The system of factions escrita por Bruh Sevilha


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, eu fiquei esse tempo todo sem postar por que estou em semana de provão e fui viajar — tava precisando né. Mas enfim, voltei, e fiz um capítulo bem grande, não é?
Bjs até as notas finais!



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A simulação de hoje foi horrível, frustrante. Pelo menos foi a última.

Eu fui obrigada a matar todos meus amigos, pois Jeanine apareceu com meu irmão de refém e disse que o mataria caso eu não matasse meus amigos. Mas eu não consegui matar todos. Zeke, Tris e Will, não consegui apertar o gatilho. E foi... Torturante cada vez q eu apertava. Mas então pensei em me acalmar e acordei, mas me sinto horrível por ter matado cada um deles.

Como depois da simulação nós somos liberados de quaisquer outras atividades da iniciação, eu decido sair logo daqui. Não definitivamente, claro, eu ficarei na Audácia até onde der mas agora preciso ver Cameron. E se ele não estiver bem? Não quero nem pensar em qualquer pior hipótese.


Vou direto da sala de simulação para o dormitório e lá eu troco de roupa. Coloco uma calça legging e regata pretas e pego um casaco. Solto meu cabelo e amarro meu tênis.

Cautelosamente eu saio do Fosso e vou caminhando em direção aos trilhos do trem e espero o mesmo passar. Ouço o apito dele e já começo a correr. Entro no 3º vagão e percebo que não estou sozinha.

Tris.

— Tris? — eu pergunto surpresa.

— Sam? — ela pergunta igualmente surpresa.

Eu rio mas ela fica apreensiva.

— Então, o que faz aqui? — eu pergunto me sentando ao lado dela.

— Visitar meu irmão na sede da Erudição. — ela diz.

— Eu também, mas no Merciless Mart. — eu digo.

— Sabe... Acho que estou sendo injusta com você. — ela diz.

— Injusta como? — eu pergunto confusa.

— Você me conta de quem você gosta, de quem você é e tudo mas eu nunca me abri com você. Desculpa, é sério. Eu ainda tenho dificuldade nisso de confiança e amizade.

— Em primeiro lugar eu não estou te pressionando a nada, ok? E em segundo eu não ligo. Só quero que saiba que eu confio em você e sei que você é minha amiga, então eu vou continuar falando sobre os meus segredos e não vou te pressionar a contar os seus. Só fica a vontade. É uma amizade e não uma rotina ou obrigação.

— Obrigada. — ela sorri agradecida.

Começamos a conversar sobre livros e quando chegamos na sede da Erudição ela se despede.

Espero pouco tempo pois a sede da Franqueza é perto. Quando chego, salto do trem. Já peguei o jeito de fazer isto.

Está calor, mesmo estando a um mês do inverno. Tiro a jaqueta e a amarro na cintura.

Merciless Mart. Geralmente os iniciandos ficam sempre no edifício principal da facção. Assim como nós ficamos no Fosso.

Eu até queria chamar Zeke para vir comigo, mas além disto ser algo que eu preciso fazer sozinha, ele tem uma vida para cuidar, deve estar preocupado com a simulação e ele não tem nenhuma obrigação de estar colado à mim em todos os momentos. Somos namorados e não irmãos siameses. Namorados? Ficantes? É, eu não sei. Somos... Amigos com benefícios sendo eu apaixonada por ele.

Adentro o edifício e já imagino que terei problemas se eu disser que apenas vim visitar meu irmão, então decido usar minha atuação ao meu favor. Olho para a recepcionista que há cabelos negros presos num rabo-de-cavalo, olhos de mesma cor dos cabelos e uma aparência bem séria. Caminho confiante até ela e digo:

— Olá, boa tarde. Você poderia buscar na lista de iniciandos, Cameron Southyn?

— Para que, senhorita? Não podemos permitir que outras facções se mistu...

