Maré Alta escrita por Dobrevic


Capítulo 19
The last hello


Notas iniciais do capítulo

Ok, não revisei, então me perdoem se tiver mil errinhos de português, to com muito, muito, muito sono e meio que corri com esse capítulo. Prometo de dedinho que as cenas deprimentes vão passar, eu precisava de um desfeche D:
Obrigado as meninas, lindas, maravilhosas....que estão tendo uma super paciência comigo já que eu não to postando com frequência. Vou tentar melhorar, juro!!! Espero q gostem desse capítulo(não é meu preferido), massssssss.... rs
LEIAM AS NOTAS.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/504924/chapter/19

“É isso, simples. Você pensa que vai morrer, mas passa.”

A sexta-feira passou monótona, o João estava completamente desanimado, não quis comer nada e não estava muito a fim de conversa, o que claro, eu agradeci. Precisava do meu espaço para pensar sobre tudo que estava acontecendo.

Durante todo esse tempo, eu vinha acreditando que a minha família precisava de mim para se reerguer, quando na verdade, não havia nada para ser reerguido, nunca teve. Por causa de um sonho orgulhoso do Jorge, meus pais me obrigaram a isso. Em parte, não o culpo. Compreendi pouca coisa do que meus pais explicaram, mas acho que entendo a preocupação dele, o que não justifica mentir. Não sei se eu teria aceitado se soubesse da verdade, mas sei que eu iria reconsiderar. Não entendo o motivo de ninguém ter nos contado nada. Isso é injusto demais.

Um mês se passou. O hospital cheirava a álcool e o ar condicionado me deixava sem ar. Aquele sentimento doente que estava preso ali me fazia mal, mas meu motivo tinha uma causa maior, o João. Contamos aos nossos amigos, e eles quase não acreditaram. A Mel durante esse tempo vinha aqui quase todos os dias, dizia pra eu ir para casa descansar e que qualquer coisa ela ligava. Mas não iria embora nem que me pagassem. Angel passava sempre depois da faculdade para levar lanches e roupas que a Dorota mandava por ela, tem sido realmente bom, já que comida de hospital é rala e sem sal. Minhas noites de sono tem sido horríveis, essas poltronas de hospitais não ajudam em nada, deixei o colchão fino e aconchegante para o João que estava exausto.

O Jorge se recusa a fazer a quimioterapia, tem sido semanas difíceis. Já tem dois meses que ele está internado, os médicos têm feito de tudo para seu estado não se agravar. O João tentava disfarçar, mas aquilo estava acabando com ele, a teimosia do pai o deixava mal humorado quase sempre. Às vezes quando ele deitava para dormir, eu o ouvia chorar baixo e aquilo me destruía por dentro.

– Você quer café? – Perguntei pela primeira vez desde que acordamos. Jorge continuava dormindo, ele tem feito muito isso. Em vez de uma resposta altiva, recebi apenas uma concordância cansada com a cabeça.

Quando voltei, o João estava sentado com as mãos na cabeça e o cotovelo apoiado na perna. Quando percebeu minha presença, estendeu o braço e eu lhe entreguei o café, e sem melhor agradeceu.

– João, o que houve? Porque está assim? – Fiz a pergunta que estava fazendo a mim mesma por semanas.

– Nada – Respondeu calmo.

– Nada? Olha... Desculpe-me, mas não parece que é nada.

Ele me olhou parecendo ponderar a resposta.

– Não é nada, não se preocupe.

– Pena que, dada às circunstâncias, eu já estou preocupada. E não ajuda ver você fechado no seu canto sem dar atenção as pessoas ao seu redor. – Eu estava falando apenas de mim, e ele sabia disso.

– Você deveria ir para casa – Ele disse enquanto levantava a cabeça e me olhava.

– Deveria – Dei uma pausa e o ouvi suspirar – Mas não vou – Acrescentei e ele deu uma risada rouca – Você precisa de alguém para cuidar de você João, você precisa de mim aqui.

– Eu preciso do meu pai – Ele disse baixo.

