Novos Começos escrita por Tenshikass


Capítulo 8
Capítulo 8 - Suco de Melancia.




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...

Chegamos na escola faltando cerca de quinze minutos para o horário de entrada, Sasuke e Ino estavam esperando perto da cantina na entrada que dava acesso ao prédio principal, de lá dava para ver do portão que ficava totalmente aberto nesse horário para entrada dos alunos, a rua e eu descendo da moto de Itachi do outro lado. Ele saiu para estacioná-la logo que lhe entreguei o capacete e me despedi.

— Eu não acredito que estava aqui achando que você foi sequestrada ou passou mal sozinha em casa e você estava por aí dando uma volta com o Itachi? — Disse Ino quando me aproximei deles e me beliscou.

— Aí, calma, eu to viva, okay?

— Viva e sem celular? — Ela me repreendeu, tirei o celular do bolso dianteiro da minha calça jeans e havia duas mensagens dela e uma ligação perdida.

— Foi mal, eu não vi.

— Eu notei!

— D-E-S-C-U-L-P-A, eu não esperava que o Itachi fosse me buscar de moto, tá legal? Nem que faríamos um desvio... Não deu pra avisar. — Percebi que Sasuke estava ali parado sem dizer nada, fiquei com vergonha e apenas queria desaparecer.

— Toma. — Ele disse e me assustou, estava me dando uma pequena sacola de supermercado. Eu a peguei e quando abri tinha um pão doce e uma lata de suco de melancia, que eu amava. — Você não tomou café.

— Não tomei... obrigada. — Agora eu queria ser enterrada viva, me lembrei da mensagem que enviei mais cedo.

— Ok. Entendi, todo mundo sabe como o Itachi pode ser imprevisível..., mas eaí, um desvio é? Não me diga que vocês saíram em um encontr- — Ino disparou.

— Ino! — Exclamei e sinalizei com o olhar na direção do Sasuke, ela se calou e riu sem graça.

— Eu vou indo pra sala. Por favor, coma. — Ele disse e saiu sem sequer olhar para mim.

— Tá... — Respondi, mas ele não ouviu.

— Agora eu posso? Foi ou não um encontro? O que tá rolando? — Ino me segurou pela mão e me levou para uma das mesas da cantina.

— Pode, curiosa. Não foi um encontro, bem, eu não considero que seja, foi uma carona com uma parada no lago, só isso. E não tá rolando nada. — Frisei bem as últimas palavras.

— Uma parada no lago? Foi no mínimo uma carona romântica. — Ela estava empolgada demais — Você tem que admitir, ele está interessado em você.

— Eu sei. “agora eu sei”

— E então? Vai corresponder? Quer dizer, é recíproco?

— Eu não sei, tá? A gente se conhece há anos e é tão estranho esse interesse repentino.

— E é por isso, vocês já se conhecem, mas agora vocês têm quase a mesma idade e é natural que ele se interesse por você, ele não te vê mais como uma garotinha, você não é mais uma garotinha, Sakura!

— Eu sei. — Eu não tinha pensado por esse lado ainda, de ser vista com uma mulher, principalmente por ele.

— É só isso que você sabe dizer?

— É sim, agora me deixa comer senão vamos nos atrasar. Ah sim, eu pedi para o Itachi falar com o Hidan, espero que dê certo.

— Que bom, obrigada, quanto menos confusão melhor, os meninos são esquentados demais.

— Olha quem fala né. — Eu ri me lembrando das cenas com a Karin.

 Ele te comprou o café da manhã. — Ela se recostou no encosto do banco, estava de frente para mim e sorriu maliciosamente.

— Comprou, e daí? — Corei.

— Uau, que novela, os dois Uchihas estão a fim de você.

— Nem começa, é claro que não. “é óbvio que não, né?”

— É que o Sasuke é um pouco devagar, mas você vai ver.

Ela disse isso e depois cruzou os dedos indicadores na frente dos lábios sinalizando que se calaria, mas para mim já era tarde demais, ela já tinha tagarelado o suficiente para colocar meus pensamentos em um turbilhão, a cena da noite anterior não saía da minha cabeça: nós dois parados na calçada nos olhando fixamente como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, e aquela mão no peito segurando algo que parecia importante.

...

