The system of factions escrita por Bruh Sevilha


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, voltei.
Tenho 2 coisas pra falar.
1- fiquei sem postar essa semana por que tive uma crise de dor de cabeça, fui pro hospital ontem e não conseguia ver a luz que eu já ficava like a vampire hahahaha' parece que virei uma vítima da enxaqueca, mas estou de volta com um capítulo ENORME.
2- estou pensando em escrever uma fanfic de colegial. Ou um romance, ainda estou com duas bases de história em mente, mas quero saber se vocês acham que eu escrevo bem e se eu devo mesmo fazer uma fanfic de base original. Comentem o que acham. Obrigadaa, até as notas finais ❤️❤️



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— Acho que o resultado do seu teste de aptidão deu Amizade. — diz Marlene enquanto estamos sentados num canto do trem; eu, ela, Lynn, Uriah, Zeke, Tris, Will, Al e Christina.

— O que te faz pensar isso? — eu digo rindo.

— Você e o Zeke. Dois membros da Amizade encubados. — diz Uriah.

Eu dou risada assim como todos mas meus ombros não chacoalham, como geralmente fazem. Estou tensa. Zeke repara nisso, pois percebo que ele me encara desconfiado. Desvio o olhar.

— Iniciandos! — grita Eric com um grito abafado por conta do trem.

Todos se calam aos poucos e Quatro joga uma bolsa no chão, cheia de armas vermelhas que nem parecem armas de verdade, parecem de brinquedo.

— Estamos indo jogar um caça-bandeira. — diz Eric. — Acho melhor levarem a sério, pois é um jogo de muita importância e honra aqui na Audácia.

— Neste vagão tem gente nascidos da Audácia? — pergunta Quatro olhando para Uriah, Zeke, Lynn, Marlene e outras três pessoas. — Eram para estar no outro vagão. Ah, esquece, dividiremos do mesmo jeito.

— Então, o objetivo é capturar a bandeira. Lutaremos com armas, e usarão o treinamento de vocês com isto. — diz Eric. — As armas estão carregadas com dardos neuro-estimulantes.

— E o que isto quer dizer? Que são balas de borracha inofensivas? — pergunta Molly.

Eric pega um dardo e carrega a arma preguiçosamente. Atira na coxa de Molly e ela cai no chão e começa a dar rugidos de dor, como se tivesse levado um tiro real.

— Elas estimulam a dor que uma bala de verdade daria. Dura alguns segundos ou um minuto. — diz ele. — Eu e Quatro seremos os capitães mas vocês bolam o plano.

Observo como Eric mede suas palavras e ele parece... Um membro da Erudição. Sei como são e sei como falam.

Eric era um membro de lá.

— Pode começar a escolher. — diz Quatro.

— Está bem. Edward.

— Careta.

Eu olho para Tris e dou um sorriso. Não sei como ela interpretou meu ato, mas é algo como "sei quão boa você é, e ele também". Espero que ela entendeu.

— O que foi, Quatro? Está escolhendo os mais fracos para depois ter a quem culpar? — pergunta Eric, sarcástico.

— É, mais ou menos isto. — diz dando de ombros.

— Peter. — diz Eric.

— Christina.

— Molly.

— Sam. — diz Quatro.

Ele me olha e dá um sorriso zombeteiro e eu lhe mostro o dedo do meio.

— Drew. — diz Eric.

E eles escolhem o resto dos transferidos.

Reparei que Quatro só escolheu os menores e mais fracos para seu time. Entendi perfeitamente sua estratégia. Este jogo não requer força alguma e Eric é extremamente burro por pensar que os brutamontes precisarão da força. Pelo contrário, precisaremos de agilidade e rapidez. E claro, uma mira boa.

— Iniciandos nascidos da Audácia. — diz Eric.

Eles começam a falar os nomes de alguns e depois eu só presto atenção em quando começam a chamar meus amigos.

— Zeke. — diz Quatro.

