Pelo escuro escrita por Olavih


Capítulo 22
Aquele não era eu


Notas iniciais do capítulo

Não consigo acreditar. Onze comentários por conta de uma treta? Se eu soubesse disso tinha colocado o Patrick mais cedo kkkkkkk. Sério gente, estou até emocionada. Patrick é um filho de uma **** mesmo, mas nesse capítulo ele recebe o que merece. Estou postando mais cedo porque vocês foram excelentes leitoras então merecem *-*. Um obrigada especial à Rocker, Luali, Lyn e Delicate cujas reviews foram tão boas que não pude escolher uma só. Vocês iluminam meu dia e são a luz que mantem acesa minha vontade de escrever. Aproveitem o capítulo.



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Quando a língua dele invadiu minha boca e sua mão subiu para o meu seio foi um pouco de mais. Beijar alguém que você simplesmente não suporta é algo que ninguém, em hipótese alguma, deveria ser forçado a fazer. Dá uma sensação de enjoou no fim do abdômen, os dentes cerram, sua cabeça entra em pânico. Honestamente, eu achava que seria estuprada. E foi aí, que resolvi agir rápido.

Contorci tentando tirar a sua mão do caminho até meu seio. Seu toque queimava, mas não de maneira boa. Queimava daquele jeito carinhoso que o fogo queimou as mulheres na Idade média. Eu não seria abusada pelo idiota do meu ex-namorado. Não passaria por essa humilhação. Tentei chutar seu órgão, mas ele se protegeu. Então riu, sussurrando.

—Pode lutar o quanto quiser amor, mas você vai ser minha hoje. — depois disso, sua boca nojenta partiu para meu pescoço, enquanto suas mãos apertavam meus braços, prendendo-me ali. Com ele fora da minha boca, liberava um pouco mais a minha visão.

O pavor estava em todo meu corpo. Eu não me sentia forte, me sentia derrotada. Como se ele já tivesse praticado o ato, e agora eu estivesse me sentindo suja por ter me entregado sem lutar. Então, a minha primeira decisão fora controlar o medo. Tentei controlar as sensações que ele me dava olhando em volta, procurando algo que pudesse me ajudar. Talvez se eu gritasse por Kyra ela ouvisse. Mas logo descartei a ideia. Patrick estava descontrolado. Podia ver pela força que ele segurava meus braços, deixando marcas que ficariam roxas ali. Se Kyra aparecesse, ele a desmaiaria facilmente. Mas eu não podia ficar parada. Ele começara a morder meu pescoço.

Pânico controlado olhei em volta para me distrair. Lutar fisicamente seria arriscado e falho, então minha estratégia seria minha salvação. O problema é que fica um pouco difícil pensar com alguém prestes a te deixar nua contra sua vontade. Mesmo assim forcei meu cérebro, distraindo-o com coisas como o papel de parede velho e o vaso de plantas na mesa do meu lado...

O vaso! Isso! Meu cérebro sentiu a velha sensação de alívio ao finalmente bolar um plano. Vendo o quanto Patrick estava distraído com minha pele, fui mexendo o braço, vagarosamente até o vaso. Cada movimento causava uma ansiedade dolorosa, mas se eu forçasse de mais, ele perceberia. Até que eu senti o aperto em minhas mãos sumir, mas antes que pudesse entender, ele já tinha colocado suas mãos em meu rosto, beijando minha boca novamente.

Não fechei os olhos, por mais que o instinto mandasse que eu fizesse isso. Não apreciaria o gosto de rum que sua boca dava a minha, nem pensaria em como sua língua grosseira e nojenta exploraria minha boca. Em vez disso, aproveitei a oportunidade para pegar o vaso. Sem pensar duas vezes, o quebrei em sua cabeça.

Não funcionou tão bem quanto eu pensava. Esperava que ele fosse cair como nas novelas, desmaiado. Mas ele apenas se afastou zonzo, apoiando-se na parede para não cair. Sentia que ia vomitar. O gosto de bile invadiu minha boca e meu estômago revirou. Minha boca salivou e um minuto depois eu havia vomitado tudo que estava no meu estômago. Patrick ainda estava meio tonto, e eu tirei proveito disso. Corri em direção da escada, ouvindo os passos tropeços do meu ex atrás de mim. Aumentei a velocidade e quando estava chegando ao topo da escada, senti um puxão.