Ela estava em pé no corredor do prédio da secretaria olhando para o mural e anotando a data e horário dos testes para a peça de teatro, foi quando me aproximei de maneira nada discreta.

— Você PIROU? Veio pra escola DE MOTO COM UCHIHA ITACHI?

— Xiiiu, fala baixo, sabe que estamos praticamente do lado da diretoria? E quem te falou isso? — Ela se virou e segurou o caderno em frente ao peito, como que para segurar sua alma dentro do corpo depois de um susto.

— E interessa? Eu perguntei, você pirou?

— Pelos deuses Sagi, você é um SACO quando quer, que exagero! Eu não pirei nada, ele me deu uma carona, o que você saberia se não tivesse madrugado sem me dizer nada! — Ela retrucou e me pegou pelo braço nos afastando da porta da secretaria.

— Eu precisei sair mais cedo, desculpa por não avisar, mas isso não quer dizer que você podia-

— É melhor você parar por aí, eu não quero brigar com você. O que posso ou não fazer não é exclusivamente da sua conta e ando com quem eu quiser, ok? Chega dessa bobagem de vocês dois, eu não tenho NADA a ver com isso. — Ela falou muito sério e a raiva era visível em seu rosto, tudo tinha limites e eu sabia que havia ultrapassado um.

— É sério isso? Tá brigando comigo por causa dele? Se você não consegue ter uma boa relação com o Sasuke hoje, Itachi faz parte disso, ou você já superou? — Me indignei e toquei a corrente que estava em seu pescoço a tirando para fora revelando o pingente de coração partido, na teimosia nossos gênios eram idênticos.

 Não faça isso... — Ela guardou a corrente de volta dentro da roupa, seu tom de voz vacilou um pouco. — Eu não estou brigando com você ainda, mas você vai querer pagar pra ver? — Ela voltou a firmar o tom de voz — E não, não é por causa dele, é por minha causa. E o Itachi foi só uma parte do que aconteceu, você estava lá, entende que eu acho que era só o Sasuke ter mandado ele ir se ferrar, certo? — Ela suspirou e baixou o tom. — Fora que eu estou tentando superar tudo isso... Eu sei que você me ama e me protege, mas você tem que saber que tem limites e eu não sou mais uma garotinha.

— Me desculpa... — Eu também suspirei e adotei um tom mais calmo, não fazia sentido nenhum aquela discussão mesmo. — Eu não quero ser invasivo, mas estou sendo, né? Você não é mais uma criança, e é linda, olha só pra você, não tem como alguém não se interessar. — Andei até a parede, estiquei os dois braços no alto tocando-a, afundei a cabeça entre os braços e comecei a choramingar. — Por que logo o primeiro tinha que ser o Itachi? Em que cruz eu fui atirar essa pedra?

— E surge o rei do drama. — Ela começou a rir — Obrigada por se preocupar comigo, de verdade. E o primeiro sendo o Itachi ou não, você vai sobreviver.

Levantei a cabeça para olhá-la e me afastei da parede, a abracei forte e depositei uma das mãos no topo de sua cabeça, ela sabia o que aquilo queria dizer.

“se tudo der errado, ele estará sempre aqui pra mim”

...

Eu estava na porta da sala, com o moletom dobrado sob minhas mãos, esperando-o voltar do banheiro. Meu coração acelerava sempre que eu pensava nele, falava dele, mas minha temperatura corporal se alterava de verdade sempre que eu o via, ou que o ouvia falar meu nome e assim parecia que eu desmaiaria a qualquer momento. Estar apaixonada só não era pior que estar apaixonada sendo extremamente tímida. Eu criava roteiros inteiros na minha mente para poder falar com ele sobre os meus sentimentos, mas na prática eu nunca consegui. Até que aquele agasalho me deu uma ideia, maluca, mas que parecia a nossa cara. Por muitas vezes quando eu travava em público, se Naruto não estivesse ao meu lado, ele arrumava um jeito de escrever um bilhete para chamar minha atenção e me fazer focar em ficar calma — então eu simplesmente escrevi um bilhete para ele e guardei dentro do bolso da blusa de moletom.

— Hinata? Tudo bem? — A voz de Neji atrás de mim me puxou de volta a realidade.

— Tudo sim, primo, por quê?

