The Wind escrita por HikariBibii


Capítulo 14
Revelações


Notas iniciais do capítulo

- Oi? *se esconde*
*olha pros lados*
— *caham* OLÁ POVO, ADIVINHA QUEM VOLTOU DEPOIS DE 2 MESES E 10 DIAS??? 8D
Bom, eu sei que vocês devem estar querendo me matar, desejado a minha morte durante todo esse tempo porque eu sei que disse que entraria de férias no final de novembro e que postaria o próximo capítulo o mais rápido possível. Mas então, eu realmente estou de férias desde o dia 28 de novembro, porém aconteceram muitas coisas na minha vida pessoal desde então e eu realmente só consegui postar agora, me desculpem de verdade por isso. Mas como eu não quero deixar vocês boiando, eu vou explicar: bom pra começar, fiquei sabendo que meu namorado iria viajar dia 10 de Dezembro para Portugal, ficar com a família dele de lá, e ele só vai voltar dia 20 de Janeiro (IMAGINEM O MEU DESESPERO), pois é, então desde que eu entrei de férias aproveitei todo o tempo com ele antes dele viajar. Mas aí, depois que ele viajou e eu já tinha todo o tempo do mundo pra postar, eu comecei a ficar depressiva, e muito mal de saudades, ele tinha partido a pouco tempo, o negócio tava bem recente, e eu não estava me sentindo nem um pouco bem pra escrever uma fanfic de romance em primeira pessoa. Mas agora eu já estou um pouco melhor, mas convencida do que tá acontecendo e tentando seguir a vida da melhor forma possível! :3 (e sim eu sou muito apegada ao meu namorado, pq ele também é antes de namorado meu melhor amigo então não me achem ridícula por isso saçldkaspdoaskasd *se esconde de vergonha*).
Bom, depois dessa história toda, confesso que eu tive que reorganizar as ideias da fic na minha mente porque eu nem estava pensando mais nela por um tempo. Foi uma correria no final do período da faculdade, mas grazadeus deu tudo certo e eu passei com CR 9, UHULES O/ ,aí teve esse troço com meu namorado que já contei e então eu comecei a voltar a pensar em The Wind E VOCÊS NÃO SABEM COMO É DIFÍCIL VOLTAR A ESCREVER DEPOIS DE TANTO TEMPO ASSIM MEU DEUS. Pra voltar por pique é um inferno, tanto que eu demorei QUASE UMA SEMANA pra terminar de escrever esse capítulo que nem é dos maiores e nem dos melhores, mas serve pra desenvolver umas coisinhas e fazer umas conexões com acontecimentos futuros.
BOM FELIZ NATAL NÉ MEUS LINDOS, ESPERO QUE O MEU RETORNO SEJA UM ÓTIMO PRESENTE DE NATAL PARA VOCÊS! ESPERO QUE TENHAM SE ENTUPIDO NA CEIA COMO EU E GANHADO MUITOS PRESENTES (isso não aconteceu comigo, masok aslçdkasokd).
AH, e antes que vocês me matem de novo (apesar de que não sei como isso não vai acontecer, risos), dia 27, depois de amanhã eu vou viajar com uma amiga linda minha que também escreve aqui no nyah a BlueGirl diva e nós só vamos voltar dia 3 de Janeiro, então agora só vai ter mais The Wind ano que vem! 8D *morre* MAS MAS EU PROMETO QUE VOU TRABALHAR AS IDEIAS QUANDO TIVER VIAJANDO PRA QUANDO VOLTAR JÁ COMEÇAR A ESCREVER!
Então é isso meu povo, espero que gostem o capítulo, boa leitura e comentem! o/



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Quarta-feira, 3 de Outubro.

3PM

– Então quer dizer que você quer refazer a prova? – ele perguntou mais uma vez.

– Sim! Como eu já expliquei ante ontem, eu não estava me sentindo muito bem no dia da prova. Então, por favor, me dê uma segunda chance! – supliquei em uma nova tentativa.

Seus olhos verdes me encaravam de modo sério e compenetrado. Ele parecia um pouco receoso quanto ao me dar uma resposta. Seus braços sobre a mesa do professor estavam rígidos, e a sua respiração pesada apenas confirmava o quão pensativo ele estava.

