Felizes... para sempre? escrita por Enthralling Books


Capítulo 5
- Eu sinto muito, alteza.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.
Quem leu A escolha levanta as mãos... õ/
Dá pra acreditar que acabou???
Eu estou triste com isso, mas não vou ficar enrolando aqui.

Mais um capítulo para vocês...



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Interminável. É a palavra exata para descrever este projeto: interminável. Olho para os números disposta a entender o que há de errado com este relatório, mas não consigo. Desde que eu me tornei princesa há dois anos, tenho ajudado minha mãe com os problemas da educação. Agora que sou da realeza, tento ser diferente do que o povo está acostumado a ver, fazer a diferença com o meu poder.

Infelizmente, ele não é tão grande assim. Ainda não sou rainha porque é obvio que Clarkson se agarrou à coroa. O homem conseguiu adiar a coroação de Maxon por cinco anos. CINCO ANOS! Como é que ele faz isso? Ah é... Ele tem o apoio dos conselheiros. Pode não parecer, mas os conselheiros têm uma grande influência política e Clarkson sabe exatamente como agir com cada um deles. Acho que ele inventou alguma coisa sobre uma nova estratégia para a guerra na Nova Ásia, ou qualquer coisa desse tipo, que, supostamente, precisa de alguém experiente no trono. Como se Maxon não conseguisse. Faz-me rir.

O ponto é: Ainda sou princesa. Mas para o total desespero de Maxon, que fica apavorado com a ideia de algum rebelde me atacar, eu resolvi ser mais “popular”. Desde o ano passado eu tenho visitado todas as instituições de caridade que minha mãe criou para tomar notas. A situação é desesperadora! Sinceramente, eu entendo porque o povo não suporta a monarquia melhor do que quando estava em Carolina. Lá eu tinha minhas dificuldades, mas estava isolada do restante do país. Agora, visitando província por província, conheço ainda mais a vida do povo das castas mais baixas.

Minha mãe até chorou quando eu voltei da minha primeira excursão e passei as notícias. A verdade é que o dinheiro enviado para as Escolas Públicas da Monarquia de Illéa some “misteriosamente” e as crianças estudam metade do tempo que deveriam – sendo muito otimista; às vezes estudam apenas alguns minutos por dia – e trabalham na casa de algum Dois ou Três para pagar pelas aulas. Qual a parte de ESCOLAS PÚBLICAS estas pessoas não entendem?

Além disso, o projeto previa o almoço das crianças como um estímulo para os pais de castas mais baixas deixarem seus filhos estudarem. Funcionava? É claro que não! Quando tinha almoço, a comida era estragada. Os professores não recebiam, as crianças não tinham material e os prédios estavam precários.

Levei uma câmera fotográfica que Maxon me deu de presente todas as vezes que eu fui visitar as Escolas. Em parte, para saber o que ainda precisava ser feito, mas também para ver o quanto estávamos progredindo e devo confessar: progredimos muito. Ainda há muito que fazer, com certeza, mas pelo menos agora os professores estão recebendo, a comida está boa e os Dois e Três que exploravam o trabalho das crianças tiveram que pagar uma generosa multa para os cofres de Illéa. Conquistei o rei com isso. Como eu sei de todas essas coisas? Visitas surpresas. Illéa tem muitas províncias e não consigo visitar todas com a frequência que eu gostaria. Se eu disser quando vou aparecer, vão passar uma maquiagem nas imperfeições. Se não souberem, procuram ficar espertos. E a surpresa evita que eu seja alvo de ataques rebeldes.

– Amor, os relatórios financeiros chegaram? – Maxon perguntou entrando no meu escritório. Fiz questão de exigir os livros financeiros de todas as Escolas, para saber onde o dinheiro é investido e quanto deste dinheiro “desaparece”.

– Chegaram hoje. – Respondo com um suspiro.

– Algum desvio de dinheiro? – Ele se coloca atrás da minha cadeira e com uma mão apoiada na mesa, olhando minhas anotações.

– Sempre tem. Desta vez vieram menores. Estão tentando esconder, eu acho. Preciso fazer uma visita à Baffin, Belcourt e Fennley em breve para tentar descobrir os responsáveis pelos desvios. – Me viro para ele – Mas o que vossa alteza real deseja no meu escritório?

– Não posso vir visitá-la? – Ele rebate.

