Pelo escuro escrita por Olavih


Capítulo 23
Morde e Assopra


Notas iniciais do capítulo

Oiiie pessoas. Eu sei que eu queria ter postado mais cedo e tals, mas estou em semana de prova, então "hey" me deem um desconto. Eu tenho um comunicado: PENÚLTIMO CAPÍTULO! Isso mesmo que vocês leram, o que significa que semana que vem temos o último. Vocês decidem se mais cedo, ou mais tarde.
Eu amei esse capítulo. Espero que compartilhem do meu sentimento. Beijos e obrigada a todos que tornaram isso possível *-*



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Capítulo 24

Assim que abri os olhos soube que tinha algo errado. O teto da minha casa não era daquele jeito, nem o teto da casa de Tia Magda. As camas que estava acostumada a dormir não eram tão duras e os travesseiros nem de longe tão desconfortáveis. Até o ar estava diferente. Tinha um cheiro de álcool em gel com remédio que tornava respirara algo meio... Desagradável.

Aos poucos as lembranças voltaram. Primeiro de Kyra chorando e nossa conversa, então as lembranças ruins vieram como um pesadelo: silenciosas, mas letais. Lembrei-me do fogo desagradável e torturante que os toques de Patrick me proporcionaram e do desespero que se sucedeu enquanto eu rolava escada abaixo. E com isso me agitei, tentando me levantar. Senti um toque no meu peito, tentando impedir que eu levantasse; esse toque foi como o toque de Patrick e com isso eu gritei. Só então vi quem era. Meu coração se acalmou quando ouviu a voz.

­­—Calma Evangeline, sou eu! — só uma pessoa no mundo me chamaria de Evangeline. Ethan! Instantaneamente de calmo meu coração passou a ficar acelerado, animado e aliviado. Agarrei a blusa de Ethan, levantando e o trazendo para mim, ávida por ouvir as batidas ritmadas do seu coração e sentir o velho sentimento de lar que invade meu corpo quando seus braços estão em volta de mim. Assim como o alívio as lágrimas também vieram. Lágrimas de felicidade por estar com alguém que eu amo. Lágrimas de quem estava desesperada e agora pode chorar suas lamúrias.

—Ah Ethan... E-Eu fiquei com tanto medo. — balbuciei. Seu abraço se intensificou.

—Está tudo bem loira. Lembra-se do que eu te disse uma vez? Não vou deixar que nada te machuque sem que eu esteja aqui para te curar. — ele falou, com sua voz calma e doce. Separei-me dele e tomei sua mão na minha. Notei que seus nós estavam arroxeados como se ele tivesse estado em uma briga.

—O que foi isso? — perguntei. Seus músculos se retesaram.

—Nada que importe. Como você se sente?

—Ethan, — olhei para seus olhos, mas estes me evitaram. — o que você fez?

—Dei uma lição naquele... — ele se calou. — ser. Ele merecia uns roxos pelo que fez contigo. — algumas garotas poderiam repreendê-lo por ter sido tão violento e por ter se colocado em risco. Mas eu estava adorando isso.

—Obrigada. — sussurrei. Ele olhou para mim e sorriu. Um silêncio reinou, mas eu não senti a necessidade de quebra-lo. Em vez disso, analisei o rosto de Ethan, como um policial tentando identificar o rosto de um possível criminoso. Olhei seus olhos castanhos, preocupados, e o modo como seus cabelos rebeldes caíam sobre a testa. A armação dos óculos dava um ar nerd para Ethan, assim como seu sorriso de canto, esse que ele reproduzia agora. Sua boca fina tirava meu fôlego de um jeito que eu nunca senti antes. Ethan por inteiro me tirava o fôlego e com ele eu descobri que é muito melhor beijar alguém que se ama do que alguém que você nem sabe o nome.

Eu já ia desviar o olhar. Ia fingir que não o tinha contemplado ali, amado cada detalhe dele. Mas então ele passou a mão na minha nuca e, ao mesmo tempo, avançou para minha boca. E me beijou. Senti seus lábios calmos sobre os meus e passei minha mão para sua nuca, puxando-o para mim. Sua língua pediu permissão e eu deixei desesperada pelo gosto de seu beijo. Ethan tinha gosto de chiclete de menta e a suavidade de seu beijo, de suas mãos e de sua pele tornavam o beijo eletrizante, mais prazeroso ainda. Quando ele mordeu meu lábio eu soltei um suspiro pesado, amando aquele momento. Não existia mundo. Só existia Ethan e eu. Nosso beijo. Nosso amor. Então, Jaqueline me veio à mente.