Um desequilíbrio, uma falha, uma queda. E então a escuridão me levou.

***

POV Ethan

Eu nem sequer sabia o nome do filme na televisão. Não que eu tivesse colocado no canal agora e não tivesse me interessado a ver o título, é só que na casa da namorada é natural você não saber qual o filme. Mas honestamente eu até queria saber qual era o filme, mas Jaqueline insistia em me beijar. Ela praticamente estava em cima de mim, prendendo-me. Seus pais estavam em um jantar romântico lá no fim do mundo e eu fui praticamente obrigado a vir para sua casa. Obrigado de verdade, com direito a ameaça de suicídio e tudo. Por fim eu acabei cedendo... Como sempre.

—Chega Jaqueline, eu preciso respirar. — ela beijava meu pescoço, provocante. Empurrei seu corpo para longe do meu. Ela caiu sentada ao meu lado, arfando. Já não aguentava mais isso, ela tinha que parar com essa ideia louca de perder a virgindade comigo. Eu não faria isso com ela. Acredito em algo que para os homens é frescura, mas para mim é um conceito sobre sexo: só faça com alguém especial. E Jaqueline não é especial. Para alguém ela pode ser, mas não para mim. Mesmo assim, ela insistia que eu era o especial dela. Como se faz para tirar uma ideia da cabeça de alguém?

Levantei e ela já veio atrás de mim, pulando em meu pescoço. Tirei suas mãos, o mais delicado que consegui.

—Eu vou só beber água. — expliquei. Ela pareceu meio magoada, mas continuou calada. Peguei o copo, e medi a velocidade com que a água cairia. Coloquei o mais lentamente possível. Beijar Jaqueline se tornara cansativo e enjoativo e, por conta de nossa falta de assunto, parecia ser a única coisa que nos sobrava. Mas eu não queria mais beijá-la, porque não suportava mais. Não suportava o modo como ela mordia meu lábio após cada beijo, sem nunca inovar; não suportava o perfume dela, nem suas mãos em meu cabelo, bagunçando a própria bagunça. Seu modo desesperado era como um vírus que ativara meu antivírus e me alertava o tempo todo para sair dessa. Mal sabe ele que era o que eu mais queria.

Senti meu celular vibrar e voltei à realidade. A água já estava derramando, então a desliguei e comecei a beber. Peguei meu celular do bolso e vi o identificador de chamadas: irmã mais linda do mundo. Só a Kyra para colocar esse tipo de coisa no meu celular mesmo. Atendi despreocupado, agradecendo a oportunidade de poder demorar mais.

—Alô?

—Ethan — Kyra estava chorando. Isso me afligiu. — você pode vir aqui, p-por fa-favor?

—O que aconteceu Ethan?

—É a Eva. Ela ca-caiu da escada. — minhas pernas quase cederam. Apoiei na pia firmemente. — e Pa-Patrick está aqui. Acho que ele é o cul-culpado.

Isso foi o suficiente para uma fúria que eu nem sabia que tinha despertar em mim. Minhas mãos se fecharam em punho. Meu coração martelou mais rápido. Eu queria socar tudo que eu vinha. Melhor, eu queria socar aquele vagabundo que a machucou, que se atreveu a tocá-la. Quando falei, minha voz saiu entre dentes.

—Estou indo.

A passos pesados, saí da cozinha e caminhei rapidamente em direção a porta, sem nem sequer me despedir. Peguei meu casaco e estava prestes a abrir a porta, quando Jaqueline surgiu.

—Aonde você vai? — ela perguntou confusa. Vendo meu rosto ela tocou meu ombro. — aconteceu algo?

—Eva se machucou. Vou ver como ela está. — vi Jaqueline revirar os olhos.

—Ela deve ter alguém que faça isso por ela.

—Sim, Kyra está lá. Mas não vou abandoná-la agora. Ela está no hospital. — Jaqueline tentou parecer que se importava.

—Ethan, porque não fica aqui e amanhã você vê como ela está? Meus pais vão dormir fora hoje, e está tarde, você pode dormir aqui e...

—EU NÃO QUERO DORMIR AQUI! — gritei. Ela se encolheu um pouco. Eu nunca havia gritado com ela. — eu não quero dormir aqui Jaque. Eu não vou dormir aqui.

