Madison procurou em todas as sessões que conseguiu, até mesmo na sessão de Herbologia, que não tinha nada a ver com Runas Antigas. Na sessão de Runas procurou os livros mais completos, antigos e maiores, não achou nada. Algumas runas eram bem parecidas mas nenhuma exatamente igual. Pegou um pergaminho e uma pena na mesa da bibliotecária, e transcreveu a runa. Não podia deixar que ela se apagasse em seu braço sem ter como olhá-la de novo.

Sozinha ela nunca conseguiria achar o significado, precisava de Emma. Ela era extremamente boa em achar coisas, saberia achar o livro certo. Entretanto, Madison tinha a ligeira impressão que em nenhum livro disponível a todos os estudantes teria a runa. Ela teria de procurar em livros que poucos tivessem acesso e isso a remetia diretamente à sessão reservada.

Olhou para a janela e percebeu que já era incrivelmente tarde, perdera o almoço e se não se apressasse perderia também o jantar. Dobrou o pergaminho com a runa transcrita e guardou no bolso das vestes, logo em seguida saiu correndo para o Salão Comunal. Quando chegou, o jantar havia acabado de ser servido, o que fora um alívio. Sentou-se ao lado de Safira e começou a se servir.

― Você não almoçou ― comentou Emma chamando-a atenção ― Nós nem sabíamos onde você estava. Ficamos preocupadas. Adam chegou da detenção, almoçou e disse que não sabia onde você tinha ido. Pode nos explicar agora para onde foi?

― Fui na biblioteca ― explicou mas lançou um olhar para Adam. Ele fez um aceno de cabeça e ela percebeu que não era para contar da runa para as garotas e, embora ela não entendesse o motivo, concordou em não fazê-lo ― Estava pesquisando sobre uma das poções que vi durante a detenção, achei interessante e perdi a noção do tempo.

― Isso Emma entende completamente ― Isabelle comentou após colocar pelo menos cinco coxinhas de frango em seu prato ― Perder a noção do tempo na biblioteca e em outras situações que não posso citar no momento.

― Não seja indelicada ― Emma censurou com bom humor. Madison estranhou a atitude uma vez que Emma estava sempre mal humorada ou aborrecida com alguma coisa. Talvez o que acontecera com seu pai houvesse finalmente sido esquecido ― Aliás, decidi ir à festa.

― Isso é ótimo ― exclamou Safira com uma animação um tanto exagerada ― Sabia que você não ia negar uma chance de se distrair e se desligar dos N.O.M's. Todos merecem um descanso.

― Você tem razão. Aliás todas vocês têm ― dise Emma com um sorriso.

― Sempre temos razão ― Madison e Isabelle responderam juntas. Todos gargalharam na mesa inclusive Nick que parecia um pouco distante de tudo desde o início do jantar.

***

O sábado chegou devagar para Isabelle. Ela estava tão ansiosa com a festa que cada segundo em classe a deixava ligeiramente estressada. Pegara até detenção durante a aula de História da Magia porque havia dormido e quando acordara pedira que o professor calasse a boca. Emma havia mantido o bom humor, parecia que a época de luto pelo pai não-morto havia acabado. Madison não pediu a ajuda dela com a Runa, achou melhor conversar com Adam sobre o porquê do segredo primeiro antes de colocar as marotas na situação.

Madison estava deitada na cama com um livro apoiado nos joelhos enquanto Isabelle jogava as roupas de seu malão para cima. Estava procurando uma roupa para ir à festa desde o almoço e colocava defeito em todas as peças que encontrava. Safira já havia decidido a sua roupa com dias de antecedência como se fosse uma cerimônia extremamente importante. Emma não estava preocupada com a roupa, passou a manhã de sábado inteira finalizando alguns deveres e escrevendo em algo que parecia um diário.

― Isabelle, você pode escolher qualquer roupa da sua mala! Você está indo para uma festa dentro de Hogwarts numa sala secreta, não está indo ser madrinha de casamento de alguém! ― Emma bufou levantando os olhos do que estava escrevendo e encarando Isabelle que estava sentada no chão com os cabelos atrapalhados.

― Você tem razão ― ela disse respirando fundo e afastando as mechas castanhas de seu rosto.

Madison apenas observava enquanto a prima se levantava triunfante e começava a andar pelo quarto procurando a roupa que iria usar. Emma voltou sua atenção para o pergaminho que tinha apoiado em um livro velho de capa dura ao mesmo tempo em que Safira já colocava a roupa que iria e penteava os cabelos.