— Você parece bem nervosa. — Ele me olhava preocupado, não erámos muito próximos e isso se dava principalmente por nossas personalidades opostas, Neji tinha toda a oratória necessária para conquistar o mundo.

— Não estou... “você está me deixando mais”

— Esperando alguém? — Ele perguntou apontando para o agasalho na minha mão.

— N-Não! Quer dizer... S-sim, mais ou menos... — Eu lembrava do pedaço de papel escondido e sentia meu estômago se revirar.

— Você precisa relaxar. Eu vi você colocando um papel aí, mas se não conseguir entregar, ele não irá ler. Se lembre de respirar, pelo menos. — Ele disse sério e entrou dentro da sala, eu senti que meus joelhos estavam sendo puxados para baixo, mas antes que eu desabasse senti duas mãos me segurando pelo ombro.

— Hina? Está se sentindo mal? — Só o cheiro dele tão perto de mim já fazia o meu corpo formigar.

Eu levantei a cabeça para encará-lo e senti que mudei de cor ao mergulhar naquele céu azul que eram seus olhos, não consegui dizer nada, mas as palavras — inesperadas — de Neji ecoavam em mim “se lembre de respirar, pelo menos”, respirei fundo e ajeitei meu corpo fazendo com que o loiro tirasse as mãos dos meus ombros, “se não conseguir entregar, ele não irá ler”, ergui a blusa em sua direção e ele pegou, antes que pudesse dizer qualquer coisa eu entrei correndo dentro da sala e me sentei olhando fixamente para o quadro negro como se tivesse em um transe profundo. “o que foi que eu fiz?”

...

— Fala sério, até você? Aquele lugar é um inferno.

— E qual lugar em que você já esteve que não considerou um inferno, Hidan? — Eu falei calmamente, não estava tentando o convencer a ser mais civilizado só por causa do pedido que Haruno havia me feito, mas porque a Yamanaka era uma das poucas pessoas que não tinha me julgado e crucificado logo de cara, sempre nos demos bem.

— Provavelmente, nenhum. — Zombou Sasori.

— Se até o Itachi finalmente cresceu, você também consegue, Hidan. — Konan se pronunciou depois de um bom tempo só analisando nossa conversa enquanto fumava, estávamos no parque da cidade matando aula no meio do período.

— Eu já sou bem grande, quer ver? — Ele colocou as mãos no meio de suas pernas e a esfregou por cima da calça.

— Esquece, você não tem concerto. — Konan apagou o cigarro e mostrou o dedo do meio para Hidan.

— Escuta, Hidan, a Ino é uma amiga antiga minha e você é um pervertido sem noção, se você não deixar ela em paz eu vou castrar você, beleza? — O ameacei por fim, eu nunca fui bom em conversas mesmo.

— Que seja, seu merda. Se você virou cachorrinho daquela vadia de cabelo rosa, o que é que eu posso fazer? Ela já te castrou.

— E lá vamos nós. — Quando Sasori concluiu sua frase, Itachi já estava segurando Hidan pela camiseta.

Sem aviso prévio ele desferiu um soco de direita em Hidan que recuou para trás com o impacto, mas não caiu, pois Itachi ainda segurava o colarinho de sua camiseta com a mão esquerda. A respiração dos dois estava pesada, um fio de sangue se formou nos lábios de Hidan e escorreu por seu queixo, o soco havia cortado seu lábio inferior.

— Nunca... Nunca mais fale dela assim de novo, entendeu? Nem Deus ou Buda vai me tirar de cima do seu corpo trucidado se você mencionar ela, ou chegar perto dela e de qualquer uma das minhas amigas de novo, eu fui claro agora? — Itachi mantinha Hidan ainda bem preso próximo a si e o punho direito levantado em frente ao seu rosto.

— Sim, cachorrinho. Eu entendi. — Ele respondeu e cuspiu de lado o sangue que se acumulava em sua boca.

— Eu não ligo pra como você fale de mim. — O soltei bruscamente e ele cambaleou para trás.

— Isso vai ter troco. — Ele disse por fim enquanto retirava a camiseta para limpar o ferimento na boca.

— Yay, já acabaram? To morrendo de fome! — Exclamou Konan, quebrando todo o clima de tensão. Ela saiu de cima do encosto do banco em que estava sentada e foi até sua moto.

