... E quando não dói tanto... É porque você não irá sobreviver"...
Ana fecha os olhos com força, as lágrimas escorrem por seu rosto, ela o encara chorando muito.
– Ana, vou lhe dizer... Que já não dói tanto...
Ana suspira com força e fechando os olhos, seu choro fica mais forte.
– Zac, por favor...
– Pare... Vamos lá, chega... Pare...
– Está bem... - Ana seca suas lágrimas com a mão e fica com as ânsias de choro.
– Pare... Pare... - Zac diz suave.
Então a caminhonete volta ao local. Ana olha para o lado.
– Ai meu Deus, ele voltou... - Diz Ana, ficando agitada - Espere - Ela corre até a janela e avista a caminhonete.
Ela rapidamente desce e corre para o meio do banheiro, pegando a porta do lavabo caída no chão e a leva até a porta do banheiro, pondo-a para prendê-la.
– Deixa a gente em paz - Diz Ana, chorando, e empurrando a porta do banheiro com as mãos - Por favor, vai embora... - Dizendo com um tom alto o bastante para ele ouvi-la de fora - A polícia está chegando seu desgraçado.
Ana olha para trás e observa Zac caído no chão, assim volta a olhar para porta. O homem passa um fio pela tranca de cadeado da porta, prendendo-os no banheiro. Ana fica confusa com o que ele queria fazer.
– Ei seu filho da mãe, você me ouviu? - Ela bate na porta - O que está fazendo?
Ele da um nó no fio.
– Ai meu Deus... - Ana da uns passos para trás, ela vira seu olhar para Zac - Ele nos trancou aqui.
– Não caia na armadilha dele, Ana.
A caminhonete arranca dali. Ana empurra para o lado a porta do lavabo, deixando-a encostada com a parede, pega a chave de roda no chão e a põe na fechadura. Ana a puxa com força, a chave sai do lugar, ela a põe novamente na curvatura que havia feito e a puxa novamente, a fechadura vai sendo arrancada a porta. Ela põe a chave de roda na vertical e puxa com muita força, removendo a fechado completamente, em seguida bate contra a fechadura de fora e a faz cair.
Ana passa sua mão pela fechadura e com o tato, chega ao fio na tranca da porta.
– Droga...
Ela tenta desfazer o nó, boa parte do braço está para o lado de fora. Ana continua a tentar retirar o fio, ela respira fundo e apoia a outra mão na porta. De repente, o homem segura seu punho abruptamente, ela da um grito assustado e puxa o braço, porém o homem segura fortemente a sua mão.
– ME SOLTA SEU DESGRAÇADO - Ana grita puxando o braço várias vezes.
Ele analisa os dedos de Ana, ela chora desesperadamente atrás da porta.
– ME SOLTA, ME SOLTA... - Ela grita sem parar.
Ele chupa o dedo indicador de Ana, ela grita com os olhos fechados e cabeça erguida.
– ME SOLTA SEU PERVERTIDO DE MERDA... ME SOLTA!
Ele vai retira seu dedo da boca e agarra a unha de Ana com os dedos, puxando-a com toda a força, a unha vai sendo removida do dedo, no mesmo instante Ana grita desesperadamente e bate constante na porta. O sangue escorre frequente pela mão, já cobrindo todo o dedo dela. A unha é mantida no dedo por um fino nervo, que se parte quando ele vira o rosto para o lado.
Ana grita o mais alto que podia, logo puxa sua mão para dentro, pondo-a perto da barriga, muito sangue escorria por sua mão. Seu choro é misturado com os gritos de dor, ela encosta na pilastra e senta no chão gritando sem parar. Sua blusa preta está ficando com uma mancha enorme de sangue que escorria de seu dedo.
O braço dela já está coberto de sangue, o seu choro era ouvido do lado de fora do banheiro.
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Horas se passam e Ana fica quieta, olhando fixo para frente, com sua pele ficando pálida e lábios levemente arroxeados, as olheiras estão ficando fundos e mais visíveis, os olhos inchados de tanto choro e tensão.
