Estamos do lado esquerdo da escada. Jack vai em direção a portas duplas, o quarto principal.

Eu e Doutor vamos para o outro quarto, a porta é normal. Entramos no quarto, este é mais bonito, tem uma cama de casal e um criado-mudo de cada lado da cama, uma comoda grande de oito gavetas está de frente para a cama, uma cortina grande cor vinho cobre a janela e há vários quadros pela parede.

– Parece que não tem nada aqui também - diz Doutor indo em direção a porta, estou um pouco atrás dele, ele não soltou minha mão - vamos ver se Jack ach...

A porta bate em nossas mãos com força fazendo com que se soltem, eu dou um grito, minha mão dói, a porta pegou mais em minha mão do que na do Doutor. Doutor grita meu nome do outro lado, a porta não abre, estou de frente para ela, batendo com minha mão boa quando ouço um barulho atrás de mim. Viro-me de repente e lá está, a estatua em forma de anjo, com as mãos nos olhos .

– Doutor!- grito - está aqui! O Anjo! - digo de maneira histérica, meu olhos estão cheios de lágrimas e o pavor me domina.

– Maria! - ele grita do outro lado - NÃO PISQUE! Continue olhando, não pare de olhar e não pisque! - minha respiração está alta, e eu não paro de olhar para o anjo - Jack! - ele grita do outro lado - temos que tirá-la de lá! Agora!

– Sua chave ...- diz Jack

– Madeira - responde Doutor, claro, a chave de fenda sônica não funciona em madeira - Vamos te tirar daí, agora se afaste da porta devagar e não pare de olhar.

Eu me afasto da porta andando para frente, meus olhos ardem por não piscar. Ouço Doutor e Jack mexerem na porta, estou com muito medo e minha mão direita lateja.

Meus olhos piscam rapidamente, por não aguentarem mais, agora o anjo está na minha frente, dentes afiados de fora, as mãos para cima. Eu grito e ouço um barulho. Alguém me puxa para trás e eu caio em cima da pessoa, Doutor. Caio em cima dele, posso sentir o tecido da sua roupa sob minhas mãos, mas meus olhos continuam bem fechados, meu corpo treme com uma mistura de alívio e medo. Doutor me abraça e passa a mão pelos meus cabelos.

– Tudo bem - ele sussurra para mim - você está a salvo agora - suspira aliviado.

Abro os olhos e começo me levantar, Jack me ajuda, estou zonza, agora minha mão dói duas vezes mais .

– Sua mão!- Jack diz alarmado.

Olho para minha mão direita , uma mancha roxa bem escura cobre a parte do dedinho até o pulso, mas o pior mesmo é que o osso que está fora do lugar. Doutor pega minha mão delicadamente, encolho os ombros, por mais delicado que tenha sido, ainda dói muito.

– Desculpe - diz ele.

A porta do quarto onde sai está fechada.

Doutor solta minha mão, olha em meus olhos, os seus trazem preocupação, e... medo. Mas medo do que? Dos anjos?

– Vamos sair daqui - ele diz.

Começamos andar, Doutor segura minha mão esquerda agora, mas algo caí atrás de nós e olhamos para ver. É o livro que Jack achou, ele cai aberto. Jack vai até ele e o pega, ele arregala os olhos assim que pega o livro e olha para nós.

– O livro deveria estar em branco! - ele nos mostra o livro, agora todo escrito em uma caligrafia elegante, escrito a mão, mas não consigo ler, estou sem os óculos. Doutor parece não conseguir ler também.

Vejo outra coisa, o livro, a capa, as folhas, ele não me é estranho.

– Não pode ser! - digo, Jack e Doutor olham para mim - este livro, é meu! Quer dizer, eu o ganhei a alguns anos, era para ser um diário mas eu nunca escrevi nele.

Doutor me olha e olha para o diário, seus olhos são tomados de reconhecimento e ele olha para Jack gritando - FECHE O LIVRO!