Pelo escuro escrita por Olavih


Capítulo 7
Babá de bêbado


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoas queridas, aqui está mais um capítulo. Aproveitem!



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Capítulo 7

O lugar onde levei Ethan chamava-se Party all Day. Era uma casa noturna que ficava a dois quilômetros de casa. Esta boate era diferente das outras. Em baixo era um restaurante, nível classe média mesmo. Em cima era a balada. Subimos as escadas e chegamos aonde nos interessava. O local, como todos os outros, era escuro, iluminado apenas pelas luzes do bar e da pista de dança. A música, shot me down – de David Guetta ft. Skylar Grey tocava alta agitando a pista. Abri um sorriso e puxei Ethan comigo.

Com as roupas que escolhi ele estava fabuloso. Não muito sedutor, afinal ainda era Ethan, mas charmoso do seu jeito. Fomos andando até o bar. Ele parecia visivelmente desconfortável, mas isso mudaria depois de uns copos de vodca. Vamos ver até onde Ethan é capaz de chegar.

—Só quero te avisar que eu fico bêbado com facilidade. — alertou ele.

—Ótimo, assim eu gasto pouco dinheiro. — ri. Ele franziu o cenho.

—Eu pago a minha bebida, obrigado. E se brincar, pago a sua também.

—Você pagou o lanche, minha vez de pagar agora. — retruco e viro de costas para falar com o barman. Pedi três doses de vodca e quando ele nos trouxe nos servimos. Kyra ainda estava do nosso lado, mas não estava prestando atenção em nós. Em vez disso ela olhava ao redor, procurando alguém que eu ainda não sabia quem era. Então me aproximei dela e falei.

—Quem é?

—Quem o que Eva? — ela perguntou de volta.

—Quem você está procurando. — ela pensou antes de responder novamente.

—Caio. Espero que não se impor...

—É claro que não. — interrompi-a. Bati em suas costas e pedi mais doses. Brindamos quando já as tínhamos nas mãos. Kyra riu.

—Você é inacreditável. O primeiro cara bom que aparece na sua vida e você desperdiça.

—Não estou desperdiçando, estou apenas dando a quem será mais útil. Ele e eu com certeza não duraria.

—Oh ele chegou. — e sem pensar ela já foi caminhando a seu encontro. Bem, menos um. Voltei-me para Ethan que ainda estava desconfortável. — agora é a sua vez.

—Isso é mesmo necessário?

—Sua mãe pagou e ela quer ver resultados. Assim como eu. Agora vamos lá, como você chegaria a uma garota? — encarei seus olhos. Mas estes não me observavam. Em vez disso fitavam a pista de dança e qualquer outro lugar, menos meus olhos. Sorri.

—Isso é tão constrangedor... — gemeu ele.

—Foco Ethan! Como? — ele se virou para mim e me encarou. Fingi estar distraída, me mexendo ao ritmo da música que agora era Spectrum – Zedd.

—E aí, tudo bem? — ele perguntou com um sorriso nada convincente. Olhei-o e com uma expressão de desprezo virei meu corpo como se fosse ir embora. Ouvi-o bufar. — não está ajudando.

—Acha que alguma garota vai chegar perto de você com esse sorriso nada convincente e essa abordagem? Mulher gosta de caras confiantes, que já chegam mostrando que mandam no pedaço. De novo. — fingi distração novamente. Ele chegou muito perto, mas sem tocar em mim e falou.

—Gata você está esperando ônibus? Porque você está no ponto. — abri a boca espantada. Ethan apenas riu como uma criança. Não resisti e ri também.

—Ethan, olha no fundo dos meus olhos, por favor! — ele ainda rindo fitou-me. — nunca, em hipótese alguma faça uma cantada, está bem? Nunca. — recupero-me da crise de risos. Ele já estava mais risonho e aquilo era bom. Já estava perdendo a vergonha. — e outra, que tipo de cara confiante é esse que chega sem nem tocar na pessoa? Tá, vamos lá. Você é a garota!

—Olha só: não! Não vou passar por mais essa vergonha. — ele replicou. — além do mais que tipo de garota de família gosta de caras que já chegam tocando? Vocês não são touch screen. — soltei uma gargalhada sonora.

—Alô, Terra chamando Ethan? Que garota de família vai estar aqui? Acorda filho! — falei batendo em sua testa. —e outra, não é cutucar e sim pegar na cintura. Mas está certo, garotas assim só querem você por uma noite. Então, vamos agir com uma abordagem diferente. — pensei por alguns segundos. Mais doses chegaram e nós tomamos. A ideia surgiu com a mesma rapidez que a vodca subiu a minha cabeça. — vamos lá, você vai fazer assim: observar. Garotas amam ser observadas. Está vendo aquela ali? — perguntei apontando para uma menina do outro lado do bar. Ela segurava um colar à frente de seu rosto examinando-o com uma expressão melancólica. Bebericou algo em um copo em um movimento automático.