— Eu tenho permissão dos líderes da Audácia. Vim passar uma mensagem para ele e alguns outros iniciandos.

— E por que a Audácia teria alguma mensagem para a Franqueza? — ela pergunta levantando uma sobrancelha.

— Bom, o assunto é particular. Só vim entregá-lo. Não vai querer que venha cinco guardas da Audácia armados para entregar essa mensagem. Acredite, sou mais pacífica que isso, mas minha paciência também tem limites.

Ela me analisa por alguns instantes e eu sorrio para ela.

— Nome? — ela pergunta suficientemente convencida e suspirando.

— Pesley Southyn.

— Pode esperar ali sentada na sala que ele já está descendo. — ela diz apontando para alguns sofás.

Eu agradeço e me sento, esperando por Cameron.

Em poucos instantes, o elevador abre e Cameron sai correndo. Eu balanço minha cabeça negativamente. Ele sabe o que quero dizer e para, ajeitando seu terno bem passado e sua gravata. Ele está de preto e branco e eu até riria dele se não estivesse no meio de uma encenação para ter um momento a só com ele.

— Cameron Southyn? — eu pergunto me levantando casualmente e indo em direção lentamente até ele, como se fosse formal.

— Pois não? Soube que a Audácia queria entregar-me uma mensagem, correto? — ele pergunta formalmente.

— Claro. — eu digo então me viro para a secretária e pergunto: — A senhora sabe se há alguma sala onde eu possa conversar com o Sr. Cameron? O assunto é particular.

— Tem uma sala de reunião que ninguém está usando. Posso dar-lhe dez minutos apenas. — ela diz.

Eu sorrio agradecida e digo:

— Serve. Muito obrigada mesmo.

Ela me leva até a sala e nós fingimos sentar um em cada lado da mesa de metal e quando a secretária fecha a porta eu salto da cadeira, contornando a mesa e abraçando-o.

Lágrimas rolam dos meus olhos e não contenho-as.

— Eu estava com tanta saudade, Cameron você não tem noção! Eu fiquei tão preocupada com você e... — eu atropelo minhas palavras.

— Ei, eu já te vi chorando? — ele pergunta secando minhas lágrimas com o dedão.

Coloco minha mão sobre a dele e nós rimos.

— Como está a iniciação? — eu pergunto.

— Sabe do soro da verdade? Pois é, eu já tive que passar por ele umas quatro vezes. — ele diz. — Mas... Ele não funciona.

Eu bagunço o cabelo dele por pura diversão e vontade.

Eu começo a contar para ele sobre o segundo estágio e minha primeira e segunda simulação. Digo tudo sobre minha iniciação menos sobre o beijo com Zeke. Mas menciono ele e meus amigos da Audácia.

— Depois da iniciação, como faremos para nos ver? Vão desconfiar se você sempre estiver com uma mensagem para me dar. — ele diz ao final de toda a história.

— Não sei mas eu prometo voltar para te ver. — eu digo.

— A minha vida aqui na Franqueza não começou ainda. — ele diz. — Não fiz nenhum amigo. Aliás, juro que também darei um jeito para te ver. Eu ia esperar ao fim da iniciação e tudo mais, só que você veio.

Fico pensativa por alguns instantes.

— Cameron preciso que faça uma promessa para mim. Nunca a descumpra. — eu digo o encarando séria.

Ele assente com a cabeça.

— Nunca, nunca, nunca diga sobre sua divergência a ninguém. Eu aprendi a me virar na Audácia. Sou um prodígio com as armas, mas você está na Franqueza e a única coisa que aprende é a não mentir. Portanto, eu já falei para dois amigos e meu instrutor descobriu e vai tentar me ajudar mas é um erro contar a qualquer um, está bem?

— Claro. — ele diz. — Contou para quem?

— Tris e Zeke. Meu instrutor é o Quatro. Darei um jeito de voltar mas não prometo que será breve.