—E a Assassina da moda? — Empurrei Ethan para longe e falei. Ele riu.

—Descobri que não sou o tipo de garoto que odeia moda. Gosto de alguém com estilo. — ele olhou para mim, mordendo o lábio. Então me beijou de novo de forma rápida e desesperada, passando seus lábios nos meus como se precisasse do meu beijo. Afastei-o novamente.

— quer me explicar o que está acontecendo?

—Honestamente, você quer saber o que teve entre mim e a Jaqueline ou prefere me beijar? — não precisei nem pensar. Deixando a curiosidade de lado, passei minha mão em volta do seu pescoço e o trouxe para mim.

***

Mais tarde, óbvio eu exigi explicações. Ethan contou tudo, até mesmo os detalhes que eu não precisava saber, como o tempo que eles ficaram se beijando. No mínimo desnecessário. Continuando, ele contou a discussão dos dois e o desfecho. É claro que eu bati palmas para ele no final, completamente feliz por eles finalmente terem terminado. Ethan, porém parecia um pouco envergonhado.

—Qual o problema Ethan?

—É que falando assim me sinto tão insensível.

—Insensível? Você a aguentou por bons dois meses, aceitando todas as ameaças, estando lá contra a sua vontade. Falar a verdade não é insensibilidade. As pessoas tendem a achar isso, porque não suportam a verdade, então arrumam empecilhos para ela aparecer. Sinceridade não é tão insensível assim. Claro que sair arrotando verdades desnecessárias é algo ruim, mas no seu caso você só estava tentando achar um lugar para ser feliz. Então, por favor, não fique arrependido por algo que não fez. — ele sorriu.

—Não sei se devo aceitar conselhos de uma pessoa que não pensa para falar. — ele brincou.

—É justamente por pagar tantos micos sendo super sincera que sei tanto sobre o assunto. — Ethan sorriu e acariciou minha mão com a sua. Ele a levou ate sua boca, beijando carinhoso e respeitoso. Nesse momento o médico entrou.

—Olá Evangeline, sou o Doutor Rogers e vim trazer notícias sobre seu estado. Ao cair da escada você sofreu uma concussão mediana, o que vai te deixar pelas próximas duas semanas meio incapaz de realizar tarefas que precise raciocinar muito. Vou te dar um atestado, e você precisará fazer um longo repouso por esses dias. Seria bom se evitasse viagens longas e conturbadas. E quanto ao stress ele também deve ser evitado. É o melhor a se fazer. A senhorita tem alguém que pode cuidar de você?

—Eu posso. — Ethan se manifestou e pegou minha mão.

—E você seria o que dela?

—O namorado dela. — Ethan afirmou para o médico. Olhei para ele indignada. Embora eu ame Ethan e tudo que eu mais quero é ser sua namorada, eu também tenho meu lado romântico. Escondido lá no fundo do meu ser e bastante protegido do mundo exterior, mas eu tenho. Então, como eu nunca penso antes de fazer, tudo que eu falei foi:

—Não. Você não é. — Ethan arregalou os olhos, irritado.

—Claro que sou.

—Desde quando?

—Acho melhor eu deixar vocês dois... — o médico começou, mas eu interrompi.

—O senhor fica. — analisei o médico. Devia ter uns 35 anos para menos. Sorri para ele. — eu estou solteira. — o aperto em minha mão ficou mais forte.

—Não, ela não está.

—Eu não ouvi nenhum pedido. O senhor ouviu doutor? — questionei olhando para o médico, mas observando as reações de Ethan pelo canto do olho. Ele variava suas expressões em irritado, muito irritado e indignado. Quando ouviu minha fala, ele passou para menos irritado.

—O senhor acha que precisa de pedido doutor, para uma garota que assim que acorda já te abraça e te beija, assim loucamente? — interrogou Ethan, olhando para o médico também. O homem de olhos verdes arregalou estes completamente sem fala. Ele não sabia com quem concordava.

—Eu acho que eu quero ir embora. — disse ele desesperado.

—Sabe ótima ideia. Mas como eu não tenho um namorado eu vou ligar para a minha amiga e...

—Quer namorar comigo Evangeline? — perguntou Ethan rapidamente. Rápido demais, quero algo mais calmo.

—Que disse

—Eu perguntei — ele pegou meu rosto e, embora estivesse irritado, seu toque foi carinhoso como se ele não conseguisse me ferir. Mordi meu lábio. Tinha me esquecido dos arrepios que percorriam minhas costas quando olhava para seus olhos. — se você quer ser minha namorada. Acha que consegue aguentar o nerd aqui? — perguntou ele sorrindo de lado.

