Pelo escuro escrita por Olavih


Capítulo 5
Sabores bizarros


Notas iniciais do capítulo

Uau. Acho que eu mereço uma surra. Mas não qualquer surra. Uma surra bem dada mesmo, de cinto kkk. Brincadeira pessoas, não me batam. Então deixe-me explicar: quando comecei essa fic eu realmente não estava muito empolgada entende? Apenas comecei para me exercitar, pra não deixar de escrever algo. Daí conforme foi passando eu perdi a vontade de escrever, mesmo tendo vcs como leitores. Pois eu afirmo agora: mesmo que haja somente um leitor eu vou continuar tá bom? Não vou abandonar vocês porque não é algo legal a fazer kk. Enfim, o capítulo de hoje tem música. Chama everybody's got somebody but me - Hunter Hayes ft. Jason Mars. Não sei se vocês já ouviram, mas eu gosto. Vou deixar o link no capítulo k. Fiz um capítulo tranquilo e caprichado pra vocês. Espero que me perdoem. Um beijo pra cada uma/um. Leiam com sabedoria kk.



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—EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ IRIA JOGAR UMA CRIANÇA INOCENTE DA SACADA DA ESCADA! — já havia, no mínimo, uma hora que Kyra estava gritando. A casa ainda estava bagunçada, porém as crianças já haviam sido entregues para a coordenadora da creche, onde deveriam estar. A creche sofrera uma inundação e por isso Kyra ofereceu nossa casa como creche. O resto da história vocês já sabem.

—Não sabia que Kyra tinha uma voz tão forte. —comentou Ethan. Abafei uma risada que não foi passada despercebida por Kyra.

—E VOCÊ ACHA ENGRAÇADO ISSO EVANGELINE? ACHA MESMO?

—OPA AÍ TU APELOU! — levantei. —Escuta, eu sei que você ficou brava, mas já tem no mínimo uma hora que você está gritando sem parar. Não quer nem ao menos tomar uma água, descansar a voz, depois você pode alugar nossos ouvidos. — será que eu achei mesmo que isso iria funcionar? Kyra olhou para mim com uma expressão que me fez sentar imediatamente.

—Tudo bem, minha voz está doendo mesmo. — Kyra sentou pesadamente no sofá e foi aí que eu percebi que não era a bagunça das crianças ou a minha falta de maturidade. O problema era outro.

Levantei e me aproximei. Ela estava com o rosto apoiado nas mãos, como se estivesse muito cansada ou tivesse perdido as esperanças.

—Kyra, o que está acontecendo? — perguntei suavemente sentando ao seu lado e tocando seu ombro.

Ela levantou o rosto preocupado.

—Um dos meus primeiros projetos, o meu favorito está acabando por falta de um maldito papel de valor. — franzi a testa.

—Explique amor.

—Dinheiro Eva. Eu preciso de dinheiro se quero fazer a Fundação O Futuro Começa Hoje funcionar. O projeto não tem nem seis meses e eu vejo que aquelas crianças cuidando tão bem das atividades propostas, com tantos projetos e sonhos, elas só não têm uma pessoa rica para patrocinar.

—Mas Kyra e se nós pedíssemos...

—Não vou pedir para aquele mercenário. — interrompeu rapidamente Kyra. Desde sempre Kyra e seu pai eram brigados por conta desse pequeno impasse: a ganância. O pai de Kyra era extremamente ganancioso e controlador. Antes de ela ir para a faculdade de jornalismo eles tiveram uma briga muito feia onde Kyra se negou ser filha dele. Desde então é ela quem paga suas contas e só usa o sobrenome da mãe, a qual ela ainda fala. Apesar de ser o pai dela que comprou a casa, ela só o aceitou porque Ethan disse ser um presente para ele e que eles iriam morar juntos porque Ethan queria.

—Acho que não é hora para ter orgulho Kyra.

—Eu não sou filha daquele homem mais está bem? — Kyra se levantou e começou a mexer a mão, como fazia quando estava nervosa.

Balancei a perna pensando em uma solução. O que eu podia fazer para ajudar Kyra nesse momento? Tudo que ela precisava era o que eu não tinha. Eu até podia pegar emprestado com meu pai, mas nem se quer trabalho eu tenho como iria pagá-lo?

Foi então que minha mente pensou em algo. É claro, como foi que eu não havia me lembrado disso antes? Levantei de supetão, com um sorriso já pronto no rosto e olhei para a expressão preocupada de Kyra, que tinha uma mão no queixo e o olhar meio perdido. Assim que ela viu meu sorriso, ensaiou o próprio.

—No que está pensando Eva?