Ele assente com a cabeça melancolicamente.

— Pesley, eu...

— Sam. — eu o interrompo. — Mudei meu nome para Sam.

— Mas eu disse que Sam seria o nome da minha futura filha!

— Terá que pensar em outro.

Nós gargalhamos.

— E sobre o estado amoroso? Como está? — eu pergunto.

A porta se abre e como já tínhamos nos sentado novamente para conversar, eu olho para a recepcionista e dirijo a palavra a Cameron:

— Está bem, informarei sua decisão aos líderes da facção. Voltarei com as decisões deles. Obrigada pelo tempo Sr. Cameron.

— Disponha. Volte mesmo com as decisões, é urgente. — ele diz sério.

Nos levantamos e apertamos as mãos convincentemente.

— Até mais, Sr. Cameron.

— Até mais, Srta. Sam.

Saio da sala e ele aperta o botão do elevador. Antes que eu atravesse a porta, me viro e o encaro. Ele me encara de volta e se desculpa com o olhar. Faço o mesmo e me viro para ir embora.

+++

Em frente aos trilhos, esperando que o trem passe, fico chutando a terra a minha frente, distraída. Pessoas silenciosas têm mentes barulhentas.

Uma folha de jornal atinge levemente meu pé e antes que voe para outro lugar, eu recolho-a.

Eu me assusto ao ler o artigo:

Em mais uma das coletas informativas na sede da Erudição, descobrimos o por quê de Tobias Eaton, filho de Marcus Eaton, se transferiu da Abnegação para a facção da Audácia. Parece que ele sofria abusos violentos em sua residência e fugiu no dia da escolha. Ele apanhava de seu pai. Parece que a facção que tanto prega sermões de altruísmo e 'doa alimentos aos sem-facções' não é tão boa quando seu líder mais influente, Marcus Eaton, é um homem tão mau.

Tobias Eaton. Não preciso nem ver a foto para lembrar dele. Olhos violetas, um corpo forte mas não monstruoso, hábil, e silencioso mas inteligente.

Apenas de rever seu nome, eu lembro quem é.

Tobias Eaton é o Quatro!

+++

Volto para a Audácia e adentro o complexo. Ninguém viu meu sumiço, pelo que parece. Ainda são quase 16:30h e talvez ninguém precisou me procurar, afinal ninguém sentiu minha falta.

Coloco meu casaco que estava amarrado na cintura e caminho até o Fosso. Encontro Will sozinho lá, parecendo pensativo.

— Will? — eu pergunto tirando-o de seus devaneios. — Está tudo bem?

— Na verdade sim. Muito, mas confuso também. — ele diz.

— O que houve? — eu pergunto me apoiando na parede de pedra.

— Não sei se é algo que se fale primeiro para uma amiga do que para um amigo. — ele diz com uma expressão frustrada mas ansiosa.

— Assim você me ofende. Vai, diz logo.

— É que... Eu... Eu... Eu e a Christina meio que... — ele diz nervoso e hesitante.

— Diz logo! — eu o pressiono.

— Eu e a Christina nos beijamos.

Eu dou um sorriso de orelha a orelha, boquiaberta e feliz por eles. AH MEU DEUS UM CASAL!

Bato palmas e dou pulhinhos histéricos. Eu abraço-o contente e depois digo:

— Que vocês se casem e sejam felizes para sempre. Quero ser a madrinha, está bem?

Ele dá risada da minha histeria.

— Calma, não sei nem se estamos realmente namorando.

— Ah, mas irão. São perfeitos juntos. E trate de não morrer nessa iniciação antes do casamento, ouviu?

— Prometo que não vou morrer antes do casamento. — ele diz sorrindo. — Ta eu te falei minha situação amorosa e agora você diz a sua.

— De quem acha que eu gosto?

— Quatro? — ele pergunta com um tom de dúvida. Arqueio as sobrancelhas. — Ta, desculpa. Eu não faço ideia.