—É um desafio por acaso? — quando indaguei deixei claro meu tom de brincadeira.

—Se isso fizer você ficar comigo por muito, — ele beijou minha boca, fazendo-me rir e corar — muito — beijou novamente — muito tempo, então sim. É um desafio.

—Desafio aceito, meu nerd. — falei, sentindo prazer ao proferir o pronome “meu”. Demos um selinho demorado e fomos interrompidos por uma voz bastante afeminada para um homem.

—Que lindo, gente! Segura esse homem mulher! — falou o médico e só agora percebi que ele era gay. Ethan e eu rimos da reação dele.

***

O médico me liberou depois que viu que estava tudo bem, na medida do possível. Minha cabeça ainda doía um pouco, mas eu não ia falar isso para Ethan. Ele não queria nem que eu pisasse no chão; se eu dissesse dessa dor, ele me colocava em uma bolha, totalmente imobilizada e só me tirava de lá até eu estar completamente recuperada.

—Eva, cuidado com a maca! — ele avisou. Detalhe: a maca estava à quase um metro de distância.

—Ethan eu só tive uma concussão, não estou cega! — retruquei o que provocou risadas no meu namorado e na minha nova cunhada. Kyra tinha aparecido para me buscar também, abraçando-me fortemente e dizendo o quão aliviada estava por me ver bem. Eu também estava aliviada. Deve ter sido um susto e tanto para minha irmã.

—Ethan sempre fora exagerado. Lembra-se de quando eu estava gripado e ele não me deixou ir para o colégio porque eu estava com 37,5 graus de febre?

—Claro que eu lembro. Ele atrapalhou meu plano de ir para a casa do Feijão, fazer umas paradas. — comentei, vendo o rosto de o meu namorado ficar avermelhado. Ethan me deu uma cotovelada. Gargalhei e beijei sua bochecha.

—Eu só estava cuidando para que você ficasse bem. Além disso, acabei de descobrir que foi para um bom motivo não é?

—Eu só estava meio grau acima da média, poxa. — Kyra protestou.

—Mas ele sempre foi assim. Cuidadoso. — comentei. — lembra quando você me dava suas blusas de frio e, mesmo tremendo se negava a me entregar elas?

—Claro. Eu congelava, mas não deixava você congelar. — ele retrucou com um meio sorriso.

—E por quê?

—Estava passando ciúmes em uma garota que eu gostava. — ele riu e dessa vez quem ficou vermelha de raiva foi eu. Soltei minha mão da dele, mas ele passou seu braço ao redor da minha cintura. E, apesar de todas essas caras emburradas, estávamos felizes. Completos. Até vermos a figura que esperava em frente ao táxi que íamos pegar. Ethan enrijeceu seus músculos e quando falou com Patrick sua voz saiu distorcida pela raiva. E me assustou.

—A surra de ontem não foi suficiente cara? — perguntou ele.

—Olha só, guarda costas, não estou aqui para falar contigo, mas sim com ela. Então se puder dar licença. — Patrick não baixou a guarda. Antes que eu pudesse ver, o punho de Ethan já tinha atacado, deixando outro roxo, dessa vez no olho esquerdo. Patrick agora tinha os dois olhos roxos e uma sobrancelha cortada. Parece que a agencia vai ter que fazer milagre com ele. Antes que Ethan atacasse de novo, puxei seu braço para trás, trazendo-o comigo.

—Isso é o que você merece seu filho da Puta. Se chegar perto da minha namorada de novo eu acabo com você! — ele gritou. Kyra segurou um braço do irmão e eu fiquei entre ele e meu ex. Ethan não me via. Ele focou sua visão enfurecida no loiro atrás de mim, completamente cego. Peguei seu rosto entre minhas mãos.

—Namorada? Não te dou nem um mês para ela já estar transando com outro. Ela vai te trocar, porque a única pessoa que ela amou foi eu. Se é que ainda não ama. — Ethan avançou para Patrick novamente, mas eu continuei onde estava impedindo seu ataque. Kyra tentou segurar o irmão.

—Sai daí Eva, e deixa-me acabar com esse babaca! — gritou Ethan na minha cara.

—Ethan se lembra do que o médico disse: não posso me estressar. E vai por mim, isso está me estressando. — falei ainda assustada. Não conhecia esse lado de Ethan, enfurecido. Não sabia se ficava feliz agora. O moreno pareceu me ver agora. Como um clique, ele se lembrou de que eu não podia me estressar e parou de bufar. Ele olhou para mim como quem pedisse desculpas.