– Eu preciso de você – Levantei um pouco a voz e vi o olhar dele assumir uma surpresa escondida, mas com a mesma rapidez que me olhou, desviou o olhar – Preciso que fique bem – Ele revirou os olhos – Preciso que se alimente melhor, preciso que se cuide. Não deixe o que o seu pai tem acabar com o que há de melhor em você. Tenha fé.

– É porque não é o seu pai, Maria Luiza – Sua voz se alterou e eu o encarei.

– Qual é o seu medo João? – Ignorei o que ele disse e o fitei esperando por uma resposta que não veio. Já estava pronta para me retirar quando ouvi sua voz baixa.

– Que você vá embora, e não volte. Que não queira mais ficar comigo depois de toda mentira, medo de acordar desse maldito pesadelo e acreditar que é real. Medo que você não queira ficar ao lado de um filhinho de papai traidor, porque foi eu que... – Ele falou tudo muito rápido e antes de terminar, o pai dele tossiu alto e forte, interrompendo sua fala. Não o deixei terminar.

– João, olha pra mim – Me aproximei dele, coloquei minhas mãos em seu queixo e o fiz me olhar. Seus olhos estavam lacrimejados – Não importa no meio disso tudo, dessa mentira, não importa nada. Importa você. Eu vou estar com você, é sério, por favor, só não fica assim, tá me matando – Suspirei alto.

– Só promete Malu, que mesmo se eu errar muito, você não vai me abandonar – Ele sussurrou.

Dei um sorriso forçado, segurei as mãos dele.

– Você tá parecendo uma criança desorientada – Sorri e ele sorriu junto – Mas sim, eu prometo, aliás, quantas vezes vou ter que prometer? – Aumentei meu sorriso o abraçando forte, ele retribuiu na mesma intensidade – Vem, vamos pra casa. Têm profissionais aqui cuidando do seu pai, agora você precisa de uma noite de sono normal, vamos – O puxei pela mão e ele levantou junto comigo.

– Espera – Parou e eu virei para olha-lo – Me espera lá fora, eu... Quero dar um tchau pra ele, vou demorar menos de 15 minutos, você me espera?

– Claro, enquanto isso vou à lanchonete tomar um café. Você me encontra lá, ok? – Dei um beijo no rosto dele e saí sem esperar. Ultimamente o João tá estranho. Não sei que resposta ele quer do pai dele, mas não acho que o Jorge esteja disposto a dar.

***

PVO – João Miguel

***

Observei a Malu sair antes de me virar pro meu pai, ele estava sorrindo. Eu sabia que ele estava acordado desde o momento em que ele tossiu me impedindo de falar pra Malu que quem a havia escolhido fui eu. Óbvio que eu não sabia do que se tratava, mas quem a meteu nessa furada fui eu, ele me deu a opção e eu simplesmente escolhi.

– Você gosta dela – Ele disse sorrindo.

– Ela tem sido uma amiga e tanto nesses últimos dias – Permaneci sério de pé do lado da janela – Porque age como se tudo estivesse perfeitamente bem? – Minha voz saiu ríspida sem eu perceber.

– Porque está tudo bem Miguel, você é jovem demais pra entender.

– VOCÊ VAI MORRER! E você não me deu chance de me despedir, me jogou no colo da primeira garota que aceitou uma proposta idiota e sabe o pior, pai? Você mentiu – Disse amargamente – Acha que ter uma garota do meu lado por causa de um contrato vai apagar a dor que eu vou sentir da sua perda? Você se recusa a fazer o que precisa e isso é errado! Você nem se importa, você não quer lutar, e isso é um péssimo exemplo pra imagem de super herói que eu tinha de você.

A respiração dele estava fraca e seu rosto estava pálido, suas olheiras estavam profundas mesmo com ele dormindo o tempo todo. Por mais que eu odiasse admitir, eu estava definhando com ele. Minha mãe me largou cedo demais e depois sumiu no mundo, não fez questão de ser mãe e eu senti sua falta sim, mas meu pai foi meu ombro, meu chão, meu colo.