—O que tem?

—Aposto que terminou com o namorado. Entende o que eu estou querendo dizer? Ali nascerá sua oportunidade.

—O que quer que eu faça?

—Quero que vá até lá e converse com ela.

—Mas com qual abordagem? — perguntou ele nervoso. Então com um movimento rápido abriu dois botões da camiseta. — está quente aqui ou é impressão minha?

—É a vodca. Enfim, você vai fazer exatamente assim: vai chegar, e dizer “se quer afogar as mágoas, sugiro um bom uísque.” Ela provavelmente vai sorrir e concordar. Pague a bebida para vocês dois. Se pagar só para ela, a garota vai pensar que está mal intencionado. Daí você começa a puxar um assunto. Não fale do garoto apenas sobre ela. E não diga que ela está bonita de primeira. Embora a garota saiba suas intenções logo de cara, você tem que ser sutil.

—Como um leão caçando a presa?

—Como um leão caçando a presa! — concordei. Ele pegou mais uma dose e virou rapidamente. Depois balançou a cabeça. E então sorriu.

—Deseje-me sorte.

—Sorte! — digo empurrando-o para frente e rindo.

Observar nunca foi meu forte. Sempre fui inquieta de mais até para ver televisão. Mas ali era extremamente necessário. Precisava reparar nos erros que Ethan cometeria. Como por exemplo, falar muito baixo, o que fizesse com que a garota perguntasse o tempo todo o que ele estava dizendo. Outro erro era o jeito atrapalhado com que se movia, passando pouca confiança. Balancei a cabeça e virei para frente bem a tempo de flagrar o barman me observando.

—Oi. — cumprimentou ele envergonhado.

—Olá.

—Então você ajuda amigos hã? — ele perguntou sorrindo. Analisei rapidamente. Olhos azuis, cabelos raspados e pretos, uma barba fina que acompanhava a linha de seu maxilar. Sorri.

—Um dos meus passatempos. — beberiquei a vodca observando-o.

—Deve ser bem divertido.

—Esse é o primeiro. Não sei dizer ainda. — dei de ombros. A bebida começava a deixar o mundo mais interessante.

—Imagino que seja bom. — ele serviu a moça ao lado e depois se virou para mim de novo. — não vem sempre aqui certo?

—primeira vez. — digo sorrindo. Noto que atrás do rapaz que me servia havia uma placa: precisa-se de garçom. — vocês precisam de empregados?

—Sim. Ainda não achamos ninguém e tal. Mas é no restaurante. — ele limpou alguns copos.

—E eles aceitam mulheres também?

—Você seria a primeira. — ele sorriu. — mas acho que sim.

—E o salário?

—É bom. As condições também. Tem um final de semana de folga e outro não. — concordei com a cabeça.

—Se eu vier aqui amanhã para uma entrevista, teria que ser que horas?

—Cedo. Venha as oito da manhã. Traga um currículo.

—Acha que o chefe vai gostar de mim? — ele sorriu. Antes que pudesse responder eu notei que Ethan não estava mais no lugar de antes. — espera onde está Ethan?

— Seu amigo? Acho que ele está na pista de dança. — bati em minha própria testa. — isso não é bom? Pista de dança é ótimo pra paquera.

—É, mas é a primeira paquera dele. Além disso, não sei se ele dança bem. — digo com uma expressão preocupada, procurando-o com o olhar. Achei Kyra e Caio que dançavam distraídos, mas nenhum sinal de Ethan. Bufei e me levantei.

—Foi ótimo o papo... — não completei esperando um nome.

—Jacob.

—Jacob. Sou Eva. Volto aqui amanhã. — ele apenas acenou e eu já tinha ido. Primeiramente aproximei-me de Kyra. Ela e Caio riam e dançavam juntos. Toquei o ombro de minha amiga. Ela se virou e sorriu visivelmente bêbada. Isso não é bom. — Kyra, não acho o Ethan. E oi Caio.

—Oi Eva. — ele não estava tão bêbado e segurava firme a cintura de Kyra, como se temesse ela cair.

—Oh ele deve estar por aí. — ela acenou como se a mão dançasse. Depois observou a mesma e riu descontrolada. Retiro o que eu disse; a situação estava pior do que eu imaginava.

—Kyra presta atenção! Ele sumiu. Estava meio bêbado e sumiu com uma garota...

—Oh isso é bom não? Ela e ele agora podem estar... — e então começou a rir. Revirei os olhos.

—Ele foi para lá. O vi faz alguns minutos. — disse Caio. Kyra cambaleou, mas ele a segurou firme.

—Desculpe por isso Caio.

—Ah tá tudo bem. Kyra só exagerou um pouco. — sorriu Caio. Revirei os olhos e agradeci com um aceno. Virei-me andando na direção que Caio havia apontado.

