The system of factions escrita por Bruh Sevilha


Capítulo 17
Capitulo 17


Notas iniciais do capítulo

LEIAM AS NOTAS FINAIS!!!



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Eu até queria ficar para conversar mais com o pessoal, mas eu fiquei morta de sono. Deveria ser algum efeito colateral do soro transmissor da Erudição, que eu não sei quando fará efeito mas tenho que descobrir logo que acordar. Falarei com Tris, Tobias e Zeke e achar uma solução para isso.

Peguei em um sono pesado e acordei assustada com alguém chacoalhando meu corpo. Olho para o lado e encontro Tris com uma cara apavorada.

— O que houve...? — eu pergunto esfregando os olhos.

— Os transmissores! — ela sussurra. — Estão fazendo efeito! Da Erudição! Precisamos sair daqui.

— Se troca e imitemos os movimentos dos outros ao sair. — eu digo. — Se apresse por que eles estão quase acabando, vai!

Eu me troco rapidamente e então espero o resto terminar também. Vou me sentar em uma cama debaixo da beliche e bato a cabeça. Doeu.

Eles marcham em uma fila para fora do dormitório e coloco Tris atrás de mim antes de sair.

— Não entre em pânico. — eu digo para Tris mas serve para mim também.

Olho por rabo de olho para todos e imito os movimentos, vejo o rosto de todos inexpressivos, como se fossem máquinas e não humanos. São como zumbis.

Passamos pelo Fosso e viramos, em direção a linha dos trens. Max olha toda a fila com um sorriso satisfeito estampado no rosto.

Pegamos, sincronizados, armas em uma mesa e a seguramos contra o peito. Continuamos marchando e paramos, para esperar a leva de trás pegar a arma e vamos assim, pausadamente até o trem que está parado e algumas pessoas que também estão sob efeito do soro ajudam outras a subir. Elas sobem o vagão como se fossem robôs. Tobias é um dos que estão ajudando a subir. Ah, entendi, uma pessoa sobe, ajuda a próxima e entra. Tobias segura minha mão e me ajuda a subir. Olho para seu rosto mas ele nem se quer mexe um músculo de tal. Ajudo Will a subir e ele também tem um rosto inexpressivo e vazio. Qual é o meu problema? Por quê não estou igual a eles?

SIMULAÇÃO! Eu já li sobre os soros e suas substâncias e qual é o efeito psicológico que algumas delas misturadas dão e quando o soro é manipulado por uma programação ou transmissores é chamado de simulação. Simulação... Simulação de ataque! É isso! Temos que chegar até a central para desativar os transmissores. Não teria como Jeanine fazer uma simulação de ataque programada pois a programação já foi feita para nos acordar, assim repara-se que são transmissores.

Agora, raciocínio; o que faremos numa simulação de ataque? Certamente atacar, mas o quê ou quem? Os sem-facções? Não. Se Jeanine quisesse atacar os sem-facções ela não precisaria nos obrigar para isso, já que existem guardar que controlam a oposição de alguns rebeldes. Certamente não será a Audácia, nem Erudição. Não temos motivos para atacar a Amizade e a Franqueza nunca deu problemas a ninguém. A única opção que resta é... A Abnegação. Jeanine odeia-os e se não conseguisse remover sua existência por meios naturais, teria que romper um ciclo. Isso não vai ser nada bom.

Alguém do lado de fora, que suspeito ser Max ou Eric, fecha a porta e em poucos minutos o trem começa a andar. Olho para os lados, procurando por Tris ou Zeke, já que são os únicos Divergentes que sei sobre tal coisa. Vejo Tris a poucos metros de distância. Três pessoas na frente. Reparo que ela olha para os lados e então vejo Tobias mais a frente dela. Ela passa por entre os "zumbis" cuidadosamente até que fica ao lado dele. Alguns poucos segundos se passam e ela respira fundo. Olho para suas mãos e vejo que eles a entrelaçaram.

Tobias é Divergente.

