Novos Começos escrita por Tenshikass


Capítulo 20
Capítulo 20 - Seja meu.




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...

Quando eu saí do teatro largando o ensaio no meio, me dirigi direto à secretaria.

— Professor... — disse me aproximando de Kakashi.

— Ah, Sabaku, o que faz aqui?

— O professor Jiraiya assumiu meu lugar e me dispensou — menti — eu vim ver...

— A Yamanaka? Ela já se acalmou e retornou para a sala para pegar seu material e esperar o horário da saída.

— Obrigada. — Eu nem esperei que ele dissesse mais nada, disparei correndo para sala enquanto ouvia a voz do professor distante me dizendo que era proibido correr nos corredores.

Ela não estava na sala. Corri para o refeitório e ela também não estava. Fui para a área das quadras de esportes até as árvores onde ela costumava ficar para ler ou dormir no intervalo e nada. Antes de perder as esperanças achando que ela já teria ido embora para casa, tinha mais um lugar possível onde eu precisava procurá-la.

— Então você veio mesmo pra cá. — Ela estava saindo de dentro do vestiário do ginásio de natação, vestia seu maiô escolar, os cabelos soltos caindo pelos seus ombros e batendo na sua cintura, seus olhos azuis estavam vermelhos e marejados, ela ainda estava chorando.

— Não precisava se preocupar. — Seu tom era de pura mágoa, eu preferia que ela estivesse com raiva.

— Ino...

— Foi um erro, eu confundi as coisas, acontece. — Ela não me deixou falar e mergulhou na piscina, nem se preocupou em colocar sua touca de natação.

Entrei no vestiário masculino e me sentei em frente ao meu armário. Enterrei a cabeça em minhas mãos, eu estava prestes a chorar.

— Eu sou um idiota...

...No dia anterior.

Gaara e Ino tinham dado mais uma de suas voltas de bicicleta pela cidade. Sempre que a loira tinha um tempo livre da floricultura eles realizavam um longo passeio juntos.

— Vamos parar aqui? — Ela disse se aproximando da bicicleta do ruivo quando chegaram ao lago da cidade.

— Ok. — Eles manobraram para a grama e saltaram das bicicletas.

— Esse lugar é mesmo um dos mais lindos da cidade.

— É verdade.

— Gaara... — Eles estavam sentados um ao lado do outro na grama.

— Sim?

— O que... o que somos? — Ela estava mais nervosa do que achou que estaria quando decidiu confrontar o ruivo.

— Um garoto e uma garota, eu acho. — Ele disse normalmente, mas ela sabia que estava brincando.

— Se você não me dissesse eu nunca notaria. — Ela riu um pouco nervosa — Eu quero dizer, qual é o nosso status? O que estamos fazendo? Isso vai chegar em algum lugar?

— Somos amigos...

— Eu gosto de você, demais, desde a primeira vez que eu te vi. — Ela disparou, não podia perder a coragem logo agora.

— Eu também gosto de você, Ino. — Ele disse, mas dessa vez desviou o olhar dela, encarou o lago e a loira considerou isso um péssimo sinal, então completou.

— Mas?

— Eu não posso.

— Por quê? — Um nó se formava em sua garganta, mas ela tinha que continuar.

— Eu... — Ele ficou em silêncio por um momento, parecia estar escolhendo bem suas palavras — Não é você, sou eu.

— Ah — a loira riu em tom irônico — essa é bem clichê, hein.

— Eu só não posso. — A voz de Gaara era aflita e fez Ino se arrepender do comentário, talvez houvesse mesmo um motivo e não fosse bom para ele.

— Tudo bem... Você sabe que pode ser sincero comigo, você pode me contar.

Silêncio. Ele apenas encarava o lago sem dizer nada.

— Se é assim — a loira se levantou e foi até a sua bicicleta — me desculpe por ter chegado nesse ponto, mas eu achei... Esquece o que eu achei, que diferença faz agora? — A mágoa em sua voz era nítida, Gaara nunca tinha ouvido aquela garota de voz tão doce e cheia de alto estima soar tão fria e decepcionada.

— Espera, Ino. Tente me entender. — Ele se levantou e segurou seu braço, ela estava de costas para ele, olhando para as luzes da cidade que começavam a se acender com o cair da noite.

— É por causa de outra pessoa? — A Yamanaka engoliu em seco, eles passavam bastante tempo juntos, mas ele nunca avançou na relação e falava pouco de si, poderia sim ter outra pessoa em sua vida.

— Sim, quer dizer...