—Algo que vai te ajudar. — sorri. — muito. Tem dinheiro para fazer mais um evento?

—Não. Quer dizer, só se for algo simples e tal.

—Que tal uma só uma apresentação? Você faz o que faz no dia a dia com elas. — ofereci-me.

—Mas não temos material nenhum quase;

—Eu posso conseguir o material necessário. — resumiu Ethan com um sorriso.

—Certo. E eu organizo. Mas agora diz Eva, qual seu plano?

—Será surpresa. Apenas faça seu trabalho que eu vou te ajudar. — beijei a testa de Kyra e subi correndo para meu quarto, sorrindo com as expressões confusas deles.

***

Meu celular estava em cima do guardarroupa. Por quê? Ninguém sabe. Mas rapidamente o peguei e disquei o número de Caio andando de um lado para o outro, totalmente ansiosa. Ele atendeu no quarto toque.

—Eva?

—Oi Caio, eu sei que eu prometi esperar você ligar e imagino que só me ligaria amanhã, ou no meio da semana, mas preciso falar contigo.

—Vixi, posso sentir que é algo meio urgente.

—Gosto assim, raciocínio rápido. — sorri ao falar.

—Pois conte em que posso ser útil.

—Você ainda está procurando projetos para apoiar?

***

A semana passou rápido. Nenhuma agitação que valesse a pena ser contada. Procurei emprego por toda a cidade, levando currículo a muitas agências. Quase cinquenta por cento disse não precisar de mais modelos por enquanto, mas se caso precisasse iria chamar. Não era bom, mas era melhor que nada.

Ethan e eu nos relacionamos bem durante esse tempo. As conversas agora pareciam mais frequentes e volta e meia eu podia percebê-lo vigiando-me. Ele passou a reparar mais nos horários que eu comia e às vezes chegava com algo e me obrigava a comer. Em parte eu ficava com raiva. Ele não era ninguém para cuidar da minha alimentação. Porém outra parte gostava quando ele me vigiava, ou se importava comigo.

Kyra passou a semana me amolando. Ela não podia me ver que já começava a me bombardear com perguntas. Se eu não fosse tão teimosa, teria cedido fácil. Porém essa não sou eu, e tudo que fiz foi colocar o volume máximo do celular e ignorá-la o máximo que deu. Por fim ela nem mesmo tentava falar comigo.

Quando o sábado chegou ela levantou cedo se arrumou e partiu para a escolinha. Ethan ficaria responsável por me levar consigo. Então ele esperou pacientemente quarenta e cinco minutos enquanto jogava o vídeo game novo que havia comprado. Quando desci ele abriu os braços exasperados.

—Caramba garota, pelo tanto que você demorou achei que estivesse fazendo uma plástica.

—Desculpa. Agora vamos logo, não quero deixar meu convidado esperando.

Trancamos a casa e entramos no carro de Ethan. Ele colocou um CD no rádio e a música que tocou era uma que eu amava: Everbody's got somebody but me – Hunter Hayes ft. Jason Mars. Arregalei os olhos e cantei junto deles a canção, rindo com o refrão. Ethan encarou-me espantado.

—Você conhece?

—Só essa. Mas já é o suficiente. — sorri. Voltei à música. — você é o Hunter, eu sou o Jason.

I wish the couple on the corner would just get a room

Seems like everyone around me is on their honey moon

I'd love to take a pin

To a heart shaped balloon

Everybody's got somebody but me

Olhei para ele enquanto esperava minha vez de cantar.

I don't know how I landed on this movie set

It's like a casting call for 'Romeo and Juliet'

I never would have noticed if we'd never met

But everybody's got somebody but me

E finalmente juntos.

And I miss you

Without you I just don't fit in

I know we're through

But I'm wishing we could try it again

I hear loves songs playing on the radio

People slow dancing everywhere I go

I'm a good slow dancer

But you'd never know

'Cause everybody's got somebody but me

Yeah they do

Ethan tinha uma voz bonita e melodiosa e por vezes sorri ao vê-lo cantar. Novamente não consegui reconhecer o garoto tímido de muito tempo atrás. Aquele Ethan nunca sorriria para mim no café da manhã, ou cantaria enquanto me levava a algum lugar. Decididamente, eu gostava mais do Ethan de agora.

O resto do caminho foi pura brincadeira. Cantávamos e brincávamos de contar os carros na rua, ele contava os vermelhos e eu os azuis. Quem contasse menos pagaria um sorvete à outra pessoa. Torci para ter mais carros azuis, porque sinceramente estava sem dinheiro. Quando chegamos ele estava perdendo por um. Sorri em parte orgulhosa e outra aliviada. Ethan pareceu ler meu sorriso e não compreender, mantendo uma expressão confusa no rosto. Não queria explicar, por isso saltei do carro e localizei meu convidado a alguns metros de mim.