—Desculpa, eu...

—Viu? Não sabe nem cuidar dela. — falou Patrick, provavelmente com um sorriso em seus lábios. Senti minha dor de cabeça aumentar ainda mais. Virei-me para ele e caminhei em sua direção, apontando para seu peito.

—E o que você quer?

—Na verdade queria seu perdão. — ele falou olhando-me com atenção. Seus olhos eram como de cobra, falsos. As lágrimas que ele forçava me lembrava de as de crocodilo. Levantei uma sobrancelha.

—Você se lembra de quando assistimos aquela série sobre o País das maravilhas? — perguntei e ele assentiu confuso. — e que o Will dizia que tudo é possível naquele lugar? Então, não estamos nele. Aqui, você não consegue o impossível. Então vê se some da minha vida. E leva isso de cartão de lembrança. — chutei sua virilha quando terminei. Ele caiu de joelhos sentindo dor, muita dor. Assustadoramente isso me fez sentir como se tivesse lavado minha alma.

***

Duas semanas depois

O cheiro de comida invadia a casa toda. Meu pai tinha voltado para casa e estava melhor, muito melhor. Já conseguia até fazer todas as suas reclamações diárias com a mesma rapidez de antes. Ele ficara sabendo do Patrick e também contamos a ele nosso namoro. Quando digo nós, digo Kyra e eu. Ethan estava morrendo de medo do meu pai não aprovar, como se isso fizesse muita diferença. Então, um dia quando estávamos na sala, conversando tranquilamente, Kyra e eu soltamos essa.

Meu pai, depois de fingir sua braveza, falou com sinceridade que seria uma honra ter um rapaz tão bom namorando a filha dele. Ethan ficou tão orgulhoso que até topou fazer o almoço de domingo com Tia Magda, que tinha falado muito sobre eu realmente ter fisgado o boy. A todo o momento ela envergonhava meu namorado com suas brincadeiras cheias de bobagem soltadas de uma boca que não conhecia trava. Eu sempre repreendia, mas acabava rindo.

Enquanto colocava o brinco, meu celular toca. Terminei de me arrumar e o tomei, atendendo sem ver quem era.

—Alô?

—Evangeline, como vai? — a voz de Pierre Drummond me assustou. Nem sequer me lembrava dessa oferta.

—Ah, vou bem Pierre, e você?

—Verei como vou ficar quando me der à resposta. Já pensou? — ele foi direto. Engoli em seco.

—Sabe o que é Pierre? Eu acho que não vou. Comecei um namoro agora, e tenho medo dele não aguentar seis meses separados.

—Não faça isso comigo Eva! Eu realmente preciso de modelos e você era minha última esperança. Sem você meus investidores cancelarão a verba e eu não poderei realizar o meu sonho. Tem certeza que deseja negar esse favor para mim? Eu te imploro! — ele falou desesperado. Ir para Paris era meu sonho e eu estava destruindo dois sonhos por causa de Ethan. Claro que ele valia a pena, mas será que talvez nosso namoro aguentasse seis meses separados? A dor da dúvida invadiu meu peito.

—Eu vou conversar com meu namorado. E amanhã de manhã te dou a resposta.

—Esplêndido. E muito obrigado por pensar um pouco mais. — agradeceu Pierre, aliviado. Ouvi batidas na porta e em seguida essa fora aberta. Ethan aparecera, observando-me. Depois assobiou, aprovando o look. Sorri.

—Tenho que ir. Até amanhã.

À demain!

—Quem era? — perguntou Ethan, entrando no quarto assim que desliguei o telefone. Olhei para o espelho. Meu vestido todo florido, de alças e que ia até o joelho fora uma boa escolha. As flores eram azuis, rosas e até vermelhas, espalhadas por todo o tecido. Meu cabelo estava solto, com eu costumava usar e eu só tinha uma pulseira simples no braço. Para completar coloquei uma sapatilha. Era um bom look.

—Ninguém que importe agora. — beijei seus lábios com meus brilhos de morango. Ethan lambeu os lábios dele e sorriu.

—Devia usar isso sempre. Tem um gosto bom. — eu gargalhei enquanto ele entrelaçava nossos dedos e me levava lá para baixo.