— Uriah. — diz Eric.

— Lynn.

— April.

— Marlene. — diz Quatro.

Estou no time dos meus amigos, por mais que não valha muito, é bom trabalhar com quem você já conhece. Mais confiança e facilidade em bolar os planos.

+++

Chegamos ao campo e temos determinado tempo para esconder a bandeira. O campo que temos é um antigo parque de diversão, com destaque de uma enorme roda-gigante. Imagino todo este lugar iluminado. Será que era iluminado? Imagino vendedores distribuindo doces como bolos, biscoitos e pipoca.

Estamos ao lado de um carrossel e todo mundo começou a discutir por que ninguém bola um plano em onde esconder a bandeira. Vejo Tris pensativa e alheia ao que os outros dizem. Ela olha ao redor e para observando a roda-gigante. Sai correndo em direção a ela. Eu até a seguiria, mas Quatro foi atrás dela.

Será que ele... Não. Ele é só um instrutor que está impedindo que ela faça besteiras. Por mais que este não faça o estilo da Tris.

Eu tenho motivos para acreditar que Tris é Divergente. Ela é altruísta, assim como na vez que se ofereceu para ir no lugar de Al quando treinamos arremesso de facas. Ela é corajosa pelo mesmo motivo e também por ter enfrentado Peter algumas vezes em discussões, superando o medo de que ele poderia fazer qualquer coisa violenta contra ela depois. Talvez ela seja Divergente entre Audácia e Abnegação. Talvez o resultado do teste dela realmente tenha sido Abnegação mas ela omitiu o de Audácia quando estávamos conversando.

Eu poderia confiar nela para dizer que sou Divergente e ela teria a certeza de que pode contar comigo.

— Olá? Chamando! — diz Zeke cutucando meu rosto.

Saio dos meus devaneios e digo:

— Ah, oi, desculpe, estava pensando.

— Acho melhor sairmos daqui, essa discussão só está nos atrasando.

Eu assinto, ele pega na minha mão e me guia para nos afastarmos. Eu chamaria Lynn e Marlene, mas elas também estão discutindo.

Sinto um calafrio intenso percorrer pelas minhas pernas até meu peito e tal dá um solavanco.

Esfrego as mãos nos braços me desvencilhando da mão de Zeke, está frio. Estou apenas com um casaco finíssimo.

— Acho que estou ficando resfriada. — eu digo baixo.

— Por quê? — ele pergunta.

— Estou tendo calafrios e meu coração está descompassado.

Olho para ele que está com uma expressão de "Ãhn?".

— Desculpa, eu vou ficar bem. — eu digo rindo e olhando para os sapatos.

Ele ri, balança a cabeça e tira o casaco. Ele passa ao redor dos meus ombros. Seus músculos ficam a mostra assim, com a camiseta apertada ao redor do bíceps e... Droga. Estou um pouco tonta.

— Aqui está, Srta. Resfriada. — ele diz sorrindo.

Eu me agarro ao casaco e suspiro. Um cheiro de laranja, maçã e um perfume masculino invade meus pulmões. Vou batizar de cheiro de Zeke. Fecho os olhos enquanto andamos, apenas absorvendo este cheiro. Queria sumir dentro deste casaco que chega no meio das minhas coxas e deixam um palmo a mais do meu braço.

Gosto de coisas que vestem largas e grandes demais.

— O que faremos? — eu pergunto. — Brigar não ajuda a vencer este jogo, certo?

— Tris e Quatro estão subindo a roda-gigante para ver onde o outro grupo está. — ele diz apontando para a roda-gigante e enxergo dois pontinhos que devem ser os dois. — O resto do grupo está brigando. Talvez devêssemos espionar o outro time.

— Boa ideia, mas onde está o outro time? — eu pergunto olhando para os lados.

— Acho que deveríamos fazer um plano antes de qualquer coisa, — Zeke começa a dizer. — eles vão brigar mais ainda se aparecermos lá com uma informação e sem um pla...

