Capítulo vinte e oito – Phoebe.

POV BELLA.

Eu observei ao longo da casa, quase na janela da sala, a mulher loira e alta. Os cabelos enrolados e volumosos eram lindos, seu forte. Eu a reconheceria em qualquer lugar. Mas não era só isso que caracterizava Phoebe, ela tinha olhos escuros e marcantes, sempre acompanhados de uma maquiagem pesada. Coisa de modelo, como Jasper dissera há uns dias atrás, quando nos contou que daria um almoço para que conhecêssemos sua nova namorada.

“Kate a ama!” ele garantiu, e agora, observando a jovem mulher loira e a minha sobrinha, posso perceber que é inteiramente verdade.

— O que você achou dela, Bells? — Emmett apareceu de repente, me assustando, eu o encarei. Ele finalmente estava em casa, afinal ele se casaria em duas semanas.

— Ela é bonita — Me contive em um julgamento melhor, isso fez Emm rir.

Há algo inegável sobre nós, Esme disse quando eu o conheci: Emmett se sentia incrivelmente a vontade de comigo. E nós falaríamos sobre qualquer coisa, ele não iria me criticar, julgar, censurar. Emmett é aquela pessoa que me ajudaria a arrastar um corpo pela casa, caso eu matasse alguém. Emmett seria meu parceiro de crime. Ou até um terapeuta nas horas vagas. Ele era o meu amigo-irmão-mulher.

— Beleza não é tudo, convenhamos — Pontuou; eu concordei. Debrucei-me no apoio da escada. Éramos dois voyeurs observando a nova namorada do cunhado com a nossa sobrinha.

— Tudo bem. Tem alguma coisa de estranho nela. Me chame de maluca. Mas eu acho!

— Bingo! — Emmett explodiu, um pouco alto demais, ou, ou, fomos pegos! Phoebe e Kate nos olharam, Emmett e eu fingimos olhar em outra direção e a ouvimos rir.

— Seu grande idiota! Venha! — Cochichei para ele, voltando alguns passos e fazendo o caminho para o quarto de brinquedo de Kate.

— Eu sabia que você tinha achado o mesmo que eu! — Emmett exclamou quando nós estramos, eu fechei a porta.

— Certo. É melhor que guardemos nossas suposições. Se você lembrar bem... Achismos nunca deu certo nessa família.

— Certo, cunhadinha — Emmett concordou — Mas se ela é uma vagabunda oportunista eu preciso saber.

— Emm... — Disse calmamente — Não se esqueça de Alice.

— Cara! Nem de longe eu sou apaixonado pelo Jasper! Eca!

Emmett grunhiu em tom de brincadeira, deixando o quarto. E eu sabia que por detrás daquela máscara de irmão mais velho que precisava se recuperar para dar apoio aos outros – inclusive para mim – havia um cara que sofria. E se sentia culpado. De todos, Emmett era o único que não visitava Alice. Edward foi o primeiro a ceder e ir saber como sua irmã estava, de inicio ele só conversava sobre seu progresso com o médico, que dizia que Alice estava bem e calma. Tomava seus remédios e não deixava seu quarto, de acordo com Esme, ela tinha medo de interagir com os outros internos e ficar realmente louca. Edward dizia que Alice parecia a mais normal possível. Como era antes da morte de seu pai. Eu não sabia daquilo, ou não tinha certeza, mas de todo era estranho.

Depois que eu engravidei, tive pensamentos diferentes sobre Alice. Fiz uma nota sobre todos os acontecimentos em minha mente, e as separei em partes. Primeiro: se eu soubesse que havia uma mulher no mundo, envolvida com meu irmão, e ela não o amasse, eu tentaria aconselhá-lo. Mas há uma linha distante entre minhas atitudes e as de Alice. Eu sou uma Swan, ela é uma Cullen. Somos pessoas distintas, que apesar de tudo se encontraram no mundo. Conviveram meses, se engalfinharam, tiveram suas vidas destruídas e arruinadas por algum tempo. Eu fiz tão mal a Alice quanto ela fez a mim. E agora que eu carrego um filho no ventre, me pergunto o quão longe eu iria para defender alguém que amo. Alguém que amo desenfreadamente, sem medidas. Mas não de uma forma doente, suja, impura. Alguém que eu amo mais que a mim mesma, porém, alguém que eu quero que seja feliz. Mesmo que escolha caminhos errados.