Estou estranhando. Acho muitos Divergentes para um iniciação só. Aperto meu pulso esquerdo e imagino o símbolo de diferente que há no meu pulso. Lembro de quando Zeke passou a mão nele na minha primeira vez da tirolesa. Suspiro com a lembrança. Onde ele está? Procuro com os olhos pelo vagão mas ele não está aqui. Ok, ok, respira fundo, vai dar tudo certo.

Após algum tempo, o vagão para e nós pulamos. Tento pular o mais delicado e monótono possível para não chamar atenção e logo retomo o equilíbrio. Não enxergo mais Tris nem Tobias, pois nos dividimos em 4 tropas automaticamente e elas saem uma para cada lado. Estamos no setor da Abnegação. Exato. É claro que seria isso. Eu sabia da rivalidade entre a Abnegação e a Erudição mas não sabia que era tanta à chegar ao ponto de destruição em massa. Jeanine não pensou na hipótese que mesmo que ela mate uma facção inteira, continuará nascendo pessoas com aptidão para o altruísmo? Já basta ela matar os Divergentes, agora quer matar nós e uma facção inteira. Ela quer ser rainha de Chicago? Será tipo a rainha má da história da Branca de Neve, ninguém gosta dela, apenas tem medo de se opor.

Estamos contornando o setor quando vejo alguém da frente no meu grupo atirar em um abnegado. Respiro fundo e engulo em seco passando pelo corpo morto no asfalto. Eles não sabem o que estão fazendo, a simulação foi feita para fazê-los matar. Estão se tornando assassinos sem nem saber disso.

Vou dando passos sutis para o lado e então saio do quadrado que o grupo forma, me recostando na parede e respirando. Corro até o homem deitado e vejo onde a bala o atingiu; cabeça. Ele realmente está morto.

Me esguio pela parede mas no ato se eu fazer isso rápido, eu bato minha cabeça.

Olho para o espaço entre uma casa e outra e vejo duas crianças brincando silenciosamente no degrau da casa, serão mortos. Corro até eles e pergunto ofegante:

— Entrem nessa casa e mandem seus pais e vocês se esconderem, tem um exército da Audácia vindo para cá, matarem vocês sem dó nem piedade.

— Por quê fariam isso? — a garota pergunta.

Os dois são loiros dos olhos azuis e têm aparentemente 14 anos cada. São dois jovens lindos.

— Por quê estão num tipo de simulação, — eu digo e percebo a resistência deles. — Se não fizerem isso por vocês mesmos, façam por mim, por favor!

Eles assentem e entram correndo para dentro de casa gritando para os pais. Suspiro aliviada e vejo que o grupo se espalhou em fileiras. Eles vão se dissolvendo pelas ruas e se espalham como água. Vejo alguém andando preguiçosamente pelas ruas e percebo que é Eric. Ajeito a postura e ando pela rua. Sinto o olhar dele nas minhas costas e me seguro para não estremecer. Ele deve ter descoberto!

Eu tento montar um plano para acabar com isso mas 1. Não sou heroína e nem consigo chegar perto disso; 2. Serei pega antes de terminar o plano e 3. Nem sei onde fica os computadores centrais que controlam a simulação. Sei disso por que estudei sobre isso.

Eu vou entrar em outra casa, como todos os zumbis estão fazendo mas para esconde-los quando vejo Tris parada com Tobias a dois passos para trás de distância.

Aponto minha arma para Eric e me esguio pela parede, Tris balança a mão em sinal de "não faça isso". Eu observo a cena.

Eric toca a bochecha de Tris e ela trinca os dentes, ninguém reparou.

— Isso é uma loucura. — ele diz.

— Eles realmente não conseguem ver a gente? Nem ouvir a gente? — pergunta uma mulher que me parece ser outra líder da Audácia.

— Eles conseguem ver e ouvir. Apenas não estão processando o que veem e ouvem da mesma maneira. Eles recebem ordens dos nossos computadores por meio de transmissores que injetamos neles... — ele encosta no pescoço de Tris onde a agulha foi injetada. — ... E as executa com perfeição.