Eu levo minha mão até a boca dele e o empurro até uma árvore. Colo meu corpo ao dele para não nos enxergarem. Ele me encara confuso e eu o encaro alerta e desesperada. Seu rosto está a cinco centímetros do meu. Ele abraça minhas costas, colando mais meu corpo contra o dele. Parece que entendeu o por que de eu ter feito isso.

— Onde o outro grupo foi procurar o time deles? — pergunta quem reconheço ser Uriah.

— Foi em direção a roda-gigante. — diz Peter. — Eles são fracos, não vão nos vencer.

— Você não sabe o que ta falando, garoto. — diz Uriah, impaciente. — Não precisa de força nesse jogo.

— Você me odeia por causa do seu irmão? — pergunta Peter. Mas por incrível que pareça, não ouço seu sarcasmo ou ironia. Só um fundo de sinceridade. — Sério, nunca brincou com ninguém antes? Os membros da Audácia não são sérios. Pode não acreditar, mas eu fiz aquilo para me enturmar. Vejo que não funcionou. Eu nem sabia que a Sam tinha fobia de escuro.

Apoio minha testa no peito de Zeke e solto a minha mão de sua boca. Suspiro como um pedido de desculpa e ele apoia o queixo no topo da minha cabeça. Nem tinha reparado que fiquei nas pontas dos pés para tampar a boca de Zeke e... Ficar da altura dele. Droga, é oficial, eu gosto do Zeke.

Vejo Uriah, Peter e o resto das pessoas que estavam com ele mas não reconheci, se afastarem mais. Suficiente para eu sair da cola de Zeke mas... Não saio.

Eu tiro minha cabeça de seu peito e o encaro. Não vou perder minha sanidade, ah não vou. Mas sua boca... Sua respiração que surpreendentemente está tão falha quanto a minha... O mundo ao meu redor desapareceu. Minha sanidade, meu juízo, sumiu. Mas um resto da minha consciência grita "Não faça isso, Pesley." e eu não ouço a mensagem, e sim meu antigo nome. Meu antigo eu. Minha sanidade volta aos poucos e eu tenho vontade de chutá-la para fora, mas não. Zeke não gosta de mim, quem gostaria? Sou só a amiga engraçada que ninguém leva a sério só por que está sempre rindo. Talvez Zeke tenha o mesmo problema, de ninguém levá-lo a sério. Podia o beijar agora. Me pendurar ao seu pescoço e beijá-lo, mas estamos no meio de um jogo importante. Se eu não passar do primeiro estágio da iniciação, nunca mais poderei vê-lo.

Eu me afasto a três pés de distância dele e fico andando de um lado para o outro. Onde eu estou com a cabeça? Zeke pode até gostar de mim, mas garanto que não seja nada além de atração. Como já citei: ninguém gosta de mim, quem gostaria?

— Estão nos procurando. — eu digo. — Temos que avisar nosso time, nem que isso não leve a nada.

— Se fosse uma erudita, o que faria? — ele pergunta ainda com a respiração falha e parece desnorteado.

Tento não sorrir. Em vão.

— Eu tenho jeito de quem tem aptidão para Erudição? — ele diz.

— E eu tenho? — eu pergunto arqueando as sobrancelhas e o encarando.

Ele faz o mesmo.

— Não sei. — ele diz e semicerra os olhos.

Franzo o cenho. Ele suspeita que... Ah, não. Eu deveria contar a ele mas já estou ciente de que isso é perigoso e que não devo confiar em ninguém. Nem mesmo em Zeke? Será mesmo que as aparências enganam tanto assim? Talvez eu deveria ser mais fechada sobre mim mesma. Eu falo muito e sou excessivamente aberta. Acho que não tenho como evitar, é uma parte de mim.

— Vamos avisá-los. — eu digo e começo a correr.

Alcanço o time e começo a dizer ofegante mas alto o suficiente para prestarem atenção. Eles ainda estão brigando, que droga!