— Eu também, vamos até aquela lanchonete do outro lado da cidade? — Sugeriu Sasori indo de encontro à ela.

— Claro. — Respondi, já estava de costas e subindo na minha moto, minhas mãos tremiam um pouco, eu não esperava estar sentindo tanta raiva por algo que tinha vindo do idiota do Hidan.

— Pode ser, mas o Itachi paga. — Falou Hidan subindo na traseira da minha moto e dando um tampinha nas minhas costas, discutíamos e saíamos na mão com tanta frequência que para ele aquela tinha sido só mais uma dessas vezes.

Já para mim, era a primeira vez que eu queria tanto defender alguém que não fosse da minha família. Que eu queria acima de tudo proteger. Eu tinha começado pensando nela como apenas mais um caso e agora eu já não tinha tanta certeza se ela era mesmo como qualquer outra.

...

Eu pretendia ficar sozinha no intervalo e ler Sonho de Uma Noite de Verão novamente, sentir o personagem que poderia interpretar e me preparar para o teste da semana que vem, mas é claro que com os amigos que eu tinha paz não era uma opção. Estava voltando da cantina com um suco de melancia na mão quando ouvi uma confusão.

— Olha, Karin, eu estou muito de bom humor hoje, será que dá pra você parar de ser insuportável e sumir daqui? — Era voz de Ino próxima as quadras de esportes.

— Como se fosse um prazer pra mim ficar olhando pra essa sua cara de patricinha, loira. Mas eu cheguei aqui primeiro, e quero o espaço pra mim. — Quando me aproximei, notei que as duas usavam o uniforme para jogar vôlei, cada uma com uma bola na mão.

— E desde quando a quadra tem o seu nome? Ou sobrenome? — TenTen estava junto com elas, assim como Hinata e outras três garotas, duas eram da minha sala.

— E de onde você saiu, Mickey Mouse? Ah não espera, esse é seu cabelo? — Debochou Karin.

— Enchendo mais uns frascos de veneno pra vender, Karin? — Gritei chamando sua atenção enquanto me aproximava.

— E lá vem a cabeça de chiclete.

— Melhor chiclete do que pimenta, cuidado com a indigestão.

— Ah, então você sabe mesmo se defender sem a sua babá oxigenada ali.

— É eu sei sim, o que você tem contra a gente, hein? A quadra não é sua, por que não podem dividir?

— Porque essa escola é ENORME e a loirinha aí só tá a fim de me irritar.

— EU? Você chegou aqui DEPOIS, interrompeu nossos saques e está até agora aqui vinda direto do fogo do inferno sua— Ela nem terminou de falar e foi para cima de Karin, Hinata a segurou por trás com toda força que pode.

— Quem mesmo que não queria confusão? — Suspirei.

— C-calma Ino, você vai acabar se encrencando. — Hinata tentava acalmá-la.

— É melhor escutar sua amiga, ou vai se machucar. — Notei que Karin não ofendeu a Hinata, devia ser por causa do Naruto, claro.

— Gente, já chega, vamos embora, deixa a cabeça de fósforo se queimar sozinha. — Tentei soar indiferente, mas eu é quem estava a um passo de pular no pescoço dela.

— É, meninas, vão embora, quem brinca com fogo se queima e eu acho que chiclete torrado não faz muito sucesso com os garotos.

“CHICLETE TORRADO?” Uma veia saltou na minha testa, era o meu limite, joguei todo o resto de suco do meu copo na cabeça dela. Um misto de risadas e “oh” de indignação pôde ser ouvido ao nosso redor, Karin me olhava perplexa, se não fosse o choque eu poderia jurar que ela me mataria, como eu ainda estava viva — e de pé — completei:

 Água ainda apaga o fósforo. — E sorri. Não demorou cinco segundos para Karin sair do transe e avançar para cima de mim, mas antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, fomos interrompidas.

— O que é que está acontecendo aqui? — Era uma mulher loira e alta, extremamente bonita e bem-vestida.

— Diretora Tsunade... — Disse Hinata.

— D-Diretora? — Engoli em seco.

— Eu perguntei o que é que está acontecendo aqui?

— Essa garota maluca jogou suco em mim! — Se adiantou Karin.

— Mentira! Quer dizer, sim..., mas não foi bem assim...