—Por quê? — perguntou ela magoada. Suspirei. Sei que terei que ter coragem um dia para ter essa conversa, mas o melhor momento não era esse. Eu estava de cabeça quente, pensando em Eva e naquele namorado infeliz dela, nervoso de mais para qualquer coisa.

—Depois conversamos, está bem? Agora eu tenho que ir ver a Eva.

—CHEGA DISSO. VOCÊ SÓ SABE FALAR DESSA EVA. EVA ISSO, EVA AQUILO. EU ESTOU CANSADA. VOCÊ NÃO VAI A LUGAR ALGUM! — ela gritou de volta. Minha raiva, que havia adormecido um pouco voltou com tudo. Não controlei minha voz.

—QUERO VER QUEM VAI ME IMPEDIR. — Jaqueline correu até a porta, trancando-a e colocando a chave em seu bolso.

—Daqui você não sai. — ela falou pausadamente. Bufei de raiva.

—Larga de infantilidade Jaqueline. Dê-me agora essas chaves. — ela apenas acenou negando. — ou você sai daí, ou eu te tiro a força.

—Você não é nem macho o suficiente para isso. — ela falou as palavras chaves.

Avancei sobre seu corpo, tomando-a nos meus braços. Então, girei-a até vê-la de cabeça para baixo e a sacudi. As chaves caíram no chão e ela gritava, vociferando palavras feias. Quando vi as chaves no chão prendi-as com o pé e voltei a virar Jaqueline de volta. Enquanto ela se recuperava, peguei as chaves e caminhei para destrancar a porta.

—Se você sair por essa porta, está tudo acabado.

—Então adeus, Jaqueline. — abri, mas antes que pudesse sair, ela falou.

—Se você sair, eu me mato. — franzi o cenho. Ainda segurando a maçaneta, virei meu corpo encarando-a. Ela estava chorando, a maquiagem borrada. E uma faca enorme colocada no coração. — aqui e agora. E a culpa será sua. — ela aprofundou a faca e uma gota de sangue escorreu. Vi sua cara de dor. Mas eu simplesmente disse.

—Então se mata. Enfia o resto da faca e acaba logo com isso. Porque eu não suporto mais essa prisão. É exatamente isso que esse “namoro” é. Uma prisão. — seus olhos arregalados estampavam surpresa. Até eu mesmo estava surpreso comigo. Esse não era eu. Eu não mandava mulheres desesperadas enfiarem a faca no peito porque eu queria ir ver a mulher que eu amo. Porém a dor de não poder ficar com Evangeline por conta de uma ameaça era muito ruim. Eu não poderia, eu não conseguia suportar mais. Então despejei tudo isso nela. Ela chorava silenciosa.

—Ethan você me ama?

—Não Jaqueline. Eu tentei amar, mas eu não te amo. — falei com sinceridade. Ela chorou alto dessa vez e eu me aproximei dela. Peguei a faca de sua mão e a abracei. Ela chorou em meus ombros um pouco. — não pode continuar com essa paixão louca por mim, porque ela não é correspondida. Se você não se amar, quem pode fazer isso por você?

—Seu coração é da Eva. — ela olhou para mim. — não é? — acenei afirmando com a cabeça. Ela chorou silenciosa. — me desculpa. Por tudo que te fiz passar.

—Tá tudo bem. Vamos passar uma borracha nisso, está bem? Vou ligar para seus pais, e você precisa concordar que você precisa de tratamento contra depressão.

—Não, por favor! Meus pais não. — ela agarrou minha camiseta, porém eu a olhei passivamente.

—É necessário. Você não pode se curar sozinha. Vai ficar tudo bem. — ela voltou para meu peito, enquanto eu sacava o celular e ligava para seus pais. — eu prometo. Você vai ficar bem.

***

Depois que os pais de Jaqueline chegaram que eu expliquei a situação a eles eu pude finalmente viajar para ver Evangeline. Estava tão aflito que dirigi o mais rápido que pude, gastando muito menos tempo do que geralmente gasto. Kyra com certeza não me deixaria andar de moto mais, se me visse dirigindo. Mas ela nunca poderia saber certo?

Quando cheguei pulei da moto quase com ela andando ainda. Corri até o balcão, quase agredindo a atendente preguiçosa que não muda nem sequer de lixa de unha. Assim que ela me deu a informação fui para o local referido. O hospital estava praticamente vazio, com poucas pessoas e só algumas enfermeiras se arrastando de uma sala a outra.

