The system of factions escrita por Bruh Sevilha


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, o próximo capítulo começa a iniciação e vocês vão entender que essa história não é tão paralela à do próprio livro haha



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Estou caminhando de volta para casa ao lado de Cameron. Escolhemos ir caminhando para conversar mais... Só que estamos em total silêncio, até Cameron quebrá-lo:

— Prometemos um ao outro que iríamos contar os resultados, certo?

— Sim... Você primeiro.

Ele olha ao redor para ver se não há nenhum sem facção ou estudantes voltando a pé para suas casas. Então ele para do nada e diz:

— Pesley... Não sei como dizer algo assim, mas sou Divergente. Meu teste deu duas facções, sou Divergente.

Ele espera que minha reação seja reconfortá-lo, eu acho.

— De quais facções? — eu pergunto.

— Franqueza e Erudição. O esperado.

— Cameron... Eu também sou Divergente. Meu teste deu três resultados. Não sei como, sabe? Não sabia nem que o sistema suportava algo assim.

— Três facções? Quais? — ele pergunta estupefato.

— Amizade, Abnegação e Audácia. — eu digo e continuo a andar, ele me segue.

— Audácia e Amizade? Mas são facções tão... Opostas. — ele diz confuso.

— Também não entendi. Franqueza e Erudição é até compreensível, pois na Franqueza eles dizem a verdade como algo simples. Na Erudição eles dizem a verdade baseada em fatos. É só algo mais específico.

— Qual facção você escolherá? — ele pergunta.

Paro um momento para pensar. Acho que descartaria a Abnegação, pois posso ser altruísta, mas dizem que na iniciação eles apagam a memória da pessoa para que ela exclua-se de tudo ao redor. Meu irmão não escolheria a Abnegação por que nem de seu resultado saiu, e não quero esquecê-lo.

Posso ser egoísta pensando assim, mas ele seria o único a me aceitar independente de minha escolha. Estou entre escolher a Amizade ou a Audácia.

— Amizade ou Audácia. — eu digo.

— Você pulando de trens em movimento? Ou tocando banjo rodeada de macieiras? — ele pergunta zombeteiro. Eu dou uma risada nasalada.

— Você quer deixar mamãe e papai? — eu pergunto curiosa.

— Nenhum de nós queremos, Pesley. — ele diz.

Caminhamos o resto do caminho em silêncio em nossos devaneios.

Acho que agora é pensar em mim mesma. É pensar se eu escolheria tocar banjos cercada de macieiras, ou pular de trens em movimentos. Não sei qual dos dois são parte de mim.

Talvez eu não tenha um lugar e vire uma sem facção. Solta pelas ruas, livre do sistema de facções e compartilhando meus utensílios. Claro, vivendo numa pobreza extrema, mas ainda sim com algo que nenhum membro de facção terá: a liberdade.

+++

Estamos quase chegando ao edifício que é nossa casa. Falta apenas ir até o final da rua quando Patrick e Renna aparecem.

— Pesley! Cameron! — diz Patrick, atravessando a rua com Renna em seu encalço para chegar até nós.

Paramos ao ouvir nossos nomes. Sorrimos e acenamos aos nossos amigos.

— Oi gente! — eu digo animadamente.

— E aí? Como foram no teste hoje? — Renna pergunta inocentemente.

Estremeço, pois não podemos nem devemos contar nossos resultados. Tento descontrair:

— Aquela substância que mandaram-nos tomar me deixou muito enjoada. — eu digo e dou uma leve risada, tentando fazer Cameron relaxar de seu estado alerta.

Ele entende e também ri, convincente.

— Está bem. Eu vou indo, até mais! — Patrick diz entrando em seu prédio.

— Tem que relaxar, Cameron. — eu digo quando não há mais ninguém por perto.

A rua está vazia pois todo mundo está trabalhando e os ônibus já esvaziaram.

— Pareceu até que você levou um tiro. — eu digo risonha. Ele dá uma leve risada.

— Sabe no que estou pensando? — eu digo finalmente com a atenção dele. — Que não temos nenhum resultado em comum, por isso iremos para facções distintas.

— Pesley! — ele exclama cabisbaixo. — Eu sei disso... Mas não queria que confirmasse.

— Para se auto iludir? Não Cameron. Sabemos que hoje talvez seja o último dia de Pesley e Cameron, os irmãos gêmeos.