— Então é isso. — Ela puxou seu braço que ainda estava sendo segurado pela mão do ruivo, seu coração se apertou, era como se algo o espremesse. — Você podia pelo menos não ter me deixado... “me apaixonar completamente por você” — pensou — Vou precisar de um tempo.

Ino andou lentamente com sua bicicleta para fora da grama, subiu nela quando chegou na estrada e foi embora, deixando Gaara parado no mesmo lugar, apenas a olhando partir.

...

— Droga, Sabaku, não seja um covarde. — Me enfureci comigo e abri a porta do meu armário, peguei meu calção de natação e me troquei, podia ouvir as braçadas dela na piscina, assim como pra mim, a água era sua fuga.

Ela estava completando uma volta na piscina quando eu entrei pela raia ao lado, ela só me notou quando eu surgi na sua frente.

— Gaara-

— Por favor, não diga nada.

Eu a segurei pela cintura e a levei para trás até a borda, cheguei bem perto do seu rosto, ela corava e eu sabia que eu também, ela baixou a cabeça e ficou encarando a água. Soltei sua cintura, com uma das mãos segurei a borda da piscina, e com a outra passei dois dedos pela sua testa tirando uma mecha de cabelo molhada que cobria seu rosto. Ela olhou para mim, aqueles olhos azuis estavam perdidos em desejo e dúvidas, tanto faz se eram os delas ou um reflexo dos meus — Colei meu corpo no dela, a pressionando contra a parede gelada da piscina e tomei seus lábios em um beijo intenso, com o mesmo nível de querer que transbordava em nosso olhar. Ela arregalou os olhos surpresa, mas logo os fechou e levou sua mão ao meu pescoço, eu também fechei os olhos — o beijo se intensificava cada vez mais, nossas línguas se entrelaçando, se devorando. Baixei minhas mãos para tomar novamente sua cintura e ela entrelaçou suas pernas no meu quadril. O contato me fez soltar um gemido baixo abafado pelo nosso beijo, senti seus lábios sorrirem colados ao meu, suas mãos subiram e se enterram no meu cabelo, eu parei o beijo e desci meus lábios para o seu pescoço, depositando beijos e mordidas, pressionando meu corpo ao seu, ela puxou meu cabelo e gemeu, e aquele som fez meu corpo vibrar, eu sabia que ela podia sentir minha ereção e mesmo assim não se soltava de mim. Eu abri os olhos e voltei para sua boca, passei a língua nos seus lábios, pedi passagem e retomei um beijo mais lento, era incrível ver o seu rosto delicado queimando de vontade. Devagar eu soltei minhas mãos — que desde o momento em que ela se prendeu à mim com as pernas, estavam segurando o seu bumbum —, ela desencaixou suas pernas e abriu os olhos.

— N-Não acho que seja uma boa ideia perder o controle na piscina da escola. — Ela disse ofegante e eu ri.

— É, eu acho que não. — Minha voz tremia de desejo, tudo o que eu queria era continuar.

— Eu pensei que... — Ela começou, mas não concluiu, pareceu estar em dúvida se estragaria o clima entre nós, o que eu duvidava que algo nesse mundo conseguiria.

— Eu sou um idiota. Não tem outra pessoa na minha vida, não agora, eu deveria ter dito de uma vez, me desculpe.

— Então por quê? Por que você me disse que não podia? — Sua voz ficou urgente, ela segurou minha mão embaixo d’água como se tivesse medo de que eu fosse para algum lugar.

— Porque eu amei, Ino. Amei muito, me entreguei e... E fui traído, usado. — Eu tentei soar menos rancoroso do que como realmente me sentia. — Eu me fechei completamente depois disso... até você aparecer, você mudou tudo dentro de mim e então eu tive medo.

— Ah, Gaara, eu sinto muito, me desculpa, eu fui uma idiota, devia ter confiado que você não brincaria comigo assim, que tinha um motivo, eu-

— Não me peça desculpas quando fui eu que trouxe chuva ao seu céu. — Eu a silenciei passando um dedo nos seus lábios e depois enxugando uma lágrima silenciosa que ela deixara cair. — Eu fui um covarde, fui eu quem não confiou nos seus sentimentos. Você pode me perdoar?

Ela não disse nada, apenas se jogou para frente, a água ao nosso redor se agitou e fez algumas ondas, ela me beijou, com pressa, com ânsia. Ino se soltou de mim e me olhou fundo nos olhos.

— Eu perdoo você, Gaara. Seja meu.