Havia pessoas por todo lado. Alguns dançando, outros bebendo, conversando, se beijando... Ethan se encaixava no último grupo. Embora ele tenha afirmado não ser muito bom com garotas, os dois pareciam bem entrosados no beijo. Ia me virar para voltar ao meu lugar, quando vi uma cena muito bizarra. Ethan que beijava a garota fervorosamente despregou-se dela de repente e vomitou ao seu lado, parte na garota, parte na parede. A morena fechou os olhos com uma expressão de nojo. Espelhei sua expressão.

Antes que Ethan tivesse tempo de se explicar, ou a garota tivesse tempo de te bater, corri até meu amigo e o puxei pela manga da camiseta, distribuindo “desculpa” a menina que ele tinha beijado. Continuei puxando Ethan até onde eu havia encontrado Caio e Kyra e quando chegamos, expliquei brevemente a situação a Caio. Ele, por sua vez, entendeu minha necessidade de ir embora e puxou Kyra com ele. Ela resistiu e começou a espernear, mas ele a pegou no colo e saiu carregando-a pela boate inteira. Quando descemos as escadas e chegamos ao carro de Caio, Ethan não parava de falar.

Durante nosso trajeto Ethan continuou falando o tempo todo. Ele murmurava em como vomitou na menina, em como ela beijava bem e outras coisas que honestamente não estava a fim de ouvir. Kyra dormia no banco da frente e eu tentava fazer Ethan não vomitar. Quando chegamos Caio carregou Kyra até o quarto dela enquanto eu levei Ethan ao banheiro.

—Quer que eu fique pra ajudar?

—Não, você deve estar cheio de compromissos pra amanhã. Pode ir pra sua casa, eu cuido desses dois.

—Mesmo?

—Mesmo, mesmo. — rimos. Ele beijou-me no rosto e saiu. Quando o vi fechar a porta, tranquei-a e voltei-me para o banheiro. Ethan havia vomitado de novo no chão. Ainda bem que meu estômago era extremamente forte, se não...

—Evangeline eu já falei que você é linda? — perguntou Ethan sorrindo. Fiz uma careta.

—Não querido. Você nunca me disse. Agora, por favor, bocheche essa água e a jogue fora logo depois. — ele obedeceu. Olhei para ele que se apoiava na parede para poder ficar em pé. Tive que soltar uma risada. Ethan era muito engraçado bêbado.

—Eva... Acho que eu vou...

—No vaso, rápido. — segurei sua cabeça enquanto ele vomitava ainda mais. —tem mais alguma coisa no seu estômago?

—Não. — ele pensou depois sorriu. — não, não deve ter! — e riu mais uma vez.

—Bochecha de novo. E não engole! — ordenei. Ele obedeceu. Estava cheirando mal e muito bêbado, eu tinha que dar um jeito. Então o coloquei em pé e comecei a tirar sua camisa.

—Sempre quis que uma mulher bonita arrancasse minha camiseta. — ele sorriu enquanto eu ri.

—Cala a boca Ethan. Agora tira a calça.

—Mas aqui no banheiro?

—Ethan não vai acontecer nada disso que você acha que vai. Agora tira logo essa calça. — ele tirou emburrado. Abri o chuveiro e o empurrei na água gelada. Ele gritou.

—Não! Sua cruela. Eu quero minha mãe! — comecei a rir.

—Você vai ficar bem Ethan, é pro seu próprio bem.

—O pai do Quatro falava isso para ele quando o batia com chicote. — franzi o cenho.

—Do que você está falando Ethan.

—De divergente. — ele falou emburrado. Peguei uma bucha e lavei seu tórax. Ethan não era sarado, mas não era fora de forma. Seu peito era pouco peludo ele tinha um começo de tanquinho. Estranhamente eu o achei bonito assim. Sempre preferi homens com o corpo sarado, mas Ethan era bonito com suas características fora dos padrões de beleza.

Desliguei o chuveiro e peguei uma toalha que achei ali. Enrolei-o e o levei até seu quarto. Ele tremia e o deixei sentado em sua cama, procurando no guardarroupa uma roupa quente para ele vestir. Achei um conjunto de moletom e o entreguei junto com uma cueca nova.

—Vista. — ordenei e sai do quarto. Quando voltei trouxe um doce nas mãos. Ele estava sentado na cama com um olhar vago. Sentei-me ao seu lado e ofereci o doce.

—Obrigado.

—Se sente melhor?

—Sou ridículo.

—Você não é ridículo. Só exagerou na bebida. É normal. — ele mordeu seu doce e ficamos em silêncio. Quando terminou, ele se aproximou e beijou meu rosto, ternamente.

—Obrigado. De verdade. — então se deitou na cama e dormiu rapidamente. Fiquei observando-o com um sorriso bobo e a mão onde ele beijou.


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Notas finais do capítulo

E aí curtiram? Diga-me o que acharam e no que eu posso melhorar



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