Eric dá dois passos para o lado e se inclina para perto do rosto de Tobias, sorrindo. Estremeço.

— Que visão maravilhosa. — diz Eric. — O lendário Quatro. Ninguém mais vai lembrar que fiquei em segundo, não é mesmo? Ninguém vai me perguntar: "Como foi treinar com o cara que só tem quatro medos?" — ele saca a arma e aponta para a têmpora direita de Tobias. — Será que alguém notaria se ele levasse um tiro acidental?

— Atire logo. — diz a mulher entediada. — Ele não é nada agora.

— É uma pena que você não tenha aceitado a oferta do Max, Quatro. É uma pena para você, pelo menos.

Eric engatilha a arma e eu miro em seu braço mas quando vou engatilhar a minha arma, Tris se vira e aperta o cano da arma contra a testa de Eric. Seus olhos se arregalam e parece até que ele virou um zumbi. Miro na mulher ao lado dele para ter certeza.

— Afaste a arma para a cabeça dele. — diz Tris quase como um rosnado.

— Você não vai atirar em mim. — diz Eric com uma presunção em sua voz.

— É uma teoria interessante. — diz Tris. Ela mira no seu pé, atira, ele grita, segura os pés com as duas mãos, Tobias atira na perna da mulher e Tris e ele começam a correr.

Se os dois virarem em um beco será fácil de despistar. Soldados da Audácia começam a correr atrás deles e eu dou tiros em suas pernas. Posso até ser treinada para ser fria, porém não mato ninguém. Principalmente quando as pessoas são inocentes e estão numa simulação que destrói sua identidade.

Consigo fazer 9 soldados caírem no chão mas um deles atira nas costas de Tris e depois sai correndo virando o beco. Conheço aquela mulher de algum lugar. Do estúdio de tatuagens... Ela quem fez a do meu pulso.

Tris cai no chão e grita para Tobias:

— Corra!

— Não. — responde ele com uma voz calma e baixa.

Em questão de segundos eles estão cercados e se eu atirar, verão onde estou. Assim como... Eric. Ele passa o olho por mim e me esguio pela parede. Corro pelo beco tentando pensar que ele não me viu ou não me reconheceu e esbarro com alguém. Caio de costas no chão e reparo que bati a cabeça. Doeu.

— Argh... — eu solto um grunhido de frustração.

— Sam? — sussurra alguém mas está meio escuro neste beco. — Sam? Você também é...

— Uriah!!! — eu quase grito. — Cadê o... Zeke?

Reparo que isto é um segredo e contorço o rosto ao pensar que o soltei.

— Relaxa, eu também sei o que ele é. — ele diz e me ajuda a levantar.

— Uri... Não estranha isso? — eu pergunto confusa. — Mais de quatro Divergentes numa turma só de iniciandos.

— E então acontece essa guerra. — ele diz concordando. — Deve estar havendo alguma coisa fora do nosso alcance. Alguma informação que não sabemos e está bem escondida. O mais inteligente a se fazer neste momento é salvar nossas próprias vidas. Depois... Não sei o que acontecerá.

— Mas precisamos salvar as vidas desta facção! Nossa facção nem sabe o que está fazendo, estão sendo assassinos e nem sabem! Uri, me ajuda!

Ele olha para os lados, suspira e assente:

— Está bem, mas como faremos isto?

— Precisamos descobrir onde está a central de comando dos transmissores.

— E como descobriremos...?

— Usando o raciocínio. Posso não ter aptidão para Erudição mas ainda sei fazer isto. — eu digo. — Seria burrice colocar aqui na Abnegação. Na Erudição seria óbvio demais, na Amizade os transmissores não alcançaria, na Franqueza não teria o por quê e na Audácia... Está vazia. É, está lá.

— Em que lugar se lá?

— Na sede, na sala de controle. Toda facção tem uma e se a maioria da tecnologia e computadores está lá, estão lá. Precisamos ir para lá imediatamente.

— Lá... Onde? — pergunta uma voz conhecida atrás de mim. Me viro para ver quem é e vejo Max.

