Capítulo oito. – Agrade-o.

A surpresa quando o dia amanheceu e eu percebi que tinha uma nova mensagem de texto de Edward Cullen preencheu cada canto do meu quarto. O relógio marcava dez e quarenta da manhã, e eu tinha recebido a mensagem ás quatro. O que ele fazia acordado tão tarde? Ou tão cedo? Quem é que sabe.

Olhei para minha esquerda, Rosalie estava deitada em sua cama. Dormia. Como o habitual. Nós gostávamos do sono, do escuro e do frio. Eu me revirei na cama, cobrindo minha cabeça com o edredom e abri a mensagem de texto.

“Eu não me importaria se fosse convidado para um café na madrugada. Difícil seria achar um café há essa hora. O que posso supor que provavelmente seria convidado a ir à sua casa, certo?”

Não pude deixar de rir baixinho. Minha “inconstância” fixou em sua mente, pelo visto. Seria Edward homem de mulheres inconstantes? Me peguei pensando nisso e ri ainda mais. Levantando-me, cambaleando até o banheiro e digitando ao mesmo tempo.

“Eu não sei, café na madrugada talvez soasse como... Ah, sei lá. Um almoço por minha conta seria melhor. Mas aí comeríamos hambúrguer e fritas. Você tem cara de quem prefere comer frutos do mar com um guardanapo no pescoço. Não faz seu tipo. Esquece.”

Claro que eu estava o provocando. Queria que a minha simplicidade soasse como um agrado, talvez ele não interpretasse assim, mas eu teria que arriscar. Estava seguindo a quinta parte do meu tutorial, isso tinha que dar certo de alguma forma. Eu estava arriscando coisas demais.

Meu pai estava confortavelmente sentado no sofá da sala, a tela plana ligada em um volume baixo. Estava reprisando o jogo de ontem, aquele que eu vi ao vivo. Ainda não podia acreditar que eu havia visto um jogo da liga principal ao vivo! Era meio mágico, apesar de ainda não ser grande coisa. Eu sabia que em breve algum time grande de fora convidaria Emmett para jogar por eles... Não sabia o que isso faria com o relacionamento dele e a Rose... Se podemos já rotular assim.

— Bom dia! — Me deixei sorrir e ser acolhida em seu abraço matinal. Charlie beijou o topo da minha cabeça quando eu repousei a minha em seu peito.

— Dia... Está tudo bem? — Não ouvi barulho de Renée em casa, esse era o motivo da pergunta. Ele assentiu quase que instantaneamente. — Mamãe?

— Foi à feira. Como foi o jogo? Emmett é um menino da chuteira de ouro! Aquele chute com o pé esquerdo. Foi certeiro! Minha nossa! — Papai me soltou para gesticular, eu ri disso. Eu gostava daquela empolgação.

— Foi realmente muito bom... Emmett é o melhor! Nós podemos ir ao próximo, que tal? Não vai ser como a área vip dos Cullen... Mas eu acho tão empolgante estar junto na arquibancada! A torcida é tão vibrante!

— Sim! Mas, mudando um pouco o foco... Eu vi que Rosalie apareceu agarrada no rapaz em algumas entrevistas no final do jogo... — Silêncio. Nós ainda não havíamos contado ao papai exatamente tudo, ele até fazia alguma ideia, mas não detalhadamente.

— É! Ela apareceu no telão! As mulheres devem ter ficado com inveja, presumo. — Tentei sorrir, desconversar, Charlie me encarou.

Agi precipitadamente e me levantei dando a primeira desculpa que apareceu na mente “preciso de um pouco de café, pai” ele assentiu, afinal eu havia acabado de acordar. Mas eu fiquei sem saber o que dizer quando ele me seguiu ainda fazendo algumas perguntas. O motivo de Rosalie estar tão agarrada a Emmett. Papai reparou detalhadamente as mãos largas de Emm nas costas de minha irmã e o sorriso totalmente despreocupado, largo e eletrizante dela. E como um “xeque-mate” ele estendeu o jornal desta manhã para mim. A capa do caderno de esportes era Rose e Emmett bem do jeitinho que Charlie descreveu.