– Você sabe que isso é errado, não é Touko? – ele perguntou ao olhar para mim – Dar uma segunda chance para um aluno refazer uma prova que o livraria da recuperação. Mas... – ele deu uma pausa – Ao mesmo tempo não acho justo ter que fazer você assistir aulas extras sem precisar, se você estiver falando mesmo a verdade.

– E eu estou falando a verdade! – exclamei – Por quê não me deixa fazer logo a prova para que eu possa te mostrar isso?!

Ele sorriu, fazendo com que minhas bochechas ardessem de leve.

– Tudo bem – ele suspirou – Parece que eu não tenho outra escolha. Do jeito que você é teimosa não vai me deixar sair daqui até que eu te deixe refazer essa prova.

– Hunf! – apenas bufei enquanto pegava a folha de prova da sua mesa, tentando evitar que o meu rosto esquentasse ainda mais.

Marquei as horas e comecei a resolver as questões.

Exatamente quarenta minutos depois, estendo a prova na sua direção:

– Pronto, terminei!

– Até que você foi bem rápida. – ele brincou, pegando a prova da minha mão.

– Então agora você já pode corrigir para nós acabarmos logo com isso. – comentei.

– Pra quê tanta pressa? – ele indagou – Está tão feliz em assim em não ter mais aulas extras comigo?

– E-eu estou apenas fazendo a minha obrigação como aluna! – balbuciei sentindo o meu rosto queimar.

– Fico muito feliz em ouvir isso. Parece que alguém aqui percebeu que algumas decisões não cabem apenas ao coração. – ele sorriu.

Q-q-q-que?! O q-que foi isso?! Se-será que ele sabe?! Que... eu sou apaixonada por ele?! Não... não... ele não poderia...! Né?!

– Prontinho. – ele comentou, me tirando do transe – Meus parabéns, Touko, você está oficialmente fora da recuperação de biologia! Ainda hoje eu altero a sua nota no sistema da escola.

– O-obrigada! – exclamei, ao me retirar o mais rápido possível dali.

Ao sair da sala, pude ouvir o som do meu próprio suspiro. Era um pouco triste, mas ao mesmo tempo aliviador. É óbvio que eu gostaria de passar mais tempo a sós com ele, mas eu também precisava começar a levar mais a sério as minhas notas. E, além disso, do jeito que as coisas estavam indo, eu não saberia dizer por quanto tempo mais eu aguentaria ficar entre quatro paredes com ele sem poder fazer nada! Só o fato de ele estar bem diante dos meus olhos já me deixa maluca!

– Ah, até que enfim você saiu! Pensei que fosse ficar lá dentro para sempre! – ouço a voz da Bianca reclamar – Mas e aí, você conseguiu?

– Sim! Obrigada por ter me esperado B! Agora eu estou oficialmente fora das aulas de recuperação!

– Isso é ótimo! Agora nós teremos tempo para finalmente colocar os assuntos em dia! – a loira exclamou, me empurrando para que começássemos a andar para fora dali.

O corredor da escola já estava vazio, contribuindo para que eu percebesse a decoração de Halloween que começava a aparecer pelos cantos do local, alegrando-me por ver que uma das minhas épocas do ano favorita estava tão próxima!

– Você parece estar animada, B. Tem alguma coisa que está querendo me contar?

– Sim! Você não sabe quem eu encontrei no show ontem quando você desapareceu!

– Quem? – me fiz de boba, mas já imaginando qual seria a resposta.

– O Cheren! Eu já devia esperar que ele estaria em um show dos Golden Johto, mas não esperava que pudéssemos acabar nos encontrando! E eu admito que fiquei um pouco nervosa quando o vi... é a primeira vez que nos encontramos assim desde que eu comecei a namorar com o Black, e eu não sabia o que fazer.

– Mas e aí, o que aconteceu? – perguntei, começando a ficar intrigada.

– Ele veio falar comigo. Me perguntou se eu estou feliz, e eu apenas assenti e disse que ele não precisava se preocupar com isso. Ele tentou falar mais alguma coisa, mas fomos separados na hora por um grupo que passou entre a gente e então eu não o vi mais.

– Puxa, o que será que ele queria te fal-

– Falando nele... – Bianca sussurrou ao me cortar.

Olho para frente e vejo Cheren, apoiado em um dos postes de luz em frente da escola. Ao nos ver, o moreno se desencosta rapidamente e caminha em nossa direção.

– Oi, Touko... eu... estava esperando por você... tem um minuto?