Entramos em nosso prédio e ele está calado, pensativo e talvez triste pelo que disse. Antes de abrir a porta eu digo:

— Me desculpe. Não queria deixar você assim. Só faça o que acha certo. Não seremos descobertos. Não deixem te estudar independente de que facção você for. Está bem?

Ele assente com a cabeça e dá um sorriso fraco. Eu retribuo e ele abre a porta.

Fingimos que nada aconteceu. Mamãe e papai estão calados, como o esperado.

Começamos a almoçar. A última vez que almoço a comida da Erudição. Além do café da manhã de amanhã.

— Correu tudo bem nos testes hoje? — meu pai pergunta, limpando a boca e deixando os pratos na pia.

— Sim. — eu e Cameron respondemos em uníssono.

Colocamos nossos utensílios na pia e vamos para o corredor dos quartos. Antes de Cameron entrar em seu quarto eu puxo o braço dele, e ele me encara.

Eu o abraço.

— Aconteça o que acontecer, eu juro solenemente nunca te esquecer ou deixar você sair do meu coração, está bem? Eu te amo, Cameron. Mais do que qualquer coisa. — eu digo.

Ele me abraça de volta e ficamos algum tempo assim.

Não importa o quanto tempo ficamos assim, o importante é que estamos só nós. Nós e mais ninguém. Só Pesley e Cameron.

+++

Acordo no dia seguinte com a cabeça latejando. Não vou tomar nenhum remédio, pois deve ser algo a ver com o estresse que atormenta minha mente.

Vou ao banheiro e faço minha higiene matinal. Como hoje irei ter apenas a Cerimônia de Escolha em vez de aulas, eu me preocupo em usar o menos roupa azul possível.

Olho meu guarda-roupa e pego uma calça jeans azul escuro que é quase preta e uma jaqueta preta, larga. Coloco uma blusa azul claro, mas fecho meu casaco para cobri-la.

Vou até a cozinha para tomar café da manhã.

— Bom dia, querida. — diz minha mãe dando um beijo na minha testa.

Logo após meu pai fala e faz o mesmo. Sento-me na mesa e espero minha mãe acabar de fazer os omeletes e Cameron chegar à cozinha. Comemos o café da manhã em silêncio e quando termino e me levanto, minha mãe diz:

— Não se preocupem... — ela diz com voz fraca. — Não lhe odiaremos se fizerem simplesmente a escolha que devem fazer. Amaremos vocês à qualquer custo.

Assinto com a cabeça e abraço-a. Cameron se levanta e abraça o papai, que se levanta também. Então eu abraço o papai e Cameron abraça a mamãe.

— Fará o que deve ser feito, filha. Sei que fará. — sussurra meu pai em meu ouvido.

Eu afasto-me e me despeço.

Talvez pela última vez.

+++

Chego na escola e vou diretamente ao salão da Cerimônia da Escolha. Há algumas arquibancadas, como em compartimentos; um para cada facção. Me sento com os eruditos, no meio.

Eu tenho muitos amigos na Erudição, mas nos últimos dois dias ando aflita nos meus pensamentos sobre minha divergência, e como ela deve ser escondida, eu me escondo junto pois é parte de mim agora.

Temo que eles descubram. Como Patrick e Renna. Eles são adoráveis.

— Boa sorte! — murmura Cameron, quando já sentamos.

Eu assinto com a cabeça, pois se tentasse falar algo, minha voz não sairia.

Jeanine Matthews sobe no palco e pede silêncio apenas uma vez. Todas as facções se calam, a Audácia, como sempre, por último.

— Olá! Hoje será o dia em que vocês, jovens estudantes, se tornarão futuros membros oficiais da nossa sociedade política dividida em facções. Hoje finalmente reconhecerão seu lugar de direito. — Jeanine diz. Ela faz uma pausa, limpa a garganta e continua: — O futuro pertence àqueles que sabem onde pertencem. Ela passa os olhos por toda a platéia e pronuncia: — Facção antes do sangue.

Facção antes do sangue. — todos repetem em uníssono.

Então todos aplaudem Jeanine. Ela sai e Marcus, um dos líderes mais respeitáveis da Abnegação entra com suas roupas largas, cinzas e sem graças da Abnegação.

Acho que eu não entraria na Abnegação por que não aguentaria toda obsessão pelo altruísmo. Mas são pessoas adoráveis e não vejo por que os eruditos os tratam com tal desrespeito.