— Eles são bem amigos... — Disse a primeira coisa que veio a minha cabeça. E revirei os olhos — Rosalie é bem grandinha, pai!

— Bem amigos do tipo namorados?

— Eu realmente não sei. — Respirei fundo e despejei café em uma xícara. Sentei em uma das cadeiras no balcão da cozinha, enquanto adoçava meu café com três cubinhos de açúcar.

— Bells... Eu estou preocupado com você e sua irmã. — Ele iniciou, calmo. Eu ri.

— Nós já tivemos essa conversa com a Renée. Foi o que eu disse ontem, Rosalie fez suas próprias amizades aqui, pai. E talvez ela esteja gostando de Emm... — Pausei por alguns segundos observando a careta que meu pai fizera a seguir — Não aja como se não tivesse passado pela sua cabeça.

— Eu sei. — Admitiu.

— E não faça disso um caso. Ele realmente gosta dela. Ele admitiu para mim. Mas eu acho que não passou de uns beijos. — Charlie parecia ainda mais apavorado — É assim que se começa um namoro, pai!

— Quem está namorando quem? — A voz sonolenta nos alertou. Meu pai deixou sorrir sem jeito, enquanto Rose adentrou a cozinha. Ela sentou-se no banco ao meu lado e puxou a garrafa térmica, despejando café em uma xícara disponível.

Papai e eu não dissemos nada, claro. Apesar de ele estar muito a fim de falar alguma coisa, ele apenas respirou fundo e deixou para outro momento, visto que agora ele estava me encarando de uma forma questionadora. A mira da vez não era mais Rosalie.

— Edward a deixou aqui ontem e você não disse muito sobre isso. — Ele havia tirado o dia para saber sobre os nossos “caras”, e eu ri depois disso.

— Ele chegou à festa e parecia que tinha sido atropelado por mil tratores. Bebeu um pouco, festejou com o irmão e sumiu da vista dos convidados uma hora depois. Edward de sempre!

— Eu não fiz nada, se é o que estão pensando! — Respondi depois dos relatos de Rose, essa me olhava esperando uma resposta — Na verdade o pai quer saber o que está rolando entre você e Emmett Cullen. — Empurrei o jornal para ela. Rosalie engasgou completamente com seu café, eu ri.

Meu celular apitou no balcão alguns segundos depois disso.

Papai batia nas costas de Rose, eu ainda ria enquanto abanava seu rosto, olhei tranquila para ela, não tinha mais dezesseis anos. Se ele aprovasse o namoro dele, seria muito mais tranquilo para aprovar o meu.

— Não é nada oficial! — Tossiu mais uma vez — Pai!

Charlie deixou-se rir, era bem engraçado a reação de Rose, ela estava verdadeiramente apavorada.

— Por que você não o traz para jantar conosco? — Sugeriu ele, ela negou rapidamente.

— Pai! — Exclamou novamente, censurando-o. — Não é nada oficial.

— Ele abraçou você possessivamente na frente de câmeras! — Rebateu Charlie. Empurrei o jornal oficial de Seattle para ela, que arregalou os olhos. A manchete dizia. “Ídolo do futebol comemora a vitória abraçado à namorada”.

— Totalmente calunia! — Declarou, essa foi minha vez de rir.

— Ok, Rose! É sério. Está tudo bem para nós, Emm é um cara decente. Eu o adoro, mamãe também. Ele vem de uma boa família. O pai também vai amar, certo? — O encarei, Charlie assentiu de contra gosto. — Mas eu acho antiquado essa coisa de jantar, sério... Eles não vão se casar... Não agora.

Enquanto papai rebatia, meu celular vibrou novamente, dessa vez não contive minha curiosidade. Eu o agarrei sobre o balcão, sai de mansinho da cozinha e deixei papai e Rosalie debatendo a profundidade do relacionamento dela e de Emmett. Havia duas mensagens de Edward. Deixe-me sorrir e joguei o corpo no sofá.

“Hambúrgueres e fritas parece bom ótimo para mim. Você está me convidando para um almoço, Isabella? Não faça isso, eu posso realmente acreditar. Meu coração não aguentaria ser magoado por você.”

Deixei-me rir com a primeira. Ele era um cara sedutor pra caramba.