– Pode, mas você nunca vem entre quatro e cinco horas. – Passo os braços em volta de seu pescoço e ele segura minha cintura – Não deveria estar numa reunião com seu pai todo poderoso?

– Encontrei com minha mãe no caminho. Ela pediu pra eu te avisar que ela quer conversar com você no jardim. – Maxon me diz pausadamente, revezando com beijos. Eu me afasto e ele suspira.

– Não vamos deixar seus pais esperarem demais. – Sorrio maliciosa.

– Tudo bem. Vamos. – Ele me oferece o braço para eu segurar e vamos andando em direção aos nossos destinos.

...

– Mãe?

– Estou aqui, filha. – Amberly estava numa parte mais distante do jardim. Uma que eu costumo visitar bastante. – Sente-se, por favor.

Sento-me ao seu lado, num banquinho que mandei colocarem em frente a uma pequena Tulipa amarela.

– Sempre me perguntei o porquê de ter escolhido esta flor. – Ela comenta pensativa.

FLASHBACK ON:

Três meses após meu casamento. Eu estava estudando as leis de Illéa no meu quarto quando senti uma ânsia de vômito terrível e corri para o banheiro. Vomitei tudo que tinha comido no almoço. Não teria dado muita importância, deveria ser apenas algo que eu comi que me fez mal, mas Anne chegou na hora e praticamente me obrigou a ir até a Ala Hospitalar.

...

– Doutor, provavelmente deve ser só algo que eu comi, mas como todos aqui parecem ser extremamente exagerados... Eu me senti mal hoje e vomitei. Só isso.

– Alteza, quando foi seu último sangramento? – Ele me perguntou.

– Acho que há pouco mais de um mês. Atrasou um pouc... – Parei bruscamente – O senhor não acha que eu...?

– Que vossa alteza está grávida. – Sorri, ainda sem acreditar muito bem no que estava acontecendo – É claro que teremos que fazer todos os exames para saber de fato, mas esses são os sintomas básicos.

Com os exames devidamente feitos e com a certeza da gravidez, esperei até o fim de semana para contar a notícia para Maxon. Pode parecer estranho, mas não queria que ele fosse o primeiro a saber. Queria que fosse Amberly. Pedi para uma criada avisar que precisava falar com ela e a criada voltou com um recado da rainha dizendo que mais tarde passaria no meu escritório.

Aproveitei o tempo para voltar a estudar as leis até ouvir minha porta se abrir. Só quem entrava sem bater era Maxon e...

– Rei Clarkson?

– O único.

– O que faz aqui, majestade?

– Vim te dar um aviso, menina. Maxon não te fará rainha enquanto eu puder evitar.

– Senhor, não entend...?

– Não me interrompa! Os conselheiros concordaram que eu devo permanecer no trono e a coroação de Maxon foi adiada por cinco anos. Eu acho muito bom você parar de ficar pondo essas ideias de integração ou fim das castas na cabeça dele, porque eu farei tudo o que for preciso para preservar o que eu construí. Maxon poderia ser rei, mas não será. E é sua culpa. Sempre será sua culpa. Eu só queria que soubesse.

E tão repentinamente como entrou, foi embora.

Eu tenho um sério problema de ouvir tudo o que este homem fala. Fiquei me martirizando sobre o quanto eu faço mal a Maxon. Se não fosse por minha causa, ele poderia ter uma relação melhor com o pai. Sei que a relação que eles tinham não era boa, mas melhor do que a de agora. Se não fosse por minha causa, ele não teria sido chicoteado mais quatro vezes nos últimos meses. Se não fosse por minha causa, Maxon seria rei.

Sentei no chão e comecei a chorar até sentir alguma coisa escorrer pelas minhas pernas. Sangue? Entrei em desespero, mas não sabia se seria melhor ficar quieta ou correr para a Ala Hospitalar. Optei por ficar quieta. Não tinha forças pra me mover.

– Filha? O que aconteceu?

– Mãe... – Abracei-a desesperadamente e chorei em seu ombro. Chorei como nunca havia chorado antes. – Estou grávida... Ou estava... O que está acontecendo, mãe?

...

– Vossa alteza, a senhora sofreu um aborto espontâneo. Os exames mostraram uma espécie de falha no seu sistema imunológico, que foi o causador do aborto. Essa falha veio de uma alteração hormonal. Provavelmente por causa de alguma situação extremamente estressante, senhora. O título deve lhe atribuir algumas, não?