– Ana... - Zac a observa quieta demais - Ana... Ana, você está bem?
Ela continua a olhar para frente.
– Ele vai voltar - Diz Ana, friamente.
– Ele é um predador doentio, Ana... Ele está gostando disso.
– Ele faz isso há muito tempo... - Ana diz sem nem ao menos desviar o olhar para Zac.
– Nós vamos pegá-lo, Ana... O reforço já deve estar a caminho, devem estar atrás de mim!
– Não, não está... - Ela diz, voltando a lagrimejar.
– O que?
– Nós estamos sozinhos, completamente sozinhos - As lágrimas retornam a descer por seu rosto, a sua voz fica tremula e não muito alta no final da frase.
– Pegue a minha arma.
Ela olha para ele respirando fundo e encarando-o seriamente.
– Quero que pegue a minha arma, e quando ele voltar... Quero que atire nele, ok?
– Eu não sei atirar - Ela respira ao falar.
– É fácil, você consegue, venha... Vem aqui... - Ana não se move - Vem!
Ela levanta com dificuldade, um pouco fraca. Agacha ao seu lado e saca sua arma, segurando-a de cabeça para baixo.
– Está vendo o cão? Essa coisa para fora ai em cima...
Ana põe o dedo ali.
– Isso... Puxa ele para trás, certo?... Você aponta a arma e aperta o gatilho.
– Eu não sei se...
– Você consegue, você consegue - Ele diz rapidamente - Apenas a segure firme!
– Está bem! - Ela diz.
Repentinamente a porta começa a ser soca com força. Ana da um breve pulo de susto e arregala os olhos assustada.
– É ele!
Ana levanta devagar e com dificuldade.
– Atire na porta, Ana.
Ela aponta a arma, a sua outra mão continua pressionada contra a barriga.
– Isso, atire!
Ana chora segurando a arma com a mão tremula.
– Atire, Ana... Atire...
O homem a observa por onde havia a fechadura.
– Atira, atira... ATIRA!
Ana atira, com a pressão a sua mão recura com força para cima do ombro, logo em seguida atira novamente.
– Espere! - Diz Zac.
Ela olha para ele em pânico.
– Vá checar!
Ela se aproxima da porta devagar, a blusa do homem aparece na fechadura, Ana rapidamente atira mais uma vez. Ela fica séria, firma a mão e atira novamente, a roupa sai da frente da fechadura.
– Acertou? - Pergunta Zac.
– E-eu não sei!
– Vá ver, mas tome cuidado!
Ana se aproxima com cautela, sua respiração nunca foi tão continua e forte. Perto da fechadura, ela agacha e não o avista.
– Não consigo vê-lo - Ela diz, analisando o local pelo curto ângulo de visão.
De repente um cano bate contra a grade da janela do banheiro, Ana vira-se em sua direção, o cano retira a parte debaixo da grade, a mão do assassino passa pelo espaço e joga algo no chão, em seguida recua.
Ana põe a arma no chão e se aproxima da filmadora que foi largada no chão. Ela assiste à filmagem do homem torturando Felipe. Ele está preso em uma mesa, era visível apenas a mão do assassino, que grampeava o ombro e peito de Felipe, o jovem que está sem camisa, está com vários cortes pelo corpo e quase todo ensanguentado. O homem larga o grampeado e pega o bisturi, fazendo um corte profundo no tórax de Felipe, ele grita com agonia.
A filmagem é cortada para o close do rosto de Felipe.
– Ana...
Ela da um breve grito ao ouvir seu nome. Ana soluça de tanto chorar.
– Espero que nunca veja isso.
Ela olha para os lados.
– Estou tão ferrado... Me desculpe...
Sua atenção volta para o vídeo, ela fecha os olhos fortemente.
– Eu sinto muito... Eu te amo, eu te amo...
O homem segura a língua de Felipe com um alicate e a corta com o um bisturi, o sangue se espalha pela boca dele, escorrendo pela garganta e se espalhando pela mesa.
Ana joga a filmadora para o lado com um grito agonizante.
– NÃÃÃÃÃÃÃOOO...
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