— Sério? Nossa, pensei que estivesse óbvio. Até a Tris já desconfiou.

— Ela é uma ótima observadora. — ele diz dando de ombros.

— Pessoas silenciosas e mentes barulhentas.

— Filosofou. Sempre desconfiei que sua aptidão fosse Amizade. Posso até te imaginar tocando banjo com macieiras ao seu redor. — ele diz. — Já eu, sempre me imaginei na Erudição. Em uma biblioteca ou horas na frente de um computador. O teste de aptidão surpreendeu a todos.

— Pois é. — é a única coisa que consigo dizer.

Meu teste de aptidão, e o do meu irmão, nos afastou e nos colocou em perigo, me colocou nesta facção para lutar com meus amigos, aprender a atirar e sei lá o resto. Então eu concordo com ele, nunca imaginei minha vida após os dezesseis anos, mas nunca imaginei também toda esta loucura.

Will e eu conversamos sobre os costumes das facções e eu me sinto tão aliviada por falar novamente com um membro da Erudição mas não uma conversa faculta e complexa, mas séria e sem brincadeiras. Faz tempo que não converso com alguém assim, além da discussão que tive com Zeke, mas isso não foi uma conversa, foi uma briga. Com reconciliação depois.

Vejo Quatro passando e digo ao Will:

— Eu preciso falar com o Quatro sobre o terceiro estágio. Deve ter algum truque para pular o medo.

— Claro, se descobrir me conta. — ele diz quando eu me afasto e eu assinto rindo.

Parece que ele se convenceu.

— Quatro. — eu digo segurando seu ombro e ele dá um tapa e segura meu braço. — Calma.

Foi até difícil chamá-lo assim, sabendo da verdade.

— Desculpa. — ele diz e solta. — O que foi?

— Acho melhor nós conversarmos num lugar reservado. É muito urgente. — eu digo.

— Está bem. — ele diz hesitante. — Me segue.

Nós vamos seguindo pelos corredores e ele para em frente a uma porta de metal pesada. Reconheço ser a sala de treinamento pelo caminho que fizemos.

Nós entramos na sala e ele acende a luz.

— Está vazia. — ele diz, para na minha frente e cruza os braços. — Pode falar.

Eu penso um pouco e falo, pela primeira vez, cabisbaixa.

— Tobias Eaton. — eu digo quase num sussurro. — Você o conhece?

— Onde quer chegar? — ele pergunta inseguro.

Eu desdobro o papel do meu bolso e o estico para ele ver.

— Você é o filho do Marcus Eaton. Tobias Eaton. Veio da Abnegação e se transferiu para a Audácia. — eu digo num tom ainda hesitante. — É verdade isso?

— Sim, sou o filho biológico dele. — ele diz com um tom de fúria aparente em sua voz. — Onde achou isso e por que se importa, Sam? Por que quer tanto saber sobre a minha vida?

— Eu fui na sede da Franqueza e quando estava voltando, vi esse jornal no chão. Eu não sei se devo acreditar neste artigo da Erudição ou não por que você parece que tem medo ou foge do assunto quando é de onde você veio.

— Por que se importa? — ele diz amassando o papel, jogando no chão e cerrando os punhos. — Por que quer saber tudo sobre mim? Pra que?

— Quatro, para com isso! — eu digo nervosa. — Caramba, parece que você é independente e nunca precisa da ajuda de ninguém, para com isso, não é verdade. Ninguém vive sem ajuda! Para de tentar fingir ser o cara mais durão do mundo! Não julgo seu jeito fechado de ser, por que cada um cada um mas para de fingir que não precisa de ninguém!

— Eu não estou tentando parecer nada, só estou falando para parar de se intrometer tanto na vida das pessoas. — ele grita comigo.