― Você estão superestimando demais essa festa ― falou Madison enquanto passava a página de seu livro ― Acho melhor não criarem grandes expectativas.

― Não damos ouvidos à você ― Safira respondeu rindo ― Você é a pessoa mais pessimista que eu já conheci, depois do nosso avô Rony, é claro.

Isabelle riu e pegou uma blusa roxa do chão. Pelo sorriso que ela tinha estampado no rosto, era com aquela blusa que iria à festa. Madison resolveu finalmente começar a se arrumar, levantou da cama e checou em seu malão as suas roupas. Emma finalmente parecia ter acabado de escrever e logo estava procurando algo para vestir.

Emma era assustadoramente prática. Pegou um vestido azul de dentro do malão e logo já estava vestida. Madison pegou um vestido que estava bem no fundo de seu malão e que quando ela o pusera ali, imaginara que nunca iria usá-lo. Era preto com alguns pontos brilhantes que lembravam vagalumes. Isabelle, que fora a primeira a começar todo o movimento de se vestir, foi a última a ficar pronta com uma blusa roxa e uma saia jeans.

As quatro pegaram os convites e logo já estavam a caminho da sala precisa. Viam muitos alunos seguindo o mesmo caminho, um grupo de meninas com saias surpreendentemente curtas passou cochichando enquanto agitavam os convites e os cabelos. Isabelle fez uma careta e sussurrou que elas eram da Sonserina e estavam no sexto ano. Quando chegaram na entrada, não havia porta na parede. Entretanto, havia um monitor parado no meio do corredor e assim que se aproximaram ele pediu que elas entregassem os convites e pensassem na festa que a porta apareceria.

Madison fez o que fora dito. Fechou os olhos e imaginou a festa. E quando finalmente os abriu, lá estava a porta. As quatro entraram o mais rápido que puderam e observaram a porta desaparecer atrás. A música estava alta e parecia pulsar dentro do corpo de todos. E Madison ficou impressionada com tudo que havia na sala. Estava um pouco escuro, havia luzes em todos os lugares, as musicas eram trouxas e também bruxas, havia uma espécie de bar no canto onde não havia ninguém tomando conta e vários se aproximavam para pegar bebidas, no outro canto estava repleto de puffes e estofados.

― Fecha essa boca ― sussurrou Isabelle em seu ouvido ― E você disse para não criarmos expectativas. Tudo aqui está maravilhoso e mal posso esperar para dançar. Olhe só essas luzes e essas bebidas ― apontou para um garoto que segurava uma garrafa vermelha.

― Me surpreendeu ― Madison admitiu e Emma concordou com a cabeça ― Está vendo alguém familiar?

― Se você está se referindo ao Adam, não ― Emma afirmou ― Mas vejo o Trevor, e a Safira já está correndo diretamente para ele. Isabelle também já foi se atracar com Colin. Parece que somos só nós duas até o Adam aparecer.

― Ele deve estar com Nicholas ― suspirou ― E ter o Nicholas por perto não é boa coisa.

― Posso fazer companhia a ele, se quiser. Não tenho nada de interessante para fazer aqui ― sugeriu Emma enquanto ficava nas pontas dos pés para ver se localizava Nicholas, Adam ou quem estava realmente esperando encontrar, Peter.

― Peter deve estar vindo, não quero que se ocupe com Nick quando deveria se ocupar com ele ― piscou e Emma deu um sorriso tímido ― Verei o que posso fazer com Nicholas, não se preocupe comigo, dou um jeito. Eu sempre dou um jeito em tudo. Agora, vá procurar Peter, sei que só veio aqui para se encontrar com ele.

Emma murmurou um obrigada que quase foi sufocado pela música depois sumiu no meio das pessoas com o coração batendo acelerado, metade pela música alta que pulsava e metade por Peter. Madison finalmente avistou Adam, ele vinha em sua direção, claro, com Nicholas em seu encalço. Ela deu um sorriso e cumprimentou o irmão, deu só um aceno de cabeça na direção de Adam enquanto fitava as pessoas dançando ao longe e alguns garotos bebendo.