“Sério, eu simplesmente menti no sms anterior. Meu coração aguenta qualquer coisa, meu cardiologista garante isso.”

Corri para o quarto enquanto digitava a mensagem, olhei no relógio da parede da sala, marcava meio dia e quarenta e três da tarde. Bom, mesmo para um domingo, estamos no horário de almoço. Que mal há em comer alguma fritura nesse horário? Temos dois corações saudáveis totalmente ansiosos em bater em função do outro. Completamente.

“Fico realmente feliz que seu coração aguente Edward. Nós podemos ter um almoço agora mesmo. A questão é se você está disponível? Eu pago! Você provavelmente não deve ter uma garota se oferecendo para pagar sua comida todo dia. Hahaha.”

Me desfiz do meu moletom pesado e entrei no banho. Atenta ao barulho do sms, não demorou muito para que ele chegasse, e não demorou muito para que eu saísse da ducha quente. Com os lábios roxos e tremendo de frio. Depois de estar dentro do meu roupão quentinho verifiquei o celular.

“Na verdade eu nunca tive uma mulher se oferecendo para pagar a conta no final do encontro... Presumo que seja? Eu realmente estava tentando arrumar uma desculpa para fugir do almoço de família. E agora que nem você e sua irmã estão aqui, Emmett tende a ficar bem... Hm, insuportável.”

Eu não ri dessa vez. A pensar no que sua família estaria passando, lidar com o luto não deve ser fácil e Emmett não agia nada bem com isso.

Enquanto pensava na resposta, me vestia. Jeans confortável, tênis limpo. Blusa de frio e um casaco quente. Pouca maquiagem e depois de secar o cabelo com o secador fiz um rabo de cavalo. Perfeito para um domingo qualquer. Eu estava pronta.

“Fico feliz em poder te ajudar, Sr. Cullen. Bom, temos um encontro?! Você pode me encontrar ás 13h20 no Burgue’s days. Esperarei por você.”

Eu não verifiquei o celular depois que ele foi parar no bolso de trás da minha calça. Eu busquei pela minha bolsa e saí de casa, pelo visto Charlie e Rosalie deveriam estar no meio da discussão na cozinha, eles não viram a minha saída. E eu podia andar por alguns quarteirões e ir a minha lanchonete preferida. Ter um pouco de comida gordurosa na presença do meu magnata preferido.

Eu fui a primeira a chegar. Não havia sinais dele. Então eu me sentei em uma mesa no canto, isolada e distante das outras mesas, eu adorava esse lugar em dia de domingo. Porque ele era vazio. Completamente. Domingo parecia o dia do almoço perfeito em família, então aqui ficava aconchegante para conversar qualquer coisa sem ter a mesa do lado completamente ligada nesse assunto. Não demorou muito para que o dono dos cabelos ruivos com ar rebelde aparecesse, ele tinha seus olhos escondido atrás de óculos de sol. Ele usava calça cáqui escura e moletom. Estava completamente chuvoso e ainda assim ele conseguia estar irresistível. Tinha todo ar sombrio que o rodeava. Aquele cara sinuoso que eu vi no velório do pai. Aqueles mesmos olhos a procura de algo para mudar.

— Desculpe o atraso! Eu realmente pareço aquele que vai ter o almoço pago por uma mulher. — Eu ri, levantei-me para cumprimenta-lo. Edward me abraçou. Eu não esperava por isso. Não era esse o tipo da nossa intimidade. Mas foi natural.

— Vou ignorar a piada machista. — Revirei os olhos quando indiquei a cadeira para ele, brinquei dizendo que iria puxar para ele sentar, mas muito cavalheiro ele puxou a minha, me sentei, ele fez o mesmo depois.

— Você consegue me surpreender todos os dias, Isabella... Como você faz isso? — Eu ri novamente, em seguida fomos abordados pela nossa atendente.

Não pude deixar de reparar na forma como ela sorria para ele. Ela lhe deu toda atenção, necessária ou não. Eu não pude deixar de rir quando ele disse “o que nós vamos querer, querida?” ele praticamente a enxotou de uma vez. Em seguida se desculpou, é claro, quando ela estava longe o bastante.