Caio sorria com seus olhos azuis brilhando em expectativa. Corri até ele e lancei meus braços ao redor de seu pescoço. Ele abraçou minha cintura e nos soltamos. Ouvi Ethan se aproximar e voltei-me para ele.

—Caio, este é Ethan. Ethan, este é Caio. — eles trocaram apertos de mão.

—Então senhorita mistério, o que está querendo me mostrar?

—Ah então você também não sabe? — perguntou Ethan levantando as sobrancelhas para mim. Ambos me olharam e eu sorri satisfeita.

—É uma das minhas qualidades. — sussurrei mais alto e convencida. Depois virei às costas e fiz um sinal para que me seguissem. — venham maricas, se quiserem acabar com o mistério.

Aproximamo-nos da construção. Era grande, rodeada por uma cerca preta. Através desta havia um jardim composto de gramas e muitas, muitas flores. Havia algumas pequenas árvores também. Cheguei ao portão e abri-o para os meninos. Eles entraram e me esperaram fechar. Quando o fiz passei por eles encarando rapidamente a fachada do prédio. Era amarela, sem escritas e havia muitas janelas. Entramos sentindo o ar abafado do local.

Logo na entrada uma mulher nos recebeu com um sorriso meigo. Ela não demorou muito em mim, prestando mais atenção em Caio. Ele sorriu torto, com suas covinhas retas decorando suas bochechas. Revirei os olhos; não tínhamos tempo para isso. Agradeci a moça por sua ótima recepção e subimos as escadas. O prédio tinha quatro andares e sem nenhum elevador. Kyra estava no terceiro andar, por isso chegamos lá cansados. Caio que vinha usando um paletó o tirou rapidamente.

O corredor apresentava janelas do lado esquerdo e portas no direito. Três para ser mais exata. Todas estavam pintadas de branco com desenhos pregamos na porta. Bati na que estava com o número 1.

—Oi tia Kyra. — disse em homenagem as crianças. Ela sorriu de forma engraçada.

—Oi Evan...

—Não se atreva. — digo rapidamente. — garota desagradável. — rimos. Então, lembro-me do por que vim. — Então Kyra, este é Caio. Caio, esta é Kyra. Se quiserem saber os sobrenomes, vão ter que perguntar a si mesmos. — dei de ombros. Kyra apertou a mão de Caio.

—Boor. — completou Kyra.

—Valdez. — seguiu Caio.

—Então me deixa explicar tudo. Caio, Kyra coordena a fundação O Futuro Começa Hoje, e os detalhes eu a deixarei explicar. Mas ela precisa de dinheiro e é aí que você entra. Kyra acho que agora é a sua deixa.

—Oh sim, claro. — ela parecia maravilhada. Voltou-se para a sala rapidamente e gritou: — hora de ir ver as nossas Angiospermas! — as crianças gritam de alegria e saem rapidamente tentando não atropelar umas as outras. Todos seguimos os lances de escadas abaixo para o pátio. Quando Kyra começa a explicar o projeto, pego o braço de Ethan, entrelaçando com o meu.

—Hã Kyra? Não se importa de ficar a sós com Caio não é? Você sabe que minha paciência é curta pra algumas coisas. Além do mais, Ethan me deve um sorvete. — olhei para ele ainda vitoriosa. Kyra, que parecia enrubescida apenas acenou com a cabeça.

Separamo-nos deles e caminhamos pelo pátio. Não vendia sorvetes no colégio em si, mas na esquina da frente sim. Saímos do colégio, certificando de que o portão realmente estivesse trancado e andamos tranquilamente até o outro lado da rua, ambos sem dizer nada. Quando chegamos, era hora de montar o próprio sorvete.

Peguei meu copo e procurei sabores novos pelos três frízeres que a sorveteria tinha. Acabei escolhendo Passas ao rum, creme, chocolate e carioca. Enchi de cobertura, calda de chocolate e doces e quando pesei percebi o erro: seis reais de sorvete.

Acenei com a cabeça e minha mente automaticamente começou a imaginar quantas calorias eu ganharia por esse pote. Respirei fundo. Não precisava mais calcular nada, eu estava bem. Tinha que me recuperar se não ficaria louca. Reprimi o pensamento e observei os sabores que Ethan escolhera. Chiclete, Morango e leite condensado, abacaxi e uva.

—Uau Ethan, se algum dia eu quiser saber como misturar sabores tão bizarros, não vou me esquecer de chamar você.

—E desde quando Passas ao rum combina com Chocolate?