Meus olhos arregalam-se e eu aponto a arma na hora para ele, ouço Uriah fazer o mesmo.

— Eu não faria o mesmo se fosse vocês. — ele diz e aparecem quase oito soldados da Audácia com armas apontadas para nós dois.

Solto um grunhido de frustração; não tenho nenhum plano de escape. Eu posso tentar persuadi-los de que não tivemos os transmissores injetados para proteger a central de comando. Mesmo que ele não se convença, não tenho nada a perder.

— Ah que susto. — eu digo abaixando a arma e colocando a mão na cabeça. — Ainda bem que é você, se fosse a Jeanine ela nos mataria.

Coloco a mão na arma de Uriah para ele abaixá-la e ele entende o recado. Na verdade não todo ele, só percebe que é para entrar no jogo. Max é fácil de ser persuadido, se fosse Eric seria mais difícil, já que ele nos conhece melhor por conta da iniciação.

— O que estão fazendo? São Divergentes? — ele pergunta.

— Não! — eu digo como se estivesse ofendida. — Jeanine nos selecionou como melhores da turma. Eu em tiro e ele em combate, para defendermos a central de controle.

— E por quê mataria vocês? — ele pergunta desconfiado.

— Por quê ela disse que a central de comando seria na Erudição e agora disse que está na Audácia e ainda estão descarregando algumas pessoas dos vagões então ainda não conseguimos chegar lá. Se a central estiver pouco defendida será mais fácil dos idiotas dos Divergentes invadirem. Eu estava dizendo para o Uriah que precisamos que eles separem um vagão para irmos lá.

Ele pensa por um tempo.

— Ah, claro. — ele diz. — Igual ao Peter? Entendi, é que a Jeanine não me passou todos os nomes. Estão atrasados.

— Claro, nos atrasamos. — diz Uriah. — Melhor irmos logo. Foi mal pelo susto, Max.

— Vão logo. — ele diz rindo e mexendo a mão no ar para corrermos.

Começamos a correr por volta das casas e vamos em direção aos trilhos. Há um vagão quase chegando, apressamos o passo e pulamos para dentro. Eu seguro na barra e puxo meu corpo para dentro, Uriah usa a barra a frente.

— Você é genial. — ele diz muito ofegante.

Eu me sento e digo:

— Atuação.

Rimos e sentamos, normalizando as respirações.

— Zeke... — eu suspiro. — Estou preocupada com ele. Muito preocupada.

— Igualmente.

— O sistema de facções vai acabar depois disso. — eu digo indignada. — Como continuaremos se o altruísmo não existir mais, se a Erudição está com sede de poder e quer controlar tudo? Começamos uma época de sombras.

— Tudo vai se normalizar. A guerra vai acabar e podemos reconstruir a cidade. Vamos participar de um livro de história. Na escola, as crianças dirão que somos heróis.

— E se ultrapassássemos a fronteira? Se reconstruíssemos a cidade lá? Parece até que lá tem monstros, do jeito que privam nós a sabermos sobre o que há lá.

— Monstros? Anomalias genéticas! Vamos reforçar essa sua mente erudita.

— Está bem, anomalias genéticas. — eu digo rindo.

O trem para do nada e somos arremessados para frente.

— AH, EU JÁ BATI A CABEÇA MUITO POR HOJE, NÃO ACHAM? — eu grito. — Que porra! — eu murmuro.

— O que foi isso? — pergunta Uriah, assustado.

Vou até a porta do vagão e vejo que ainda não chegamos até o telhado da Audácia.

— Será que... — eu começo e engulo em seco.

— ... Fomos pegos?

— Uriah eu sou encarregada pelo Zeke pra te proteger. Não importa se eu seja mulher. Zeke preferia perder a mim do que você! Corre, se eu te der brecha, você corre.

— Para com isso. — ele diz. — Nenhum de nós vamos ser mortos então não vai precisar me proteger. — ele bagunça meu cabelo e completa: — Relaxa baixinha.

Assinto e digo:

— Estamos numa ponte, se pularmos morremos.