— Isso deve acontecer com frequência. — Assumi, ele negou e riu.

— Garanto que com você acontece mais... — Brincou, dei de ombros. — Sempre tem um cara charmoso pra você fingir que é seu namorado?

— Presumo que fui usada? — Fingi surpresa, ele riu ainda mais — Infelizmente nunca tem um cara charmoso por perto. Eu simplesmente me esquivo como posso.

— Você pode me ligar. Seria um prazer fazer o papel de seu namorado em todos esses momentos... E em outros. — O olhar sinuoso estava lá, mas agora parecia em chamas. Ele me deixou alarmada e arrepiada, eu não sabia bem se gostava ou não dos sentimentos.

— As pessoas poderiam acreditar... Imagine se eu paro em uma capa de jornal como Rosalie? — Edward caiu na gargalhada.

— É verdade! Emmett está simplesmente andando com o Times de um lado para o outro dentro de casa. Esme tem o oficial de Seattle e Alice ligou para falar de alguma revista de fofoca. Rose e Emm estão em todos os sites e querem saber o nome dela o mais rápido possível! — Eu fiquei surpresa, Edward achava graça disso.

— Imagine quando descobrirem que a “namorada” do super atleta é secretária do irmão dele?

— Ou não... Eles não vão nos deixar em paz. Principalmente depois de fotografar o irmão do atleta com a possível namorada que também é irmã da “namorada” do atleta? — Essa foi minha vez de rir.

— Quanta confusão! — Declarei, Edward concordou — Melhor Emmett e Rose serem o que eles quiserem ser, só que assumidos. Assim a mídia não vai fuçar tanto na vida deles... Eu acho. O que sua mãe achou da matéria?

— Ela adora a Rosalie. Como adora você. Ela amaria ganhar uma ou duas filhas. Incentivou Emmett a tornar tudo aquilo real.

— Sua mãe é mais que um anjo... — Eu ficaria feliz em tê-la como mãe. Assumi para mim mesma, afinal, Esme era mesmo maravilhosa.

— E o que sua família acha sobre isso?

— Meu pai é preocupado demais. Minha mãe cautelosa. Se fosse para ela escolher um namorado para Rosie, seria Mike Newton... Um carinha de Forks. Ele é filho do xerife de lá e seus pais são amigos dos meus. É meio que o cara que eles queriam que se casasse com uma de suas filhas. Não que Emmett não seja bom, Emm é incrível... É só...

— É o quê, Isabella? — Ele incentivou visto que eu travei.

— A preocupação dele é se... Eu não sei bem como dizer sem parecer grosseira, então vai lá, eles tem medo de que a posição financeira de Emmett humilhe Rosalie. Minha irmã é apaixonada pelo seu irmão, e meus pais temem que Emm só a use, visto que nós somos...

— Não termine, por favor... — Edward pediu. Sua voz beirava a sofrimento. — Eu imaginei que isso passasse pela cabeça de vocês.

— Como deve passar pela de vocês que ela é uma oportunista barata. — Rebati direto — Nós não somos.

— Eu conheço Rosalie, jamais pensaria algo assim dela! Tão pouco de você, Isabella. Sinto muito se deixei...

— Não, Edward, você nunca se quer insinuou isso. — O interrompi, ele sorriu aliviado. — Acho que estamos meio que resolvidos.

O restante do nosso “encontro” saiu perfeitamente bem, nós comemos e depois tentando enfrentar o soverte, ficou extremamente delicioso. Por fim deixamos a lanchonete, completamente satisfeitos, nós brigamos realmente para pagar a conta. Ele me deixou vencer, mas em troca eu tive que aceitar seu convite para um jantar nessa noite.

Rosalie estava jogada no sofá com a mão nos olhos, parecia sentir dor. Não ouvi a voz de Renée em qualquer canto da casa e não havia cheiro de comida. Minha irmã me percebeu, mas resolveu fingir que não havia me visto, provavelmente estava bem zangada. Eu ouvi-a me seguir, enquanto abria a porta do nosso imenso guarda-roupa.

— Você vai sair? — Eu não disse nada, apenas a encarei. Em seguida olhei sua cama, havia nela um vestido longo e preto. Rosalie ainda estava séria.