***

O almoço fluía tranquilamente. As comidas, por conta do meu pai, eram mais light, o que não deixava de ser bom. Eu ainda queria manter a minha forma, mesmo que de modo mais moderado que antes. Durante todo o almoço Ethan e eu trocamos olhares e gestos de carinho, como beijos na bochecha ou carícias na mão. Isso me lembrou do quanto ele fora carinhoso comigo durante essas duas semanas passadas, enquanto eu me recuperava. Com toda a paciência do mundo, ele aturava minhas crises de raiva por não conseguir pensar nas palavras com tanta rapidez. Claro que isso diminuiu, mas Ethan aguentou um bocado até isso acontecer.

Estavam todos lá. Os pais de Ethan, Kyra, Caio, tia Magda e meu pai. Todos comemorando como uma grande família, trocando brincadeiras e até mesmo farpas que logo eram perdoadas. Era um grande morde e assopra do bem, algo que eu sonhava em ver a muito tempo e nem sequer me dava conta disso.

Caio e Kyra tinham reatado nessas semanas que se sucederam. Ele aparecera na casa de Tia Magda com um buquê de tulipas roxas, as flores preferidas dela e um grande discurso de desculpa. Ela também pedira desculpa e no fim eu até cantara aleluia pelo fim da “deprê” dos dois.

—Eva será que você podia me passar o cloreto de sódio? — perguntou Caio sorrindo como um anjo. Franzi o cenho.

—Se ela souber o que é cloreto de sódio. — Kyra falou rindo. Todos soltaram risadas abafadas. Cerrei meus olhos para minha amiga.

—Claro. Que eu não sei. Sou péssima em química. Agora pare de falar em “Ethanês” e me diz o que exatamente você quer. — sorri para Caio. Todos riram menos meu namorado que protestou.

—Ei! Namorada minha não vai ficar sem saber a importância que a química tem. Dá até para escrever em internetês com ela. — ele se defendeu. Então levantou da mesa e seguiu para a cozinha.

—Sério? Que informação desnecessária. — falei rindo um pouco. As pessoas ao redor me acompanharam. Ethan voltou com uma caneta e um papel e os colocou a minha frente.

—Agora escreva tudo que eu falar. — olhei para ele, mas tudo que seu olhar me disse foi: escreva logo. Então, meio emburrada peguei a caneta. —Certo. Primeiro: Sódio. — escrevi “sódio”. Ele balançou a cabeça, revoltado. — Não Evangeline, não assim. Assim: — ele tomou a caneta da minha mão e escreveu “Na”. Franzi o cenho.

—Porque “Na”?

—Porque é assim que está na tabela periódica.

—Mas é sódio. Deveria ser “So” nesse caso. — reclamei.

—É em latim amor, agora continue. — era a primeira vez que ele me chamava de amor na frente das pessoas, o que me fez corar um pouco. Continuei.

—E agora?

—Escreve “Mo”, de molibdênio.

—Mo-o-que? — perguntei.

—Escreva mulher! — Ethan falou e eu escrevi um pouco mais espaçado do seu garrancho “Na”. — certo, agora rádio, ou seja, “Ra”. Agora separa um pouco. “C” de Carbono. Depois “Mg” de Magnésio. E para finalizar um ponto de interrogação.

—Ponto de interrogação? — perguntei. Olhei para a frase. Estava escrito “Namora Cmg?” Assustei. Olhei para o lado, e Ethan tinha uma caixinha nas mãos, os olhos em expectativa. Levantei. — Ethan, o que...?

—Não me interrompa se não eu perco toda a coragem. Um namoro não é completo sem um pedido descente, assim como eu me sinto sem um pedaço se você não estiver aqui, comigo. Parece que me arrancaram o coração, algo essencial para mim. Em toda a minha vida, você foi à única que despertou um Ethan em mim que eu acreditava não existir.

—Um Ethan brigão? — ele riu.

—Um Ethan vivo. Então, mesmo de uma forma bastante nerd, eu queria saber — ele abriu a caixinha. Tinha uma pulseira com pingente pequeno de coração. — se mesmo com esse pingente sincero, você quer mesmo namorar comigo.

Com lágrimas nos olhos e uma emoção enorme no coração eu sorri assentindo.

—Eu não poderia ficar mais honrada. — Ethan encaixou a pulseira no meu pulso e me abraçou, beijando-me logo em seguida. Aproveitei aquele momento, mas uma questão não saía da minha cabeça: como posso ir para Paris se tudo que eu sempre sonhei está aqui?


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Notas finais do capítulo

E então, a Eva vai ou não para Paris? O que acharam da parte do Patrick? Tá muito meloso o capítulo?? KK, vou responder as reviews depois ok? Comentem. Amo vocês