— O outro time está nos procurando enquanto vocês brigam, seus babacas! — eu grito e todo mundo para. — Eles já esconderam a bandeira deles e vocês não fizeram nada além de gritarem um com os outros. O que resta a fazer é esconder a bandeira em qualquer lugar e ir procurar a...

— Sabemos onde a bandeira deles está. — diz Quatro puxando

Tris pela mão atrás dele.

É oficial, eles têm alguma coisa ou se ainda não tem, terão.

— Olhamos lá do alto. — diz Tris apontando para a roda-gigante que está LIGADA! — Já sabemos onde estão.

— E vocês tem algum plano? — pergunta Christina.

— Na verdade, sim. — diz Tris. — Podemos dividir-nos em dois grupos; os que distrairão o adversário e o que irá atrás da bandeira.

— Tris, Christina e eu vamos atrás da bandeira e o resto distrai. — eu digo. — Vocês soltarão alguns sinalizadores e bombas para lá — aponto para a floresta que é onde estão — e nós contornaremos o pântano e... Onde está a bandeira?

— No topo daquela torre com o sino. Está num tipo de sala que há várias cordas, que puxam o sino. — diz Tris. — Vão soltar a bomba antes que seja tarde demais. E Zeke, esconda a bandeira em qualquer lugar, desde que não tão óbvio. Depois você fica de guarda na saída da torre. Vamos logo!

Eu, Christina e Tris corremos em contorno do pântano.

Chegando em frente a porta, há Molly e outra inicianda nascida da Audácia observando ao redor, elas não nos notam.

— Tris, atire no peito, elas ficarão apagadas por mais tempo. Sei como estes dardos funcionam. — eu digo. — Vamos, quando eu e Tris atirarmos, você corre Chris. Agarre a bandeira e nós subiremos para ver se está tudo bem. É para ser rápida!

— Está bem. — ela diz.

Eu aceno para Tris atirar e acertamos exatamente no peito das adversárias.

Christina corre e começa a subir as escadas.
— Tris, pode ir, eu fico de guarda! — eu digo. — O outro time entendeu o plano e estão vindo, pode ter mais alguém perto da bandeira, é meio óbvio.

Ela corre para cima e eu observo todos os lados. Os dardos me deixarão marca.

Vejo alguns pontinhos brilhantes correndo para minha direção. Vários deles.

— Merda... — eu murmuro.

Um deles atira mas acerta na parede. Os pontos de luz não me permite enxergar a forma inteira, mas eu arrisco meus tiros. Dois pontos de luz caem no chão e começo a enxergar melhor os outros.

Há mais seis. Droga!

Eu olho rapidamente para os lados e procuro algo em que eu possa me esconder para não ser um alvo tão fácil e encontro. A porta para a escada da torre. Nossa, o quão burra eu sou para deixar de notar essa porta?

Corro em direção a porta e sou atingida por uma bala na parte superior do braço, mas não paro. A dor é realmente horrível e fecho a porta atrás de mim.

Vai passar, repito a mim mesma.

Vai passar.

Tranco a porta atrás de mim, mas o fecho será facilmente arrombado. Eles batem e esmurram a porta furiosamente.

Está extremamente escuro aqui. Começo a suar e penso 'Não vai acontecer nada, eu estou bem. Eu estou bem'.

— Tris, Christina, vão logo! — eu berro o mais alto que posso para elas ouvirem mas a torre é alta demais para elas me ouvirem daqui.

Droga, droga, droga. Meu pânico está tomando conta de mim e parece que não posso controlá-lo.

Escorrego pela porta e ainda tento segurá-la. O barulho dos esmurres na porta não ajudam à me acalmar.

Há pessoas furiosas batendo na porta atrás de mim agora, eu estou no meio de um pânico de escuro e tenho que me acalmar e ainda estou com a sensação de que levei um tiro na perna. Está tudo uma beleza, né?