– Ahn? Mas... eu combinei de passar a tarde com a Bianca hoje, você não pode falar comigo depo-

– Tou, tudo bem! – a loira me interrompeu – Conhecendo o Cheren acho que ele quer falar algo realmente importante com você, então, nós podemos conversar mais outro dia!

– M-mas, Bianca! – encaro ela preocupada – Está tudo bem pra você? – sussurro de forma que só ela possa ouvir.

– Claro que está, Tou. Não precisa se preocupar comigo, ele nem é mais meu namorado. – ela sussurrou de volta – Então, até logo, Tou, e até mais, Cheren! – ela exclamou com um sorriso, ao se virar na direção da sua casa.

Me volto novamente para o moreno. Ele estava bastante sério. Parecia até um pouco nervoso e hesitante.

– E então Cheren, o que você quer falar comigo? – perguntei com o coração batendo mais forte, esse mistério todo só me deixava mais ansiosa.

– Com você agora na minha frente parece até mais difícil. – ele comentou encabulado.

Meu coração começou a bater ainda mais rápido. Não... isso não poderia ser uma confissão... Eu mesma já deixei bem claro pra ele que-

– Eu gosto de você, Touko. Você pode achar que eu estou me precipitando, mas não. Desde o Festival de Outono eu te olho de outra forma.

Parece que era mesmo uma confissão.

– Cheren... – minhas bochechas ardiam e o meu cérebro estava demorando um pouco para processar tudo isso – Você está enganado. Você não pode gostar de mim, olha não tem como. Você está fazendo isso só para esquecer a Bian-

– Qual é o problema em eu gostar de você?! Eu estou sendo sincero! Não é sinceridade o que vocês mais prezam em um homem?! O jeito como você é verdadeira, justa, bondosa e preocupada com todos ao seu redor me comoveu! E quando eu percebi... eu não parava mais de pensar em você!

– Desculpa Cheren, mas eu não posso acreditar nisso! Simplesmente não dá! Você deve ter metido na sua cabeça que você precisava começar a pensar em outra garota para esquecer a B, mas você já deveria saber que não é tão fácil assim se esquecer de alguém que se ama!

– Droga! – ele exclamou ao segurar uma das minhas mãos – Por quê você é tão cabeça dura?! O que eu preciso fazer para você acreditar que eu te amo?!

– Nad-

Antes que eu pudesse sequer terminar a minha resposta, sou pega de surpresa por um toque de lábios quentes. Um toque intenso, que era prensado com cada vez mais força me preenchendo com um calor terrível que percorria o meu corpo.

Foi então que percebi que estava sendo beijada.

Tentei me soltar, mas Cheren estava me segurando com força o suficiente para que eu não escapasse. Seus braços me envolviam num abraço e eu me contorcia, remexendo a cabeça para os lados, a fim de me desprender de seus lábios.

Foi então que eu consegui escapar.

Graças ao som de uma voz.

– Procurem outro lugar para namorar. As redondezas da escola não é lugar para isso. – ele, sim, ELE, murmurou em um tom ríspido e estressado.

Bem diante dos meus olhos, o N andava com passos bruscos sem nem sequer olhar para mim ou ser gentil e amável como havia sido a poucos minutos atrás.

Essa não... ele viu... Sim, ele viu! E... agora está tendo uma ideia completamente errada ao meu respeito! Não, não, não, isso não!

Uma corrente de ar frio começa a me percorrer, paralisando-me por completa e, antes que eu percebesse, lágrimas começaram a se formar em meus olhos e uma vontade terrível de gritar envolveu o meu coração.

– C-c-como você pode ser tão idiota a ponto de b-beijar alguém assim, tão facilmente, sem nem sequer amar a pessoa?! Q-qual é o seu problema?!

– Touko, esper-

– Não, Cheren! Não! Você não gosta de mim! E mesmo se gostasse, eu já gosto de outra pessoa! – exclamei, ao jogar a sua mão violentamente contra o ar.

Sem nem pensar duas vezes em olhar para trás, comecei a correr em direção a minha casa, o local onde eu mais queria estar no momento, para poder me jogar na minha cama quentinha e colocar toda a tristeza e a raiva que estavam dentro de mim para fora em forma de lágrimas e soluços entupidos na garganta.

x-x-x

Entrei em casa de fininho para não chamar a atenção. Subi as escadas que davam ao meu quarto bem devagar. Tranquei a porta com cautela, me joguei na cama com tudo, afogando o rosto no travesseiro, sendo abraçada pela escuridão.