― Me sinto tão sozinho sem Marabella aqui ― disse Nicholas alto para que sua voz fosse mais alta do que a música que retumbava ― Você também está sozinha, não é? Isabelle com Colin, Safira com Trevor, Emma tentando se acertar com Peter ― ele se dirigiu a Madison que apenas deu de ombros ― Adam, se você quiser, pode ir. Aquela garota loira do sexto ano não para de olhar para você, Madison irá me fazer companhia.

Madison encarou o irmão como se quisesse gritar: "Ele não vai e eu não vou te fazer companhia a noite toda" mas apenas assentiu. Adam sussurrou alguma coisa no ouvido de Nicholas e depois saiu para o meio da multidão. O coração de Madison se apertou pensando em onde ele havia ido e logo em seguida olhou para o irmão como se esperasse alguma explicação.

― Acho que vou pegar alguma coisa para beber ― ele comentou ― Há tantas bebidas aqui, vou ter que aproveitar alguma coisa dessa festa. Quer?

― Não, obrigada Nick ― Madison sorriu.

― Certo então ― disse com uma pose de protetor ― Bem, volto logo, me espere aqui.

Ela assentiu, afinal, não tinha mesmo para onde ir. Assim que Nicholas sumiu no meio das pessoas que dançavam e pulavam debaixo dos canhões de luzes, Adam apareceu do lado de Madison. Ela levou um susto mas logo em seguida caiu na gargalhada.

― Achei que você tinha ido atrás daquela garota loira ― ela disse com uma expressão nada feliz.

― Não, eu apenas esperei Nick sair. Disse a ele que a bebida que contrabandeamos outro dia estava naquele bar. Ele amou aquela bebida e foi buscar ― esclareceu ― Agora venha, vamos nos misturar antes que ele volte.

Ele agarrou ela pela mão e saíram andando no meio das pessoas. No caminho pela multidão, Madison viu Isabelle dançando com Colin, ela parecia extremamente feliz e não parecia sequer se lembrar que sua vida corria risco, o mesmo se aplicava a Safira que estava encostada numa banqueta perto do pequeno bar enquanto Trevor pedia duas bebidas. Emma estava de braços cruzados enquanto conversava com Peter, nada parecia bem. Ele falava e gesticulava enquanto olhava dentro dos olhos dela e às vezes afagava seu rosto, mas nada além disso. Madison se perguntou se ele estariam se entendendo ou era um adeus definitivo. Mas, naquele momento ela não se importou muito. Não quando Adam a puxou para um dos puffes que havia no canto.

― E então, algo sobre a runa? ― ele perguntou.

Madison olhou para ele, os olhos verdes não pareciam tão verdes naquela escuridão e os cabelos continuavam atrapalhados como sempre. Tinha muitas coisas para dizer e principalmente para perguntar, mas não sabia exatamente como começar.

― Não achei nada ― admitiu ― Procurei em todas as sessões de livre acesso. Acho que se quisermos mesmo descobrir o que é, devemos ir a uma sessão mais reservada.

― Se quiser posso ver se consigo arrombar o cadeado ― sugeriu ― Se é que tem um cadeado.

― Não é necessário, não acho que esteja tão bem protegida assim. Posso ir na biblioteca debaixo da minha capa de invisibilidade assim como meu avô fez há anos atrás. Não será problema, até porque Isabelle tem o mapa do maroto. Não precisa se preocupar agora. É só que eu vou precisar da ajuda de Emma, ela me dirá se é preciso ou não invadir a sessão reservada.

― Quer saber por quê eu sugeri não contar, não é? ― ele perguntou e depois suspirou. Madison apenas assentiu ― Você deixaria as meninas assustadas. Trevor e eu andamos conversando e achamos que vocês não deveriam se envolver mais nessas coisas, é algo perigoso, como uma bomba relógio pronta para detonar. Há espiões em Hogwarts, não sabemos quem e se eles descobrem que você vem investigando? É melhor que fiquemos fora disso, pelo menos por um tempo, até a poeira abaixar.

― Como assim "a poeira abaixar"? Ela já está abaixada ― disse exasperada ― A não ser que você esteja escondendo algo de mim, a não ser que saiba algo que eu não sei. Desembuche, Adam.

― Caramba, não dá para guardar um único segredo ― ele bufou e segurou as mãos dela ― Encontraram o corpo de um garoto perto das colinas, um garoto loiro de olhos escuros e trajava preto. Tentaram avisar a família dele mas encontraram todos mortos também, é algo suspeito.

― Como eu não fiquei sabendo disso?