– Acredito em você, Miguel. Sei que você vai ser alguém importante um dia, e vai ter uma linda família. Espero que você não faça burradas e saiba aproveitar as coisas boas que a vida lhe proporciona. Filho, nada é por acaso – Mesmo com tudo, ele continuava sorrindo. Eu não era forte o suficiente para segurar as lágrimas – Você vai ser feliz. Cuide dessa menina, e seja sempre o melhor pra ela.

– A Malu não vai muito com a minha cara, se você não sabe – Disse baixo dando um sorriso fraco.

Ele deu uma rouca gargalhada baixa apenas para que só nós a escutássemos.

– Acredite filho, essas são as nossas melhores histórias – Ele deu um largo sorriso – Sua mãe e eu éramos que nem cão e gato. Eu a conheci em uma boate, ela era dançarina – Fechei os olhos enquanto escutava. Ele nunca havia me contado – Ela era a coisa mais linda que havia ali. Eu a odiei, sabe por quê? Por que ela tinha potencial para algo a mais. A odiei porque eu a quis mais que qualquer outra coisa, desejo súbito de levar ela pra casa, mas eu não podia. Eu a chamei em um quarto só para falar sobre aquilo. Ela me chamou de idiota, disse que eu era um babaca e me mandou embora com um chute na bunda – Ele deu risada – E depois eu voltei de novo, e de novo, e de novo. E todas as noites eu estava lá. Num segundo depois nós estávamos juntos, e sabe qual foi a nossa chance? A minha insistência. Eu a quis e nem por um segundo abri mão daquilo. Ficamos juntos por três anos até ela engravidar, eu tirei ela daquela vida de dançarina e dei o mundo que ela sempre quis.

– Pai, porque ela foi embora? – Senti minha garganta apertada.

– Quando se é jovem, nós cometemos loucuras, fazemos aquilo que temos vontade, e não desistimos daquilo que queremos. Mas quando temos de vez, esquecemos-nos de cuidar – Ele disse com certa tranquilidade – Esquecemos que meses se passam e sexo não é o suficiente, que a rotina enjoa e que se você não se lembrar do primeiro abraço, do calor, o fogo se apaga. Sua mãe queria mais, e eu queria a mesma coisa. Sempre. A culpa foi minha. – Seus olhos desviaram para a brecha na porta como se eles se lembrassem de algo – Eu disse que se ela quisesse poderia ir, mas que ela se esquecesse de nós. E nunca, nunca ousasse voltar.

– Você não fez isso – Sussurrei incapaz de impedir que as lágrimas descessem.

– Eu fiz. Na raiva do momento, muitas coisas são ditas, palavras que doem mais que socos. Eu não achei que ela fosse capaz de fazê-lo. Mas ela foi um mês depois que teve você. E nunca mais entrou em contato, não a culpei. – Eu não consegui falar nada, ele me encarou e eu desviei o olhar para o corredor atrás da janela – Não cometa o mesmo erro, Miguel. Nunca a deixe ir.

– Não vou. Sabe, eu quero te perdoar por isso, mas não sei se consigo. Eu amo você, mas se tivesse me contado isso antes... Mentiras são as suas armas e eu não quero uma guerra – Andei até a cama onde ele estava deitado e depositei um beijo na careca dele – Adeus, papai.

– Eu também te amo, meu Miguel – Ele sorriu e eu não consegui sorrir de volta. Me virei em direção a porta me virando para o olhar pela última vez. Eu não voltaria ali. Me senti culpado por tomar essa decisão mas poderia ter sido diferente se ele tivesse feito diferente. Eu não vou ser igual, não quero ser igual. Tudo que eu quero é achar a Malu e sair desse lugar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hãnnnn, oi de novo uahuahuahau leitoras fantasmas, apareçam, sério, vcs me assustam! Não custa gente :(
To escrevendo outra fanfic aqui mesmo no site, quem gostar de um conteúdo mais adulto, por favor, dê uma olhadinha lá poakpoaka beijoooooooooooos, até semana que vem!!
http://fanfiction.com.br/historia/516064/Mulher_Fatal/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Maré Alta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.