Como o Cheren pode fazer isso...? Ele estava confuso... fora de si... não é possível...! E porquê... porquê... o N tinha que ver o que aconteceu....??? Ele deve estar achando que o Cheren é o meu namorado, ou... que sou uma garota vulgar que fica se agarrando na frente da escola, ou ainda... pior... que eu sou uma garota tão fácil a ponto de ficar com qualquer um...!

Não, não, não, não... não!

Meus batimentos cardíacos estavam acelerados. Isso sempre acontecia quando eu estava nervosa e, ao mesmo tempo, sentia a minha barriga remoendo com uma dor que me torturava, sem falar no aperto no peito, como se uma mão estivesse esmagando o meu coração.

Fiquei rolando na cama por alguns minutos, na tentativa de acabar pegando no sono para que quando eu acordasse, pudesse estar me sentindo melhor.

Infelizmente as tentativas foram nulas.

Algo não estava me deixando dormir, e só depois de algum tempo pude começar a perceber o que era.

Sons de passos pesados e ritmados vinham de algum lugar bem próximo, acompanhado de uma batida ao fundo. Foi então que eu notei:

– Mei! – exclamei ao me levantar em súbito da cama.

Eu estava tão preocupada com a minha própria vida nos últimos dias que nem sequer estava sobrando tempo para falar com a Mei. Que péssima irmã mais velha eu sou mesmo, nem para saber como a minha caçula está.

Enxuguei o rosto com as mãos, e fitei-o no espelho. Eu ainda estava um pouco vermelha por conta do choro, mas nada muito notável. Enchi o peito de coragem, e decidi fazer uma pequena visita ao quarto da Mei, só para ela não achar que eu realmente sumi de vez.

– Mei? – perguntei, ao bater na porta do seu quarto.

Nada de resposta. Acho que a música devia estar tão alta que ela não conseguia sequer me ouvir.

Tive que partir então para o plano B: entrar no quarto independente dela saber.

– Meeee-

Sou interrompida ao ser atingida no rosto por um objeto não identificado, mas que pela textura, eu diria que era um dos pompons de torcida da Mei.

– Ai meu Arceus, Tou!! – ouço a morena exclamar, correndo na minha direção.

– Tudo bem, tudo bem... – murmurei entre suspiros.

– M-m-me desculpa mesmo, Tou! É que eu estou tão nervosa! Esse fim de semana vai ser o campeonato de basquete entre as quatro escolas principais de Unova! E-e-e eu tenho poucos dias para dominar essa coreografia! – ela balbuciou, estendendo a sua mão para me ajudar a levantar.

– Sua primeira competição? – perguntei ao arquear uma sobrancelha – Que incrível! Mas aposto que está toda desesperada e nervosa! – brinquei ao me levantar.

– E como estou, Tou!! – ela exclamou levando as mãos ao rosto levemente avermelhado – É como se no sábado fosse ser realmente a minha estreia oficial como uma líder de torcida! E além disso... – ela deu uma pausa, ficando ainda mais vermelha – como parceira do Hyuu... – ela finalizou com um tom agudo e desafinado, bem típico de quando ela está nervosa.

– Ei, Mei, vamos, vamos... fica calma! – falei, levando-a até o centro do quarto pelos ombros – Por quê você não me mostra a sua coreografia? Não acha que vai ficar mais calma se souber a minha opinião? – perguntei, ao me sentar na cama.

– C-certo... – ela murmurou timidamente enquanto se dirigia ao computador para recomeçar a música de antes.

Mei usava sua roupa de líder de torcida, vermelha em sua maior parte, com uma blusa sem mangas que ia até o umbigo, com um triângulo azul escuro de cabeça para baixo no busto, onde se encontrava estampada a sigla do UST – Unova Special Team. A saia era rodada até os joelhos e com detalhes azuis em suas dobras.

E ela estava incrível! Dançando em sintonia com a música, e com passos bem mais evoluídos e trabalhados em relação à última vez que a vi dançar. Mesmo para um treino, ela estava linda e esbanjando felicidade, parecia que havia nascido para isso, mas precisou se apaixonar para descobrir!

– E então... o que achou? – ela perguntou com as bochechas rosadas.

– Foi lindo, Mei ! Nem sei por que está tão nervosa! A coreografia está ótima, e o jeito como você dança mostra que está dominando bem!