Ouço gritos de vitória e as batidas param, substituídas por armas caindo no chão e grunhidos frustrados. Sorrio, aliviada.

Abro a porta e vejo todos com expressões raivosas e a luz da lua. Respiro fundo e me acalmo.

Corro pelas escadas o mais rápido que posso. A torre é muito alta.

Chegando lá em cima, vou até um tipo de varanda que há nas quatro pontas do andar e grito:

— Conseguiram!

— Nós conseguimos. Vem. — diz Tris abrindo um espaço para eu segurar a bandeira.

Eu seguro e grito para a multidão abaixo:

— Os mais fracos venceram, porra!

Olho para Tris e ela faz uma expressão de 'você falou um palavrão'. Eu dou risada.

Vencemos. Os mais "fracos" venceram.

+++

— Srta. Sam, nada gentil o que disse quando conquistou sua bandeira. — diz Zeke, zombando de mim.

— Zeke! Seu casaco... — eu digo tirando o casaco e jogando nele de brincadeira. — Obrigada.

Uriah aparece e apoia sua mão no meu ombro e de Tris.

— Tris e Sam... Que tal irmos para... Um ritual de iniciação? — ele pergunta.

Olho para ele sorrindo de brincadeira.

— Quer nos estuprar, seu psicopata? — eu pergunto.

— Meu Deus, assim você me ofende. — ele diz fingindo ressentimento. — Não preciso obrigarem as garotas a ficarem comigo, elas vem por que querem.

— Claro, bonitão. — eu digo. — Qual o ritual?

— É surpresa, mas te garanto que não vou estuprar nenhuma de vocês.

Nós rimos e eu e Tris vamos com ele e Zeke.

+++

Chegamos a um edifício que Zeke disse que se chama Hancock. É alto. Não apenas alto, é extremamente alto.

Eu , Tris e Uriah fomos buscar Lynn e Marlene enquanto Zeke foi para o edifício. Ele disse que precisava chegar primeiro e não deu explicações.

É um edifício que se o viesse de passagem, confundiria com a ruínas da cidade, mas ele é mais alto que qualquer um.

Tris ainda não se familiarizou com o pessoal então ainda não se sente a vontade para dizer qualquer coisa.

Entramos no edifício e Uriah liga um gerador de energia que move o elevador.

— São cem andares. — ele diz. — Não vai querer subir de escada.

O elevador chega e nós entramos. Lynn pisa no pé de Tris e não se desculpa.

— Se desculpe, Lynn. — diz Uriah.

— Não preciso, ela é uma Careta, vai superar. — Lynn diz.

— Não sou mais uma Careta e você não tem educação. São coisas diferentes. — diz Tris.

— Meça suas palavras ao falar comigo, Careta. — ruge Lynn.

— Tris, relaxa, não compensa. — diz Uriah colocando a mão sobre seu ombro.

Chegamos ao 99º andar e subimos um lance de escada. Uriah empurra uma porta que há uma placa escrita "Saída de Emergência" e quando consegue finalmente escancará-la, um vento quase me empurra para trás, se Tris não me segurasse pelos ombros. Eu me estabilizo e nós saímos.

Estamos no telhado desse edifício.

Tudo bem, nunca tive medo de altura e pelo contrário; eu sempre gostei dela.

— Uriah... O que estamos fazendo no telhado do edifício Hancock? — eu pergunto.

— Faz parte da surpresa. — ele diz e acena com a cabeça em direção a borda do telhado.

Zeke está lá, amarrando as cintas de uma garota. Observo a cena, ele amarra tudo e então a garota fica pendurada num fio amarrado num poste bem firmado no chão. Ela fica na posição horizontal, virada para o céu e de costas para o chão.

— Vai lá, Shauna! — grita Lynn.

— Quem é Shauna? — eu pergunto enquanto entramos na fila.

— Minha irmã. — Lynn diz e eu ouço seu orgulho. — Ela vem aqui na tirolesa uma vez por semana!