Tento não pensar nisso. Creio que seria melhor assim para mim e para Mason, mas quando vejo Edward chegando meio perdido, ou as vezes esperançoso, sei que esteve com sua irmã e sei o quanto ele a ama. É como eu. Se Rosalie estivesse sucumbindo, eu iria até o fim para salvá-la.

Fechei os olhos com força e acariciei minha barriga em cima do vestido branco. Abri os olhos e enxerguei a infinidade de rosa que estava ao meu redor. Imaginei Kate brincando, e novamente voltei a Alice, eu convivia pouco com a menina, mas sabia por Esme e Edward que ela perguntava constantemente pela mãe, e sobre quando poderia vê-la novamente. No mês passado o médico liberou a presença de Kate na instituição, mas pelo que soube todo um preparo é feito. Esme leva roupas de Alice, maquiagem, joias, tudo que a faz parecer normal diante da filha. E as duas brincam por uma hora, até que Kate precisava novamente sair. Ninguém diz como Alice fica depois disso... Mas eu sei como. Se um dia eu ficasse sem meu filho, enlouqueceria de verdade.

Consertei minha postura e sequei as lágrimas que fugiam quando eu ouvi alguém bater na porta, ao abrir, vislumbrei a jovem loira alta. Namorada de Jasper. Que insistia para a chamarmos de Pheebs. Alguém contaria isso para Alice?

— Você está ok? — Ela perguntou. Atenciosa como estava sendo durante todo o dia. Gentil e agradável com todos.

— Eu estou — Tentei sorrir o mais amigável possível.

— Que bom. Observei Emmett descer, mas não vi você. Resolvi vir checar, quer ficar sozinha?

— Oh, não... Mas obrigada pela preocupação. Você pode ficar — Ela sorriu satisfeita.

— Por nada. A barriga deve pesar, não é? — Assenti, ela sorriu, se aproximando — Posso tocar?

— Uh... Pode — Ri sem jeito, ela tocou e nesse momento Mason deu um grande chute. Esse era o meu menino!

— Uau! Isso é tão... Incrível! — Ela parecia maravilhada. Eu não sabia dizer se ela só para me agradar.

— É realmente incrível... — Concordei, ela continuou com sua mão em minha barriga, enquanto Mason se apresentava para ela — Eu estava vendo você com Kate... Pensa em ter filhos?

Phoebe tirou a mão da minha barriga, ainda sorrindo, pareceu se perder na imensidade de rosa no quarto, enquanto olhava para as prateleiras brancas que continham ursos de pelúcia. Havia tantos brinquedos no quarto...

— É o sonho de toda mulher — Ela disse, eu concordei — Eu penso em ter dois. Mas Jasper... — Ela se interrompeu no meio da sua frase e encarou o teto — Jasper tem a Kate e está satisfeito.

Eu quis dizer que sentia muito. Ela parecia frustrada e irritada. Eu não disse nada.

— Posso perguntar uma coisa? — Ela voltou a dizer quando cansou do meu silêncio, eu assenti — Você acha que Alice tem chances de sair daquele lugar?

O silêncio surgiu. Phoebe olhava dentro dos meus olhos. Eu não podia dizer com exatidão o que eu via nos seus, mas era uma espécie de ressentimentos que não parava de crescer. Será que Jasper dizia algo sobre Alice para ela? Eu sabia que ambos estavam se relacionando a mais tempo do que admitiria em público, eu sabia que ela estava a par de toda a situação. Jasper provavelmente contou tudo detalhadamente, eu sabia também que essa pergunta se dava ao fato de Jasper estar satisfeito somente com Kate. Fazendo de Pheebs um produto descartável, caso Alice deixe a clinica. Mas o que ela obviamente estava se esquecendo das revelações de Alice, as revelações que a fizeram estarem onde está. O que eu tenho certeza que Jasper não se esqueceu. E não se esquecerá tão facilmente. Nem mesmo com uma distração como Phoebe.

— O que eu sei é que seu tratamento teve bastante progresso... — Disse, tentando ser o mais evasiva possível.

— Eu entendo. Você não tem medo? — A encarei, tentando realmente entender o motivo da pergunta.