O encaro incrédula e digo tentando controlar minha raiva:

— Está bem. Estou me intrometendo tanto na vida dos outros. Você fica com estes segredos inúteis e acha que eu sou apenas uma pessoa qualquer totalmente louca e descontrolada, sem um cuidado, não é? Você acha que não precisa de ninguém. Você é um imbecil, Quatro. Um imbecil. — eu faço uma pausa e respiro fundo. — Só para constar, eu não conto para ninguém sobre isso.

Vou caminhando para a saída da sala.

— É, claro que não conta. — ele diz irônico.

Paro no meio do caminho e me viro lentamente.

— O que eu fiz pra você? — eu grito.

Ele balança a cabeça num sinal de "deixa quieto" ou "se acalma", mas eu continuo:

— Qual é o problema comigo ou com qualquer pessoa?

— O problema é que nenhum de vocês sabem o que eu passo e querem parecer que entendem. — ele diz entredentes.

— E é nossa obrigação te entender? Você é um imbecil. Boa sorte com a Tris com este seu jeito "encantador".

— Quatro! — escuto alguém gritar pelos corredores mas ainda estou na sala de treinamento. — Quatro!

Zeke aparece na porta com os cabelos grudados na testa pelo suor, ofegando de aparentemente tanto correr e com uma expressão desesperada.

— Tris... Ela... — ele diz ofegando. — Chegou nos carros da Erudição e Eric está dando uma bronca nela.... Corre, não parece ser boa coisa.

— Espera! A Tris? Nos carros da Erudição? Ah meu Deus! — eu digo e saio correndo atropelando Zeke.

Se ela fosse apenas visitar seu irmão, teria voltado de trem, igual a mim, mas não de carro! Corro o mais rápido que posso e ouço passos atrás de mim. Talvez seja Quatro ou Zeke.

Será que a Erudição descobriu sobre ela? Ou sobre seu irmão?

Abro as duas portas com uma força que nem eu sabia que tinha.

Recuo quando vejo Eric virado de costas. Quatro aparece e olha para mim enquanto estou esquivada na parede. Eric nem Tris me viram.

— O que você está fazendo? — diz Quatro sério adentrando a sala.

— Saia da sala. — diz Eric com sua compostura brutal.

— Não. — diz Quatro bufando. — Ela é só uma garota tola. Não precisa levá-la ao interrogatório.

— Só uma garota tola? — diz Eric com um tom de voz impaciente. — Se ela fosse só uma garota tola não estaria em primeiro lugar, estaria?

— Eu... Eu só estava envergonhada e não sabia o que fazer... — diz Tris... Chorando? — Eu tentei e...

— Você tentou o quê? — pergunta Eric.

— Me beijar. — diz Tobias. É, posso começar a chamar ele de Tobias, não posso?

Eu tapo minha boca com as mãos e pressiono com tanta força para parar de rir e... NÃO ACREDITO! Tenho vontade de sair gritando e rindo histericamente. EU DISSE! EU SABIA!

— E eu a rejeitei, depois disso ela saiu correndo como uma menina de cinco anos de idade. Não podemos culpá-la por sua estupidez. — diz Tobias.

O encaro incrédula e tenho certeza que ele já imagina tal ato. Que vontade de bater nessa cara!

Eric começa a rir excessivamente alto e parece realmente ter achado graça. MEU QUERIDO, ESTAMOS NO MEIO DO COMEÇO DE UM ROMANCE. PARA DE RIR DESGRAÇADO.

— Ele não é um pouco velho demais para você, hein Tris? — pergunta Eric, zombando.

Eu vou voar no pescoço desse cara se ele não calar a boca.

— Posso ir agora? — pergunta Tris, fungando.

Não acredito que ela está chorando. Ela está encenando! Por que só reparei agora nisto? É... Ela não atua tão mal, mas também não tão bem.

— Tudo bem, — Eric diz. — Mas você não está autorizada a deixar o complexo sem supervisão novamente, você me entendeu? E você... — ele parece falar para Tobias — é melhor garantir que nenhum de nossos outros transferidos deixe o complexo novamente. E que nenhum deles tente beijá-lo.