— Tirolesa? — eu e Tris perguntamos em uníssono.

— Você estragou a surpresa, Lynn. — diz Uriah.

Deixo Uriah ir na frente e quando Zeke o lança ele solta um grito. Vai sumindo no horizonte. Até onde a corda leva?

Lynn vai de pernas apontadas para a frente e vejo um sorriso pequeno em seu rosto antes de ir. Demora um pouco para Zeke liberar o próximo, que no caso já sou eu.

— Próximo... — ele diz antes de olhar para mim. — Sam. Pode vir.

Eu me aproximo e ele amarra a cinta em volta da minha cintura e nas minhas coxas. Tenho vergonha, não sei.

— Vai querer ir em que posição? — ele pergunta sorrindo.

— De cabeça. — eu digo.

Ele me ajeita e eu cruzo os braços ao peito.

— Diferente. — cochicha Zeke ao meu ouvido.

Eu o encaro, ele aponta para meu pulso e sorrimos um para o outro.

Eu não sei mais o que acontece comigo quando estou perto de Zeke e eu nunca pensei que um dia esse clichê estaria na minha cabeça.

As vezes eu tenho vontade de que quando tudo está errado, eu poderia correr para ele, abraçá-lo e beijá-lo. Mas não posso pensar assim, por que ele é meu melhor amigo e nunca arriscaria nossa amizade.

Seria tortura me afastar dele. Será que eu teria que fazer isto? Será que eu teria que me afastar de Zeke para não arriscar nada? Essa é a ideia mais idiota que já tive.

Acho que a ideia mais idiota que já tive, na verdade, foi gostar de Zeke.

— Um, dois, três. Lançar. — ele diz e me solta.

Sou lançada para frente e vejo tudo. Chicago em ruínas. Talvez todos pensem que é horrível mas posso garantir o contrário. É tudo morto, ao mesmo tempo mais vivo do que nunca. Lembro-me de uma vez que eu conversava com Cameron e eu disse a ele que tinha a teoria de que todos os prédios em ruínas foram efeitos de uma guerra que mudou tudo. Depois dessa guerra, o resto do mundo foi devastado por radioatividade, seca ou falta de alimentos e só sobrou Chicago. Para manter tudo em ordem com os últimos humanos da terra, eles criaram o sistema de facções. Cameron me chamou de louca, mas talvez eu ainda acredite nesta teoria.

Passo pelo parque e pela roda-gigante. Tem uma montanha russa! Eu já li sobre elas no livro que peguei na biblioteca no ano passado. Passo pelo pântano, torre com sino.

Suspiro e abro os braços. Encosto no meu reflexo do prédio ao lado. Nada melhor do que essa tirolesa. Essa sensação de que sou e estou livre.

Passo pelas ferragens de um prédio! O prédio está com um buraco enorme e passo por dentro das ferragens dele! Incrível!

Eu passo por curvas e a sensação... Não há igual.

Vejo o Merciless Mart, as fazendas da Amizade, o Eixo, a sede da Erudição. Acho que não há sensação melhor do que esta: liberdade.

Me aproximo do fim do fio e vejo as pessoas embaixo.

Solto um grito e esmurro o ar e eles fazem o mesmo.

— Puxa o freio! — ouço Shauna gritar.

Eu puxo o freio e o gancho que me prende a esta corda solta e eu caio em direção aos membros da Audácia esperando por minha queda com os braços formando uma rede. Penso que vai doer, mas quando me choco contra os braços deles, é como cair numa nuvem. Macia.

Eles me deixam em pé.

— Vai esperar alguém? — pergunta Shauna.

— Sim. Duas pessoas. — eu digo.

Tris e Zeke.

+++

Após esperar um tempo depois da minha queda, vejo Tris na posição de um pássaro, vindo em nossa direção. Eu me junto às pessoas que vão segurá-la e nós fazemos a rede. Ela esmurra o ar igual a mim e grita.