— Qual é o seu nome, criança? — Ela era tão séria que mudava até o clima do ambiente, ou era só eu sentindo um frio na espinha por ser a nerd que nunca foi parar na diretoria.

— Ha-Haruno Sa-Sakura, senhora...

— Venha comigo, senhorita Haruno, agora. E você, vá se limpar, falo com você depois.

— Sim, senhora. — Respondeu Karin, e sorriu para mim totalmente vitoriosa.

— Vejo vocês depois. — Falei baixo para as meninas que ficaram me olhando com cara de preocupadas e segui a diretora até a sua sala.

...

Expliquei para a diretora Tsunade tudo o que tinha acontecido, ela disse que compreendia que atritos poderiam ter acontecido, mas que nada poderia justificar os meus atos, o que eu concordava, mas só em partes, porque afinal ninguém a chamou de chiclete queimado. Ela me levou até a sala ao tocar o sinal, explicou a situação para nossa professora, fez Ino e Karin se levantarem e nós três nos desculparmos, eu mal conseguia encarar meus colegas de turma, principalmente o Sasuke. Karin e Ino voltaram a se sentar e eu voltei para fazer “trabalhos administrativos” na diretoria.

Depois de só ver papéis na minha frente o resto do período escolar inteiro, quando bateu o sinal da saída eu quase chorei de felicidade — eu chorei de felicidade sim —, peguei minhas coisas e ao fechar a porta da diretoria atrás de mim, ele estava sentado no banco ao lado.

— Ah, que bom que você não vai ter que ficar até depois da aula. — Era Sasuke, que se adiantou e pegou minha mochila a jogando nas costas, eu nem tive tempo de dizer que carregaria minhas próprias coisas quando ele começou a andar e eu tive que acelerar o passo para ficar ao seu lado.

— Ainda bem que não, mas o que você está fazendo aqui?

— Ino me explicou o que aconteceu, queria saber se você tinha se encrencado muito. “queria me certificar de que ele não viesse te buscar”

— Podia ter me mandando uma mensagem, não precisava esperar aqui. “isso, essa é sua definição de superar, Sakura?”

— Poderia, mas meu celular descarregou, então espero que a minha presença não mate você. — Eu não soube dizer se ele estava sendo sarcástico.

— É mesmo, quanto foi que você gastou essa manhã? — Eu peguei a carteira que estava no bolso do meu casaco e contei algumas notas de dinheiro.

— Não precisa me pagar, você comeu mesmo? — Ele olhava o tempo todo pra frente.

— Eu comi, estava ótimo, o suco de melancia é meu favorito.

— Eu sei. A Karin é que não deve gostar mais né. “não tinha seu doce favorito”

— Não, não deve. Ela ainda tá uma fera comigo? — Eu ri.

— Sim, passamos quase todas as aulas restantes ouvindo-a reclamar.

— Até com você? — Me espantei, eu a esperava enchendo a Ino.

— Algo sobre “e você vai ficar do lado da sua amiguinha, Sasuke?” e coisas assim.

— E aqui está você, ela tinha razão para reclamar. E olha que a errada fui eu...

— E foi mesmo, sei que ela te ofendeu, mas você não devia ter jogado suco nela, perdeu a razão.

— Entendi, veio me dar um sermão, nem se incomode, a diretora Tsunade foi bem convincente no dela, eu já entendi. — Me irritei, o tom de repreensão e indiferença com que ele falou esgotou toda a paciência que eu já não costumava ter.

Se eu era a maluca descontrolada porque ele estava ali? Ele ainda não me olhava e já estávamos do lado de fora da escola, aquilo me incomodava profundamente, mas senti vergonha ao lembrar das vezes que eu também evitei seu olhar. Pedi minha mochila de volta e disse que iria embora sozinha para casa, foi a única coisa que o fez olhar para mim, eu não sei por que, mas ele parecia magoado, como se tivesse algo para me dizer, mas que não conseguia. Peguei a mochila e fui embora sem sequer dar um “tchau”.

Quando atravessei a rua, me virei e ele ainda não tinha ido embora, estava me olhando, pensei em atravessar a rua de volta, mas meus pés não se moveram. “se ele tiver algo para me dizer, ele que se mova dali” e me lembrei da minha promessa comigo mesma dias atrás: “ele que gaste energia”, continuei andando.


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