– Sim, doutor. Deve ter sido isso. – Disse cabisbaixa e chorosa. Como posso sentir falta de alguém que eu nem conheço?

– Eu sinto muito, alteza.

FLASHBACK OFF

– Plantei-a naquele dia. Maxon me deu este jardim de presente quando completamos três meses de casamento, um pouco antes de eu descobrir a gravidez. O “Jardim Interno da Princesa”. Para mim, o valor deste jardim é esta tulipa amarela. Ela significa Amor sem esperança. – Comento mais para mim do que para ela; ela já sabe. – Maxon nunca soube.

– Por que não contou a ele? – Disse, finalmente olhando para mim.

– Não queria decepcioná-lo. Ou piorar a relação dele com Clarkson.

– O que significam as outras?

– Plantei a urze roxa seis meses depois. Ela significa admiração, beleza e solidão. Mais sete meses e plantei a urze branca. Proteção. Quando plantei esta, não pensava em mim ou em Maxon, mas no povo. Como esperam que eu governe ao lado de Maxon se nem mesmo sou capaz de proteger meus filhos?

– Não foi culpa sua, filha.

– Não. Ela foi de outra pessoa. Mas eu não pude protegê-los. Não consegui.

Senti-a me abraçar. Eu já havia contado para ela que meus três abortos vieram depois de discussões com o rei. Eu só tinha dois anos de casada, e já havia perdido três filhos.

– Vai conseguir proteger a este. – Ela coloca as mãos na minha barriga.

– Eu espero que sim.

Estou grávida de um mês e meio e tenho evitado o rei a todo o custo. Descobri há duas semanas, mas não contei nada para Maxon. Não suportaria vê-lo desapontado se eu não conseguisse. Já basta meu próprio desapontamento.

Pode parecer egoísta, mas também não quero que ele tenha que enfrentar mais problemas. Clarkson concordou em passar o problema dos rebeldes para Maxon tentar resolver. É uma espécie de avaliação enquanto o rei tenta resolver o problema da Nova Ásia. Agora Maxon trabalha mais do que nunca para tentar acabar com a ameaça rebelde, mas o incrível é que ele não faz isso só para impressionar o pai. Impressioná-lo é um bônus. Maxon quer o bem do povo e o bem da nossa família. Não poderia sobrecarregá-lo mais. Não até ter certeza de que eu conseguiria gerar esta criança.

– Não deveria trabalhar tanto. Pode te estressar, filha.

– Ao contrário. Eu me sinto útil. É bom pra mim.

– Se é assim... Apenas não exagere.

– Tudo bem. Para que me chamou?

– Só queria ver como estava. E arrancá-la daqueles relatórios.

Ficamos conversando no jardim até a hora do jantar. Minha barriga estava começando a aparecer, mas ainda estava fácil disfarçar. Precisei contar às minhas criadas, é claro, e elas ajustaram minhas roupas. Ajustar minhas roupas é eufemismo. Elas praticamente montaram um estilo novo pra mim, com vestidos longos e acinturados.

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As refeições eram sempre a pior parte. Eu comia temendo enjoar e alguém desconfiar; temendo sair antes da Sala de Refeição e o rei me seguir; temendo sair depois e o rei ficar no corredor esperando por mim. Eu vou ser a rainha de Illéa. O que é uma rainha sem herdeiros?

O máximo que eu podia fazer era ser a princesa perfeita, padrão Clarkson de teatro, e não dar nenhum motivo para ele vir reclamar no meu ouvido.

Neste jantar, apenas respondi algumas perguntas ocasionais sobre os relatórios, sobre minha próxima visita à Escola Pública da Monarquia de Illéa – Baffin e sobre a princesa May na Inglaterra. Até que...

– Esta manhã, eu acordei pensando que vocês dois já deveriam estar tentando ter um herdeiro, não acham? – O rei disse olhando fixamente para mim.

– Eu acho ótimo – Maxon respondeu aparentemente radiante – E você, América? – Amberly me analisou para saber o que eu pretendia fazer e depois me ofereceu um olhar de compreensão.