Todos gritam junto.

— Puxa o freio! — eu e Shauna gritamos juntas.

Ela puxa e cai.

Ajudo-a a se estabilizar e ela diz:

— Zeke já está descendo depois de mim. Eu era a última da fila.

— Está bem. — eu digo. — Vamos sentar ali e esperar.

Nós nos sentamos numa parte da sala e ela diz:

— Posso te perguntar uma coisa? Não fica brava comigo se eu entendi mal.

— Claro, eu também tenho algo para te perguntar e preciso que seja o mais honesta possível. Assim como serei com você.

Ela assente com a cabeça e eu prossigo.

— Por eu ser da Erudição, você pode achar que eu sou aliada aos estudos, lógica e ciência... Mas não sou assim. O máximo que eu gosto são os livros de ficção.

— Eu sei disso, você já disse e...

— Não. Eu já disse mil vezes mas não caiu a ficha. Eu nunca pertenci a lá. Eu, na verdade, não pertenço a nenhum lugar. — eu abaixo a cabeça e olho para meus dedos. — Estou arriscando minha vida pra contar isso a você, Tris. Por isso queria que fosse honesta quando eu te perguntar. Mas antes, sou eu quem tenho que dar o voto de confiança. Então... Lá vai: Tris, eu sou Divergente.

— Você está brincando? — ela pergunta.

— Não. Amizade, Abnegação e Audácia. E minha pergunta é: você também é? Porque já não sei quem eu sou, onde pertenço e que risco estou correndo. Eu não te conheço pela vida toda, mas eu... Acho que confio em você o bastante.

— Eu... Também não sei quem sou.

Eu a encaro e dou um sorriso acolhedor. Ela me abraça e eu retribuo. Depois ela me solta e pergunta:

— E Zeke? Não confia nele o suficiente?

— Só não sei como contar para ele. Algumas pessoas tem medo disso.

— Está bem, minha vez de perguntar. — ela diz e nós ajeitamos nossas posturas como se nada houvesse acontecido.

— Claro, sua vez de perguntar. — eu digo.

— Não é nada tão sério. Sei que entre vocês dois não aconteceu nada – ainda – mas... Você gosta dele?

Penso um pouco. A resposta é sim, eu gosto dele. Talvez não apenas goste, talvez seja algo a mais que isso. Mas também pode ser que seja só uma confusão adolescente.

Mas e Tris? Quatro parece gostar dela mas e o contrário? Não vou abordá-la com esse assunto, por que Quatro me odiaria por dizer eu que gosta da Tris.

— É tão evidente? — eu digo finalmente envergonhada. — Nossa, escondo as coisas muito mal.

— Na verdade não. — ela diz rindo. — Eu tinha visto vocês dois depois da briga com o Peter e só... Deduzi. Quer dizer, você se afastou e eu fiquei com essa dúvida ecoando na minha cabeça. Ele gosta de você. Mas eu não sabia se você retribuía isso.

Assinto com a cabeça e vejo ele chegando da tirolesa.

— Nunca tivemos essa conversa. — eu digo.

— Que conversa? — ela diz irônica, nós rimos e levantamos.

— Perdi muita coisa? — pergunta Zeke chegando com Uriah em seu encalço.

— Só a Tris caindo da tirolesa. — eu digo.

— Ei! Eu não sabia que o 'freio' soltava o gancho em vez de parar a aceleração! — ela diz na defensiva.

Nós caminhamos conversando até o refeitório, para a janta.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, comentem o que acharam do capítulo, o que recomendam para o futuro da história e o que acham de eu escrever uma fanfic de base original.
Eu fiz esse capítulo mega gigante para compensar o fato que não conseguirei escrever NADA até segunda, já que vou assistir ACEDE ou chorar no cinema, mesma coisa hahaha e domingo tenho vestibular, torçam por mim hahahaha'.
Obrigada por lerem, de verdade. Até o próximo capítulo.



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