— Alice só deixará a clinica se um médico disser que ela está apta para viver em sociedade. Sem machucar a si mesma ou a qualquer pessoa a sua volta. Ela nunca foi louca. Só um pouco mimada. Se você quer saber se eu acho que ela sairá de lá? Fatalmente sim.

— Mas... Depois de tudo que ela fez a você... — Censurou-me. Phoebe me encarou, esperando por uma resposta que a satisfizesse.

— Eu seria egoísta se desejasse que Alice vivesse trancada em um quarto branco, enquanto minha vida segue perfeitamente bem. Um bom marido, um filho, amigos que nos amam...

— Acho que a vida dela seria mais difícil aqui fora agora — Disse ela, agora virando o rosto em outra direção — Veja bem, Jasper está comigo agora.

A autoridade em seu tom me assustou. Não era de amor que aquilo se tratava, era apenas um jogo de “quem ganharia Jasper no final” e para Phoebe, de acordo com seus tramites, seu lado já estava ganho. Ela levaria o homem, juntamente com o dinheiro de Alice, e a própria filha. Afinal, qual juiz confiaria a tutela de uma criança a uma mulher louca?

— Mas ele ainda é casado com ela — Eu cuspi, tentando não ser grossa, mas ainda assim sendo. Phoebe me encarou rapidamente, sorrindo de lado.

— Por pouco tempo. — Pontuou, eu assenti. Talvez fosse, mas o mais provável era que não. E eu deixaria isso claro para ela — Eu não entendo sua posição, Bella. Jasper me disse que no começo você estava com Edward por dinheiro.

Engoli a saliva seca. Jasper dissera isso a ela? Por alguns segundos eu não consegui me recuperar para responder.

— Eu amo o meu marido. — Disse simplesmente, foi a coisa mais coerente que consegui dizer, Phoebe assentiu.

— Isso é inegável — Constatou — Mas, como Alice, você também foi obstinada a ter o que queria. Assim como eu sou. Quando eu digo que é por pouco tempo, é a verdade.

— Não se iluda! — Exclamei sem pensar, os olhos dela cresceram, automaticamente passando para o modo de ataque, Phoebe me encarou, se ela pudesse, rosnaria — Jasper nunca vai se separar de Alice. E isso é bom para você.

— Você está brincando comigo? — Hostilidade, eu ri sarcasticamente.

— Brincando? Será mesmo que você não analisou o jogo que está jogando? Você pensa que tem um oponente imobilizado, mas no momento que Jasper der o divórcio para Alice, Esme passará a ser a responsável legal pela filha. O que você acha que ela faz no segundo depois disso?

Phoebe ficou calada, pareceu pensar, e enquanto chegava a uma resposta, seu rosto empalidecia.

— Isso mesmo, Pheebs — Disse cinicamente — Ela vai libertar a filha. E se você pensa que o alvo de Alice serei eu e Edward, está totalmente enganada. Até onde todos nós sabemos – sendo verdade ou não – Alice está recuperada. De volta a um tempo onde Jasper era inegavelmente, descompassadamente, enlouquecidamente o amor de sua vida. E nós duas sabemos que Jasper é absolutamente apaixonado por ela. Apesar dos seus encantos, você não é párea para Alice.

— Você não sabe o que diz! — Ela disse, sua voz vacilava de raiva.

— Eu sei! — Exclamei, a fuzilei com os olhos — E se você pensa que eu venci Alice só porque me casei com o irmão dela, você está enganada. Para algumas pessoas eu serei só a vagabunda que está com Edward por dinheiro.

Nós ficamos quietas. Phoebe olhou para outro canto indistinto da sala. Ela era só uma mulher como eu. As reconheceria em qualquer lugar. Alice também a reconheceria se a olhassem, eu só desejava que ela não se apaixonasse. Que mantivesse a postura obcecada pelo dinheiro. Ao menos não sofreria caso Alice reaparecesse. Não esperava que ela fosse agradecida pelo alerta.

Eu caminhei para a saída do quarto abarrotado de brinquedos, antes que passasse pela porta, encarei-a novamente. Phoebe me encarou também.

— Se você quer realmente combater Alice, não dê armas a ela. Se você está com Jasper por dinheiro, nunca diga isso em voz alta.