—E desde quando alguém resolve tomar sorvete de chiclete? Achei que só as crianças gostavam disso. — Ethan se concentrou em seu sorvete.

—Você tá é com inveja da minha criatividade.

—Inveja é?

—Claro. — ele cavou um enorme pedaço de sorvete e o colocou na boca. Era chiclete com cobertura de chocolate. Retorci o rosto e voltei aos meus sabores.

A mesa em que estávamos ficava ao ar livre. O vento batia fraco, mas mesmo assim jogava meus cabelos lisos e loiros para longe de meu rosto. Ele bagunçava os de Ethan, se é que há como eles ficarem piores. Ethan tomando sorvete era engraçado. Ele se lambuzava desesperado e perdido em sua própria montanha. Parecia que estava tomando o último copo de sorvete do mundo e por isso tinha que aproveitar ao máximo.

—É a sua comida preferida? — perguntei sorrindo.

—Sim, acho que sim. Apesar de que comida é sempre comida para mim.

—É verdade, para mim também. Com exceção da comida da minha mãe. — disse eu. — quando ela fazia era horrível. — nós rimos. Depois sobraram apenas sorrisos tristes. Minha mãe morrera quando eu ainda tinha dez anos.

—Sente muita falta dela?

—Todos os dias. Ainda me lembro de como ela sorria em meio a tanta dor. — sorrio triste lembrando-me de como foram nossos últimos momentos juntas. Ela parecia tão feliz que nunca me dei conta de que ela estava sofrendo. Apenas quando cresci entendi que era o melhor para ela. Às vezes, quando se ama uma pessoa temos que deixa-la ir.

Ethan pegou na minha mão e buscou meus olhos, plantando um sorriso em seus lábios. Sorrio de volta e então de repente uma senhora aparece. Ela está com o uniforme da sorveteria e carrega uma cesta de maçãs do amor, sorrindo gentilmente.

—E esse jovem casal aceita uma maçã do amor?

—Hã, não somos um...

—É não somos um casal. — Ethan e eu negamos rapidamente, soltando nossas mãos e olhando para o sorvete.

—Oh. Neste caso, devo oferecer a maçã do amor a dois amigos então. — Ela exibe a maçã que realmente parecia uma delícia.

—Você quer? — oferece Ethan. Balanço a cabeça.

—Caloria de mais por hoje! — antes que posso me conter, as palavras já saíram de minha boca.

—Quero duas! — pede Ethan pagando logo depois. Quando terminamos nossos sorvetes ele se aproxima para pagar. A moça do caixa não parava de olhar para Ethan que pegava o dinheiro distraidamente na carteira. Tive certeza de que se ele olhasse para ela, esta piscaria para ele. Porém ele nem mesmo a viu. Apenas olhou para mim e ofereceu o braço para que pudéssemos andar.

Voltamos para o colégio enquanto as crianças brincavam e cuidavam de suas plantas. Kyra e Caio conversavam ao longe e Kyra ria alegremente. Sorri.

—Acho que sua irmã está se apaixonando... — cantarolei.

—O que? Pelo Caio? Achei que ele fosse seu.

—Aprenda algo baby, eu nunca sou de ninguém. — sorrio. Achamos um banco e nos sentamos. —Mas e você Ethan? Tem namorada?

—Na verdade não. Há um tempo já. — ele sorri para o chão.

—Aquela moça da sorveteria estava te comendo com os olhos.

—O que? A moça da sorveteria? — ele olha em direção a esta. — não, claro que não.

—Sim, claro que sim. E você, bobo, nem se quer olhou para ela! — levanto os braços.

—Não sou bom com essas coisas. — ele parecia envergonhado. Ficamos em silêncio apenas um minuto.

—E se eu te ajudasse?

—Como assim? — pergunta ele, olhando para mim.

—Ué, e se fossemos nas baladas por aí e eu te ajudasse a pegar alguém?

—Não quero pegar alguém Eva. — ele fala a palavra pegar como se fosse um ritual satânico. Quero algo sério.

—Nesse caso, é melhor irmos a uma igreja. — sorrio e ele ri. — mas falando sério, você podia treinar suas técnicas nas peguetes das baladas e depois você tenta algo sério com alguém especial e etc. Vai ser legal!

—Mas e as aulas?

—Sempre achei que você estava de mais. E aí, topa?


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Kyra gritou pouco? Eva mandou bem chamando Caio pra ajudar a amiga? Kyra e Eva vão brigar por causa do Caio? E essa ideia de Eva, vai prestar? Saiba mais na próxima semana aqui, nesta mesma fanfic, neste mesmo site :). Comentem, please.



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