― Saiu no Profeta Diário e eu roubei o seu ― admitiu ― Não quero que você fique assustada com isso, você tem que deixar para lá, pelo menos um pouco. Nada está nos atingindo, por enquanto. Se uma ameaça recair sobre nós ou principalmente sobre você, tomaremos uma atitude. Marotas e Malfeitores, juntos, certo?

― Certo ― ela bufou um tanto irritada ― Quando saírmos daqui eu quero que você me dê o jornal, quero ler a matéria e saber todos os detalhes, certo? Prometo não fazer nada mas quero saber.

Adam concordou baixinho e logo em seguida puxou Madison para perto. Ela riu abafado e logo os dois estavam se beijando. Não havia ninguém nos puffes perto e a música parecia mais baixa no lugar em que se encontravam. Não tinham que se preocupar com Nicholas pois ele com certeza não os acharia ali. Estava tudo tranquilo por ora.

― Eu estava pensando ― disse Madison quando os dois se separaram e deitaram sobre três puffes ― Você vai passar o Natal lá em casa, certo? ― Adam assentiu ― Podemos contar para Nicholas no Natal, ele não pode avançar em ninguém e minha mãe pode te defender.

― Ele pode não me matar na hora, mas ele irá depois, Madison ― argumentou.

― E você espera que mantemos segredos até o dia do nosso casamento?

― Ei, você planeja se casar comigo, é? ― ele provocou e Madison corou. Agradeceu por estar ligeiramente escuro e ser quase imperceptível notar suas bochechas vermelhas.

― Talvez, estou só analisando uma possibilidade ― ela deu de ombros ― Nós temos que contar, fora que, você vai ter que lidar com isso. Podemos esperar a hora certa, e acho que é no Natal!

― Não existe uma hora certa para você chegar para um dos seus melhores amigos e dizer "ei, estou pegando a sua irmã" ― ele disse com um tom de voz irônico ― Ou melhor, "namorando a sua irmã" porque é isso que somos, namorados ― falou pausadamente como se ajudasse a entrar na mente de Madison se ele falasse lentamente.

― Certo, vamos adiar, pelo menos por um tempo mas de um jeito ou de outro você vai ter que levar um soco ou dois ― ela deu de ombros e soltou uma gargalhada.

― Diz isso porque não é você que vai ficar com um olho roxo ― murmurou ― Mas não fique tão feliz, minha mãe vai enlouquecer e quem vai ser a vítima será você. Não contei a ela ainda, mas acho que meu pai já sabe, aliás, ele sempre soube. Minha mãe vai querer falar com você e tenho certeza que não será amigavelmente.

― E quanto planeja contar a ela?

― No Natal, é tempo de paz, não é? Ela considera o Natal uma data sagrada, provavelmente vai tentar se controlar e você tenho certeza que não ficará calada se ela te ofender.

― Claro que não ― concordou fervorosamente.

― Eu sabia ― ele riu e deu um beijo em sua testa.

***

O Natal finalmente chegara e a ideia de Madison ser apresentada a Selena Walker como namorada do filho dela a assustava mais do que estar presa em uma caixa com trezentos e cinquenta aranhas. A loira estava deitada na cama, olhando para o teto enquanto esperava Adam aparecer no jardim para que eles fossem até a casa da família Walker. Enquanto esperava, se lembrava da festa em Hogwarts. Havia sido incrível. Passara a noite toda com Adam sem se preocupar com os perigos que habitavam o lado de fora, sem ligar se Luke, Layla ou Nick iriam vê-los juntos, e principalmente sem se desentenderem ao menos uma vez. Lembrava de como Adam mexia em seus cabelos e falava que seu vestido lembrava os vagalumes que ambos haviam visto. Os puffes que eles ficaram sentados logo haviam sido ocupados por mais um monte de casais, até mesmo Isabelle e Colin. Mas não saíram de lá até a música parar e as luzes acenderem.

No fim, Emma não conseguiu se acertar com Peter. Ele estava firme, dizia que ela teria que escolher entre a imagem que queria passar ou ele, e ela não havia sido capaz de fazer aquela escolha naquela noite. O resultado fora que ela saíra mais cedo da festa e ficara deitada na cama até finalmente cair no sono em seu dormitório totalmente sozinha. Madison havia prometido a si mesma que falaria com Peter durante a ceia do Natal, mas como argumentar com uma pessoa que estava certa? Ela sabia que ele não havia pedido nada demais e Emma deveria fazer sua escolha logo, e de preferência, optar pelo garoto.