— Então se senta e vamos conversar.

— Eu não consigo ficar calma. — eu digo me sentando ao seu lado. — Tem vários membros da Abnegação morrendo agora.

— Então vamos falar de outra coisa. — ele diz. — Como eu convivi minha vida toda com a Lynn e a Marlene eu sei do que a gente pode falar: fofocas.

— Fofocas? — eu digo e rio. — Quer falar sobre quem?

— Não sei. Diz você.

— Marlene e você. — eu digo. — Eu sei de todos os casais da iniciação mas sempre tiro minhas conclusões.

— O que quer saber sobre nós?

— Dã, vocês dois tem química só pelo jeito de olhar. Sou boa em desvendar mistérios.

— Ta, vou te contar a história mas não diga a ninguém. Nem Tris nem ninguém. — ele diz e eu assinto. — Antes da iniciação, quando tínhamos 13 anos eu comecei minha vida de pegar garotas e eu era bom nisso. Pegava qualquer garota só por olhar para ela. Mas então eu conheci Marlene. Ela estudava na escola a tarde e se mudou para a turma de manhã e eu flertava com ela mas ela não parecia nem aí.

"Eu corria atrás dela e ela não ligava e isso me deixava intrigado. Viramos amigos e depois melhores amigos nesta época. Continuei com a minha vida e então quando tinha 15 anos, no ano passado eu estava em uma festa e decidi que aquele dia eu ficaria com ela."

"Estávamos dançando e fui pegar uma bebida para nós dois e quando voltei ela não estava lá. Procurei por todos os lugares e ela não estava em nenhum. Estava quase desistindo quando encontrei ela num canto se beijando com um garoto chamado Jake que eu odiava profundamente na época, ele se transferiu para a Amizade. Ele passava a mão pela coxa dela, apertava a bunda dela e dava chupões no pescoço. Fiquei revoltado e fiquei com uma garota, mas eu estava tão bravo que a levei para a cama para descontar minha... Carência. Não sei, eu já estava quase bêbado, já que a festa era open bar."

"Eu levei a garota para o meu apartamento e quando ela dormiu eu me arrependi. Quando eu estava colocando meu cinto para sair do apartamento e ir falar com a Marlene para dizer para ela poucas e boas, ela abriu a porta do meu quarto com tudo. A olhei espantado e ela igualmente. Lembro de quando ela disse 'Zeke disse que você estava quase caindo de bêbado. Eu queria ver se estava bem mas reparei que já tem gente cuidando de você' e bateu a porta. A garota acordou e eu gritei para ela sair e ela se vestiu e saiu."

"Nunca me arrependi tanto quanto aquele dia. Ela ficou cinco meses sem falar comigo e depois voltamos a nos entender. Mas sempre que eu tento alguma coisa pra ficar, ela diz que tem medo e diz que não quer se ferir novamente. Um dia conversamos sobre isso e ela disse que me amava, me amava demais mas não podia se envolver comigo. Que não podia me ter de volta e que me conhecer foi um erro do destino. Toda vez que conversamos sério eu digo que a amo e que nunca faria mal a ela e nem queria ter feito. Sou um idiota apaixonado. Isso soa muito gay?"

— Não, que isso! — eu digo.

Nunca imaginei que a história deles fosse profunda. Quer dizer, eles são tão animados sempre, claro que dá para reparar um pouco que eles têm química, mas que eles já passaram por uma história quase de amor? Nunca imaginei.

— E a Lynn? Como conheceram ela? — eu pergunto.

— Ela e a Marlene se conheceram em uma festa de aniversário lá no Fosso mesmo. — ele diz dando de ombros. — A Marlene tem o quê de especial que eu sempre procurei. Em todas as garotas que eu fiquei quando era melhor amigo dela... Nenhuma tinha esse quê que ela tem. — ele fica um tempo sorrindo e depois me pergunta: — Eu sei a história de você e o Zeke mas o que fez você escolhê-lo?