– Penso que sim, mas antes deveríamos nos organizar para isto. Maxon está ocupado com os rebeldes, e eu com os corruptos que desviam dinheiro de escolas. Quando eu engravidar, quero poder dar toda a atenção ao bebê. Talvez ainda não seja o momento. – Voltei a encarar meu prato e Maxon disfarçou sua expressão de tristeza, dizendo:

– Analisando nesta ótica, talvez seja mesmo melhor esperarmos um pouco.

– Não muito, espero – Replicou Clarkson.

– Também espero que não seja necessário esperar demais. – a rainha comentou com um olhar amável para mim.

Ficamos em silêncio por um tempo, até que a situação ficou constrangedora. Tentei mudar de assunto.

– Então, preciso visitar Baffin, mas pensei em viajar para a Itália antes. Não vejo Nicolleta, Orabella e Naomi desde o casamento. Além disso, soube que uma condessa australiana estará lá. Posso tentar fazer contato. – comentei, dando rápidas olhadas para o rei.

– Podemos conversar sobre este assunto mais tarde, América? Passarei em seu escritório, se não se importar – O rei “perguntou”. Murmurei uma resposta e desisti de falar. Se acalma, América. Se acalma.

Um mensageiro entra neste momento e entrega um papel ao rei. Fico curiosa, mas não pergunto nada. Felizmente, Maxon o faz por mim.

– Do que se trata, pai?

– Ataque rebelde a uma de nossas bases militares. Seja qual for sua estratégia, Maxon, não está dando certo.

Maxon respirou fundo. O rei é cego ou só é burro? Ele teve vinte anos no trono e não conseguiu terminar com a ameaça. Maxon teve menos de dois com essa tarefa e ele já está dizendo que é um fracasso. Na verdade, Maxon avançou bastante. Começou vasculhando rebeldes entre os próprios soldados. Prendeu uns trinta. Passou a criar estratégias de defesa do palácio – Reabriu duas torres de vigia dentro da floresta, colocou mais guardas no telhado para vigiar os muros e além deles, fez uma varredura em toda a extensão do muro, cobriu inúmeras brechas e aumentou o treinamento dos soldados – e agora está pensando em estratégias para expandir a segurança que conseguiu implantar no palácio, colocando alarmes, criando abrigos e treinando melhor os soldados para começar.

– Me dê mais algum tempo e conseguirei. – O rei se irritou.

– Você e América combinaram para me pedir tempo hoje? Não temos tempo, não percebem. Esses ataques precisam acabar. Logo, Maxon.

– Vou me esforçar mais, senhor. – Maxon respondeu a contragosto.

– Acho muito bom.

...

– Majestade, por favor, sente-se.

– Obrigado, mas não é necessário. Não pretendo me demorar.

– O que tem para falar comigo?

– Sobre essa sua ideia de tratar negócios com os australianos. O que pensa que está fazendo? Eu já acho bastante estranho essa predileção que os italianos têm por você, não vou arriscar que a primeira imagem que os australianos tenham de Illéa seja logo a sua. Quantas vezes precisarei falar que você é apenas uma garota mediana. Não tem atributos que lhe sirvam para nada, muito menos para representar Illéa junto aos estrangeiros. Você não passa de uma cinco que subiu além de onde devia. Influenciou Maxon para ser um inútil como você. Você não tem capacidade para ser princesa, não tem capacidade para governar ao lado de um rei. Você não passa de um erro, menina.

– Veio aqui apenas para me ofender?

– Não. Vim aqui para dizer que a proíbo de visitar ou de receber visitas de qualquer representante estrangeiro sem a minha autorização. Se quiser visitar os chefes de província para tratar das escolas, que vá. Quanto mais longe de você, melhor. Mas é apenas isso. Não quero ser visto sendo representado por uma qualquer. Tenho vergonha de ter que ouvir meu sobrenome ser usado após o seu. É humilhante tê-la em minha casa. Espero ansioso pelo dia em que Maxon há de perceber sua insignificância. Este, sim, será um dia memorável.

...

– Não. De novo não. – Chorei.

– Eu sinto muito, alteza.

– Venha, filha, está na hora de plantar uma flor.


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Notas finais do capítulo

E aí... Gostaram? Amaram? Odiaram? Querem me jogar pedras?
Me deixem saber o que pensam. Mandem sugestões. Vou ficar vomitando arco-íris.
Até o próximo capítulo.



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