Até você enjoar. — Eu sorri, mas lágrimas me vinham aos olhos e eu não as impedi de cair. Nos abraçamos.

...

— Mas onde infernos vocês estavam? Querem me matar de preocupação? — Sakura bufava quando Ino e Gaara reapareceram, fazia quase dez minutos que os esperávamos na saída do colégio depois de tê-los procurado por todo lado, sabíamos que ainda estavam na escola, pois pegamos seus materiais na sala.

— Calma, Sakura, eles parecem bem agora. — Eu falei, correndo o risco de levar um soco por mandá-la ter calma.

— Calma, calma nada, Sasuke, eles largaram o ensaio no meio e sumiram! Ela estava chorando! — Antes que ela começasse a me xingar ou avançasse para cima de Gaara, Ino a abraçou.

— Eu estou bem agora, Sakura. Me desculpa por te preocupar. — Ela desarmou a fera, que suavizou sua expressão de preocupação e fúria e retribuiu o abraço.

— Droga, não faz mais isso, você está bem mesmo? — Ino se soltou do abraço e se pôs ao lado de Gaara.

— Agora estamos bem. — Ele respondeu e segurou a mão da loira.

— Finalmente. — Falei.

— Olha quem fala. — O ruivo retrucou e eu sentir meu rosto corar.

— Cala a boca. — Eu disse e percebi que Sakura também ficou sem graça.

— Fico muito feliz por vocês. — Sakura sorriu e eu pensei em como o tempo costumava parecer parar quando eu a via sorrir.

— Obrigada. — disse Ino, seus olhos brilhavam, era bom ver que a loira já não tinha mais nenhum resquício sequer de tristeza neles.

— Então, vamos? — Perguntei.

— Ah, eu tenho que passar em um lugar antes de ir pra casa, então, até amanhã. — Sakura disse e me pareceu um pouco nervosa.

Desconversei e pedi para Gaara e Ino irem embora na frente, não sei por que, mas decidi seguir a Haruno. No meio do caminho me arrependi, ela estava indo na direção da nossa oficina, ia se encontrar com o meu irmão.

É agora. — Pensei em voz alta, ela provavelmente tomaria sua decisão.

Decidi continuar, eu sei que dei espaço à ela para que se resolvesse, mas não podia mentir ao ponto de dizer que tinha certeza de que ela me escolheria. Eu via como ela olhava para ele, como os dois pareciam arder em desejo, e mesmo que fosse só isso, só atração, que o que ela sentia por mim fosse muito mais além — assim eu esperava —, eu não conseguia deixar de sentir medo, medo de que ela já estivesse fora do meu alcance, presa nas garras dele.

Me posicionei no beco ao lado da oficina, subi em uns caixotes empilhados para pode olhar pela janela lateral, que notei dar uma ótima visão de tudo o que acontecia na entrada, e com o silêncio que estava na oficina eu até a ouvi chamá-lo quando entrou — era um bom sinal, eu veria e ouviria tudo.

...

— Oi, Itachi. — Eu disse despertando-o, ele estava sentado na mesa lateral conferindo um caderno que eu deduzi sendo de pedidos da oficina.

— Oi, gatinha. Marcamos alguma coisa hoje? — Ele virou a cadeira giratória para mim.

— Não, eu queria conversar com você. Estamos sozinhos? — perguntei olhando para o fundo da oficina.

— Felizmente, sim. — Ele riu, ah, aquele sorriso.

— Bom... É sobre nós, quer dizer, sobre o que quer esteja acontecendo entre a gente. — Eu estava nervosa, não conseguira simular nenhuma reação dele, eu não sabia o que esperar, Itachi era imprevisível.

— Imaginei que fosse isso.

— Por quê?

— Eu observo você, estudo você. Como um leão e sua presa.

— Para com isso, Itachi. — Eu ri.

— Mas é sério, você e o meu irmão me pareceram íntimos demais hoje. — Ele não parecia irritado, mas estava sério.

— Ah, é? — Me fiz de desentendida.

— É. Aconteceu alguma coisa entre vocês, não é?

— Não do jeito que você está pensando..., mas sim, aconteceu. — Eu falei de uma vez, precisava ser o mais sincera possível.

— Entendo. Então, eu perdi?

— Itachi...

— Você gosta dele, quer dizer, eu sei que também gosta de mim, mas é mais dele, sempre gostou. — Ele disse suavemente, eu não conseguia ler seus sentimentos e isso me perturbava, talvez eu esperasse um pouco mais de ciúmes.

— Sim. Me desculpe, acabei tomando muito do seu tempo...