— Certo. — diz Tobias, revirando os olhos.

Saio correndo pois ouço os passos de Tris rápidos saindo da sala. Dobro um corredor e me lembro que ele vai para o Fosso então eu corro em direção ao mesmo e me escondo do outro lado, num outro corredor.

Onde Zeke está?

Tris aparece balançando as mãos, nervosa e frustrada. Ela se senta encolhendo os braços e pernas, murmurando algumas coisas inaudíveis.

Contorno ela sem ela sequer reparar e caminho até a sala em que eles estavam.

Eric conversa com Tobias e eu me intrometo, fingindo inocência.

— Ouvi gritos e risadas vindos daqui. — eu digo. — Não que isso seja incomum na Audácia, mas então lembrei que se tratava de vocês dois.

— Não foi nada demais. — diz Tobias.

— Na verdade foi, mas não te interessa. — diz Eric, seco.

Ajeito minha postura e lanço um olhar desafiados para Eric.

— Quem você acha que é para falar assim comigo? — eu esbravejo.

— Só... O líder da Audácia. — ele diz presunçoso.

— Isso não muda o fato de que ninguém, nem você, pode falar assim comigo. Então trata de calar essa boca e medir as palavras perto de mim.

Ele se aproxima lentamente, como se fosse um cão prestes a atacar, mas não recuo. Permaneço lá, parada. Mesmo que eu tome uma surra, eu estou pouco me importando, minha dignidade continua de pé, mesmo que eu no chão.

— Você também, meça melhor suas palavras comigo. — ele rosna.

— Não me importo, não tenho medo de você. — eu rosno de volta.

— E você acha que eu tenho? — ele zomba.

— Deveria ter, sim. — eu digo quase perdendo o controle.

— Vamos parar, não é? — diz Tobias ficando entre nós e nos afastando. — Parecem duas crianças se provocando.

Lanço outro olhar de ódio para Tobias e bufo, não podendo bater nele, claro.

Cravo minhas unhas nas próprias palmas das mãos, respiro fundo e digo:

— Está bem. Tchau. Vocês quem se mordam aí.

Saio batendo os pés no chão e passo por Zeke. Ele me segura pelo braço e diz preocupado:

— Ei, onde esteve a tarde toda?

Olho para seu rosto e sinto compaixão pela sua expressão. Sei que é algo estranho de dizer, mas a preocupação estampada em seu rosto é de partir meu coração. Uma estranha vontade de abraçá-lo e dizer que nunca vou sair de seu lado toma conta de mim mas eu apenas sorrio, acolhedora e digo:

— Só fui visitar meu irmão. Lembra da primeira simulação? Que eu disse que... Vi meu irmão sangrando? Então... Eu fui visitá-lo.

Meu rosto é tomado por um rubor enorme, por lembrar a maneira que eu disse sobre a simulação para ele. Quando discuti com ele. Mas me lembro da reconciliação que tivemos e meu rosto esquenta ainda mais, mas sorrio com a lembrança e o caminho que isso tudo nos levou.

Ele me abraça pela cintura, também sorrindo e caminhamos pelos corredores, conversando sobre nossos irmãos e preocupações. Só isso, sem amasso, ciúmes, briga ou qualquer coisa do tipo.

Só eu e ele.

Só nós dois.


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Notas finais do capítulo

Essa etapa da fic ta quase acabando e daqui a pouco começa a narração de insurgente e eu vou deixar vocês um pouco ansiosos: vai ter narração da Sam E do ZEKE!!!
Pois bem, comentem o que acharam deste capítulo e me dêem sugestões.
ALIÁS, leiam minha outra fic, to só começando ainda, portanto as coisas ficam melhores no 4º capítulo — e ainda estou no segundo.
Até o próximo capítulo desta ou da outra fic!



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