POV. Skye

– Tudo faz sentindo agora. – Falou Tony Stark, se erguendo – Por isso que eu perdi o sinal em Portugal; Ultron está indo para a base da H.Y.D.R.A. na Itália. Como diabos ele soube disso é a questão.

– Você mesmo disse que ele é muito inteligente. Ele teria achado um jeito mais cedo ou mais tarde. – Disse a Viúva Negra.

– É verdade, mas isso não importa agora, não é? – O Capitão América interviu – O importante é que temos que ir para a Itália para detê-lo. Vingadores, vocês vêm comigo. Coulson, fique aqui com sua equipe. Hill e Fury, vocês ficam aqui também. Vão monitorar as coisas de longe. Temos que ir agora. Vão se aprontar.

Todos concordaram, deixando o saguão. Depois de ver o que May fez a ele, uma vontade inexplicável – e errada, eu sei – de ver Ward se apoderou de mim. Por isso, quando ninguém estava olhando, decidi ir até a sala em que ele estava, ainda caído, tossindo sangue, como vi na tela flutuante. Observei se alguém estava olhando e baixei a tela, fazendo-a desaparecer, descendo para onde Ward estava. Quando vi May chegando perto, indo para o hall, me escondi atrás de uma parede. Se ela me pegasse iria me fazer voltar com toda a certeza.

Finalmente consigo chegar até o lugar em que Grant foi interrogado. Ao abrir a porta, vi que ele não se mexera; continuara deitado, parado, digerindo as dores e o fato de, sem querer, ter aberto a boca.

– Ward? – Chamei, com a voz falha. Ele olha pra mim e imediatamente se senta, nervoso.

– Skye? – Ele disse, um pouco aflito; quase não saiu som de sua boca, já que ele estava praticamente sem voz. Eu sabia que não deveria, de jeito nenhum, demonstrar fraqueza, deixar transparecer que eu estava preocupada com ele, mas eu não consegui. Eu estava com ódio dele, um ódio puro, verdadeiro, bruto, mas ainda assim esse bastardo mentiroso conseguiu fazer com que eu me importasse com ele, apesar de tudo.

– Eu, hã... – Comecei, sem saber o que falar. Tive uma ideia maluca – Eu vim aqui pra te dizer que já encontramos Ultron e estamos indo para a Itália nesse momento. Pode lamentar. – Tentei parecer forte. Ele continuou me encarando.

– Você não mudou nada. – Ele falou, sonhador. Eu revirei os olhos – Eu gosto disso. Eu senti tanto a sua falta, Skye...

– É, não precisaria ter sentido a minha falta se não tivesse feito aquela estupidez! Nós éramos uma família, Ward! Mas você escolheu ficar ao lado do psicopata... – Minha voz falhou na última palavra e não me permiti continuar a falar. Pronto, parabéns, Skye. Perdeu o controle e explodiu, falando tudo que sentia. Isso é que se chama parecer forte.

– Você não entende. Garrett me deu tudo que eu tenho hoje...

– Nada, Ward! Você não tem nada! Olha só pra você! Espancado, sangrando, trancafiado junto de dois anormais, preso a uma agência que sequer se importa em te matar se preciso! Isso foi o que Garrett te deu, Ward! – Eu sentia as lágrimas vindo aos meus olhos. A verdade é que tudo aquilo estava entalado na minha garganta e eu finalmente soltava, olhando para a cara do homem que eu jurei ter me amado.

– Ele me deu uma chance, Skye! – Ele gritou – Eu não tenho nada hoje? Se não fosse pelo Garrett eu seria um nada. Eu seria pior que um nada, seria ainda mais insignificante. Ele me tornou o que eu sou hoje! – Ao ouvir essas palavras, não consegui segurar as lágrimas, e elas escorreram pelo meu rosto. Ele tem orgulho do que se tornou hoje? Isso é doentio – Não, não. Não, por favor, não chore... – Ele tenta ficar de pé para ir até mim, mas eu o empurro de volta ao chão com a sola do meu sapato.

– Tudo em que o Garrett te fez tornar foi um ser humano desprezível e doente. Eu tenho nojo de você. – Ele olha para mim com uma expressão desolada, desesperada, mas eu não passo muito tempo olhando; viro-me e saio da sala.

Assim que fecho a porta atrás de mim, bato minhas costas na parede e deslizo até o chão, chorando. Por quê? Por que meu treinador tinha que nos trair? E por que diabos eu estava sentindo falta dele?

Respiro fundo e enxugo as lágrimas. Eu não estava aqui para lamentar a traição de um idiota. Eu estava aqui para rastrear um robô. Eu tinha um time que precisava de mim (e os Vingadores fazem parte desse time!) e agora eu iria fazer jus ao nome hacker. Levanto-me do chão e me encaminho até o hall.

Vejo todos os Vingadores, já vestidos com seus uniformes, indo para o jato que os aguardava. O Capitão ainda se demorou um pouco para falar com Coulson e Fury. Hill estava no quarto.

– Nós te deixaremos informado sobre tudo que descobrirmos. Avise-nos qualquer coisa, ok? – Ouvi-o dizer. Coulson garantiu que o deixaria a par de tudo. Assim que Steve se juntou aos outros, Phil se virou para mim e Fury foi para seu aposento.