— Nem pensar, o que acontece entre a gente não tem nada a ver com ele, ou com o que você sente por ele. Nosso tempo juntos foi legal. — Ele se levantou da cadeira e se aproximou.

— Sim, foi, mais do que eu esperava. — Admiti.

— Então, eu posso te pedir uma coisa? — Ele tocou meu rosto e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, como de costume.

— Claro, se eu puder-

Um beijo.

— Que? — minha voz quase não saiu.

— Um beijo. Se você quiser, só um beijo de despedida. — Ele passou a mão pela minha cintura e aproximou nossos corpos, se curvou sobre e mim e continuou. — Seria injusto que nossos corpos não tivessem essa chance. Me deixe lutar com tudo o que tenho antes de aceitar minha derrota.

Fiquei em silêncio. Ergui um pouco a cabeça para que meus olhos encontrassem os dele. Desejo puro e nítido transbordando. Ele tinha razão, razão sobre ter perdido, sim, mas também sobre a nossa forte atração.

— Sim... — Foi tudo o que eu disse antes de ele tomar os meus lábios em um beijo cheio de paixão. Era ansioso, mas ao mesmo tempo não era, ele era muito experiente e sua língua parecia dançar com a minha. Suas mãos subiram para o meu pescoço e senti minha pele se arrepiando embaixo de seus dedos. Eu segurei os seus braços e os apertei, retribui o beijo com todo o desejo que eu tinha guardado por ele. Mas logo afrouxei as mãos e ele se afastou. Meu corpo tinha reagido ao beijo, mas foi só isso, uma explosão. Eu não me emocionei nem um pouco a mais que isso — lascívia. Estávamos ofegantes e não falamos nada enquanto nos encarávamos, ambos corando, eu tinha certeza de que estava muito mais do que ele, mas foi bom vê-lo assim pelo menos uma vez.

— Ainda assim eu perdi? — Ele disse quando recuperou o fôlego, sua voz tremia, eu sabia que ele queria muito mais e estava dando o seu máximo para se conter.

— Sim.

— Sendo assim, espero que você não se arrependa. — Ele passou as mãos pela testa, tirando algumas mechas de seu longo cabelo que caíam no seu rosto.

— Não vou.

— Te levo em casa? — Ele segurou minha mão.

— Acho melhor não. — Eu ri e ele riu. — A gente se vê.

A gente se vê.

Ele soltou minha mão e eu fui embora. Quando passei pela porta da oficina precisei me segurar um pouco na parede do lado de fora. Minha pernas tremiam, eu não conseguia acreditar que tinha mesmo beijado Itachi, mas meu corpo com certeza acreditava. Inspirei fundo e soltei o ar, me recompus e comecei a fazer o caminho de volta para casa. Me sentia leve, bem, como se eu tivesse dado um ponto final em algo que realmente não teria dado certo, no fundo eu sabia que o que mais poderia acontecer entre nós era o sexo, e só isso, não tinha amor, não o que minha alma ansiava sentir, não o que eu nutria pelo Sasuke. Foi mais do que ideal terminar assim, com tudo em seu lugar, sem dúvidas, sem “e se?”.

...

Esperei que ela saísse e virasse na primeira esquina para sair do beco. Eu vi tudo, eu ouvi tudo. O ciúmes queimava dentro de mim e eu só queria entrar naquela oficina e quebrar a cara do meu irmão, mas eu não podia. Eu a fiz sofrer por anos, eu era uma interferência na vida dela há tempo demais, não tinha nenhum direito de me envolver em um momento tão definitivo. Eu sabia o porquê de ela ter aceitado beijá-lo, eu era responsável por criar tudo aquilo, na minha covardia, a entreguei de bandeja para outro homem, como diria meu melhor amigo. Contudo, foi outra coisa que me segurou em silêncio com o peito em chamas enquanto olhava toda aquela cena pela janela.

— Ela me escolheu. — Enquanto eu andava, tomei o caminho em direção ao lago que costumava frequentar com a minha família antes de minha mãe falecer. O vento batia gelado no meu rosto enquanto eu andava na beira da estrada, observando a luz da lua fazendo reflexo na água.

ELA ME ESCOLHEU. — Parei e gritei para o vazio. Comecei a rir como um louco. Um beijo era o máximo que ele tinha conseguido. E daí? Por que eu me importaria? Seriam meus os próximos — e ouso sonhar — os últimos beijos dela, e mais.

— Você agora é carta fora do baralho, irmão.

...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ♥



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