A Vida Continua - Fase 02 escrita por Andye


Capítulo 6
Juntando os Pedaços


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, então é isto. Nossa Rose está à caminho e eu vou postar uma vez por semana, muito provavelmente, nas tardes das sextas-feiras.
Espero os comentários e até a próxima!



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– Mamãe, não estou mais com fome.

Hermione tentava com a voz chorosa convencer a mãe mais uma vez. Desde que recebera alta do St. Mungus vinha recebendo tratamento mais que intensivo de seus pais, e isto incluía repouso e muita, muita comida.

– Mas tem que comer, minha filha. É sopa de ervilhas, você adora.

– Eu sei que eu adoro mamãe, mas esse já foi o terceiro prato. Assim vou virar uma bola, e não aguento mais.

– Você precisa se alimentar bem e recuperar suas forças.

– Papai, me ajuda. - suplicou.

– Sua mãe tem razão, Hermione. Está grávida. Precisa se cuidar mais.

– Dois contra um. Isto é injusto.

– Apenas te amamos, e somos três se contarmos com o bebê.

– Totalmente injusto.

– Só queremos o seu bem.

– Então me deixem não comer mais. Já estou sem fome.

– Promete que come mais tarde?

– Sim mamãe, eu prometo.

– Tudo bem então. Está livre.

– Obrigada.

Ela sorriu e beijou o rosto dos pais, indo de volta para seu quarto se distrair com seus livros. Fazia vinte dias que estava em casa. O ministro ficou sabendo do caso pelo qual passava e resolveu afastá-la por dois meses. Ela estava odiando aquilo. Ficar em casa sendo constantemente paparicada pelos pais a estava enchendo, mas não podia mentir que ficar longe da badalação dos jornais bruxos a deixava satisfeita.

– Olá! – Gina atravessou a lareira da casa dos pais da amiga.

– Ah! Olá Gina!

– Oi Leila*. A Mione está?

– Lá em cima. Pode subir querida.

– Obrigada.

– Mas antes – o sr Granger adiantou-se – me deixe agarrar esse garotão.

– Ah. Fique a vontade Denis*. Mas cuidado. Ele está aprendendo a morder.

________

– Mione – a ruiva colocou a cabeça para dentro do quarto.

– Olá Gina – ela colocou o livro que lia sobre a cama e levantou-se a seu encontro para abraçar a amiga.

– Como estão?

– Muito bem.

– Fico satisfeita. Vim te convidar para irmos ao Beco Diagonal. Mamãe quer comprar umas coisas e eu vou aproveitar e comprar umas roupas para James, mês que vem é o aniversário dele e quero preparar tudo com antecedência.

– Ótimo. Eu vou sim! Aproveito e falo com sua mãe de uma vez e começo a fazer meu enxoval com ela.

– Que bom. Ela vai ficar muito feliz em saber do bebê.

– Sei que vai, além do mais, já são quase treze semanas, não acredito que vou conseguir esconder por muito mais tempo. Pelo menos, não dela.

– É verdade. Bem, então se troque. Te espero lá embaixo com o James.

– Certo! Desço rapidinho.

****

O passeio estava maravilhoso. Molly comprou novas panelas e caldeirões. Usava como desculpa a grande quantidade de Weasley na família, enquanto Gina ralhava dizendo que só a mãe para preocupar-se em comprar panelas em um dia como aquele, tirando gargalhadas animadas de Hermione.

Gina comprou um vestido vermelho encantador e disse que o usaria em uma hora especial com o Harry, deixando a mãe muito envergonhada e fazendo Hermione rir gostosamente, como não lembrava de ter feito há muito tempo.

– Estou com fome! – Mione declarou.

– Vamos lanchar, então. Estou morta de cansaço – Gina completou – Ainda bem que deixei o James com seus pais.

– Que tal aqui? – Molly apontava uma pastelaria.

– Ótimo.

Entraram e foram atendidas pelo garçom. Pediram seus pratos e enquanto esperavam chegar, conversavam sobre várias banalidades. Hermione buscava a melhor forma de falar para a ainda sogra que estava grávida.

– Mione, querida – Molly começou – Estou tão feliz em ver como você tem se alimentado bem. Está mais corada e bonita. Está radiante...

– Obrigada, Molly – ela olhou torto para Gina.

– Querem me contar alguma coisa? – A matriarca sentiu o cheiro de confissão no ar.

– Bem – Hermione continuou – eu quero contar uma coisa.

– Pode dizer querida, sei que temos vivido dias difíceis, mas vou ajudar no que puder.

– Eu sei! Bem... Molly, eu... eu… - respirou fundo e soltou de uma vez - estou grávida.

– Ah – o grito foi alto e estrangulado, chamando a atenção de boa parte dos fregueses e atendentes.

– Mamãe – Gina meteu-se – Por favor, se controle.

– Mione – Molly tinha os olhos lacrimejantes – Um bebê? Que maravilha, minha filha.

– Sim, Molly, estou muito feliz. Mesmo com todas as dificuldades.