Acho que Jeanine quer abusar de seu poder e conseguir cada vez mais dele. Ela quer que a Erudição fique no topo da hierarquia e isso é um egoísmo ridículo. Principalmente por inferiorizar as pessoas com isto.

— Olá futuros membros de nossas facções. — diz Marcus com seu tom sempre respeitável, mas gentil. — Hoje farão a escolha que decidirá o resto de suas vidas, por isso peço que o faça com sabedoria.

— Há muito tempo atrás, nossos fundadores decidiram dividir nossa sociedade em facções para manter a paz, segurança e tranquilidade em nossa civilização. Eles dividiram nossa sociedade em cinco facções, cada uma cultivando sua virtude, sustentando a cidade e excluindo o mal da personalidade humana. Cada facção culpava um defeito.

— Os que culpavam a duplicidade formaram a Franqueza.

Para mim, me juntar a Franqueza nunca foi uma opção, pois além de eu nem ter aptidão para tal, não conseguiria ser toda vez honesta. Talvez ninguém seja cem por cento alguma coisa. Todos tem uma porcentagem de si.

— Os que culpavam a arrogância formaram a Erudição.

Nunca fui inteligente suficiente para tal. Minhas notas sempre foram na média escolar, e isso não é suficiente para um erudito.

— Os que culpavam o egoísmo formaram a Abnegação.

Eu não me juntaria à eles pelos motivos a quais citei: não sou altruísta o bastante para as normas da facção deles.

— Os que culpavam a agressividade formaram a Amizade.

As pessoas da Amizade são amorosas, amáveis, respeitosas e adoráveis. Se me resultado só desse este, eu me juntaria sem hesitar à sua facção.

— E os que culpavam a covardia formaram a Audácia.

A Audácia também me juntaria sem hesitação se meu resultado fosse somente Audácia, mas não é. Fico divida entre as duas. Os membros desta facção são considerado loucos, mas vejo beleza e fascinação em sua "loucura" que também chamo de coragem e admiro muito.

Na Amizade, também são considerados loucos. Tocam banjos cercados de macieiras como se não houvesse nada mais que a paz. A paz é a base de tudo lá, e tenho um fascínio por isso.

— Cada facção ajuda de alguma maneira em nossa sociedade. — diz Marcus. — A Amizade nos fornece comida, a Audácia nos fornece segurança, a Abnegação nos fornece líderes zelosos, a Erudição nos fornece professores e cientistas e a Franqueza nos fornece líderes honestos.

— E agora vocês poderão ser oficialmente desta sociedade, e escolher seu lugar de direito. Facção antes do sangue.

Facção antes do sangue. — todos repetem novamente em uníssono.

Começam a chamar os nomes. Este ano não há muitos transferidos, pois talvez a insegurança e o medo de deixar a família tenham os interceptado.

Penso muito em meus pais, mas não posso e não consigo ficar na Erudição. Não sou suficiente. Eu não passaria na iniciação e viraria uma sem facção, então ficaria longe deles de um jeito ou de outro.

— Pesley Southyn. — ouço Marcus ditar meu nome e me retiro dos devaneios.

Olho para meus pais e minha mãe aperta minha mão e assente com a cabeça.

Levanto-me e caminho até Marcus devagar.

Amizade ou Audácia?

Ele me entrega um punhal que se parece com o qual quase usei no teste de aptidão. Raspo a ponta da faca com ligeira força e ela abre um rasgo. Deixo-a com Marcus novamente e encaro as bacias. Não consigo enxergar nenhuma além das brasas e da terra.

Meu sangue acumula-se na palma da minha mão e é agora que devo escolher.

Estico minha mão.

Fecho os olhos.

Espero que perdoem-me.

Ouço as brasas reagindo com meu sangue que pingou nela.

Sou agressiva.

Sou arrogante.

Sou egoísta.

Sou desonesta.

Mas sou corajosa.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, fiquei super ansiosa para postar o capítulo e aí está. Nem um dia demorei hein. O pessoal do Twitter anda me incentivando bastante, aqueles lindos. E vocês também! Obrigada por lerem sério, seus lindos hahaha!
Postarei o próximo capítulo em aproximadamente 2 dias se eu conseguir está bem? É que eu vou viajar e vai ficar difícil para escrever, mas obrigada gente.
Ah, eu estou pensando em fazer uma fanfic de um final alternativo para Convergente por que não aguento mais sentir calafrios quando lembro do que houve no final, não é? Bom, obrigada novamente e comentem o que acham da fic e desta ideia que tive.
Até o próximo capítulo



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