– O-obrigada! – ela sorriu – Eu realmente me sinto bem melhor agora que você assistiu, mas mesmo assim... eu não quero parar de treinar! Quero dar tudo de mim! Afinal, eu não posso decepcioná-lo...

– Aaaaaah, então é por aquele ouriço do mar que você está se esforçando tanto? – perguntei em um tom malicioso, fazendo a Mei corar violentamente.

– E-e-e-em p-parte, sim! – ela balbuciou sem conseguir me olhar nos olhos – M-mas e-eu também gosto do que eu faço, então não tem porque não treinar mais!

– Tudo bem, Mei! Eu estou só brincando! Mas e aí? Teve mais algum avanço entre vocês?

– A-a-avanço?! Não... não... E do jeito que as coisas são eu não acho que vá acontecer nada mesmo... Mas eu pelo menos posso continuar me sentindo bem quando estou perto dele... – ela respondeu cabisbaixa.

– Ei, Mei, pelo o que conheci do Hyuu, ele parece ser um pouco imaturo mesmo se tratando de amor. Maaaaaas, como eu já falei antes, eu acho que ele está na sua, e, já que ele é imaturo, você é quem deveria tomar essa iniciativa!

– T-t-tou! E-eu fico muito envergonhada de falar sobre isso e-então... por quê você não aproveita que a mamãe está decorando a casa para o Halloween e vai lá ajudar ela? Quem sabe não é uma oportunidade de vocês se aproximarem um pouco mais?

– Hunf! Tudo bem! Mas da próxima vez eu não vou deixar você escapar! – debochei, mostrando a língua antes de sair do quarto, provocando uma risada na morena.

Me aproximar da mamãe... Como se isso fosse possível.

Parece que a porta do coração dela já se fechou pra mim há muito tempo.

Mas... não custa nada ir lá dar uma ajuda.

Desci as escadas que davam à sala, e segui em direção à cozinha, onde a mamãe costumava passar a maior parte do tempo. Chegando lá, vi que a porta de madeira localizada no chão e que dava para o sótão estava aberta. Desci as escadas velhas e empoeiradas de madeira com calma, para evitar fazer rangidos. Conforme fui me aproximando mais e mais do chão, pude reparar a enorme bagunça que estava no local. Além de algumas caixas e enfeites de Halloween espalhados, também havia uma enorme quantidade de pedaços de papel que... pareciam ser... cartas e fotografias?!

Co-co-como assim...?! E-essas cartas... e-essas fotos... são do papai?!

Comecei a pegar tudo quem nem uma alucinada. Eram cartas com muitas datas diferentes, e que vinham acompanhadas de alguma fotografia do passando, de quando ainda morávamos com o nosso pai. Havia uma trilha delas, mistas com enfeites de Halloween, que levavam até mais à frente, onde a mamãe estava, sentada no chão e rodeada por caixas.

– M-mãe... – balbuciei, trêmula, segurando uma das fotografias.

Mamãe se virou para mim assustada, com os olhos arregalados, trêmula e pálida, sem conseguir dizer nenhuma palavra.

– O-o-quê s-significa isso, digo... tudo isso?! – exclamei, segurando as lágrimas, ao estender a fotografia para ela.

– O-oquê você está fazendo aqui?! – ela exclamou, me repreendendo.

– E-eu só vim ajudar com a decoração da casa para o Halloween, mas... ah isso não importa agora, eu quero saber o que é tudo isso!! – exclamei mais uma vez.

Ela ficou quieta e hesitante. Deveria estar tentando pensar em alguma desculpa. Até que realmente percebeu que não tinha para onde ir:

– São... cartas do seu pai... ele tem... enviado uma por mês... desde quando saiu daqui... para você e para a Mei... sempre anexado uma de suas fotos... – ela murmurou cabisbaixa.

– Q-q-quer dizer que... ELE TEM MANDADO CARTAS HÁ 11 ANOS PARA MIM E PARA MEI E... VOCÊ ESCONDEU ISSO DE NÓS DURANTE TODO ESSE TEMPO?! – explodi, sem conseguir mais conter as lágrimas.

– EU FIZ ISSO PARA PROTEGER VOCÊS! – mamãe berrou ao se levantar, ficando cara a cara comigo – Eu não posso aceitar e nem querer que as minhas filhas tenham sequer um tipo de contato com esse mau exemplo de pai, homem e pessoa!