– Skye, faça de todo o possível para termos qualquer novidade de Ultron o mais rápido que for permitido. Triplett, fique certo de que os prisioneiros não irão fugir e escolte Ward de volta para a cela; Simmons, vá verificar Fitz e se certificar de que ele esteja bem. May... Vá descansar. Eu sei o quanto está estressada depois de seu encontro com Ward. – May assentiu, com gratidão nos olhos. Todos nós nos dispusemos a trabalhar, eu mesma sentando na frente do meu laptop.

Abri o sistema de segurança da Torre Stark e consegui achar o programa de localização de Ultron. Segui seu rastreador e ele realmente havia sido desativado em Portugal. Copiei o código criptografado do sistema interno do sensor e consegui achar um código que combinava na rede da Torre; era o código do mecanismo de Ultron.

Não tive muito tempo para me aprofundar no sistema do robô, pois ouvi Simmons gritar:

– Socorro! Alguém me ajude, é o Fitz! – Abandonei o computador ali mesmo e corri para os quartos, assim como Coulson e Triplett; May saiu de seu quarto imediatamente para ir até Simmons.

Abri a porta e encontrei Jemma chorando ao lado de um Fitz caído no chão que se contorcia e convulsionava, tremendo, com baba escorrendo pela boca. Fiquei sem ação. Eu não consegui me mover, apenas senti um terror sem igual se apoderar do meu corpo, um horror que não se compara a nenhuma dor que já senti. Fiquei paralisada, digerindo a possibilidade de ver Fitz morrer, enquanto uma tortura esmagava meu coração. Se eu estava assim, não queria nem pensar como estava Simmons.

Coulson e Triplett se abaixaram ao lado de Fitz e o ergueram, levando-o para a entrada da Torre. Nós os seguimos.

– Nós temos que levá-lo ao hospital. Pode deixar que eu o levo até lá. Mantenho vocês informados e volto daqui a pouco. – Disse Coulson, já saindo da Torre, colocando Fitz deitado no banco traseiro de Lola (n/a: o carro vermelho de Coulson, rs) – Continuem com as ordens que dei a vocês. Estarei de volta em um momento. – Ele entra e a liga, ativando os motores aéreos do carro, para que chegassem mais rápido. Observo-os desaparecendo no céu, com lágrimas nos olhos e de pernas bambas. Por favor, Fitz, por favor, fique bem. Respiro fundo alguns segundos e volto ao computador. Vendo me voltar ao trabalho, Triplett foi até a sala em que Ward estava para escoltá-lo.

– Eu vou dar uma olhada na Simmons. – Disse May. Eu admito que estava surpresa. As coisas que ela disse para o Ward... E não é que a Cavalaria tem sentimentos? E sentimentos por nós, da sua equipe? Hehe, isso é uma história que espero viver para contar aos meus filhos.

Voltei ao sistema interno de Ultron. Tinha conseguido acessá-lo a partir da cópia do código que achei no rastreador de Stark. Começo a tentar descriptografar as cifras que apareceram em meu computador, o que iria demorar bastante, já que estou entrando no sistema de um sintozoide (n/a: robô humanoide com vontade própria) extremamente complexo e inteligente a partir da cópia de um código de um sensor desativado.

Passo muito tempo, talvez muitos minutos ou poucas horas, encarando a tela do computador, decifrando códigos e enigmas, esperando conseguir invadir por completo a rede de Ultron. Até que escuto alguém chegando atrás de mim; era Coulson.

– E então? Como ele está? – Perguntei, nervosa, me virando da tela do notebook para ele.

– Bem mal, na verdade. A falta de oxigenação no cérebro dele ficou muito tempo sem um cuidado profissional, acabou se agravando. Ele vai ficar internado por um tempo... Eu disse que ficaria com ele a partir de amanhã, já que hoje eu não posso por causa da missão.

– Entendo... – Falei abalada. A situação dele se agravou... Não conseguia acreditar – Você vai ter que falar com Simmons. May disse que ia ver como ela estava, mas ela precisa saber.

– Eu sei. Eu vou até ela agora. Mas, até lá, fique de olho no computador. Temos que achar Ultron. – Eu assenti e ele foi até o lugar onde ficavam os quartos. Voltei minha atenção para o laptop; estava quase conseguindo.

Entrei! Entrei no sistema dele. Era bem complicado, na verdade. Achei uma pasta de arquivos descrita como “tower”. Eu a abri. Imediatamente apareceram telas que mostravam diferentes gravações. Numa delas, estava uma garota navegando num notebook em um grande saguão.

Senti um arrepio e paralisei, em choque. Olho para trás, para cima, e vejo uma câmera.

Ah, esse bastardo era um gênio.

– Alô, Capitão Rogers? – Falei no ponto eletrônico.

– Sim, Skye. Alguma novidade? – Perguntou ele.

– Na verdade eu tenho, Capitão. Ultron hackeou, de alguma forma, o sistema de câmeras da Torre Stark; ele tem acesso a elas! Repito, Ultron esteve nos vigiando esse tempo todo! – Alertei. Porém, não deu tempo de ouvir a resposta de Steve.

Uma explosão abriu a parede da entrada da Torre, me fazendo voar alguns metros até bater no muro oposto. Quando ergui os olhos, consegui ver um sintozoide com o corpo revestido de brilho prateado atravessar a amurada que explodira há pouco.

– Ultron. – Murmuro.