— Assim como eu tenho um mísero amor próprio, gosto de pessoas engraçadas por quê... Bem, gosto de rir. E o Zeke tem também essa coisa especial que ninguém sabe explicar. Ele cuida de mim como se eu fosse a coisa mais preciosa. Ele se preocupa comigo, me olha de um jeito que me faz esquecer das coisas ao meu redor, meus problemas, meus defeitos, minhas preocupações... Tudo.

"Às vezes acho que o amor não se trata de nada. Não tem explicação. É só amar. Eu amo amá-lo e odeio pensar toda hora que um dia vou perdê-lo. Então acontece essa guerra e eu tinha ciúmes dele e da Shauna, ele parecia bravo comigo ontem e eu fiquei tão atingida, como se fosse um soco no estômago. Eu nunca senti isso e ainda estou confusa com tudo isso. Soa nojento né? É nojento, nem eu entendo e é emotivo, eu sei."

— Não é nojento, eu entendo o quê você quer dizer. — ele diz. — Eu vou xingar o Zeke até ele morrer se ele terminar de você. Você será a filha dos meus sobrinhos, ouviu?

Dou risada e assinto.

— Claro. — eu digo. — Mas acho que ele se cansou de mim.

— Ah, cala a...

O trem volta a andar e suspiro dizendo:

— Ufa...

Estamos quase chegando na parte dos trilhos onde a Audácia pula para dentro do trem, por que o telhado é só para pular para fora. Quando chegamos, avistamos Tris, Tobias, Peter, um menino que eu não conheço mas já vi várias vezes na biblioteca do colégio e... Marcus, um líder da Audácia e pai do Tobias.

— Tris? Tobias? Venham nesse vagão. — eu grito para eles e eles começam a correr para nosso vagão.

Eles sobem e eu digo:

— Eu vou pular daqui a pouco, vou na central de controle na sede da Audácia para parar a...

— Já fizemos isso. — diz Tris. — Já paramos a simulação.

Ela mostra um disco rígido e fico aliviada.

— Eu e o Uriah íamos para lá mas o trem parou e ficamos esperando voltar a andar pois estávamos na ponte.

— Tudo bem. — diz Tobias. — Estamos indo para o próximo ponto que der para pular. Talvez Amizade.

— Eu vou para Franqueza. — diz Uriah. — Vá para a Amizade, se eu achar o Zeke eu volto para te avisar e o mesmo se ele estiver lá. — ele diz para mim.

Assinto com a cabeça e todos nos sentamos encostados na parede do vagão.

— Onde será que ele está? — eu murmuro.

Não sei se eu resistirei os dias sem pensar que o Zeke pode estar morto. Não achei meu irmão no caos todo, nem meus pais. Eles estão seguros na Erudição e eu bem que podia ir agora para a Franqueza mas Cam está lá e se já conseguiu enganar os outros fingindo que não é Divergente, está seguro, mas eu não estou e ficar perto dele nesta circunstância não é bom.

Perdi Zeke, meu namorado, Marlene e Lynn, minhas amigas, Cameron, meu irmão e o resto dos iniciandos. Não sei o que farei ao ir para a sede da Amizade. Nem depois. Só vou seguir a linha do trem e então, pularei.

Duvido muito que alguma coisa se encaixe depois de toda esta guerra. A Abnegação quase não existe, Audácia está sendo dividida e então não teremos mais o sistema de facções (The System Of Factions). Teremos uma guerra de facções (The War Of Factions).


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Notas finais do capítulo

Vou falar o mais importante primeiro: Terá uma nova fic, a que eu mais esperei para escrever, já tenho as ideias montadas certinhas e vai se chamar Tha War Of Factions. Comentem aqui o que acharam de toda a fic, do nome da futura fic e se gostaram favoritem e recomendem. Isso não é um adeus, é até breve para The War Of Factions!! Vou programar para o primeiro capítulo de The War Of Factions ser postada na segunda-feira dia 11/08/2014 às 16:00h. Combinado? Pois então até breve, amei vocês terem lido e comentado e recomendado e me ajudado tanto, amo vcs ❤️❤️❤️❤️



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