– Ai Mione – continuou – Um filho é uma benção. Estou tão feliz. É o anúncio de renovação. De boas novas... Precisamos comemorar.

– Não, Molly – ela foi séria – Não quero que mais ninguém saiba, ao menos por enquanto.

– Mas por que, Mione?

– Mamãe, não vivemos a melhor das situações no momento. - Gina falou carrancuda.

– Mas podemos auxiliar você. O Rony vai ficar emocionado em saber e...

– Não, Molly. O Rony só saberá quando descobrirmos o que ele tem, ou quando nos separarmos definitivamente.

– Mione, o Rony sempre quis...

– Mamãe, não insista. É a decisão da Mione. Devemos respeitar

– Tudo bem, minha filha. Está certa sim. E de quanto tempo está?

– Entrando na 12ª semana...

– E já tem enxoval?

– Algumas coisas trouxas que comprei com a mamãe, mas gostaria que você me ajudasse no enxoval bruxo.

– Claro, querida. Claro que sim. E quem mais sabe além de nós e seus pais?

– O Harry. Se não fosse ele poderia ter perdido o meu bebê.

– Como?

– Não me alimentava bem devido as circunstâncias e estava muito debilitada por causa dos acontecimentos e o bebê estava fora do peso. Tive um sangramento e a curandeira pensou que quisesse abortar e...

– Mas ainda bem que tudo deu certo, não é? – Gina interrompeu mudando o triste assunto.

– Que bom, minha querida – Molly completou, os olhos banhados em lágrimas.

– Olha lá – Gina mostrava com os olhos enquanto sussurrava – A Astoria e o Malfoy. Não olha mãe. Seja discreta - Gina arregalou os olhos de tal forma que mais parecia que sua íris iria saltar.

– Ai Gina – Mione revirava os olhos – Para com isso. Somos adultos agora.

– Estão vindo para cá - Gina continuou numa expressão adolescente.

– Olá Hermione, Gina, sra Weasley – Draco as cumprimentava cordialmente.

– Olá Draco – Hermione cumprimentou e Gina e Molly sorriram – Olá Astória, como está? E como vai o bebê?

– Estamos bem. Finalmente as tonturas pararam e o bebê está mais tranquilo – a mulher alta e de cabelos escuros sorria e falava feliz enquanto acariciava a barriga pontuda.

– Está de quanto tempo? – Gina perguntou curiosa.

– Entrando no quinto mês – A mulher respondeu.

– E ele já mexeu? – Gina realmente empolgava-se agora e a mulher respondia sorrindo graciosamente.

– Sim. Mexe muito, mas ainda não sabemos se é ele ou ela.

– Hermione – Draco interrompeu a conversa animada – Estou sabendo o que tem acontecido e quero que saiba que se eu puder ajudar, basta me comunicar.

– Obrigada, Draco – Ela respondeu acanhada - Eu agradeço muito.

– Tudo bem, então. Vamos, Astoria?

– Vamos sim, Draco. Estou faminta. Até mais. - Ela sorria sincera.

– Até mais.

– Que coisa, não? – Gina comentou após o casal se afastar – A Astoria está realmente encantadora, será que ele é sincero no que fala?

– Não sei... – Molly respondeu imparcial.

– Como ele poderia ajudar? - Gina continuou.

– Não sei, mas acho que devemos confiar até onde podemos – Mione completou. Gina pensava diferente, mas não iria citar Estella naquele momento.

***

– Oi Mione.

– Oi Harry. Que bom que veio me visitar.

– Sempre, Mione. E como estão?

– Estamos muito bem – ela acariciava com carinho a minúscula bolinha que começava ase formar em seu ventre – melhores a cada dia.

– Isso me deixa realmente muito feliz.

– Obrigada. E o James e a Gina?

– A Gina está muito bem, apenas sem muita paciência. O James começou a querer correr e tem dado bastante trabalho para ela...

– Que lindo... Não vejo a hora de ter meu filho fazendo isso também...

– Mione, não vou te enganar... Dá um trabalho enorme, mas é gratificante.

– Eu sei Harry, e estou muito feliz.

– Eu sei que está. Sei que o que mais queria era ter um filho com o Rony...

A feição de Mione mudou um pouco ficando mais séria, mas logo voltou a se descontrair.

– Mas... Harry. O que você tinha para me contar? Você comentou no St. Mungus que tem algumas dúvidas. Do que você duvida, então?

– Bem, vou ser direto, Mione. Acredito que o Rony está sendo enfeitiçado.

– Como assim? - ela assustou-se, mas sentiu-se imensamente feliz.

– Estou investigando há algumas semanas com o Arthur e alguns aurores. Descobrimos algumas coisas que nos levam a crer que ele está sob feitiço.

– Feitiço…?

– Exato! Se confirmarmos nossas suspeitas, poderemos livrá-lo e ele voltará a ser quem era antes... Nosso Rony... Meu melhor amigo e o seu amor.

– Mas o que te leva a crer que seja assim?