Kyra estava sozinha em uma das três cadeiras de espera. Ela mantinha a cabeça abaixada, apoiada nas mãos, que apoiavam os cotovelos na coxa. Parecia desesperada, ou só cansada. Talvez os dois juntos. Seus cabelos estavam molhados como se ela tivesse acabado de tomar banho. Ela vestia uma blusa vermelha aberta atrás e uma calça jeans clara. Não possuía nenhuma pulseira e até seu velho colar de caçador de sonhos não estava em seu pescoço. Aproximei-me e toquei seu ombro. Quando ela me viu, sorriu e me abraçou.

—Como ela está? — perguntei. Kyra balançou a cabeça.

—Não sei. O médico não apareceu ainda. — ela falou aflita.

—Conte-me o que aconteceu.

—Eu cheguei e conversamos um pouco. Então eu fui tomar banho e avisei que colocaria a música bem alta no banho, se ela precisasse ela tinha que gritar. Então quando saí encontrei os dois caídos ao pé da escada. Ambos estavam inconscientes. Então liguei para a ambulância e para você.

—E a tia Magda?

—Está dormindo no hospital com tio Huston, não tive coragem de ligar. — Kyra parecia abalada. Imagino por que. Eu também ficaria se visse Eva desmaiada no pé da escada com ele. — não consigo entender porque ela não gritou. — minha irmã estava quase chorando. Abracei a ela, tentando confortar a aflição de não ter notícias que crescia dentro de mim. Aflição, ansiedade que queima e raiva. Muita raiva de alguém que eu nem sequer conheço.

—Eu não sei também. Acha que eles se...

—Beijaram? — perguntou Kyra ao ver minha dificuldade em continuar a pergunta. A palavra simplesmente engasgou em minha garganta. — eu não sei. Eva não faria isso, a não ser forçada...

—Acha que ele a forçou? — os músculos do meu corpo se retesaram. A cada informação a raiva aumentava.

—Tenho quase certeza que sim. De que outro modo eles teriam caído da escada? Ela devia está correndo dele.

—Se ele tiver machucado ainda mais ela... — fechei os punhos. Kyra tocou minha mão, como se quisesse me acalmar. Mas ela permaneceu em silêncio. Se eu tivesse que bater nele, ela não impediria. Com certeza incentivaria.

Um médico surgiu no fim do corredor e veio falar conosco. Ele avisou que o quadro dela é regular e que é bastante provável que ela fique bem. Mas teria que passar por uma tomografia, porque ele tinha medo que ela tivesse tido uma concussão. Ao sair, tanto Kyra quanto eu estava arrasado. Eu não sabia o que faria se visse Patrick na minha frente. Mas parecia que eu ia descobrir, porque exatamente nessa hora, Kyra falou:

—É ele. — ela acenou com a cabeça em direção a um rapaz alto, cabelos loiros e olhos azuis, típico bonitão de novela. Cerrei meus punhos. Ao me levantar, eu não via nada, não ouvia ninguém. Não sei se Kyra gritou pra me conter, ou se apenas ficou observando. Mas naquele corredor vazio, eu soquei a cara do homem que machucou minha garota.

A princípio ele ficou incrédulo. Não era para menos; não nos conhecíamos. Mas assim que eu comecei a gritar sobre Eva, ele pareceu entender do que eu estava falando. Aproveitei que ele caíra com meu soco e comecei a chuta-lo completamente descontrolado. Apenas a imagem de Eva era o combustível da minha raiva, e eu poderia batê-lo para todo sempre sem me cansar da sensação boa que se espalhava.

Eu sabia que essa cena seria estranha para mim depois. Aquele não era eu. Ou talvez fosse, mas não tinha se despertado porque eu não tivera um bom motivo. Senti braços me levando para longe dele. E mesmo que eu lutasse, não conseguia sair daquele aperto. Afastei encarando os olhos assustados daquele cara até onde minhas vistas alcançaram.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Patrick é um cachorro mesmo, eu sei. Mas comentem por favor, e digam o que mais gostaram e o que mais detestaram, o que precisa ser melhorado e tals. Vocês sabem como fazer isso. E, graças à bondade de vocês de colocarem esses dedos para escreverem comentários, a fic ganhou um capítulo a mais. Então beijos e comemorem aí... Até mais minhas lindas *-*