– Ah é?! Então por que você está tendo contato com isso?! Por que guarda ainda todas essas cartas aqui se elas são tão ruins e sujas assim?!

– Porque eu não consi... Olha não importa se eu não consigo jogá-las fora! Hoje fui pegar os enfeites de Halloween e decidi fazer uma arrumação nisso tudo já que hoje chegou mais uma carta dele e-

– ONDE ELA ESTÁ?! ME DÁ ESSA CARTA AGORA! – me alterei.

Mamãe me encarou com raiva, mas sem ter mais muito o que fazer acabou cedendo e me entregou o envelope. Agarrei-o violentamente, e olhei rapidamente na parte de trás, para descobrir onde o meu pai estaria vivendo. Infelizmente não tinha nada escrito, apenas um “Para Touko e Mei” em uma caligrafia borrada.

– P-por que não tem um endereço aqui?! – perguntei atônita.

– Porque aparentemente ele mesmo tem passado por aqui, uma vez por mês, e colocado o envelope na nossa caixa de correio. – mamãe respondeu secamente.

Então quer dizer que... o papai ainda vem aqui?

Um sorriso brotou em meu rosto e virei o envelope rapidamente para abri-lo.

– Touko, solte este envelope agora!! – mamãe exclamou, bem irritada, segurando os meus pulsos.

– Ei! Me solta! Por que está fazendo isso?! Agora que eu sei de tudo é óbvio que eu vou ler à carta, é para mim afinal! – rosnei ao tentar me soltar.

SLAP!

Alguns segundos de silêncio se fez, até que a minha bochecha começasse a arder e eu então percebesse que havia sido estapeada.

– Faça o que fizer, só não mostre isso para Mei! Pelo menos ela, eu ainda estou tentando proteger! – mamãe rosnou e, se direcionou em passos rápidos para fora do sótão.

Cai no chão de joelhos, apertando a carta contra o peito. Meu coração estava acelerado, a ansiosidade por abri-la era imensa. Uma carta que nunca imaginei que teria em minhas mãos. Assim, sem mais delongas, desfiz o embrulho do envelope que envolvia um pequeno papel de carta com uma fotografia anexada por um clipe.

Respirei fundo. Comecei a ler.

“Queridas Touko e Mei, já estamos em Outubro! Este ano está passando realmente bem rápido! Desde a minha última carta eu consegui arranjar alguns pequenos trabalhos para realizar a cobertura fotográfica de alguns eventos, um deles foi um casamento e o outro foi uma festa infantil, em breve cobrirei uma festa de Halloween. Pensar sobre o Halloween me lembra muito de vocês duas, sei o quanto vocês são apaixonadas por essa época do ano, principalmente você, Touko. Segue em anexo uma foto do nosso último Halloween juntos, vocês se lembram desse dia? Guardo ele com muito carinho no coração. Espero que vocês aproveitem o Halloween de vocês desse ano! Amo muito vocês, nunca se esqueçam disso. Até o próximo mês! – Papai.”

Peguei a fotografia, e olhei-a com ternura. Era óbvio que eu me lembrava daquele dia, não tinha como esquecer, foi um ótimo Halloween. Na foto, papai carregava eu e Mei nos braços. Nós estávamos cada uma segurando uma cabeça de abóbora repleta de doces e nós três estávamos com os rostos melados de chocolate. Papai estava vestido de lobo mau, eu de chapeuzinho vermelho e a Mei de fada da floresta azul. Nós estávamos sorrindo, estávamos muito felizes.

Começo a me espreguiçar e a me aconchegar no chão, até que me deito, levando a foto ao peito. Depois de algum tempo deitada, começo a procurar todas as outras cartas que não li durante todos esses 11 anos. Após longas horas de leitura, me sinto renovada e com o coração repleto de esperança.

O papai... ainda está trabalhando como fotógrafo... seguindo os seus sonhos e ele... nunca se esqueceu de nós... nem por um segundo desde que saiu daqui... Isso não é um sonho, ele... ele existe, ele

Ainda está vivo.

Em algum lugar.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Se você leu o capítulo até aqui, muito obrigada! E por favor, não se esqueça de comentar, a sua opinião é muito importante pra mim! ♥
P.S: Continuem acompanhando a fic, não vão se arrepender!! ♥ ♥ ♥



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