– Mione, me responda francamente. - ela o olhou atentamente - Diante de tudo o que passamos, de tudo o que vivemos e de tudo o que superamos durante nossa vida, você realmente acredita que este é o nosso Rony?

– Sinceramente? - Harry afirmou com a cabeça e Mione suspirou profundamente - Não. Não acredito que este Rony é o Rony que conheci em Hogwarts. O Rony que enfrentou um trasgo com você pra me salvar. Muito menos o Rony que arriscou a própria vida em um jogo idiota de xadrez pela vida dos outros.

– O Rony que conhecemos não é esse. Nosso Rony é corajoso, é lutador... Grosso, sim, mas muito sincero...

– É. Ele me protegeu sempre. Lembra quando o Malfoy me chamou de sangue ruim? - ela sorriu da lembrança e Harry acompanhou.

– E se lembro. Ele ficou vomitando lesmas um tempão.

– Tadinho do Ron. Sempre foi tão valente...

– Sempre. E foi por você que ele entrou na floresta proibida comigo para procurar Aragogue.

– Como?

– Sim, Mione. Ele não queria ir e nem me deixou te contar, mas quando vimos que você estava petrificada, ele te olhou de uma forma estranha, olhou pra mim e afirmou decidido com a cabeça. Lembro como se fosse hoje.

– Eu não sabia, Harry...

– Tudo o que ele fez, toda coragem, a bravura... mergulhar naquele lago congelado pra me salvar, enfrentar seus medos e destruir o medalhão... Ele voltou pra o acampamento por você. Tudo o que ele fez foi por amor, Mione, e definitivamente, este Ronald que anda espalhando entrigas e confusões por onde passa não é o meu melhor amigo. Não foi esse Rony que fez um vampiro se passar por ele pra proteger sua família.

– Eu sei... Entendo tudo o que você diz... Mas - ela tinha lágrimas nos olhos - Ah... Harry, não quero criar esperanças vãs...

– Nem eu, Mione, mas temos que terminar com as investigações antes de qualquer coisa. Precisamos saber o que está acontecendo, porque, realmente, este Rony não é o real...

– Ele diria que esse cara não é original...

– Seria isso mesmo - sorriram.

– E que tipo de feitiço você acha que pode ser?

– Na verdade, ainda não sei, mas pretendo descobrir em breve.

– Certamente – ela sorriu - Eu sei que descobrirá.

– Bem... Isto é tudo o que posso te informar no momento. Você sabe que se trata de uma investigação ministerial e não posso oferecer muitos detalhes mesmo que você seja parte interessada.

– Tudo bem, Harry, entendo e confio em você. Confio em você de olhos fechados e sei que vai conseguir resolver esse impasse, sendo ele verdadeiro ou não.

– Vamos sim, Mione, e assim que souber de novidades, eu te aviso...

– Eu só tenho que te agradecer, Harry...

– Não. Não precisa agradecer nada. O Rony é meu amigo, e eu estou fazendo meu trabalho de Auror. Vamos descobrir o que acontece com ele, eu te prometo.

– E eu acredito.

– Também relatei minhas suspeitas ao Ministro. Ele suspendeu temporariamente o cargo do Rony. Caso seja confirmado que está sob feitiço, ele não perderá o cargo de Auror.

– Mas Harry – ela sentou-se no sofá da sala – Como o Rony pode ter sido enfeitiçado?

– Isso tem me tirado o sono, Hermione. Não faço ideia. Ele é Auror, é treinado e um dos melhores. Deve ter sido pego pelas costas.

– Espero que vocês descubram logo, ele não está bem e eu sinto tanta falta dele...

– Fique bem - ele abraçou afetuosamente a amiga que chorava abertamente agora - Vamos resolver tudo. Prometo.

– Certo. Espero que seja em breve.

– Eu também. Agora já vou. A Gina anda tão nervosa e está tão desesperada com o James que temo que ela me azare quando voltar pra casa e realmente preciso estar inteiro para continuar investigando.

– Imagino – ela sorriu pensando na amiga estressada – Manda um beijo para eles por mim.

– Claro, e se cuidem.

– Pode deixar.

Abraçaram-se. O abraço veio cheio de paz e esperança. Hermione sabia que poderia confiar no amigo. Que ele faria o possível para entender o que tem acontecido com Rony. Sentiu suas esperanças novamente se acenderem. A alegria voltou a reinar em seu coração e ela tinha esperança que, no fim, tudo se resolvesse da melhor forma possível.

– Você ouviu o que o tio Harry falou, meu amor? – ela acariciava a barriga enquanto falava – Papai vai voltar e ficar conosco. Você vai adorar seu pai. Ele é tão brincalhão, bagunceiro até demais, um doce, charmoso, companheiro, amigo... Tão humano que dói. E eu o amo muito. E você também vai amá-lo muito. Será a criança mais amada pelo pai mais amado do mundo todo.


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Notas finais do capítulo

*Como não sabemos os nomes dos pais da Hermione, eu sempre dou os que eu acho convincente.