Saiu de seus pensamentos quando uma pedra que viera da janela atingiu sua cabeça. Olhou para fora e viu Adam parado no jardim fazendo sinal para que ela descesse. Puxou o máximo de ar que conseguiu e logo soltou, se houvesse algum jeito de absorver coragem do ar, ela com certeza teria feito. Desceu as escadas e falou para o pai e Nick que iria dar uma volta mas apenas Megan sabia onde ela iria. A mãe havia dado apoio moral mas, do que ela entedia de sogras que queriam matar as noras? Gina sempre a tratara como uma filha. Infelizmente, Madison não teria a mesma sorte.

Adam estava com um sorriso imenso no rosto quando ela se aproximou e quando os dois entraram na casa dos Walker, ele sussurrou para que ela ficasse calma. Ele não havia contado para a mãe o nome da menina que estava namorando, só avisara que a traria naquela tarde. Assim que Selena pôs os olhos em Madison, sua expressão mudou completamente. Se antes estava serena e esperançosa, agora se encontrava furiosa. Entretanto, antes que ela explodisse, Thomas se aproximou e cumprimentou a garota com uma dose enorme de entusiasmo.

― Não faça movimentos bruscos ― brincou o pai de Adam quando ele a abraçou levemente.

Madison deu uma risada baixa enquanto Adam lançava um olhar para a mãe como se dissesse: "Se comporte". Selena apenas ofereceu um lugar na mesa de café da tarde sem dizer uma palavra. Madison se sentou e tomou uma xícara de chá com bolinhos. Thomas era quem iniciava todos os assuntos uma vez que a mãe de Adam se matinha quieta. Estavam bem no meio de um assunto sobre quadribol quando Selena resolveu finalmente se pronunciar.

― Eu deveria ter adivinhado ― disse e Adam a olhou sem muita animação. Madison fechou os olhos como se dissesse a si mesma para se preparar para o que vinha a seguir e logo em seguida os abriu novamente ― Desde o terceiro ano você tem essa obssessão, Adam. O que mais eu poderia esperar com você praticamente morando naquela casa? O tanto que eu te avisei para ficar longe, nada adiantou. Você está fadado ao mesmo destino que eu.

― Selena ― Thomas a repreendeu mas a mulher se levantou, jogou o guardanapo na mesa e saiu sem se despedir.

― Bem, foi melhor do que eu esperava ― Madison deu um sorriso enquanto Thomas e Adam assentiam e respiravam mais tranquilamente.

Assim que terminaram a refeição, Thomas pediu desculpas pelo comportamento de Selena à Madison e ela foi para casa acompanhada de Adam. Estava quase na hora da ceia dos Potter. Assim que chegou, fingiu ter encontrado Adam no meio do caminho e também fingiu indiferença quanto à ele. Foi para o seu quarto, o qual já estava todo bagunçado das malas de Isabelle, Safira e Emma. Elas iriam passar alguns dias e pareciam carregar roupas para meses.

― Você está viva, e isso é bom ― Isabelle comentou ― Parece que as coisas não foram tão ruins.

― Sim, podia ter sido bem pior ― concordou enquanto abria seu guarda-roupa para pegar seu suéter.

Quando terminou de se vestir, foi a primeira a descer. Ficara encarregada de ajudar sua mãe a arrumar a mesa. Entretanto, quando passou na frente do armário de vassouras alguém a puxou para dentro e ela nem precisou ver a figura para saber quem era. Adam. Ele estava usando um suéter verde com um boneco de neve vestido de apanhador estampado.

― Isso te lembra alguma coisa? ― ele sussurrou.

― Nosso primeiro beijo, claro ― ela riu ― Mas é bem arriscado, você sabe, Nicholas pode nos ver aqui, ou até mesmo meu pai.

― Não tem graça sem riscos ― brincou enquanto passava as mãos ao redor da cintura de Madison.

― Tenho que ajudar minha mãe a arrumar a mesa ― insistiu brincando com o cabelo dele.

― Certo, vou ser rápido então.

Ele a beijou. Pensou em não cumprir sua promessa de ser rápido, mas ouviu a voz de Nicholas chamando por Madison e foi obrigado a largá-la. A loira deu um último sorriso e o deixou sozinho dentro do armário.

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